Harry acordou numa sala escura, sozinho. Demorou um pouco para perceber onde estava, e só então percebeu estar num hospital. Passaram-se alguns minutos em que Harry se concentrava numa tola tentativa de se lembrar o real motivo de estar ali.

Então, a porta se abriu e uma enfermeira entrou, sorrindo.

- Ah, aí está, o novo papai! - disse a mulher, num tom maternal.

- O que disse? - perguntou Harry, mas não estava nem um pouco interessado na resposta.

Sua cicatriz queimava intensamente na testa. Não tinha aquela sensação a muito tempo.

A enfermeira, que não parecia ter notado nada estranho no paciente, deu as costas a ele, radiante.

No momento em que ela fechou a porta, Harry não aguentou mais, fechou os olhos e esperou, ansioso, a visão da mente de Voldemort, mas nada aconteceu. Ele continuava a ser o Harry, apesar da imensa dor.

Aborrecido, levantou-se, sentindo mais do que nunca, enjoado. Abriu a porta e deu de cara com a enfermeira que voltava trazendo uma bandeja, que deixou o garoto com vontade de vomitar.

- Aonde pensa que vai, mocinho? - perguntou ela, com um sorrisinho infantil - Precisa descansar, esqueceu que tem uma criança em seu útero, agora mesmo?

- Útero? Do que está falando? - rosnou Harry.

Então a verdade atingiu-o. Estava grávido, de ninguém menos que...

- Não pode ser - sussurrou Harry - Não, não e não!

- O que foi, querido? - perguntou ela, distraída - Bem, é melhor ficar aí, você tem visitas.

Ela fez um gesto chamando quem quer que fosse, do lado de fora. O garoto aguardou, ansioso, mesmo já sabendo quem era.

Sirius e Dumbledore entraram, ambos com expressões que iam de perplexidade a animação.

- Então é verdade? - perguntou Sirius.

- O que? - disse Harry.

- Ah, não se faça de desentendido - respondeu Sirius - É verdade? Você está realmente... g-g-g-g-r-r-r-á-á...

- ...grávido? É, acho que sim. - disse Harry.

- Ah, parabéns! - disse Sirius, e deu um abraço apertado em seu afilhado - Qual vai ser o nome? Quando é o chá de bebê? Vai ser menino ou menina? Vou comprar os presentes, e... Ah, Harry, isso é magnífico! Fabolous! Simplesmente... A-R-R-A-S-O-U!

Potter não respondeu; não estava muito animado de ter um filho...

- Espere aí... Quem é o pai? - perguntou Sirius, olhando de Harry a Dumbledore.

Alguns segundos depois, Sirius levou a mão a boca, e soltou um gritinho agudo.

- Não! Ele? Quer dizer... você... você...

Dumbledore começou a dançar e cantar "você você você você você você você quer?", mas logo voltou a se entristecer. Parecia estar presenciando um enterro.

- Como deixou isso acontecer? - perguntou Dumbledore, baixinho. O diretor parecia à beira de lágrimas.

- Não é culpa minha, eu...

- Tudo bem, acreditamos em você - disse Sirius, e acrescentou para o velho ao seu lado - Ahn... Alvo? Posso ter uma palavrinha com você, por favor? Em particular?

- Claro. - disse ele.

E os dois saíram, deixando Harry sozinho.