Hajimaru

Capítulo 14 - Encontro Inusitado



Poucos dias depois o inverno tinha chegado ao fim, dando lugar à primavera, e trazendo junto com ela o recomeço das aulas. Daisuke passaria a estudar na Academia Seiyo como combinado, e também faria parte do Conselho Estudantil. Infelizmente para ele o Diretor não tinha lhe permitido usar o uniforme feminino, uma saia xadrez vermelha que ia até os joelhos e uma blusa branca de mangas compridas com os pulsos vermelhos e um laço amarelo amarrado no pescoço estilo sailor fuku, como ele gostaria, então no lugar disso ele teve que se contentar com o uniforme masculino mesmo, uma calça preta simples, uma blusa branca com um paletó preto com botões dourados por cima, que era completamente brega na opinião dele. Também usava um broche com a inicial do posto que ocupava, de Joker, sendo que o broche dele não era azul como o dos meninos e nem vermelho como o das meninas (pelo simples fato de não terem fabricado o broche da cor certa), e sim de uma cor que oscilava entre roxo e rosa, meio indefinido, que combinava perfeitamente com ele na humilde opinião de Aruto.


Como estava cursando o sexto ano, Daisuke ficaria na mesma classe que Souma, Hotori e Fujisaki, o que por algum motivo desagradou Midori, apesar de nem ela mesma saber o porquê. Depois da introdução dos alunos novos na classe do sexto ano, as aulas seguiram monotamente lentas, até que depois do que pareceu uma vida inteira, finalmente chegou o fim das aulas naquele dia, dando aos alunos um merecido descanso. A maioria foram felizes para suas casas, alguns poucos foram para os clubes dos quais participavam, e pela primeira vez na vida Daisuke foi até a sala do Conselho Estudantil, que tinha mudado de localidade por sinal: Não era mais na antiga sala do clube de basquete, pelo simples fato de estarem precisando daquela sala para outra coisa. Em lugar disso havia sido construída uma espécie de cúpula transparente no jardim nos fundos do prédio, e sido colocado lá a mesa com as seis cadeiras e a estante de livros que tinha na sala anterior, e mais uma pequena sala para eles guardarem os documentos nos quais trabalhariam. O lugar era muito mais exposto do que o anterior, mas também consideravelmente maior, mais arejado e espaçoso, então eles não se importaram muito com a mudança.


