Hate You Love You

Feeling Used But I'm Still Missing You


SEGUNDA-FEIRA, 27 DE MARÇO DE 2016; 04:03 AM

Por trás de nuvens ralas e cinzentas brilhava uma lua cheia e cintilante. Sob o céu escuro da madrugada em uma rua deserta no Brooklyn, em New York, havia uma casa simples com janelas antigas e paredes rachadas e alguns buracos ou goteiras no teto.

Dentro de uma janela entreaberta encontrava-se um quarto totalmente escuro e em uma cama velha e com lençol remendado deitada e inquieta estava uma jovem de cabelos loiros e ondulados. Ela se movimentava de um lado para o outro enquanto começava a suar, algo parecia perturbar o seu sono.

FLASHBACK

No meio de um corredor no colégio do ensino médio Abigail Adams, uma garota de cabelos loiros e ondulados caiando sobre seus ombros como uma cascata e olhos azuis claros como diamantes encontrava-se ao lado de um garoto um pouco mais alto e de aspecto caipira. Ele tinha os cabelos alourados e usava roupa xadrez vermelha com jeans.

—Lucas... Lucas! - A menina o chamou, uma vez que o garoto estava parado olhando para a outra extremidade do corredor e parecia distante - O que foi?

—Ah... Nada.

—Ah, qual é, tem que ter alguma coisa... Você nunca esteve tão distraído... Eu confio em você, acredito em você, eu posso te ouvir. Afinal sou sua amiga, sua namorada.

—Tem certeza? - Ele abriu o armário e começou a revirar para encontrar o livro da próxima aula.

—Hum... Do que?

Lucas pensou em abrir a boca, mas aquietou-se e apenas pegou suas coisas para depois se virar para Maya.

—Que você confia em mim? Acredita em mim?

—Hum... Claro, às vezes... Depende... - Ele a olhou meio sério e desviou o olhar - Mas, eu quero te escutar! O que foi, hein?

Ele olhou novamente para o outro lado do corredor e a loira teve a sensação de estar sendo ignorada. Ela estava começando a ficar realmente chateada e por isso se virou rapidamente para ver o porque de o outro lado ser tão interessante. Ao fazê-lo ela notou uma garota um pouco mais alta e com cabelos escuros e lisos caindo sobre suas costas. Ela estava sorridente e segurava vários cadernos. Maya nunca a vira antes e eles estudavam ali há quase um ano.

—Quem é ela? - Ela sussurrou e se voltou para o garoto - Conhece ela?

Ele não respondeu e começou a parecer um pouco apresado enquanto Maya tentava obter resposta, porém assim que parecia que Lucas a deixaria esperando a garota apareceu ao seu lado.

—Hey, Lucas, não é? - A menina sorria tão alegremente que Maya quis vomitar.

—Olá, Riley... - A loira acompanhou seus lábios ao vê-lo pronunciar o nome dela.

—Bom te ver de novo - Ele sorriu e concordou.

Eles pareciam ter esquecido de que mais alguém estava presenciando tudo até que Riles virou o rosto para sorrir para Maya.

—Oi, sou...

A loira a interrompeu sem mostrar emoção.

—Riley...

—Isso, e você?

A garota não respondeu, mas algo dentro de sua cabeça parecia reconhecer o nome da menina, embora não tivesse certeza se já o ouvira antes.

—Essa é a Maya.

—Ah, prazer, lindo nome.

Maya questionou-se por dentro como a menina conseguia sorrir com tanta liberdade. Ela não conseguia nem abrir a boca e a menina parecia bem mais à vontade e confiante.

—Bom, tenho que confessar que... Estou perdida - Eles a encararam - Sou nova e essa escola é bem maior que a minha outra, não sei como chegar na sala de História com... O Sr. Matthews - Ela sorriu levemente ao ler o nome.

—Conhece ele? - Perguntou Maya.

—O Sr. Matthews? - Indagou.

—Sim, o professor.

—Ah, sim, conheço... Sabem onde fica? Podem me ajudar?

—Ah, claro, fica três portas à esquerda.

—Okay. Obrigada, Maya - Ela sorriu e acenou ao começar a se dirigir para o outro lado - Vejo você depois, Lucas. E você também, Maya. Você parece uma garota legal.

—Eu sei... - Maya soltou por fim e se virou para Lucas - Você conhece ela.

—Ah, é... - Ele fechou o armário e já ia saindo quando ela o parou.

