Hanko High School:KAI

003 - Awaken! The Last Flame!


Quando abri os olhos estava em um quarto em estilo oriental, com lamparinas no teto. Eu estava deitado em uma cama confortável com travesseiros de pluma e lençóis de algodão branco. Na janela havia cortinas de seda branca, e em uma prateleira tinha ervas secas penduradas: alecrim, tomilho e várias outras. Minha mãe saberia dizer o nome de todas elas. Levantei-me da cama e olhei para meus braços. Estavam corados. Ainda sentia na pele as chamas amarelas. Eu usava uma camiseta de algodão e calça branca com cadarços, que não eram minhas. Meus pés estavam descalços. Olhei para um espelho que tinha no quarto. O corte em meu rosto havia sumido. Os das minhas costas também.

‘’Meu deus! O que aconteceu?’’ pensei. Eu estava no meio da rua em um fim de tarde com chamas amarelas em meu corpo, e de repente estou em outra casa, com outras roupas.

– Ah, meu deus! A Ritsu!

Ritsu também estava comigo na hora do acontecimento. Ela estava ferida por causa do ataque do tal Mephisto.

– Ritsu! Ritsu! – eu procurava por aquele corredor longo. Abria as portas dos quartos, mas não tinha ninguém. Até que no último quarto, eu encontrei Ritsu.

– Ritsu! – exclamei.

Porém, a garota estava se trocando. Estava só de calcinha (uma calcinha branca com listras rosa), e ia colocar roupas no momento em que entrei. Naquela hora, vi algo que qualquer um desejaria ter visto: seus peitos. Vi aqueles mamilos cor-de-rosa em duas ''melancias'' brancas. E ainda, eram os peitos da garota mais peituda que já vi na vida!

– O QUE VOCÊ FAZ AQUI, SEU TARADO?! – gritou Ritsu. Sem que eu pudesse falar, ela me deu um soco bem forte. Mais uma vez saí voando.


...


Esperei ela terminar de se trocar do lado de fora do quarto. Quando ela saiu, usava uma camisa azul que deixava à mostra a barriga. Usava jeans e sapatos de couro. Seu cabelo estava preso por um rabo de cavalo.

– Ritsu... Ah, você está... UAU.

– Poupe palavras, garoto. – disse Ritsu. – Venha. O Jelly-sama deseja vê-lo.

003 - Awaken! The Last Flame!


Jelly Leans. Esse é o nome do diretor e fundador da Hanko. Eu já havia visto ele antes. Usava um manto preto sobre o corpo. Nunca consegui ver seu rosto, pois ele usa uma cômica máscara de gato.

Ele estava em uma sala, diante de um espelho. Quando entrei naquela sala, quase tomei um susto: havia nuvens voando pelo teto. Também havia um sol com um olhar e um sorriso maligno. Nas paredes, havia pinturas, sendo que eu
reconheci algumas: Mona Lisa, de Leonardo da Vinci; O Grito, de Edvard Munch; O Homem Amarelo, de Anita Malfatti; e
alguns outros que não reconheci (em um deles estava um personagem que acho que era Gandalf, O Cinzento). Também
havia esculturas: La Petite Danseuse de Quatorze Ans, de Edgar Degas; O Pensador, de Auguste Rodin; e outras.

– Ora, que bom que chegou! – falou Jelly alegremente.

– Senhor direto... – falei.

– Pode me chamar de Jelly!

– Dire... Jelly... Sinto em perguntar, mas... Esta é sua casa?

– Absolutamente, meu jovem. Você dormiu aqui. Mas não se preocupe. Já avisei a seus pais sobre você. Eles estão aliviados.

– Jelly-sama, sobre o que aconteceu ontem...

– Já sei. Afinal, fui eu quem trouxe você e Ritsu para minha casa. Curei seus ferimentos, e lhe dei antídoto para o veneno. Com aquele veneno, você não viveria mais do que três dias.

Jelly acenou e uma taça apareceu sobre uma mesinha, como se a luz do sol tivesse momentaneamente se encurvado e transformado o ar em vidro. A taça se encheu de vinho tinto. Ele acenou outra vez e uma lata de Coca-Bola diet. surgiu na minha frente. Meu queixo teria caído, mas como eu já estudo em um colégio estranho, nada mais me surpreende.

– Enfim, sei que deve estar se perguntando sobre seus poderes de ontem. – falava Jelly. – Mas isso porque JÁ existe um poder dentro de você. Um poder oculto. Se não tivesse este poder, não poderia enxergar através da kekkai, e assim, nunca teria entrado na escola.

– Pérai. – eu estava confuso com tudo aquilo. – Quer dizer que eu tenho poderes?

– Exatamente, meu jovem.

– Mas, aquele tal de Mephisto... O que ele queria comigo?

– Está falando de Mephistophéles? Ele é subordinado ‘’DELE’’, e queria matá-lo para que sua alma seja ‘’DELE’’.

‘’DELE’’? ‘’DELE’’ quem?