– Ehh... então aqui é o famoso Conselho do qual vocês tanto falam, é? - o mais novo Coringa comentou, olhando ao redor da sala - Bem, como posso dizer... é um tanto... inesperado, eu acho
– Foi o que eu pensei da Yui-chan quando descobri que ela era você - Aruto comentou com uma risadinha
– Não, eu quero dizer... isso parece uma casa de árvore. Só que sem a árvore - Daisuke explicou, não parecendo se ofender nem um pouco com o comentário
– O lugar onde estávamos antes era ainda pior pra falar a verdade - Tsukasa contou, enquanto escrevia alguma coisa no livro ilustrado em suas mãos
– Sei... bom, sorte a minha ter vindo pra cá agora então, eu acho. Mas o que você está fazendo aí, Tsukasa-kun? - o mais velho indagou
– Ah, é um livro que eu estou escrevendo... não é lá grande coisa, é claro, mas eu quero deixar registrada a existência dos Shugo Charas, pra ajudar as gerações futuras a entender melhor a existência deles - ele explicou, sem tirar os olhos do livro
– Ehh... que idéia interessante a sua - Daisuke admirou-se - Já que é assim, deixe registrado também sobre os Batsu Tamas e os Chara Naris, as pessoas vão precisar saber disso
– Hai, eu já pensei nisso. Se importa se eu contar também sobre o seu Humpty Lock? - o mais novo perguntou
– Não me importo, mas... eu mesmo não sei muito sobre ele, então não sei o que você poderia escrever aí - Daisuke encolheu os ombros como quem pede desculpas - Mas, enquanto o Tsukasa-kun faz isso, que tal comermos alguma coisa, hein? Aquele almoço não me encheu, eu estou morrendo de fome!
– Ahh eu gostei! - Mikoto pulou da cadeira, empolgada em excesso - O horário de almoço daqui é muito curto, nem dá pra gente comer direito!
– Ah, sinto muito, mas eu não trouxe chá hoje - Midori desculpou-se, encolhendo os ombros - Como é o primeiro dia, não pensei que iríamos nos reunir, então me esqueci de fazer
– O queee?! Como você foi esquecer, Midori?! - Aruto exclamou como uma criança mimada
– Ahh, e pensar que eu me iludi à toa... agora estou com mais fome ainda! - a Às choramingou
– Não se preocupe, Midori-chan... eu preparei comida extra, então podem comer - Daisuke falou, tirando uma enorme lancheira da mochila
– O que?! Você cozinha Daisuke-kun?? - Midori exclamou perplexa
– Eu não. Yui-chan cozinha - ele corrigiu
– É, acho que isso seria a cara da Yui-chan mesmo - Mikoto riu, avançando na lancheira que ele depositava sobre a mesa
– Isso é o básico para qualquer menina. E você deveria cozinhar um pouco também, Mikoto-chan! Você é mais garota do que a Yui-chan afinal! - o mais velho lembrou
– Ah, não, não mesmo, já vi como a Mikoto se sai nas aulas de culinária, cozinhar não é pra ela - Aruto afirmou, rindo ao se lembrar dos desastres anteriores da amiga, e abocanhando um brownie que tinha roubado da lancheira - Uaaau!! Isso está ótimo! Você mesmo quem fez?!
– Yui-chan - Daisuke corrigiu
– Bem, dê meus cumprimentos à ela então, a comida está ótima! - Aruto exclamou, devorando o resto do brownie em uma só mordida e partindo para o segundo
– Está realmente delicioso... - Midori murmurou meio incrédula após morder outro brownie - Como você conseguiu fazer uma comida tão boa? Garotos geralmente não sabem cozinhar!
– Como eu disse, não fui eu quem fiz, foi a Yui-chan...
– Mas você é a Yui-chan! - Midori exclamou
– Ora, o que isso importa, Midori-chan?! A comida está boa, e tem o bastante pra todos nós, é isso que importa, não é? - Mikoto falou feliz, com a boca cheia de comida. a Rainha mordeu o lábio inferior, parecendo querer continuar a discussão, mas se calou, resolvendo deixar aquilo de lado.


Depois daquilo o resto da tarde passou incrivelmente rápido, e quando a reunião estava chegando ao fim, um inesperado visitante foi até a sala do Conselho. Ouviu-se uma batidinha suave na porta, e logo depois um rosto pálido e delicado, semi encoberto por uma cascata de cabelos arroxeados apareceu pela fresta entreaberta. O visitante falou:


