A irmãzona deve achar que eu estou dormindo, para fazer uma coisas dessas bem na minha frente. Quero dizer, mesmo ela tendo que assumir um papel tão importante como esse na sociedade, ela é bem tímida, principalmente na minha frente.


Eu estou com os olhos fechados, mas eu ouço ela gritar com Tresh alguma coisa como pare. Eu também consigo sentir o cheiro do sangue dela escorrendo pelo seu pescoço, bem fraco, me atentando a fazer coisas que eu não deveria. Eu tenho que proteger a Hana-chan, mesmo ela não querendo.


– Como um porco imundo pode fazer uma coisa dessas com minha irmã, seu monte de traste?


Eu me esqueci por dois segundos que sou um pouco mais forte do que Tresh, e acabei abrindo um buraco na parede ao seu lado. Minha irmã caia no chão enquanto seu doce sangue se espalhava no carpete. No mesmo instante eu dei um pulo e corri até ela, segurando sua nuca com a palma de minha mão. Tresh estava paralizado de medo, e quando fui notar, minha pele de certa forma estava mais clara do que o normal, e por um momento veio cenas horríveis em minha mente.
Quando finalmente minha irmã abriu os olhos, eu dei um sorriso gentil, e ela começou a me olhar da mesma forma do que Tresh.


– Tobie-san, o-o-que... está acontecendo?


Nessa mesma hora Kaname entrou no quarto e os vidros se quebraram de tal forma que caiu todo sobre mim, principalmente o da janela. Ele olhou friamente para mim, como se procurasse uma resposta para algo.


– Tobie Havencont, você não sabe qual é o seu ideal, não é mesmo? Pelo visto, não tem controle dele. Tsc Tsc, os vampiros estão agitados com seu sangue, Hana. Controle seu cão de guarda.


Ele falou de uma maneira que realmente eu não compreendi. O meu ideal? Parei por alguns segundos, levando Hana até o sofá e a deixando por lá, colocando uma coberta em cima de seu corpo que agora estaria frágil e impotente. Ela me olhava com um certo tipo de medo que ela nunca expressou, e então deu um beijo em minha testa. Tresh se recuperou rapidamente dos machucados e me acompanhou até Kaname-sama.


– Perdoe esse mal entedido, Kaname-sama. Eu agi sem pensar nas consequências. - Eu disse num tom calmo enquanto minha pele voltava ao normal.


– Pois bem, siga-me. Cão de guarda, você já causou muitos problemas, tente ao menos cuidar de Hana, ou terei de eliminá-lo. - Kaname disse em um tom autório, um pouco mais do que o normal.


– Certo. - Tresh afirmou, um tanto pensativo e constrangido.


Kaname abriu a porta e eu comecei a segui-lo pelos diversos corredores que eu não lembrava de maneira alguma qual indicava qual direção, por ser muito ruim com essas coisas. Chegamos ao que parecia o Hall de Entrada, e todos os vampiros estavam acordados observando-nos. Eles demonstraram uma reverência e então Kaname deitou-se sobre uma poltrona bem afastada, que dava visão para uma janela imensa. Akatsuki imediatamente pegou uma outra poltrona para sentar-me, e eu agradeci. Ele me olhou de forma estranha e então saiu de perto, com uma cara amarrada.


– Tobie, eu não lhe conheço muito bem, mas você tem um histórico um pouco sujo, já pela sua raça de vampiros, uma que não está na pirâmide. Você já nasceu, humano e ao mesmo tempo, vampiro, correto? Ou seria somente uma lenda? - Kaname dizia por certa parte preocupado enquanto olhava para mim com uma cara sem expressão.


– Sim, eu sou uma espécie rara, pelo que disse minha mãe. Meu pai era um humano qualquer que minha mãe, Aya, seduzira. Então eu nasci, e vivi sobre vigilância de minha irmã e de Erica, nossa empregada.


– Entendo. Não se esqueça que, você ainda é um vampiro. E eu sinceramente gostaria de ver mais claramente seu poder, se ele é superior ou inferior a de um sangue-puro. Me impressione. - Ele se virou para mim, com um sorriso gentil idêntico ao de minha irmã, e ai eu não ressisti.


Fiz o que ele pediu, e não tive resultados bons. Por algum motivo o que eu acabara de fazer a dois minutos lá em cima não conseguia se repitir. Ele olhou para mim com um olhar de dedicação, enquanto os outros vampiros tentavam espiar nossa conversa. Ruka chegou um pouco mais perto, encostando-se na poltrona de Kaname.


– Você ainda não conseguiu seu ideal, ou pelo menos só o usa para proteger sua irmã, estou errada? - Ruka falou para mim com um tom de sinceridade, quase discreto.


– Acho que sim. - Olhei para baixo de forma triste, me rebaixando diante de todos no local.


Nessa hora Kaname passou a mão dentre meus cabelos, e então por um momento eu senti um certo calor vindo de sua pele. O seu carinho era harmonioso, e agora eu descobrira o por quê de todos o adorarem. Ele parecia exalar bondade e gentileza enquanto me olhava com sinceridade.


– Não faça essa cara... Sabe Tobie, ás vezes você me lembra uma pessoa muito importante. - Seus olhos lacremejavam durante alguns segundos enquanto tocava em meus cabelos.


Eu fiquei ali, congelado pelo carinho e atenção que ele estava me dando, mesmo eu sendo um completo estranho. Por alguns segundos eu realmente achei que não estava vivo, e então desmaiei.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.