Olhei para Saul e insisti rindo:

- Eu não tenho ciúmes.

O garoto sorriu de lado, balançou a cabeça e passou a mão sobre seus cabelos encaracolados e disse:

- Está bem, vou concordar logo antes que você me bata.

Saul ia dizer outra coisa, mas foi interrompido quando a porta se abriu. Steven entrou no quarto e disse colocando as mãos na cintura:

- Pois é, Demi, sua mãe não é uma mulher fácil!

Saul e eu rimos.

- Como se ela fosse te dar bola! - falei me levantando para pegar uma batata frita.

- Não fala isso se não ele vai chorar. - Saul se divertiu.

Steven fez uma careta para o moreno e em seguida disse:

- E aquela sua amiguinha? A Mandy?

- Está lá na casa dela - falei - Vocês gostaram dela?

- Ela é meio... Diferente. - Saul disse.

- Como assim? - perguntei.

- Ah... Ela é diferente de você, parece que vocês não têm nada em comum...

O que Saul disse era verdade, antes eu a Mandy éramos muito parecidas, a gente gostava de fazer as mesmas coisas, podíamos ser consideradas irmãs... Mas Mandy cresceu e mudou MUITO, e eu não gostei muito disso.

A tarde foi passando e a noite chegou, eu e os meninos andamos de bicicleta e depois ficamos em meu quarto fazendo o de sempre.

Já escuro, Steven e Saul tiveram que ir para a casa, alegando que mais tarde teriam algo importante para fazer, no qual os dois não quiseram me contar. Perguntei se podia "deixá-los" em casa e os meninos concordaram, mas disseram que na volta era para eu ir rápido, dizendo que podia ser perigoso. Não liguei muito para o motivo da preocupação, pegamos nossas bicicletas e saímos de minha casa.

Chegamos à casa de Saul e paramos perto da entrada do prédio:

- Então... Tchau! Eu posso ir sozinho daqui- disse Steven.

- É... Até logo, Demi - Slash também se despediu dando um sorriso envergonhado, provavelmente ele não sabia o que fazer, assim como eu.

- Tc- tchau gente.

Saul abriu a portaria de seu prédio e me deu um pequeno aceno. Steven foi andando e para sua casa ali pertinho, esperei-o entrar na portaria e tomei o caminho para voltar para a minha residência.

Com o vento gelado em meu rosto comecei a pensar em Lindsay, imaginando o que ela faria quando me visse outra vez. Também assumi a mim mesma que o que eu fiz com a menina foi errado, mesmo que ela tenha merecido um pouco.

Nesse dia, Saul havia me beijado nos lábios pela segunda vez. Quando me lembrei disso eu sorri e pensei: "Será que... Que nós estamos... Namorando?" Eu realmente não sabia responder, não sabia se tinha que ser oficial, do tipo "Namore comigo" ou do tipo de declaração melosa "Amor da minha vida e blá blá blá", Só sabia que eu gostava muito dele e Saul já tinha se tornado muito especial para mim, eu me preocupava com ele e vice e versa, porém Slash demonstrou mais sua preocupação comigo do que eu, como por exemplo quando ele me levou para sua casa após o bar que tínhamos ido, quando eu disse-lhe que tinha aceitado drogas de uma estranha, quando ele soube sobre o homem que estava me seguindo, e até mesmo quando eu estava toda melecada de milk shake... Ele cuidava de mim.

Steven também se tornou especial, ele era um ótimo amigo, sempre alegre e brincalhão, eu tinha certeza que sempre podia contar com ele, assim como ele podia contar comigo... E falando em amigos, me lembrei de Mandy também, que tinha chegado de repente e diferente. Eu estava com saudades, queria ser amiga dela novamente, como nos velhos tempos, mas não sabia se isso seria possível, só o tempo conseguiria determinar...

E finalmente pensei em dona Alyson. Desde que conheci Saul e Steven eu não havia falando muito com a minha mãe, não como antes. Sim, eu me distanciei dela, depois que conheci os garotos só tenho falado algumas pequenas frase com Alyson... Não podia deixar isso acontecer, pois no final ela só terá a mim, e no início eu só a tinha...

Pensando em tudo que estava acontecendo, percebi que eu não tinha mais visto aquele homem que me perseguia, mas ainda sim morria de medo de encontrá-lo na próxima esquina. E o pior disso tudo é que ele sabia onde eu morava e quem eram os meus amigos, sabia o meu nome e sobrenome, mas sobre esse homem eu não sabia nada.

Parei em frente à porta de minha casa e a abri:

- Mãe, cheguei!

- Ah... Oi filha. Q- Que bom que você chegou... - minha mãe respondeu de forma nervosa.

Enquanto eu estava trancando a porta disse:

- Algum bicho te mordeu, mulher?

Me virei e me deparei com Alyson em pé perto do sofá, e nele estava sentado alguém, não consegui ver quem, então adentrei mais na sala. Foi aí que vi quem eu esperasse que estivesse no inferno, quem eu nunca queria encontrar novamente...