– Com licença, Conselheiros, mas será que podem me emprestar o Aruto-kun por um instante?
– Fujisaki-senpai! - Aruto exclamou, surpreso com a visita do garoto - Não precisava se dar ao trabalho de vir até aqui me buscar...
– "Fujisaki"? - Daisuke repetiu incrédulo, num tom quase inaudível. Ele conhecia aquele nome muito bem, mas não podia ser quem ele pensava que era... ou será que podia?
– É claro que eu precisava, você não apareceu até agora! - o outro ralhou - Eu sei que você está ocupado com as tarefas do Conselho, mas se pretende continuar no clube de música, então é bom que compareça às reuniões na hora certa, entendeu??
– Hai, hai, já entendi... - o Valete se levantou vagarosamente, arrastando-se como um gato preguiçoso - Foi mal, senpai, mas sabe como é, né... hoje é o primeiro dia de aula, eu ainda estou no ritmo de férias
– Anda, vai logo Aruto-kun, não deixe o Fujisaki-senpai esperando! - Midori ralhou, ficando repentinamente nervosa com a presença dele na sala
– Sabia que era você! - Daisuke ergueu-se de repente, passando a frente de Aruto e ficando de frente para o outro sextanista - É o mesmo rosto... não há dúvidas, você é Fujisaki-san!
– Sim, sou... e você é o aluno novo da minha classe, não é? - o outro perguntou, meio atordoado com a repentina agitação do colega - Por acaso já nos conhecemos?
– Ah, não... quero dizer... bem, eu conheço você, mas você não deve me conhecer... quero dizer... - Daisuke torceu a camisa nervoso, parecendo completamente esquecido de que tinham platéia - É que... b-bem, eu já assisti suas apresentações antes... devo ter assistido quase todas na verdade...
– Espera... você quer dizer que... v-você sabe?! - Fujisaki boquiabriu-se, completamente estupefato. Não esperava que algum aluno de sua escola se interessasse por esse tipo de coisa
– Sim! - Daisuke pareceu se empolgar ainda mais ao ver que ele tinha entendido - Acho isso tão incrível, é tão corajoso de sua parte fazer aquilo... quero dizer, eu não entendo bem do assunto em si, mas...
– Espera aí - Midori interrompeu de cara amarrada - Do que você estão falando afinal??
– Ah, você sabe, sobre o Fujisaki-san se...
– Esse é um assunto meio particular, Daisuke-kun - Fujisaki interrompeu, tentando inutilmente disfarçar o nervosismo por estarem falando daquele assunto na escola - Ninguém da escola sabe disso, já que não é grande coisa, entende? É uma coisa mais familiar mesmo - ele falou, encarando profundamente o garoto nos olhos, torcendo pra que ele entendesse
– Ah... quer dizer que... o-os alunos não sabem...? - Daisuke perguntou incerto, percebendo tarde demais que tinha falado mais do que devia
– O que é que os alunos não sabem, hein? - Midori voltou a perguntar
– Que... b-bem... q-que o Fujisaki-san é um grande flautista! - Daisuke exclamou, lembrando-se de repente de que tinha lido em uma revista que o garoto tinha vários talentos musicais, dentre eles, tocar flauta
– Mas disso nós já sabemos. Ele é o Presidente do clube de música afinal, é óbvio que ele é um ótimo flautista - Aruto falou
– Ele quer dizer que minha mãe organiza pequenos concertos lá em casa às vezes... ela convida algumas poucas pessoas pra assistir de vez em quando, mas como não é nada demais, eu não cheguei a comentar com o pessoal da escola - Fujisaki falou, torcendo pra que eles acreditassem
– Ah, sim! Isso mesmo, eu assisti a maioria dos concertos dele, foi isso! - Daisuke acrescentou, tentando tornar a história mais verdadeira
– O que, era só isso? E eu pensando que o senpai escondia algum segredo chocante! - Mikoto voltou a se sentar, desapontada, e tornou a atacar as guloseimas da lancheira do Coringa
– Tá, que seja... depois você pede um autógrafo pra ele, são colegas de classe afinal - Aruto deu de ombros - Vamos indo senpai...
– Espera aí, Aruto-kun, eu preciso ter uma conversinha com o seu amigo primeiro - sem esperar por uma resposta, o flautista arrastou Daisuke pra fora da sala, e quando se afastaram o suficiente para não serem ouvidos nem observados, ele encostou o garoto contra uma parede e falou - Muito bem, o que exatamente você sabe sobre mim, rapazinho?
