Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus

Capítulo 8 - Na Cidade. Parte V


Os três jovens estavam reunidos fora do círculo, olhando para seus trajes e cores diferentes entre si. Bal tirava sarro de Arão por que agora ele também possuía desenhos pelo corpo.

Linch, Nasiel e Nahraycaminharam em direção aos garotos.

-Estes são os trajes de cada grupo, vocês notarão que todas as vestimentas mesmo a de grupos idênticos possuem pequenas diferenças entre si, mas em geral cada grupo tem cores e estilos específicos. Para que todos se conheçam melhor, nós faremos um resumo do que aconteceu. Disse Nahray. Nasiel tomou a palavra.

-Cassi pertence ao clã das sacerdotisas, é uma líder espiritual, lidacom as faculdades mentais, e tem o conhecimento profundo dos sentimentos. Com o tempo desenvolvera todas as faculdades.

-Balduíno do clã dos magos, mestre da sabedoria e inteligência. Conhece os mistérios das magias e encantamentos. Será o guia nos caminhos do firmamento. Mas até os magos devem respeitam as regras. Certo Balduíno?Nahray sussurrou a última frase. Bal gaguejou antes de responder

-Certo.

-Por fim, você meu caro Arão pertence ao clã dos guerreiros,onde impera, a vitalidade , a agilidade, a força, e a coragem . Deste clã saem os grandes líderes, o inimigo sempre conhecera primeiro o sabor de suas armas antes de qualquer outro. Apontou para Cassi e Bal. - Lutam pela justiça e a honra é o seu código. O destino de muitos estará em suas mãos. Todos o respeitarão, mas só seguirão o comando de um verdadeiro líder.

Linch olhou para os três dirigindo-lhes a palavra.

-Para alcançarem os níveis superiores e se aperfeiçoarem, terão que desenvolver o poder da \'\'Aura\'\'. Ela é a emanação da força que existe na alma de cada um, quanto mais poderosa for à aura maior será o poder da pessoa, aumentando assim a chance de sobreviver ao que há por vir. Não há como alguém lhes ensinar como desenvolver o poder da aura, isto vocês terão que descobrir sozinhos.

Linch fez uma pausa antes de prosseguir.

-Como podem ver vocês se completam num todo, serão dependentes uns dos outros e a perfeita união de cada elemento, sentimento, sabedoria e força é que poderá levar-nos a vitória sobre as forças sombrias que avançam.

-Mas por que essa divisão?Perguntou Cassi.

-Os guardiões precisam ser coesos entre si e reunir todas as qualidades para poderem sobreviver, de que adiantaria um grupo somente com guerreiros, teriam a força, mas sem sabedoria e sentimentos seriam um bando de carniceiros cruéis. Um grupo de magos sozinhos poderiam ter o poder, mas não conseguiriam entender os sentimentos das pessoas e não teriam a coragem para guiá-las para uma paz de espírito necessária, no final se tornariam vazios. E por fim de que adianta a compaixão e o amor se não existir força e sabedoria para fazer justiça aos oprimidos. Como vocês podem ver todos estão interligados. Um não pode existir sem o outro. Vocês foram classificados segundo suas habilidades, assim como os outros garotos que já estão no Santuário.

Todos ouviam atentamente.

-Mas somente quatro de vocês se tornarão guardiões, o restante poderão cooperar de outras maneiras.

-Mas por que somente quatro? Perguntou Arão.

-Porque a força que tem os guardiões residem nos quatro elementos básicos, cada elemento necessita de um guardião, que lhes provêm uma força magnífica. Os elementos são: \"Ar, Água, Terra e Fogo\". Além da força, cada guardião receberá em seu poder uma arma mágica, concebida por cada elemento.

-Que tipo de armas mágicas? Interveio Bal.

-Não há como saber, o elemento escolhe o guardião e não o contrário. Você meu jovem pode ser aceito pelo elemento \"ar\" mas ser recusado pelo \"fogo\". Quanto às armas, elas mudam de pessoa para pessoa, se você Balduíno pegar o elemento \"terra\" poder ser que ele se torne uma foice por exemplo, se o mesmo elemento \"terra\" for manipulado por Cassiana, pode ser um punhal. Dizem que o elemento se adapta a capacidade de cada um da melhor maneira possível. Em toda história do firmamento, jamais chegamos ao ponto de ter que recrutar jovens para serem guardiões, espero que eles sejam tudo aquilo que está escrito a respeito deles. Deu um suspiro profundo.

-Com o poder de cada elemento e com o que Linch acabou de dizer sobres os guardiões, seremos muito poderosos. Somos a única esperança do reino.Gabou-se Bal.

-Sim realmente, os jovens que conseguirem serão muito poderosos. Mas não se esqueçam, não poderão fazer muito se não desenvolverem sua Aura. Os elementos lhes darão poder, só que eles também se nutrem da força de cada guardião. Resumindo em poucas palavras, de nada adianta um guardião possuir um elemento e ter uma Aura fraca, a sua força seria igual à de qualquer um. Quanto mais poderosa for a Aura do guardião, maior será a potência de sua arma. Como vocês podem ver os elementos não são à força dos guardiões, todavia são instrumentos que podem ajudá-los.

-Sei que o que coloquei é novidade, mas é obvio que fora da Cidade Superior muito pouco se conhece sobre os guardiões ou o poder das Auras.