– De um antigo inimigo da Hanko... Um inimigo que está se despertando e deseja vingança!

Engoli seco. Um inimigo da Hanko? Quer dizer que a Hanko também tem rivais? Eu peguei a lata de Coca-Bola, e tomei o refrigerante todo num só gole. Trovões soaram pelo céu. Jelly pegou a taça e bebeu o vinho. Depois, pegou um
cigarro, acendeu-o, e começou a fumar. Pergunto-me como ele faz isso tudo usando uma máscara.

– Mas, se existe algo terrível voltando, a polícia deve dar um jeito.

Jelly me olhou como se eu fosse um idiota. Soltou um suspiro, e disse:

– Entenda Tetsuya Sugita... Os seres humanos não enxergam muito bem, e também não enxergam longe. O fato é: coisas obscuras e sobrenaturais podem se esconder entre os humanos, e eles nem vão notar. Com exceção daqueles que podem sentir a presença destas criaturas. E há também aqueles que além de senti-los, podem conseguem ver estas criaturas, como Lead Clow e Ichihara Yuuko. (Le CLAMP; ×××HOLiC, Cardcaptors Sakura e Tsubasa: RESERVoir CHRoNiCLE)

Aquilo tudo estava começando a me assustar. Não sabia que há coisas invisíveis para as pessoas comuns neste mundo.

...

Eu estava indo embora, pronto para voltar para minha casa.

– Não deseja que eu te acompanhe? – pergunta Jelly.

– Não. Não precisa. Obrigado. – respondi. – Ah, Ritsu-san, você não vai embora?

– Não precisa. Eu moro aqui.

– Você... MORA AQUI?!

– Sim. – respondeu o diretor. – Ritsu é minha filha adotiva.

– FILHA ADOTIVA?! VOCÊ É FILHA ADOTIVA DO DIRETOR?!

– Sim. – responde Ritsu.

– Bom... Então tá. Até amanhã Ritsu. E obrigado por me salvar ontem.

Ritsu corou.

– Não precisa me agradecer.

Fui para a minha casa. Ao chegar, me senti como se não estivesse lá por muito tempo.

...



– Hã? A Ritsu é filha do diretor? – pergunta Aki surpreso.

– Bom, ela é filha adotiva do diretor, mas não deixa de ser filha. – respondi.

– Não sabia disso. Eu nunca vi a Ritsu tratar o diretor como pai.

– Mas por que eles não contaram isso a ninguém?

– Sei lá. – falou Aki. – Isso é um mistério que talvez nunca seja revelado.

Eu fiquei pensativo. Se a Ritsu foi adotada, então o que teria acontecido com os pais biológicos dela? E por que eles nunca contaram isso? E mais: por que eles iriam contar para mim?

Nesse momento, ouvimos um barulho e uma correria.

Os alunos iam correndo até o portão. Um aluno saiu gritando:

– Midori-chan! A Midori–chan voltou!

Todos os alunos estavam reunidos no portão. Todos (principalmente os garotos) gritavam:

– Midori–chan! Midori–chan! Queremos te abraçar!

Os homens diziam:

– Deixe-nos pular em seus peitos!

– O que está acontecendo? – perguntei a Aki. – Quem é essa tal de Midori?

Midori Nasegawa. 15 anos. Cor dos cabelos: Ruivos. Cor dos olhos: Castanhos. Espécie: Vampira. Altura: 1,50. Peso: 41 kg. Tamanho do busto: 110 cm. Personalidade: Sedutora. Adora vestir roupas sensuais, como de coelhinha. Seu desejo é encontrar o ‘’Príncipe Perfeito’’, aquele que irá amar a Midori para sempre.

– Mais uma vez você mostrou ter conhecimento sobre as garotas. – falei.

– Ah! E a Midori tem inveja da Ritsu. – disse Aki.

– Ué, por quê?

– Bom, os peitos da Midori tem 40 cm. Os peitos da Ritsu tem 45 cm. Isso faz a Ritsu ser mais peituda que a Midori.

– Mas são só dez centímetros de diferença.

– Dez centímetros fazem diferença.

A multidão de alunos começou a dispersar. Dentro delas vi duas garotas: uma era ruiva de olhos castanhos, e um bronzeado intenso. Pela descrição do Aki, de cara percebi que aquela garota era a Midori. A outra garota era pálida, e possuía cabelos azuis e olhos cor-de-rosa.

– Ué? A Yuki veio também? – disse Aki.

– Yuki? – perguntei.

Yuki. 15 anos. Cor dos cabelos: Azul. Cor dos Olhos: Cor-De-Rosa. Espécie: Yuki-onna. Altura: 1,47. Peso: 37 kg. Tamanho do busto: 108 cm. Personalidade: Calada. É uma pessoa de poucas palavras. Geralmente está lendo um livro. É uma garota bem misteriosa.

Yuki-onna. Tipo... Uma mulher das neves?

– Exato.