– Ahn... q-que além de ser um grande flautista, você também é um ótimo dançarino... e que se apresenta em público de tempos em tempos...
– E o que mais?? - o mais alto indagou, estreitando os olhos dourados
– Bem... que durante essas apresentações, você... c-costuma usar kimonos femininos...
– Ahh, eu sabia!! - o flautista exclamou, começando a andar de um lado para o outro nervoso - Olhe aqui, ninguém nessa escola pode saber sobre isso. Já foi um sacrifício enorme eu convencer meus pais a me deixarem frequentar o colégio como um garoto, não quero ter que me disfarçar na escola também, e muito menos que as pessoas saibam o modo como eu me visto enquanto danço! Crianças da nossa idade nem sequer se interessam por esse tipo de assunto afinal, como foi que você ficou sabendo?!
– Bem... como eu disse, já assisti algumas apresentações suas - Daisuke repetiu - Eu realmente não entendo nada de música, ou de dança, mas... o que mais me atraiu foi... bem... o modo como você se veste nas apresentações... você fica tão deslumbrante e gracioso, é simplesmente magnífico...
– O que?! Eu me visto como mulher nas apresentações, como isso pôde atrair você?! - o mais alto exclamou incrédulo. Parou de zanzar de um lado para o outro para encarar o ruivo nos olhos de novo, e depois de observar o rosto assustado de Daisuke por vários segundos, falou - Espera aí... eu já te vi antes... mas esse rosto era de... ahhh nããõoo! Você é a criança travesti do Templo Yuiki!!! - ele apontou escandalosamente para o Coringa, do mesmo jeito que Midori tinha feito quando eles se conheceram
– Fale baixo! Eu também não quero que saibam disso aqui na escola! - Daisuke sibilou nervoso - Mas... sim, sou eu. Por isso suas apresentações me chamaram atenção... porque nelas você é livre para se vestir como quiser, pode agir com graciosidade e delicadeza, e ninguém te critica ou te julga por isso. Sinto muito se quase estraguei seu segredo, eu não sabia que você escondia isso das pessoas... mas é que fiquei tão contente em encontrar alguém parecido comigo que nem parei pra pensar no que estava falando. Você... por acaso também vai me julgar pelo que eu sou? - ele ergueu os olhos incerto para o mais alto
– Não, não vou. Eu não estou em posição de julgar ninguém quanto à isso - o dançarino falou - Mas acontece que não foi uma escolha minha me vestir como uma garota durante as apresentações, eu preciso fazer isso. Realmente gosto de dançar, mas seria melhor se eu pudesse fazer isso sendo eu mesmo... lamento se o decepcionei
– Não... você ainda é a pessoa mais perto de ser como eu que já encontrei, então tudo bem - Daisuke deu um fraco sorriso
– Escuta... Daisuke, não é? - ele perguntou, e o menor assentiu - Então, Daisuke-kun, por que você faz isso afinal? Quero dizer, eu ouvi os boatos sobre a criança travesti do Templo. Dizem que ela é como um espírito deslumbrante de uma menina que ronda os terrenos do Templo, e quando a pessoa se aproxima demais, acaba descobrindo que a linda fantasma era na verdade um garoto vestido como menina, e muito vivo por sinal. Tem vários tipos de boatos na verdade, esse é o mais leve... eu já ouvi coisas bem piores sobre a criança travesti do Templo. As pessoas criticam, julgam e falam mal dessa pessoa...
– Acha que eu não sei disso? Conheço cada um desses boatos - Daisuke interrompeu de cabeça baixa
– Então, se você sabe, por que continua fazendo isso? Quero dizer, eu faço porque é uma tradição de família, mas você não precisa fazer isso, precisa?
– Preciso, se quiser ser feliz - ele respondeu simplesmente - Não importa o quanto pensem e falem mal de mim, isso é o que eu mais amo, e o que eu sou, então a opinião dos outros não me importa nem um pouco
– Certo... não vou dizer que entendo porque seria mentira - o maior falou - Mas não vou te criticar por isso. E eu agradeceria se não contasse pra ninguém sobre minhas verdadeiras apresentações
– Sem problemas. Desde que você também não conte pra ninguém que eu sou a Yui-chan
– Yui... ah sim, esse era o nome da criança dos boatos - Fujisaki lembrou - Certo, combinado. Agora, se me der licença, eu preciso ir andando, estou mais do que atrasado pra reunião do clube.


