Hajimaru

Capítulo 26 - Triste Melodia do Coração


No sábado seguinte, Midori e Yui-chan tinham ido fazer compras de novo, e conseguiram arrastar não apenas Mikoto junto, mas também Tsukasa e Aruto. A Às só aceitou porque depois as duas prometeram que iam comer pizza, Tsukasa não tinha muita força de vontade pra resistir e foi o que acabou aceitando mais rápido, e o Valete só se rendeu depois que os outros dois já tinham aceitado, já que não queria ser o único a não ir junto.


Depois de fizeram o Rei, o Valete e a Às andarem com elas pra cima e pra baixo a manhã inteira, Yui-chan e Midori finalmente acabaram de comprar tudo o que precisavam (e o que não precisavam também), e por volta da uma da tarde, os cinco compraram uma pizza gigante de quatro queijos, duas garrafas de refrigerante, e foram para um karaoke (também por sugestão da Rainha e da Coringa).


– Não! Eu não vou cantar, de jeito nenhum! - Aruto começou a exclamar quando Midori perguntou quem seria o primeiro, olhando sugestivamente para ele
– Ehh... mas por que não, Aruto-kun?! Isso aqui é um karaoke, todo mundo tem que cantar! - Midori exclamou de volta
– Mas eu nem queria ter vindo pra esse karaoke, só estou aqui por causa da comida! E pode parando de devorar a pizza, Mikoto, ou você vai acabar comendo tudo! - ele roubou uma fatia de pizza das mãos da Às, que estava comendo duas de uma só vez
– Mas eu estou com fome! - a ruiva reclamou com a boca cheia de queijo
– Calma, calma, eles não precisam ser os primeiros! - Yui-chan interveio - Deixa esses dois mortos de fome comerem um pouco, enquanto isso outra pessoa canta!
– Ah, tudo bem então... quem vai ser o primeiro? - a Rainha indagou
– Eu acho que deveria ser primeiro as damas... - a Coringa cantarolou sugestivamente
– E com "primeiro as damas", você quer dizer você? - Tsukasa indagou antes que pudesse segurar sua língua
– É, eu ia dizer mesmo isso, mas já que fez essa observação... então esqueça o "primeiro as damas", o primeiro tem que ser Sua Majestade, o Rei! - a falsa garota apontou para o mais novo
– Ehhh?! - Tsukasa recuou assustado - N-Não, não mesmo, eu não quero ser o primeiro, de jeito nenhum!!
– Ah, mas você vai ser sim! Também quero te ver cantar, Tsukasa-kun!! - Midori apoiou - Alguém tem alguma coisa contra? - ela olhou para a Às e o Valete
– Manda ver, Tsukasa! - os dois gritaram em uníssono, com a boca cheia de pizza
– Sem objeções, a votação foi unânime! Não tem como escapar, você será o primeiro, Tsuaksa-kun! - a Rainha exclamou sorridente
– M-Mas eu não...
– Nada de "mas", vai lá cantar e pronto! - Yui-chan o empurrou na direção do palco improvisado e, antes que ele pudesse voltar a protestar, a Coringa escolheu uma música para ele e ligou a máquina. Sem outra opção, o Rei começou a cantar:


Peony Pink (Clamp Gakuen Tanteidan)


Lindas flores de peônias rosas
Ao meu redor
Poderiam colorir
Meu "eu" pálido

Quando nos apaixonamos
Mesmo quando estamos sozinhos
Nosso pequeno peito
Parece transbordar

Secretamente eu
Estive te observando
E o meu mundo ganhou vida

Peônias vermelhas brilham no orvalho da manhã
Assim como chamas, não são?
Por favor, queime os dias
Que eu passei pensando apenas em minhas fraquezas

Você é tão gentil com todos
Me deixa frustrado, mas não posso deixar
De me sentir orgulhoso de você

Todas as meninas
Tornam-se mais e mais bonitas
Em seu jardim secreto de flores

Peônias rosas cantem inocentemente
Dando suspiros palpitantes
Gentilmente, a borboleta tocou
Seus lábios nus

Em seus olhos,
Ahh, eu quero permanecer
Mais do que ninguém
Peônias rosas
Competem gloriosamente

