Hajimete

Capítulo único!


Hajime estava quieto demais na volta da pequena festa que Shinpachi havia organizado, os olhos estavam focados somente a frente e parecia perdido em pensamentos. E Okita estava apenas a fitar o mais novo de forma curiosa, perguntando-se o que o teria feito se calar, mais do que o normal. Bêbado? Não, pois não havia bebido mais que duas xícaras de saquê.

- Hajime-san...

O chamava uma vez.

- Hajime-san.

O chamava uma segunda vez.

- Hajime-san.

E na terceira vez, o chamava lentamente, pronunciando cada sílaba de forma arrastada. Mas, mesmo assim, ele não o ouviu e continuava a caminhar.

Fingia tossir para lhe chamar a atenção... E novamente, nada. E sem pensar em suas atitudes, o segurava pelos ombros e o empurrava para a parede de uma casa qualquer, agradecendo por estar escuro mas não o suficiente para lhe perder a visão das órbes azuladas.

- Souji...

Aquele modo de falar... Aquele modo de falar agitava alguma coisa dentro de si. O modo como pronunciava o seu nome ou... Não sabia explicar.

Perto. Perto demais. Mas, não queria recuar. Não queria ter que dar um passo atrás para que o mais novo saísse de sua visão. Queria que ele saísse dali? Queria realmente abrir espaço para que ele fosse em direção ao quartel e que voltasse a se perder em seus próprios pensamentos, o ignorando por completo? Não, não queria.

- Souji...

Franzia a testa e deixava que o punho direito socasse a parede, escorregando a frente do menor e escondendo o rosto pela franja.

- O qu- - Ouvia o som da voz do mais novo, mas era como se não fosse capaz de juntar as palavras que ele dizia.

Por quanto tempo ainda teria? Quanto tempo poderia o empurrar na parede e tentar lhe capturar os lábios em um beijo? Um beijo inocente. O primeiro deles... E será que ele queria?

- Souji.

Erguia o rosto para o do mais novo e quase -quase mesmo- sentia vontade de rir devido a expressão preocupada do menor. Os olhos estavam levemente arregalados e a mão esquerda dele estava pousado sobre a própria testa enquanto a direta dava um jeito de afastar a franja e lhe conferir se estava com febre. E depois de comparar as temperaturas, se dava conta de que estava próximo demais.

- Não é febre o que tenho.

Novamente, ele não dizia nada e parecia perdido em pensamentos, embora não houvesse se movido e o olhar estivesse preso no rosto do mais velho.

Sem pensar no que fazia, aproximava-se, devagar, do mais novo. De forma cautelosa, como se a qualquer momento ele fosse gritar ou sair lhe desferir um soco e sair correndo. As orbes azuis não conseguiam esconder a surpresa, mas também continham um brilho diferente, que não estava ali a segundos atrás. O que significava? Estava lhe pedindo para avançar?

Deixava que seus olhos fossem se fechando no decorrer da aproximação dos lábios. Queria vê-lo, mas estava com medo de o constranger ao ponto de o fazer escapar de si e tinha a certeza de que não conseguiria segurar a tempo.

Ou será que era medo de se auto-constranger? Tinha a plena certeza que a segunda opção, embora não fosse assumir em voz alta.

Um turbilhão de sentimentos o invadia no centro do peito, dando-lhe a sensação de que ficaria sem ar antes mesmo de selar os próprios lábios aos do mais novo, que parecia ter entreaberto os mesmo, pois conseguia sentir o hábito dele lhe tocar a face, de levinho, como uma caricia infantil.

Ansioso.

Estava ansioso.

Desejava-o de um modo diferente.

Sem pressa.

Queria se envolver naquele clima por mais do que breves minutos, mas todos os dias. O que será isso? Amor?

E ele? Ele sentia o mesmo? Ele queria o mesmo?

O medo tomou conta, novamente, de si e quase, apenas quase, o fazendo recuar e fingir que não havia tentado beijar o outro capitão. E com-...