Os dois voltaram pra a sala do Conselho em silêncio, e depois do flautista rebocar Aruto para fora e se dirigir com ele para a sala do clube de música, Daisuke entrou novamente. Assim que os dois músicos saíram, Midori o encurralou contra a parede de vidro, parecendo incrivelmente ameaçadora naquele momento.


– Muito bem, qual é a sua? - ela perguntou, estreitando os olhos - O que você conversou com o senpai??
– Ahn, nada demais... s-só tagarelei por um tempo sobre como ele é um flautista incrível, e.... ah... e-eu pedi um autógrafo...
– Não minta pra mim! - ela interrompeu as desculpas esfarrapadas do mais velho - Vocês demoraram demais, não pode ter sido só isso!
– Mas qual é o seu problema, Midori-chan?! - Daisuke exclamou de volta, completamente aturdido - O que te importa o que eu conversei ou deixei de conversar com ele??
– Midori-san gosta do Fujisaki-senpai - Tsukasa cochichou no ouvido do Coringa, colocando-se na ponta dos pés para alcançá-lo - Acho que ela está com ciúmes de você
– Ela gost...?! Ahh... - a compreensão pareceu se espalhar pelo rosto do mais velho - Gomen nee Midori-chan, eu não sabia...
– Não me venha com desculpas! - a garota interrompeu, os olhos começando a ficar marejados - Sabe... aquela previsão que eu peguei no seu Templo durante o ano novo? Ela dizia que uma amiga muito importante pra mim poderia se tornar também minha maior rival... e eu acho que era de você que a previsão estava falando! Primeiro você fez aquela comida deliciosa e roubou meu lugar como melhor cozinheira do grupo, e agora... agora você quer roubar o Fujisaki-senpai de miiiiim!!! - antes que se desse conta, Midoi caiu no choro, berrando e chorando como uma criancinha desolada
– O que?! - Daisuke exclamou, sem saber se ficava chocado com a acusação ou pelo fato da garota ter começado a chorar do nada - Ahn... e-eu não vou te roubar nada, Midori-chan... sua comida é infinitamente melhor do que a minha. E como eu poderia te roubar o Fujisaki-san se também sou um garoto?!
– Você, a Yui-chan, tanto faz, é a mesma coisa! - ela gritou, enxugando inutilmente as lágrimas com as costas das mãos, já que, assim que enxugava uma, outra nova lágrima caía em seu lugar
– Mesmo assim, eu não poderia... espera aí... - Daisuke entortou a cabeça para o lado, franzindo a testa enquanto tentava compreender aquilo - Vocês estão achando que eu sou... homossexual?


Tsukasa corou com a pergunta e baixou os olhos, sem coragem pra responder. Mikoto olhou para os lados, atordoada, desejando ter saído da sala junto com Aruto pra não ter que presenciar essa cena. E Midori interrompeu sua crise de choro para gritar:


– Mas é claro! Você se veste como menina, tem uma ótima aparência e um jeito delicado, e sabe cozinhar ainda por cima! O que mais você poderia ser senão isso?!


Daisuke suspirou, cansado, como se estivesse prestes a ter que conversar sobre um assunto sobre o qual ele já estava farto de falar. Apenas encarou a Rainha sério e falou:


– Bem, não posso culpá-los por pensarem isso, eu acho... mas vocês podiam ter me perguntado - ele falou, enquanto Mikoto se perguntava como raios se perguntaria uma coisa dessas para alguém - Eu não sou homossexual, Midori-chan. Então você não tem com o que se preocupar
– V-Você não é...? - ela indagou soluçando
– Não, não sou. Não é a primeira vez que alguém se confunde sobre isso na verdade, já estou até acostumado... mas eu não tenho interesse em garotos. Não me sinto atraído por eles, então eu jamais poderia "roubar" o Fujisaki-san de você
– V-Verdade? - Midori soluçou de novo, parecendo um fofíssimo filhote abandonado. Daisuke fechou os olhos e soltou sua longa trança, os cabelos ruivos esvoaçando em suas costas
– É claro que é verdade! Eu tenho cara de quem mentiria pra minha melhor amiga por acaso?! - Yui-chan surgiu diante deles, falando com a voz doce e feminina, como se estivesse dando uma bronca em Midori por duvidar dela
– Não... você não tem cara de mentirosa, Yui-chan - Midori admitiu, dando um fraco sorriso. Ela se jogou nos braços da amiga, lhe dando um longo abraço, e quando se afastou dela, acrescentou - À propósito, eu também não sou mentirosa, então eu preciso te dizer que você está horrível com essa roupa
– Ah, eu sei! Não combina nadinha comigo, não é? Não estou nada fofa! - Yui queixou-se como uma criança mimada - Por isso que eu disse ao Diretor pra me deixar usar o uniforme feminino, mas aquele velhote simplesmente não entende!
– Nenhum homem entende o coração feminino, vá se acostumando, Yui-chan - Midori sentenciou, dando uma risadinha
– Etto... essa frase não é um tanto contraditória? - Mikoto sussurrou para Tsukasa - Quero dizer, a Yui-chan é...
– Yui-chan é uma exceção à regra, eu acho - Tsukasa sussurrou de volta, rindo. E pensar que aquele era o primeiro dia do/da Coringa no Conselho Estudantil, e já tinha causado todo aquele alvoroço... Tsukasa só podia concluir que os dias naquela sala seriam bastante agitados daqui pra frente.



*** Próximo Capítulo: Ouça a Melodia do Coração ***