Para você eu me tornarei
Um novo eu com um sorriso sem igual

Lindas flores de peônias rosas
Só pra mim
Com o maior dos sorrisos
Eu me torno incrível!


http://www.youtube.com/watch?v=CGZkaIFmNrg


Depois que a música acabou, Tsukasa sentou-se em uma poltrona mais afastada e se encolheu nela, como se quisesse afundar até se fundir com o tecido vermelho da poltrona, seu rosto tão ruborizado quanto o assento onde se encontrava agora. A máquina ainda marcava os 82 pontos que o garoto tinha feito, mas ele não parecia ter visto.


– Kawaii!! Você canta tão bem, Tsukasa-kun, não sabia que tinha talento pra isso!! - Midori gritava, as duas mãos no rosto corado, evidentemente empolgada
– Ainnn foi muuuito lindo mesmo!! Como pode ser tão fofo, hein Tsukasa-kun?! - a Coringa gritou com a voz mais aguda do que o normal, e apertou as bochechas do mais novo, fazendo elas ficarem ainda mais vermelhas
– A-Arigatou... m-mas agora acho que já é hora de deixar outra pessoa cantar, não é?? - o Rei sugeriu num sopro de voz
– Ele tem razão! E agora que o primeiro já foi... é a minha vez de cantar! - Yui jogou os cabelos soltos para trás, de um jeito tremendamente convencido, apoderou-se do microfone, escolheu uma música rapidamente e também pôs-se a cantar:


Perfect World (Fushigi Yuugi)


Olhando para a lua refletida na água,
Eu não pudia fazer nada senão tremer
A luz acima da cabeça
Apenas olhe para ela...

Mesmo se uma fera machucada, fraca, ferida
Vive ou corre para longe está tudo nas mãos dela

O céu é alto, sem fim, mas
Luz é a única coisa que o céu não segura.
Eu estarei sempre olhando pelo
Mundo Perfeito chamado amor

Qualquer hora que eu supero os tempos difíceis,
Eu fico deslumbrantemente brilhante
Antes de eu saber, eu comecei a ter confiança
No que eu escolho.

Dormindo no fundo do oceano, pessoas são iguais pérolas
Sendo lavadas, e polidas, intensificando seus brilhos

Mundo onde o céu é alto e limpo
A neve está derretendo, tornando-se gotas
A coragem para levantar
Está sempre com você.

Apenas abraçando, abraçando, e levantando alguém em seus braços
Não é provavelmente, certamente, bondade.
A coragem para levantar
está sempre com você.
Um mundo perfeito chamado amor


http://www.youtube.com/watch?v=MoKLCwGwDmM


Quando terminou, Yui-chan soltou o microfone e fez uma exagerada reverência, como se estivesse agracedenco à uma platéia gigantesca. Midori aplaudia com empolgação, e Tsukasa aplaudiu educadamente, ainda meio abalado por sua própria canção. Mikoto estava ocupada demais comendo pra aplaudir, mas seus olhos arregalados mostravam o quanto ela estava surpresa em ouvir a amiga cantando, e Aruto tentou soltar um assobio, mas também estava de boca cheia e só conseguiu cuspir farelo de pizza pra todos os lados. A máquina mostrou os 85 pontos feitos pela falsa garota.


– Obrigada, obrigada, eu sei que sou demais! - Yui-chan jogou os cabelos para trás de modo convencido de novo, e Midori aplaudiu mais ainda
– Foi mesmo incrível, Yui-chan! Você tem uma voz tão linda! - a Rainha exclamou empolgada
– Mesmo tendo sido uma música lenta, foi muito bonita - Tsukasa acrescentou
– Nee, Yui-chan... essa música... - Aruto chamou depois de engolir sua fatia de pizza - Não é daquele anime que se passa na China, que tem um personagem travesti?
– É sim. Por que a pergunta? - a falsa garota fechou a cara e o encarou com o olhar penetrante
– Ahn... n-nada, nada não - o Valete se apressou a responder, arrependido de ter se lembrado desse detalhe
– Muito bem, que é o próximo? - a Coringa indagou, sorridente de novo, como se nunca tivese ficado emburrada
– Acho que a próxima deve ser a Mikoto-chan! - a Rainha sugeriu
– Quê?! Não, não mesmo! Eu ainda estou comendo! - a ruiva protestou, assustada em ouvir seu nome na conversa
– Você já comeu demais! Vai logo pra lá, anda! - a Coringa a empurrou na direção do palco, e enquanto Midori lhe dava o microfone, pegou um pedaço de pizza antes que Mikoto e Aruto acabassem com tudo. A Rainha escolheu uma música aleatória para a amiga e sentou-se para apreciar o espetáculo:


