Cheguei ao prédio de Steven e gritei por seu nome várias vezes, ninguém respondeu, não havia nenhuma pessoa naquela casa. "Mas que droga" Pensei chutando a parede do prédio. Olhei em volta para ver se o menino estava por perto, mas foi em vão. Ao invés de Steven, vi uma garota olhando para mim do outro lado da rua:

- Lindsay... - falei baixinho para mim mesma enquanto encarava aquela vadia.

Ela estava encostada na entrada de uma padaria, enrolando uma mecha de seu cabelo vermelho com uma das mãos.

Lindsay começou a caminhar em minha direção. Eu não deixei de encará-la por um só segundo:

- Ora, ora, ora... - disse a ruiva parando em minha frente - Se não é Jenny e sua bic...

- Demi - interrompi.

- Que seja... Veio procurar aquele drogado do Steven ou veio pedir desculpas?

- Não, eu estou gritando o nome do Steven porque quero falar com Joe Perry – ironizei - Esse é o apelidinho dele, sabia?

Lindsay entortou o queixo quando me ouviu. Ela colocou as mãos na cintura e disse:

- Além de ser barraqueira é mal educada também?

Eu ia dar outra resposta afiada para Lindsay, mas uma dúvida veio em minha mente:

- Barraqueira? Do que você está falando?

- Oras- a ruiva riu - Todo mundo ouviu a sua briguinha com o Slash! Então quer dizer que você aceitou drogas de uma estranha, hein!?

- Olha aqui ruivinha: Eu, ao contrário de você, tenho muitas coisas para fazer, então me deixe ir embora, ok? Não sou como certas pessoas que ficam escutando conversas dos outros para fazer fofoca. Então tchau!

Quando estava tomando o caminho para sair dali, Lindsay me segurou pelo braço:

- Você, sua feiosinha, acha que está falando com quem?

Não respondi nada, somente a encarei:

- Só tenho um aviso para te dar - disse a vadia chegando perto do meu ouvido - Aquele seu amiguinho, Saul, está na palma de minha mão!

Lindsay soltou meu braço e voltou para o seu posto perto da padaria. Ela me olhou com uma cara de satisfação, e eu, irritada, fiz um gesto obsceno com a mão. Montei em minha bicicleta e fui embora, xingando aquela vadia em pensamento.

Em cinco minutos cheguei em casa. Minha mãe já estava lá com o almoço em cima da bancada:

- Aí está Demi-não-fica-mais-em-casa! Que milagre te ver por aqui!

Só dei risada e fui ver o que tinha para o almoço.

- Estava onde, minha filha?

- Você já sabe mãe. - ri

- Estava com Saul e Steven né? Eu conheci Saul ontem, ele parece bem legal, Demi.

- Nem tanto assim... - lembrei da discussão entre mim e Slash. - Ah, desculpe ter feito você me buscar ontem, fiquei com tanto sono e não aguentei esperar.

- Tudo bem, Saul me ligou e me explicou tudinho, ele foi bem educado.

- Imagino...

Saul obviamente tinha mentido para minha mãe.

Terminei de comer e fui deitar no sofá:

- Ah, Demi, te contei?- Minha mãe me perguntou enquanto lavava a louça- Lembra daquela sua amiguinha que morava aqui na casa ao lado? A Mandy?

- Sim, lembro... O que que tem?

- Então, ontem a mãe dela me ligou, a Margaret. E ela disse que vai voltar a morar nesse quarteirão.

- Sério?!- perguntei alegre, me sentando no sofá- Quando que elas chegam?

- Hoje, por volta das quatro da tarde.

- Que legal! Faz um tempão que não vejo a Mandy.

Mandy era realmente uma menina muito legal, era um ano mais velha do que eu. Nós éramos muito amigas quando ela e sua mãe moravam na casa ao lado. Mas elas se mudaram quando eu tinha 8 anos, e depois disso não consegui encontrar uma nova amiga. Mandy era diferente de todo mundo... Fiquei muito ansiosa para vê-la de novo.

Decidi não sair de casa para esperar Mandy chegar, até arrumei meu quarto, tirei todas as roupas do chão, fiz a minha cama e organizei o guarda roupa.

Saul me ligou duas vezes nesse período, e como minha mãe atendeu o telefone, pedi para ela dizer a Saul que eu estava dormindo, não queria esquentar a cabeça. Depois das ligações de Slash, Steven me ligou, e eu resolvi falar com ele

- Oi, Demi! Olha, o Slash pediu para eu perguntar por que você não quis atendê-lo quando el...- ouvi um barulho do outro lado da linha- AI, SEU FILHO DA MÃE!

- Ha-ha-ha, boa tentativa Slash! Steven, mande esse moleque tomar no cu, porque eu não estou afim de falar com ele.

- Saul, a Demi mandou você tomar no cu - falou Steven distante do telefone - É, ela não quer falar com você, SE FODEU! - ouvi as risadas de Steven seguidas de um barulho abafado, provavelmente Saul havia batido no menino de novo- Ai... Ai... Demi, vou... Ai... desligar, tchau! PARA SEU FILHO DA PUTA! - Steven desligou o telefone.

Somente ri, esses meninos eram idiotas mesmo!

Meia hora depois ouvi um barulho de motor de caminhão. "Deve ser Mandye a Margaret!" Pensei. Saí correndo de meu quarto e fui para a janela da sala, verificar se realmente eram elas. Vi um caminhão parando três casas depois da minha, um pouco atrás dele um carro parou, de dentro do carro saíram Mandy e Margaret. Saí de casa e parei em frente da mesma:

- MANDY! - gritei acenando com os braços - SOU EU! DEMI!

- DEMI !- disse Mandy vindo em pulinhos em minha direção - Não acredito!!

Fui até ela e nos encontramos em um abraço.

- Puxa vida! Quanto tempo- disse a ela.

- Pois é, menina! Como você está?

- Eu estou ótima! E voc...

- Olá Mandy! Como vai?- minha mãe chegou- Que tal vocês meninas conversarem lá em casa enquanto os rapazes da mudança descarregam o caminhão?- Boa ideia, tia! Vamos, Demi!

Acenei de longe para Margaret, e esta fez o mesmo. Mandy me arrastou para a porta de minha casa e entrou lá. Quando eu estava fechando a porta, meu cenho mudou completamente. Antes de fechar a porta, vi um homem com jaqueta de couro parado do outro lado da rua, olhando diretamente para mim, o reconheci, era aquele cara do beco sem saída, aquele cara do bar. Quando o vi, meu coração disparou em medo, meus olhos se arregalaram e fechei a porta imediatamente, contendo um grito. "Caralho!"