Guizos Ao Vento

Primeiras impressões


- Ainda pensando na profecia? - A voz de Nico soou nos ouvidos de Gale, e a garota fechou os olhos inconscientemente.
- Isso não faz sentido. - A garota de cabelos esvoaçantes, sentada no topo da Colina do Pinheiro, disse sem olhar para ele.
- Quer uma coca? - Ele sentou-se ao seu lado, e colocou um engradado de refrigerantes entre os dois.
- Não bebo coca diet. - Ela ainda encarava a Casa Grande, iluminada com as luzes do segundo andar aceso. O sol estava preparando para se pôr.
- Se você olhasse, veria que não é diet. - A garota olhou.
- Ah... me desculpe. - Sua mão mergulhou até encontrar-se com a lata, mas ela sentiu algo mais. Uma mão quente, que a fez arrepiar-se, e o mesmo choque do dia anterior passear por seu corpo.
- O que não faz sentido? - A voz de Nico soou mais sombria e rouca que o normal. Se Gale pudesse se concentrar, teria percebido que a mesma coisa acontecia com ele.
- Eu já estou em uma missão. Não faz sentido...
- Você nunca recebeu uma profecia antes, não é mesmo? - Gale abriu a sua lata com um barulho refrescante.
- Não. Não temos... isso. - Então, depois de duas goladas, ela finalmente tomou coragem e encarou o garoto ao seu lado. - Você é filho de Hades, não?
- Sim, por quê? - Ele a encarou curioso.
- Você se parece demais com ele quando tinha a sua idade. - Nico fitou os olhos da garota, intrigado. Como ela poderia ter visto seu pai com a sua idade? - Não sou como aparento. - Disse ela, como se lesse os pensamentos do garoto. - Vi os deuses crescerem, aliás, cresci com eles.
- Mas você não nasceu depois da guerra?
- Quantos anos você acha que tinha seu pai, e seus tios, quando lutaram contra Cronos?
- A idade que têm hoje, oras.
- Quantos anos você tem? - Ele empertigou-se e encarou a Casa Grande.
- Dezesseis.
- Eles tinham por volta disso quando eu nasci. Crescemos como qualquer um. Apenas temos o privilégio de parar com a idade que quisérmos. - Nico voltou a encará-la, mas nada disse. Seus pensamentos borbulhavam. Percy havia derrotado o Senhor Titã com aquela mesma idade. Agora, isso não parecia soar tão estranho assim. - Adoro o Cérbero. - A garota deu um risinho, que soou como os guizos em seu tornozelo. - Sinto falta dele. Às vezes, posso ouví-lo me chamar. Acho que também sente a minha falta. Bom cãozinho. Deve adorar você também.
- Eu... eu nunca fui ao Mundo Inferior. - Nico baixou os olhos. Sempre desejara rever a sua irmã.
- Sério? Tudo bem que não entram muitos vivos por lá, e nenhum voltavivo de lá, se é que alguém volta de lá... Mas qual é! Você é filho do chefe! - Nico riu. - Qualquer dia desses, vamos dar uma passadinha por lá, e vamos visitar o meu cãozinho de extimação.
- Você é tão...

Rachel acordava. Seus olhos verdes se abriram e ela sentou-se encostada nos travesseiros. Quíron estava à um canto, Annabeth sentada aos seus pés, Thalia à porta, e Percy à sua frente.
- Percy, me desculpe por aquilo. Não sei o que deu em mim. Estava assim a dias. Sim, eu acho uma ótima idéia. - Rachel praticamente cuspiu as palavras, como sempre o fazia. Thalia e Annabeth se entreolharam. Quíron, percebendo o desconforto:
- Agora que ela acordou, devemos nos reunir. - O centauro saiu do cômodo, e então eles ouviram o soar de uma trompa. O Acampamentointeiro ouviu.

Em alguns minutos, todos os representantes oficiais de cada chalé se encontravam na sala da Casa Grande.
- Alguém poderia citar novamente a profecia? - Quíron pigarreou.
- O Olimpo se agita - Percy começou. - Uma tempestade se aproxima...
- Do vento virá o sacrifício. - Annabeth interveio ao perceber que o garoto só lembrava daquela parte. - A casa do inimigo chamará de lar. E um outro poder tentará se sacrificar.
- Do vento virá o sacrifício. Só pode ser a Gale!
- Também tem aquela irmã dela. - Clarisse levantou uma sombrancelha.
- Uma tempestade se aproxima. Esse verso pode ter sido sobre a Gale ter vindo pra cá, porque a Rachel estava estranha a dias. Eu sei que isso não é comum, profecias são de um futuro, mas essa é uma profecia para uma deusa, não sabemos como funciona... A profecia pode ter...
- Também tem aquela irmã dela. - Clarisse repetiu, interrompendo Percy.
- Mas a ventania é a Gale. Se fosse algo sobre a Aeráki, seria como: " Da brisa virá o sacrifício" - Annabeth interveio.
- Só eu não vejo nexo nessa profecia? - Silena disse por fim. - Como assim a Gale chamará a casa do inimigo de lar? - Gale, que estava sentada ao lado de Nico na mesa, olhou para o garoto como: "Porque eles estão discutindo sobre o que eu devo fazer?" E Nico pegou sua mão.
- Percy teve um sonho que talvez ajude. - Annabeth sorriu para o garoto de olhos como o oceano.
- Eu... era como se os monstros precisassem de um mortal para um tipo de ritual... e eles iriam adotar uma criança em cinco dias. Em um orfanato chamado Meid, Miefp uma coisa asim...
- Do vento virá o sacrifício. Agora faz sentido... E sobre chamar a casa do inimigo de lar, será Gale quem eles vão adotar!
- Mas ela é uma deusa! Não tem como se passar por mortal!
- Na verdade, ela é uma ànemoi. - Thalia disse por fim. - Uma divindade dos ventos, ou seja, ela é o vento. Tem cheiro de vento. Ou melhor, não tem cheiro de nada.
- A quanto tempo você teve esse sonho, Percy? - Quíron estava sentado em sua cadeira de rodas.
- Dois dias.
- Então ainda temos três dias para discutir sobre isso. Vamos, já passou da hora do jantar.