Midori e Yuki se aproximavam.

– Isso, meus caros companheiros! Venerem-me! Façam tudo o que eu pedir! – falava Midori.

– Sim, ojou-sama! – falavam os garotos ao redor dela.

–... Tem certeza de que precisa de toda essa cerimônia...? – perguntou Yuki a Midori.

– Ora, é claro que sim! – respondeu Midori. – Uma garota tão linda quanto eu merece a atenção de todas as pessoas!

– Que coisa ridícula! – disse Ritsu. Ela estava de braços cruzados, olhando com indignação para Midori. – Você acha mesmo que precisa que todos a venerem?

– Olha só. – disse Midori. – Está dizendo a uma garota nada feminina.

– E daí que eu não sou feminina? Prefiro ser uma molequinha a uma problemática que acha que é a garota mais importante do colégio.

– Há! Há! Eu sou a garota MAIS importante do colégio! SEMPRE fui! É por isso que os meus seios deveriam ser maiores! Não gosto de saber que você, Ritsu, tem os seios maiores que os meus!

Ritsu corou.

– Não fale dos meus seios! E daí, quem liga para a diferença de tamanho de peitos!

– Eu ligo. – disse Midori.

– Pois eu não! Foda-se essa coisa de tamanho de seios! E tem mais: você não é a mais importante do colégio!

Midori ficou com uma expressão séria.

– Está querendo me enfrentar, sua vadia?

– VADIA! Ora sua...

Eu intervi na briga.

– Pare vocês duas de brigar! Não precisam agir dessa maneira!

Midori se surpreendeu com a minha presença. Depois, ela perguntou:

– Quem é você?

– Prazer. Sou Tetsuya Sugita.

Midori olhou para mim e depois para Ritsu.

– Esse garoto... Ritsu, por acaso ele é seu namorado?

Ritsu e eu ficamos vermelhos.

– Quê?! Ele não é meu namorado!

– É nós somos só amigos!

– Nem isso nós somos! – disse Ritsu, chutando minha barriga. – Eu não seria amiga de um garoto! EU ODEIO GAROTOS!

– Tá bom... Acha que eu vou cair nessa... Sei que vocês com certeza são namorados!

– Ora, sua... – Ritsu estava prestes a dar um soco em Midori, quando um raio de luz segurou sua mão. As mãos de Midori também são presas pelos raios de luz.

– Parem de brigar. Vão acabar se machucando. – disse uma garota atrás de nós. Devia de ter a mesma idade que a minha. Tinha cabelos rosa encaracolados que iam até as costas. Seus olhos verdes e brilhantes davam um tom meigo nela. Usava um chapéu pontudo e segurava um livro que parecia ser muito antigo.

– Saki, sua maldita! Solte-me agora! – disse Midori.

– Ei! Não fale assim com a Saki! – disse Ritsu.

– E agora, quem é essa? – perguntei.

Saki Moriyama. – falou Aki, que apareceu do nada e isso me deu um susto. – 15 anos. Cor dos cabelos: Cor-De
Rosa. Cor dos Olhos: Verdes. Espécie: Humana/Feiticeira.
Altura: 1,45. Peso: 35 kg. Tamanho do busto: 10 cm. Personalidade: Calma, meiga, gentil, tímida e medrosa. Melhor amiga de Ritsu.

–Por favor. – disse Saki. – Parem de brigar.

Ritsu e Midori ficarão em silêncio.

Saki desfez a magia e Ritsu foi embora. Saki foi atrás.

– Ritsu! Espera aí! – gritei, e saí correndo atrás das duas.

Consegui alcança-las. Quando me virão, Saki disse:

– Vou deixá-los a sós. – mal falou isso e desapareceu em um piscar de olhos.

– O que você quer? – perguntou Ritsu friamente.

– Você devia pedir desculpas para a Midori. – falei. – Sei que ela demonstrou ser metida e esnobe, mas ainda sim você foi muito grossa com ela.

– Eu não vou pedir desculpas para ninguém! Quem você pensa que é para me mandar fazer o que eu não quero fazer?!

– Eu sou seu amigo.

– Amigo? Eu só tenho amigas! Não preciso de amigo garoto! – falando isso, Ritsu virou as costas para mim.

– Espera Ritsu! – segurei em sua mão. Ritsu então gritou:

– ME SOLTE! SAÍA DAQUI! – Ritsu me dá um soco forte na cara que caio no chão. – NUNCA MAIS ME TOQUE! VÁ EMBORA, MOLEQUE! – Ritsu então foi embora. Tive a impressão de ver lágrimas em seus olhos.

– Ritsu...

– É... Garotas são difíceis de entender. – disse Aki batendo no meu ombro.

– Ah... Valeu pelo ‘’conselho’’. – falei.

Droga. Não seio que dói mais: o soco que a Ritsu me deu, ou a Ritsu ser grossa comigo, ou... a Ritsu derramar lágrimas.


CONTINUA NO CAPÍTULO 004