Zettai! Part 2 (Ranma 1/2)

Absolutamente! Absolutamente! Não importa o que aconteça (Mesmo que perca tudo)
Absolutamente! Absolutamente! Não vou desistir!
Pois você é a única coisa em meu mundo.

Caminhando em uma praia ensolarada.
Você me cobre com um para-para-parasol de sonho.
Como se um vento tivesse soprado em meu peito,
De repente esses pensamentos incômodos (que fazem cócegas) são jogados fora..

Ha-han Meus dedos tremem.
Ha-han Meu rosto fica vermelho.
É o primeiro passo!
Francamente [francamente], é amor. Alguém tem alguma reclamação?

Absolutamente! Absolutamente! Me preparando com afinco,
Absolutamente! Absolutamente! Por favor (você também)
Resolva esse amor comigo.

Absolutamente! Absolutamente! Me preparando com afinco,
Absolutamente! Absolutamente! Por favor (você também)
Resolva esse amor comigo.

Apontando gaivotas, vejo seu sorriso de perfil.
O pri- pri-prisma do tempo refletido por você.
Veja, em qualquer lugar que procurar você não vai achar
Nem mesmo um fragmento de sentimentos pervertidos!

Ha-han Remorso
Ha-han Não é necessário (não foi chamado).
Mesmo tendo chorado, já estou bem.
Francamente [francamente], te amo. Aposto minha vida!

Absolutamente! Absolutamente! Não importa o que aconteça (Mesmo que perca tudo)
Absolutamente! Absolutamente! Não vou desistir!
Pois você é a única coisa em meu mundo.

Absolutamente! Absolutamente! Não importa o que aconteça (Mesmo que perca tudo)
Absolutamente! Absolutamente! Não vou desistir!
Pois você é a única coisa em meu mundo.

Absolutamente! Absolutamente! Me preparando com afinco,
Absolutamente! Absolutamente! Por favor (você também)
Resolva esse amor comigo.


http://www.youtube.com/watch?v=qY22fCOqKlU


A máquina mostrava os 70 pontos conquistados pela Às, mas essa parecia ser a menor das preocupações dela no momento. Midori e Yui-chan iam começar a aplaudir, gritar, e ter seus ataques histéricos de novo, mas antes que o fizessem, a própria Mikoto gritou:


– Mas que raio de música é essa?! É tão esquisita, e fresca, e... fala sobre amor?! Fala sério, que coisa mais clichê, e boba! Não combina nada comigo!! - ela berrava, com o rosto vermelho de vergonha e raiva misturadas
– Ora, e daí? Considere que fala sobre o seu amor pelo Souma-senpai... - Midori cantarolou sugestivamente
– E-E-Eu não tenho a-amor nenhum por ele!! - a Às gritou, corando mais ainda, se é que era possível
– Não adianta negar, Mikoto-san, todos nós sabemos que você gosta dele - Tsukasa lembrou - Na verdade, acho que quase toda a escola sabe
– E-Eu nunca disse que...
– Chega de tagarelar Mikoto-chan! - Midori a cortou - Você já cantou e já deu seu piti de raiva, agora vai se sentar porque é minha vez de cantar! - ela arrancou o microfone das mãos da amiga, que voltou ao seu lugar, ainda proferindo reclamações e xingamentos em voz baixa. Depois de alguns segundos escolhendo uma música, Midori apertou um botão na máquina e começou a cantar:


Otome No Porishi (Sailor Moon)


Não importa qual seja o momento da crise. A qualquer custo, não desistirei.
Então, esta é a amável política de uma dama.
Algum dia, de verdade, para aquela pessoa valiosa que encontrarei,
Levantarei a cabeça e mergulharei fundo!