—Eu não me lembro de ter falado dela. Nem de nenhuma Riley. Quem é ela?

—Ah... Estamos atrasados - Ele disse olhando o relógio - Aula de História, com o Sr. Matthews...

—Quer dizer que a... Riley está na nossa turma?

—É e precisamos ir - Ele puxou a loira pelo pulso e ambos saíram caminhando pelo corredor.

—Okay... Vamos.

O casal andou lado a lado até a terceira porta do corredor à esquerda, porém não pararam para se olhar nem disseram nada todo o percurso. Elas apenas entraram na sala e se sentaram nos lugares de costume. Maya na segunda carteira da fileira do meio e Lucas na terceira carteira da fileira à esquerda da dela. Riley já estava lá, ela sentara à frente da loira. Maya olhou para trás e viu o olhar de relance de Lucas para a menina, mas que logo se cessou quanto percebeu que o observava.

Ela se virou então para Farkle, o mais inteligente e rico da turma, eles eram bastante amigos e ele estava ao lado de Riley, na fileira de Lucas, como de costume. A loira não pode deixar de passar todo o tempo imaginando quem seria aquela menina e o que Lucas tinha com ela, ou como a conhecia?

FLASHBACK END

Com um impulso à garota abriu os olhos e se deparou com o teto escuro sobre sua cabeça. Ela estava cansada e magoada, não queria se lembrar do dia em que Riley chegou ao colégio, ela só queria dormir, queria que o sono viesse do verdade. Queria que os pesadelos e lembranças acabassem.

Em sua mente cada momento decorrido desde de a chegada da novata davam voltas em sua mente. Faziam apenas duas semanas e a menina já tornara sua vida de cabeça para baixo e ela não sabia nada da garota, apenas duas coisas, uma que ela não parava de sorrir e era a aluna mais agitada da turma, especialmente nas aulas de história. A segunda era a que Lucas lhe contou uma semana depois e que a fez perceber no perigo em que se metia.

FLASHBACK

A loira olhava firmemente para o garoto a sua frente no portão do colégio. Eles haviam terminado a aula de sexta e Lucas queria lhe dizer alguma coisa importante, além de ele estar distante é estranho desde a chegada de Riles.

—Vamos, desembucha.

—Ta legal... Maya, preciso muito que me ouça... Eu realmente gosto de você, mas precisamos... Terminar.

—O que? Por que? Achei que estávamos bem...

Ela cruzou os braços e o menino sentou-se em um banco, porém ela não o acompanhou.

—Sim... Estávamos... Mas não é isso, eu não posso mais estar com você porque eu não quero te machucar... - Ela olhou para ele surpresa - E eu irei se continuar com você. Não quero te usar.

—O que quer dizer? Que não gosta mais de mim? Que esta com outra? Que me traiu? - Maya levantou o tom de voz.

—Não... Nunca te trairia. Eu estou passando por um momento e eu gosto de você, muito mas... Não...

—Como namorada, é isso? E quem seria uma namorada melhor? Riley? - Maya deixou as palavras escaparem por sua boca sem pensar.

—Sim... - Ela olhou para ele boquiaberta - Quero dizer, não acho melhor continuarmos namorando e... Sobre a Riles... Ela é uma garota realmente legal e vai gostar dela, você vai ver.

A loira deu uma volta impaciente e tentou não avançar para cima dele. Sentia-se irritada e queria obter respostas. As que ele lhe dava não parecia suficientes.

—Gostar dela? Quem essa garota é? O que ela está fazendo?

Ele encarou Maya, que já não gritava mais, e seus olhos pareciam começando a marejar, mas ela se mantida firme e em pé.

—Ela... Riley é... - Ela começou a bater o pé no chão ainda mais impaciente que antes e ele prosseguiu, sabendo que não tinha mais saída se não contar a ela - Ela é uma garota que eu conheço há muito tempo. Desde os 12/13 anos... Eu conheci ela quando ela estava passando por uma fase e precisava do meu apoio... Ela foi uma garota brilhante e nos tornamos bem mais próximos... Maya, e-eu... Não queria ter que fazer isso, mas eu não posso negar que...

—Está apaixonado por ela? Porque me deixou gostar de você e me namorou se já gostava dela? - Maya finalmente se sentou e encarou os pés envoltos em botas de cano curto.

