Pov. Tati

Acordei. Não por vontade própria, obviamente. Ernestina, nossa “queridíssima” empregada, quase pulou em cima da gente. Como ela consegue ser assim as sete da manhã? Invejo a energia dela. Mas, hoje em específico, eu agradeço a ela por isto. É o primeiro dia do ensino médio para mim, Ana, Binho, Thiago, Teca, Dani, enfim. Eu tenho que ir no mínimo apresentável, para ganhar alguns pontos com o pessoal de lá.

Levanto e vou até o banheiro, onde tomo um banho e após isso seco meu cabelo, deixando meus cachos maiores e bem definidos, já que se não fizer isso, fico parecendo um leãozinho. Passo um rímel, gloss para hidratar os lábios e um pó compacto para tirar a cara de “morta”.

Coloco uma blusa com estampa de militar, uma jeans rasgada e um vans. Coloco meus cadernos novos na mochila, pois como é o primeiro dia ainda não tive como comprar armário e nem sei a ordem das matérias. Minha mochila é holográfica, um presente que ganhei do meu pai, Cícero. Mesmo ele estando sempre ali, ele sabe que não tem condições de me tirar do orfanato porque sou muito apegada a todos de lá, então ele só vem me ver e eu vou na casa dele quando posso.

Ouço um grito chamando meu nome. Ana. Conheceria aquela voz em qualquer lugar.

Ana: Tatianeeeeeeeeeeeeeee

Tati: Eu mesma. O que foi agora?

A ruiva penteava os cabelos, um pouco apressada, e andando de um lado para o outro.

Ana: Eu to muito nervosa. E se ninguém gostar de mim? Socorro, eu vou desmaiar na hora de falar meu nome. Promete q não vai me abandonar lá?

Tati: Prometo, voce é minha melhor amiga, e sabe disso. Relaxa. Eu to bonita?

Ana: Ta linda! E eu? - Ela usava uma blusa cinza, com uma blusa vermelha xadrez por cima, uma calça legging preta e botinhas de cano alto. Nada chique, nem desleixado. A blusa xadrez ressaltava a cor de seu cabelo, que estava solto e jogado para trás.

Tati: Eu adorei. Agora vamos comer, antes que as outras nos matem pela demora.

Antes de sair, eu vejo Teca e Dani vindo se arrumar, elas usavam maquiagens absurdamente exageradas, e agora estavam fazendo chapinha no cabelo.

Eu dou um sorriso de canto meio debochado para Ana, que ri e corresponde dando o mesmo sorriso.

Saímos do banheiro, e quando estamos virando o corredor eu trombo com o Binho, ou melhor, Rubens, que corria que nem um louco.

Tati: Olha por onde anda, idiota. -Ele apenas me olha de cima a baixo, e não responde nada. - Quer um balde? A baba vai escorrer desse jeito - Sorrio, irônica.

Binho - Lógico, nunca tinha visto uma bruxa se disfarçar tão bem. - Ele dá uma piscadinha. - Agora é serio, viram o Thiago? Aquele mala tava procurando a Dani, e não sei onde ele foi parar agora. - Negamos com a cabeça, ele suspira.

Binho: Vamos descendo então, cansei de procurar ele. - Eu concordo, e finalmente olho direito pra ele. Ele estava bonito. E cheiroso. Perfume de menino sempre é muito bom, na verdade. Ele percebe meu olhar e coloca a mão na cabeça, sem graça. Eu dou risada.

Carol: E aí, meus adolescentes? Prontos pro ensino médio?