Dolorosamente, dentro do meu peito, o amor começa a despertar...

Não há nada pra se assustar,
É melhor manter o coração alegre!
Eu tenho um sonho grandioso,
E é por isso que continuo a seguir bravamente!

Eu espero que coisas ainda piores aconteçam...
Certamente elas serão uma esplendorosa chance de bater minhas asas,
Porque todos tornam-se muito mais belos nos momentos sérios.
Trazendo comigo muita fé, limparei todos os obstáculos!

Um poder desconhecido que ainda adormece em mim algum dia transbordará...
Transformando-se naquilo que querem se transformar,
Pessoas que perseveram são demais!
De vez em quando existiram lágrimas,
No entanto, continuo a seguir bravamente!

Não há nada pra se assustar,
É melhor manter o coração alegre.
Eu tenho um sonho grandioso,
E é por isso que continuo a seguir bravamente!


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=CKqLfIaRKIs#!


Quando terminou, Midori fez uma modesta reverência agradecendo os aplausos entusiasmados de Yui-chan e Mikoto, e os aplausos educados de Tsukasa. Aruto apenas revirou os olhos e, depois de algum tempo, rendeu-se à pressão social e aplaudiu sem muito entusiasmo também. Atrás da Rainha, a máquina mostrava seus 88 pontos.


– Bom, acho que já fomos todos, não é? A comida acabou, a cantoria também, podemos ir pra casa então! - Mikoto exclamou depois que a pizza e os refrigeranbtes acabaram, temendo ter que cantar de novo
– Ainda não! - a Rainha exclamou - Ainda falta o Aruto-kun!
– Ahh, é verdade! Só falta você, Aruto-kun! - Tsukasa exclamou também
– E vai ficar faltando, porque eu não vou cantar! - o Valete rebateu de mal-humor
– Ahh, nada disso, se eu tive que cantar, então você vai cantar também, sim senhor! - a Às gritou, pondo-se de pé
– Não! Eu sou péssimo nisso, não vou cantar! - ele teimou
– Todo mundo aqui cantou pelo menos uma vez, Aruto-kun, você não tem como escapar - sentenciou a Coringa - Ou por acaso existe algum motivo razóavel pra um violinista apaixonado por música como você ser o único a não cantar?
– Ahn... b-bem...
– Foi o que pensei - a falsa menina concluiu, interrompendo o gaguejar dele - Pode indo lá pro palco, anda! - ela e Mikoto o empurraram o para o palco improvisado, enquanto a Rainha escolhia uma música para ele. Depois que Midori ligou a máquina e empurrou o microfone para as mãos do Valete, ele não teve escolha a não ser cantar:


Secret Sorrow (X/1999)

Sem perguntar a verdadeira razão da tristeza
Abracei você apertado
A luz da lua ilumina você singelamente, convidei o amor
É doloroso, não consigo dormir

O fato de você estar chorando minutos atrás
Quando foi que percebi? Você estava se sentindo sozinho?
Será isso um sonho frágil?
Não responda nada, além disso

Se eu amar, irei me machucar tanto quanto estiver amando
Meus pensamentos perderam a vida
Mesmo que todos desejem amor,
continuam a passar desatentos uns pelos outros
Você continua o mesmo, isso é doloroso, não é?

Não chore. Ninguém está lhe condenando por amar alguém
Ninguém pode parar os sentimentos de começar a fluir
Eu também me sinto assim ao amar alguém
um tipo de dor que você não pode fugir

Se eu amar, irei me machucar tanto quanto estiver amando
De amanhã em diante, o que nós dois devemos fazer?
Os dias que não mudaram para melhor se repetem, mas
Quero que você saiba que quero ficar ao seu lado,
Que estarei sempre ao seu lado

Se eu amar, irei me machucar tanto quanto estiver amando
Parece que dessa forma está a razão
De poder me tornar mais forte e gentil
Mesmo a tristeza pode se transformar em pensamentos,
Quero acreditar nisso
Pois não vou desistir desses sentimentos que tenho por você


http://www.youtube.com/watch?v=uoA-N_XVT3w


Quando a música acabou, a máquina mostrava os 75 pontos feito pelo Valete, mas o garoto não deu a mínima para eles. Seu rosto estava absolutamente vermelho, de raiva e vergonha misturadas, não sabendo nem por onde começar a reclamar. Ainda assim, todos aplaudiam entusiasmados. Até mesmo Tsukasa parecia aplaudir com mais empolgação dessa vez.