Algo quente e úmido roçava em seus lábios, o provocando e o atiçando.

E, abrindo os olhos vagarosamente, conseguia visualizar o tom escurecido nas bochechas do mais novo e os olhos estavam apertados.

Ele... Ele havia cortado a distância... Como?

Como? Era óbvio! O sentimento inquietante no centro de seu peito era correspondido pelo mais novo... Será?

Novamente, algo úmido roçava contra seus lábios e, por algum impulso mais forte que seu controle, levava ambas as mãos à lateral do rosto pescoço do novo, os dígitos passavam a afagarem por ali enquanto que o menor, também criando coragem, agarrava-se as suas vestes.

Ele está tremendo.

Entreabria os lábios e deixava a própria língua escorregar pelos mesmos e tocar a língua do mais novo. O sentia recuar de leve e o deixava fazer as coisas ao seu ritmo, embora estivesse ansioso para sentir o gosto dos lábios dele na ponta da língua.

E novamente, ele cortava a distância que havia imposto entre eles e voltava a lhe tocar os lábios, acariciando-lhes com a língua.

Não parecia inexperiente, apenas acanhado o suficiente para ter desaprendido como beijar.

Sentia vontade de rir, mas se contentava em rir internamente. O puxava para mais perto, o ouvindo gemer de levinho e abafado. Sentia as mãos do menor lhe circular o pescoço e não conseguia evitar um pequeno sorriso contra os lábios dele que, para sua surpresa, era surpreendido.

- Primeira vez?

Mesmo de olhos fechados e com as mãos a afagar a lateral do pescoço dele, conseguia visualizar o rosto dele tingindo-se de um vermelho forte, os olhos apertando-se mais no passo que as mãos lhe apertavam o pescoço.

- Não.

E, se antes não havia se enciumado com o pensamento de não ser o primeiro, agora se enciumava. E sem pensar, afastava os lábios dos dele, virando o rosto em um ato infantil.

Idiota, o que esperava?

- O nosso sim.

E, olhando de canto, o via parecer uma criança que não sabia o que dizer para ajeitar as coisas, mas que buscava em mente algo.

- Me permitirá prová-los mais além? - Voltando o rosto para o dele, deixava que o polegar acariciasse a bochecha do mais novo e lhe selasse rapidamente.

E para sua surpresa, o mais novo adentrava a própria língua entre seus lábios e roçava-a de forma provocativa, na sua.

Deus, eu vou tomá-lo na rua mesmo!

Era de longe o beijo mais excitante que havia tido, mas ele tinha um modo de lhe agitar em qualquer parte do corpo, com qualquer pequeno toque.

O que era realmente aquilo?

O roçar de língua permaneceu, as mãos se agitando entre o pescoço, bochecha e cabelos do mais novo. E este, por sua vez, apertava-lhe a veste entre os dígitos e dava um jeito, charmoso talvez, de amassar as mesma. Não que se importasse de voltar para o quartel todo amassado, mas era estranho.

Era estranho estar ali, beijando-o.

Beijando alguém do mesmo sexo.

Alguém que, por anos, fora apenas seu companheiro e agora... Seria mais.

Vozes...

Vozes os faziam se afastar rapidamente, para a sua infelicidade. Queria mais daqueles lábios. Queria beijá-lo e suga-lo ao ponto de lhes deixarem levemente inchados. Queria-lhe ver o rosto corando no decorrer nos carinhos que pretendia distribuir sobre a face do mesmo... Mas, aquilo não era coisa de se fazer no meio da rua, mas... De noite sim.

- Hajime-san...

O chamava de forma arrastada, como anteriormente e o via lhe olhar de canto ao mesmo que começava a se movimentar.

- Serei o único a lhe beijar de hoje em diante?

E sem se controlar, soltava uma alta gargalhada ao vê-lo envergonhar-se rapidamente, encolhendo os ombros e escondendo o rosto com a franja.

Tão meigo...

Talvez... Só talvez ele quisesse ficar por mais do que uns dias. A vida toda... Talvez.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.