—Ela... Foi embora... Eu não há vi desde dois meses antes de começarmos a namorar. Eu não soube porque ela sumiu e como você parecia realmente interessada resolvi dar uma chance, mas no início do mês quando a revi... Tudo veio à tona... E eu preciso mesmo... De um tempo Maya, me desculpe... Eu sinto muito.

—Ah... Claro... Sente muito? Ótimo, pois eu também sinto.

A menina se levantou e saiu apressada sem nem olhar para trás, mas o menino apenas a acompanhou com o olhar até sumir de vista e não a chamou nem correu atrás. Cada um foi para o seu lado e depois daquele dia não mais se falaram direito.

FLASHBACK END

SEGUNDA-FEIRA, 27 DE MARÇO; 12:40 PM

—Eu só posso ser uma idiota - Disse Maya enquanto pegava seu almoço junto do único amigo que restara, Farkle.

—Isso não é verdade. Longe disso. Porque seria?

A moça da cantina perguntava quem queria maçã ou torta de frango ou salada de legumes ou bolo de chocolate. Farkle pegou uma maçã e salada, já Maya torta e bolo. Ambos pegaram suco de maracujá e caminharam para uma mesa vazia.

—Porque eu me sinto... Usada...

—Isso é normal. Ele te usou. Ficou com você sabendo que não iria te fazer feliz e agora te magoou.

—É mas eu sou idiota por ainda sentir falta dele...

—Ainda é recente, Maya. Você vai ver que ele não valia a pena nem se tivesse ficado com você ao invés de te deixar.

—E tudo por essa novata. E olha que ela parece... Ela tem alguma coisa.

Maya apertou com tanta força a caixinha do suco que ele vazou por toda a sua mão. Farkle, um garoto meio alourado de estatura um pouco mais alta que a da amiga e nariz arrebitado, pegou um guardanapo na mesa e ajudou-a a se limpar.

—Relaxa Maya, esquece essa garota. Esquece o Lucas. Bebe o que restou suco e se acalma. Maracujá é bom para acalmar.

Maya encarou a caixinha e depois de alguns segundos colocou o canudo e bebeu de uma só vez e depois revirou o garfo pelo prato ainda com o olhar distante, magoado e raivoso. Farkle não disse mais nenhuma palavra apenas terminou de comer e de beber e depois foi levantar para deixar a bandeja mas notou que Maya ainda não tinha tocado na comida.

—Maya... Você tem que comer, você nunca deixou de comer por nada. Essa não é a Maya que conheço.

Ela levantou o olhar para encará-lo e depois pegou um pedaço e começou a comer lentamente.

—Viu? Essa comida vale muito mais a pena do que o Lucas - Ele riu e ela também soltou um sorrisinho.

—É... Ta muito boa mesmo.

Eles terminaram de comer e saíram pelo corredor a fora. Farkle foi até a casa de Maya estudar depois da aula. Ela viu Lucas indo embora mas não disse uma palavra e nem passou perto dele. Na casa dela eles estudaram um pouco e comeram alguma coisa, porém quando Farkle foi ao banheiro ela se debruçou na janela do quarto olhando a rua. Ela estava se sentindo muito mal e queria que isso parasse, mas algo dentro dela queria sair e ela não conseguia segurar. Lágrimas começaram a escapar de seus olhos. Ela apertou o lábios inferior tentando parar o choro, todavia foi em vão.

Depois de alguns segundos Farkle voltou e a viu quieta na janela. Ele se aproximou e escutou um choro baixinho, então, se debruçou também e a abraçou. Ela chorou em seu ombro enquanto ele mexia em seu cabelo.

—Eu me sinto usada, mas ainda sinto falta dele - Ela soluçou enquanto Farkle a acalmava.

—Maya, ta tudo bem, eu to aqui. O Lucas não merece que chore por ele. Vai dar tudo certo...

Eles ficaram assim por vários minutos. Maya se sentiu mais forte e segura depois de chorar e perceber que ao menos um amigo estava ao seu lado. Quando o Sr. Minkus, pai de Farkle, veio buscá-lo, ela se despediu e o levou até a porta, contudo ainda estava com o olho inchado e o rosto molhado, por isso Farkle enxugou suas lágrimas com a manga da blusa e disse para ficar bem, que eles se veriam no dia seguinte. Ela assentiu e depois foi direto para um banho quente e rejuvenescedor tentando não chorar ainda mais e limpar toda aquela sensação do seu corpo.