– Parem de aplaudir, seus bocós! Eu não queria cantar, eu disse isso desde o começo! - o Valete esbravejou, roxo de vergonha - Não importa o quanto eu goste de tocar violino, sou horrível cantando! E que raio de música foi essa que você escolheu, hein Midori?! De tantas músicas, tinha que ser uma em que uma mulher que canta??
– Ah, mas... ela combina com você! - a Rainha respondeu simplesmente
– Sim, sim, combina muito! Ela devia ser sua música tema! - Yui-chan acrescentou
– Dele e de uma outra pessoa nee... - a Rainha cochichou, e a Coringa balançou a cabeça fervorosamente, concordando
– Foi muito engraçado te ouvir cantando a música de uma mulher, Aruto! - Mikoto riu, alheia aos comentários sugestivos das amigas
– Não importa se era uma mulher ou um homem quem cantava a música, você foi incrível, Aruto-kun! De verdade! - o mais novo exclamou sorridente, ainda aplaudindo
– Droga... acho que não tem nada que se possa fazer, eu já cantei mesmo né... - Aruto virou o rosto, ainda emburrado, porém parecendo mais conformado
– Bom, agora que todo mundo já cantou, podemos ir embora, não é? - a Às indagou, decidida a não ter que cantar de novo
– É, acho que sim... - Yui-chan concordou, meio desanimada. Ainda era de tarde, e ela não queria ter que voltar pra casa ainda
– Nee, nee... sabiam que tem uma loja de fantasias aqui perto? - a Rainha perguntou - Podíamos ir lá e experimentar algumas!
– Ahh não! Além de nos arrastar rpa fazer compras e ainda nos obrigar a vir ensse estúpido karaokê, você ainda quer que a gente se fantaseie?! - Aruto exclamou, já prevendo o pior
– Ahh vamos, só um pouquinho, Aruto-kun! - Midori pediu - Tem todo o tipo de fantasias lá, de mordomo, de pirata, de vampiro, tudo o que você imaginar!
– Não obrigado, não quero ter que me vestir de mordomo nunca mais! - ele virou o rosto emburrado
– "Nunca mais"? - Mikoto repetiu confusa - Quer dizer que você já fez isso antes?
– Ahn... e-eu... s-sim, em um Halloween, quando eu era pequeno. Foi horrível, eu odiei a fantasia, nunca mais me visto assim de novo! - o Valete conseguiu disfarçar à tempo
– Mas você não precisa se vestir de mordomo dessa vez, pode escolher outra coisa! - Tsukasa exclamou, parecendo se empolgar com a idéia
– Eu soube que tem de tudo lá, desde roupas de enfermeira até fantasias de Miko... - Midori comentou
– Roupas de Miko? - Yui-chan repetiu - Quer dizer... roupas de sacerdotisa, de verdade?
– Isso é incrível, Yui-chan! É uma roupa feminina, e ligada ao sacerdócio... seria como juntar seus dois maiores sonhos! - sua Chara exclamou com os olhos brilhando
– Pois podem esquecer porque eu não vou de jeito nenhum! - o Valete tornou a gritar
– Aruto-kun - Yui-chan se virou para ele, ficando séria de repente - Se você não calar a boca e vier com a gente, eu juro que faço o Chara Change com a Loli e abuso de você aqui e agora.


A Rainha e a Às gritaram em uníssono ao ouvir aquilo, os rostos de ambas tingindo-se de vermelho, em dúvida se tentavam ou não imaginar aquela cena. Tsukasa corou furiosamente e quase caiu pra trás com o susto do que tinha ouvido, aparentemente já imaginando aquilo acontecer, involuntariamente. Aruto recuou vários passos até sentir suas costas baterem na parede, enquanto a falsa menina ainda o encarava com determinação brilhando em seus olhos. Aruto sabia o quanto ela enlouquecia quando se tratava de uma das coisas que ela mais adorava, e se fossem as duas juntas então, pior ainda. Ele não tinha escolha.


