Guerra dos mares - Duologia

7° Mergulho - Um antigo amor?


Acordava toda hora tendo pesadelos diferentes e minha cabeça doía. Sonhava que estava me afogando, logo depois que corria por um corredor com paredes sujas e detonadas, e por fim, eu estava o perdendo.

Hairu tentava me alcançar, todavia eu caia em um abismo e o perdia de vista, um abismo escuro enquanto não conseguia mais respirar e a água invadia meus pulmões. Sua expressão era de pavor como a minha, entretanto, não conseguia fazer nada.

Finalmente quando tudo isso acabou, Milk junto com o despertador me acordaram avisando que já era um novo dia de trabalho. Resmunguei vendo a claridade, por que tive aqueles sonhos tão estranhos?

Sonhos? Pesadelos!

O que isso significava? Um corredor que parecia de uma casa em ruinas, o abismo e a água. Teriam ligação?

Suspirei.

Não adiantava tentar pegar no sono agora se eu poderia ter aqueles pesadelos assustadores novamente, o trabalho me ajudaria a esquecê-los, um pouco. Era o que eu queria.

Meu gato branco ficou irritado jogando tudo do criado mudo para o chão, suspirei vendo que já era 10h, isso significava que ele queria comida e estava bravo.

Gato mimado!

Milk era um gato companheiro e fofinho, tirando quando estava com fome.

Olhei para o teto do meu quarto branco pensando na noite passada e suas revelações. Todavia, aquelas imagens de meus pesadelos começaram a me assombrar. Era para não pensar nele?

Fechei brevemente meus olhos.

Saindo da cama cambaleando, estava tonta por alguma razão. Tentando ignorar isso de meu corpo, senti que estava mais frio hoje. Bocejei pegando meu hobby. Era melhor eu dar logo comida para esse gato, antes que ele me atacasse!

Ao voltar em seguida não querendo comer nada, vesti-me rapidamente. Focaria no trabalho, qualquer momento em silêncio meus pensamentos começavam... Novamente.

Pisquei pegando uma calça jeans e um casaquinho leve para colocar por cima da camiseta branca. Acho que isso seria o suficiente.

Bocejei novamente, assim coçando as orelhas de Milk e saindo rapidamente.

Como de costume cheguei vendo Sarah conversando, ela me cumprimentou voltando-se para a pessoa em sua frente. Ignorando tudo a volta, fui direto para os fundos ajeitar-me, seria um dia cansativo, porém esperava não ter mais aqueles pesadelos loucos. Precisava de terapia será?

Vendo um tritão, uma sereia, um gato louco e rebelde... Precisava de terapia sim.

Dei de ombros, voltando parei abruptamente vendo um lindo tritão parando no meio do estabelecimento conversando com Sarah. Como de costume me vi o observando de cima a baixo com aquelas roupas. Usava um blusão fino debaixo daquela jaqueta de couro.

Para um tritão sabia se vestir na moda.

— Hairu. — Aproximei-me.

Ele sorriu.

— O que faz aqui? — perguntei já sabendo a resposta. — Novamente. — Completei.

Ele fitou-me como se procurasse algo.

Desviei o olhar vendo Sarah o admirando da cabeça aos pés.

— Você não gosta que eu venha aqui? Quer que eu vá?

Balancei a cabeça.

Algo irritante, e ao mesmo tempo fofo, naquele tritão cabeça de peixe era ser meigo demais. Sorri fraco ao pensar.

— Não. — Surpreendi-me respondendo tão rapidamente. — Não estou brava. Vai querer o que hoje?

Virei-me indo para trás do balcão o mesmo sorriu mostrando o dinheiro que tinha, eu não consegui conter a risada. Pelo visto alguém realmente andou assaltando na beira da praia.

— Minha mãe gostou de você. — Ele disse escolhendo um croissant.

Pisquei.

— Ela disse que você a lembrou quando mais jovem. — Sorriu ele. — Ela perguntou se eu gosto de você.

Continuei a observa-lo atentamente.

A mãe dele tinha gostado de mim? Uma humana que não conhecia?

— O que disse? — sussurrei quase não dando para ouvir.

Ele sorriu como se tivesse escutado muito bem. E por que tinha perguntando isso!

— Disse que sim.

Arregalei os olhos o fitando sorrir alegremente.

— Você é uma humana especial para mim. Eu gosto de você, mesmo achando que sou apenas um pervertido. — Riu ele.

Sorri.

Isso era verdade!

Mais clientes iam chegando enquanto ficávamos ali conversando.

— Um dia irei levá-la lá. Nenhum humano nunca chegou lá. — dizia todo animado.

Era tão fofinho ver Hairu sorrir daquele jeito.

Um sorriso tão verdadeiro e quente.

Ele realmente era diferente.

— Quer ver um filme hoje? — O convidei.

Talvez Milk goste dele.

Hairu arregalou os olhos, contentes com aquele convite, pelo visto nunca entrou na casa de um humano. Todavia, ainda me perguntava onde ele tinha achado aquele dinheiro...

Ele assentiu.

— Hoje. Quando eu sair. — disse.

Ele assentiu novamente, confiante.

— Obrigado, Ameli. — Foi a primeira vez que ele disse meu nome.

Sorri.

— Você é especial para mim, nunca conheci um humano que não fosse cruel. — Ele dizia de cabeça baixa. — Humanos são cruéis conosco, eles apenas querem beneficiar-se com nós.

Isso já era imaginado. Uma raça diferente...

Humanos sentem medo e para isso matam e pesquisam algo que seja diferente e superior a eles. Matando ou prejudicando aquela raça pelo próprio bem deles.

Essa era minha raça.

— Todavia, você não. — Levantou o olhar. — É verdadeira, quando me viu brigou comigo não teve medo. Gosto de seu olhar assustador, gosto da sua força.

Olhar assustador?

Ri disso.

Realmente aquilo estava parecendo uma declaração, será que ele sabia se declarar para uma garota? Por que ele estava fazendo aquilo muito bem.

— Espero que me deixe ficar ao seu lado. — Sorriu com ternura.

Apenas sorri fraco.

Alguém queria ficar ao meu lado?

Realmente isso era verdade? Não estava sonhando?

Senti que iria chorar, sequei lagrimas invisíveis fazendo-o se assustar e expor uma expressão de preocupação. Todavia, se caísse, seria lagrimas de alegria. Havia alguém nesse mundo que queria minha companhia, queria conversar comigo.

— Você está bem?

Assenti.

— Apenas estou feliz. — falei. — Obrigada.

Ele sorriu mesmo não entendendo por que agradecia.

Voltei ao trabalho logo depois, feliz com tudo aquilo, Hairu disse que precisava sair, mas me encontraria na minha casa. O que será que ele precisava fazer?

Foquei-me no meu trabalho suspirando.

Uma hora iria segui-lo.

O sino na porta soou novamente e olhei para trás para atender o próximo cliente.

Entretanto paralisei arregalando os olhos.

No balcão havia um homem alto, com um sorriso encantador fazendo todas as garotas do estabelecimento o fita-lo. Seus cabelos loiros estavam para trás e seus olhos verdes fixos em mim.

— Oi Ameli.