– Está bem... já que você insiste, eu vou - Aruto resmungou, derrotado
– Bom menino! Não é hoje que eu vou abusar de você, viu, sorte sua - Yui-chan voltou a sorrir alegremente de novo, e afagou os cabelos azulados dele, como se Aruto fosse um filhotinho fofo - Alguém mais tem algo contra?
– N-Não... - os outros três responderam juntos, com medo de serem ameaçados pela mais velha também
– Ótimo! Então vamos! - Yui-chan sorriu ainda mais alegremente, e saiu andando na frente, com os outros nem tão animados assim a seguindo.


Ao chegarem na tal loja, eles viram todo o tipo de fantasia que se possa imaginar, desde roupas comuns, como de maid ou de neko, até alguns cosplays de animes famosos, mas não encontraram a fantasia de Miko que Yui-chan tanto queria, o que tornava o passeio meio sem objetivo. Depois de falarem com o dono da loja, o homem informou que a fantasia tinha sido vendida há dois dias atrás, então os cinco foram embora, e vagaram alguns segundos sem rumo pela rua, até que a Coringa se lembrou de que haviam roupas de Miko em sua própria casa, apesar de não caberem nela. As roupas em questão pertenciam à sua mãe afinal, então ficariam grandes demais na falsa garota, mas ela estava com tanta vontade de se vestir de Miko agora que não se importou com isso. Os cinco acabaram indo para o Templo Yuiki, e depois de alguns minutos vasculhando um baú velho em um canto do Templo ao lado de uma enorme estátua de Buda, a Coringa enfim encontrou o que procurava. Estava tão ansiosa pra vestir aquilo que se esqueceu de mandar eles saírem e começou a se trocar ali mesmo. A Rainha e a Às lembraram-se de repente de que ela não era uma menina de verdade e viraram-se de costas, ambas corando. Por algum motivo, Tsukasa e Aruto tinham se virado também. Claro que eles sabiam que Yui-chan era um garoto disfarçado, mas ele era tão feminino que ainda parecia tremendamente errado vê-lo se trocando. Felizmente, o momento constrangedor durou poucos segundos, pois logo os quatro ouviram uma exclamação:


– Olhem só pra isso!!


Os mais novos viraram-se hesistantes, e viram Yui-chan trajando vestes largas de sacerdotisa, a parte de cima branca com mangas compridas, grandes demais para ela e cobrindo quase que por completo suas mãos, e a parte debaixo vermelha, também comprida, arrastando um pouco no chão. Ainda assim, Yui-chan parecia radiante.

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– Não ficou lindo?! Ahh eu sempre quis vestir isso, nem acredito que esteja acontecendo de verdade!! - ela dava voltas no mesmo lugar, tentando se ver e todos os ângulos. Midori tirou um espelho de sua bolsa e o segurou de frente para a amiga, que se admirou, sorridente, diante dele
– Está linda, Yui-chan! - a Rainha exclamou, sorrindo enquanto a amiga ainda se admirava
– Verdade, combinou mesmo com você! - Tsukasa acrescentou, sorrindo também
– Mesmo? - Yui-chan perguntou, completamente extasiada - Ahh eu amo tanto roupas assim, nem acredito que estou usando uma!!


No entanto, o sorriso no rosto de Yui-chan não durou muito tempo. Seus gritinhos histéricos logo atrairam a atenção de outra pessoa que vivia naquela casa, e a mãe da falsa garota irrompeu pela porta do Templo, abrindo-a com violência. Os cinco se sobressaltaram ao ver a mulher, e o rosto da Coringa empalideceu como se esta tivesse ficado anêmica de repente.


– Como ousa... fazer esse tipo de coisa hedionda nesse lugar sagrado? - a mulher perguntou, avançando a passos rápidos, enquanto Yui-chan recuava - Como ousa profanar o Templo de nossa família desse jeito tão vil e vergonhoso? Manchando o nome e a memória de nossos antepassados com esses seus atos imorais e repugnantes... criança impura, como se atreve... a fazer esse tipo de coisa asqueirosa no meu Templo?! Hein?? - ela acertou um tapa certeiro na cara da falsa garota, derrubando-a no chão. A mulher ignorava completamente a presença de Tsukasa e os outros, na verdade nem parecia ter notado que eles estavam ali, até ouvir Midori gritar de susto ao ver a amiga caída. A mulher virou-se para eles, com uma cara tão raivosa e assustadora que parecia que ia sair fogo de suas narinas a qualquer momento - O que ainda estão fazendo aí? Vamos, sumam da minha frente, pirralhos!


Os quatro mais novos realmente queriam fugir dali o mais rápido possível, mas a preocupação com a Coringa ainda mantinha seus pés pregados no chão. Tsukasa olhou para a falsa garota, agora ajoelhada, uma das mãos no lugar onde sua mãe tinha acertado o tapa. Os demais o imitaram, como se tentassem lhe perguntar em silêncio o que fazer.


– Saiam... por favor, vão embora. Eu vou ficar bem, não se preocupem... apenas vão - Yui-chan murmurou para eles, num fio de voz. Seus ombros tremiam, e ela mesma teria fugido também, mas estava mais preocupada que sua mãe descontasse sua fúria nos mais novos. Ela morava ali afinal, então não tinha escapatória, mas não podia permitir que a mulher fizesse mal aos seus amigos. Tsukasa recuou mais alguns passos, para depois sair correndo, sendo seguido pelos demais. Assim que saíram, a mulher trancou as portas do Templo, sem dar à eles a chance de se arrependerem de não terem ficado para ajudar a amiga.


Ainda no corredor que dava para a saída, eles ouviram o som de alguma coisa estalando, batendo ruidosamente contra a pele, seguido de berros de dor e agonia. os quatro pararam de andar ao ouvirem aquilo, e olharam para a porta fechada.


– Isso foi... o som de um chicote...? - Tsukasa perguntou, duvidando se tinha ouvido direito
– Aonde raios aquela mulher arrumou um chicote?! - Aruto indagou, embora isso não importasse muito agora
– Não quero... não quero fugir de novo... não quero sair correndo como uma covarde e deixar a Yui-chan sozinha com aquela mulher louca!! - Midori gritou, parecendo prestes a chorar. Sentiu um impulso de voltar e esmurrar a porta até que ela se abrisse para tirar a Coringa de lá, mas antes que o fizesse, Tsukasa segurou seu pulso, detento-a
– Não podemos - o mais novo balançou a cabeça negativamente para ela - Sei como você se sente, Midori-san, eu sinto o mesmo. Também acho horrível que exista uma adulta tão cruel á ponto de fazer isso com o próprio filho... mas não podemos voltar lá agora. Ela trancou a porta, você viu
– Mas... não é justo, Tsukasa-kun! Por que a Yui-chan tem que passar por isso sozinha... o pai e o irmão dela parece que não fazem nada pra ajudar... ela é minha melhor amgia, eu preciso ajudá-la!! - a Rainha exclamou com os olhos suplicantes
– Também quero muito ajudá-la, mas não vamos conseguir nada invadindo o Templo desse jeito. O máximo que iria acontecer seria conseguir mais vítimas para aquela mulher - o Rei respondeu cabisbaixo
– Mas isso não pode ficar assim - Mikoto falou, sobrepondo-se aos berros da falsa garota, que ainda podiam ser ouvidos claramente mesmo sendo abafados pela porta - Talvez não possamos fazer nada agora, mas... deve ter algo que possamos fazer pra ajudar! Talvez não agora, mas... se pensarmos juntos, talvez a gente encontre alguma maneira de ajudar a Yui-chan!
– Bem, só sei que não vamos conseguir pensar em nada com esse fundo musical funesto - Aruto falou, tentando soar sarcástico para disfarçar a preocupação - Vamos sair daqui, depressa, depois pensamos em alguma coisa! - ele exclamou e, depois do aceno de cabeça de concordãncia do mais novo, os quatro saíram correndo para longe do Templo.

*** Próximo Capítulo: Visita ao Hospital ***