Prosseguiu Linch.

-Logo muito dos esforços que fizeram até este momento não terão valido nada. Só espero que minhas palavras não os desanimem por que com certeza estão em desvantagens com relação aos outros.

Cassi olhava espantada para Linch, não esperava por aquela colocação, tinha treinado e se dedicado muito, achou que nada fosse impedi-la de se tornar uma guardiã. Nunca havia se questionado sobre desenvolver sua Aura, agora porém, descobrira que aquilo era um dos requisitos mais importantes.

-Você é muito dúbio, uma hora nos desanima, outra pede para não desistirmos, isto seria um teste? Não há nada que possamos fazer para tirarmos essa desvantagem que eles tem sobre nós? Arão perguntou.

-Existe sim, tenham muita fé em vocês.

-Não desanimaremos, vamos conseguir. Disse Arão determinado.

-É isso aí. Completou Bal. Cassi esboçou um tímido sorriso.

-Principalmente você Arão, terá que se esforçar muito mais, pois está no clã dos guerreiros, junto com Teles e Odrin. É muito difícil dizer quem é o melhor, creio que Teles talvez leve um pouco de vantagem, mas mesmo assim será quase impossível para você derrotar qualquer um dos dois.

Arão ouviu em silêncio o comentário de Linch e não respondeu.

-Mas qual é a verdadeira força de um guardião? Cassi perguntava mais para si mesma do que aos outros.

-Segundo as escrituras, desenvolvidos plenamente, os guardiões podem enfrentar os maiores e mais terríveis inimigos de qualquer um dos reinos. Nasiel tomou a palavra pararesponder a pergunta da garota.

-Tô até vendo, Bal, Cassi e Arão os super poderosos, ninguém poderá conosco, os mais fortes, os mais valentes... Ninguém fará frente para nós. Bal se vangloriava.

-Não é bem assim. Disse Nahray.

-O que você quer dizer! Acabou de nos falar que quando evoluídos os guardiões são as forças supremas.Resmungou Bal.

-E são! Entretanto existem males que muitos de nós desconhecemos, tão poderosos que não seria aconselhável um dia enfrentá-los, mas o mal que mais tememos é... Nahray não terminou a frase.

-Qual?

Perguntaram os três jovens ao mesmo tempo. E desta vez foi Linch quem respondeu.

-Do mesmo modo que temos do nosso lado os quatro guardiões do bem, o mal com ajuda dos homens criaram os quatro guardiões mais temidos, um mal de tamanha força, que causam pavor em todo o reino, eles também possuem armas mágicas, porém estas são regidas pela magia negra, e são desconhecidas por nós. Eles existem desde o início dos tempos.

-Mas quem são eles?Perguntou Arão

-Os quatro cavaleiros negros, os cavaleiros do... Ficou em silêncio. -Eles estão se tornando mais poderosos do que nunca, pois o tempo deles se aproxima... Podem ir...

Os jovens saíram em silêncio. Linch olhava para as duas.

- Eu sei o que vão dizer. Eufalei mais do que devia, mas estes jovens não tem noção do que estão para enfrentar...

Ao saírem para o corredor, o querubim os esperava pacientemente.

-Eu os levarei a vossos aposentos, peço que não saiam deles por motivo algum, depois do que ocorreu hoje não é seguro andarmos a noite desacompanhados, os próximos dias serão cruciais para sabermos que rumo nossos destinos irão tomar.

Andaram por vários corredores, alguns estreitos e outros largos, todos iluminados por tochas, passaram diante de uma porta , o objeto de madeira se moveu,o querubim parou.

-Senhorita Cassiana. A senhorita ficará neste aposento, os outros dois ainda tem mais um pequeno trecho a percorrer, esta é a ala feminina.

-Obrigada.Agradeceu a garota entrando no seu quarto.

Nele havia duas camas, em uma delas uma moça estava sentada em silêncio, suas pernas estavam flexionadas, suas as mãos abraçavam as pernas, enquanto seu queixo repousava sobre seus joelhos. Olhava fixamente para Cassi enquanto esta tirava alguns travesseiros de cima do colchão. O olhar da garota começava a incomodar Cassi.

-Alguém nessa cama?

A garota fez um sinal de negação com a cabeça. Seu olhar fixo continuava a cair sobre Cassi, ela não agüentou mais a situação.

-Alguma coisa errada? Posso saber qual é o problema?

A garota fez novamente um movimento de negação e continuou quieta, olhando...

-Olhe, tudo bem se você não quiser me responder, ou mesmo falar comigo, mas seu olhar está me incomodando e muito.

Cassi tirou algumas frutas da bolsa que havia pego na Rua das Pedras. Faria uma ceia particular.

-Aceita?

Sem mesmo esperar a resposta da garota disse:

-Aposto que não, pois se não abre a boca nem para falar um \"Oi\", imagine se vai conseguir abri-la para comer.

Deitou na cama e virou-se para o outro lado com a fruta, foi quando ouviu a voz atrás de si.

-Você não me parece ser tão má, dizem que os celestinos são de caráter muito ruins e não devemos ficar próximos a eles.

-A então você fala, que bom. Eu não mordo, não precisa ficar toda recatada em sua cama, quanto ao caráter se sou boa ou ruim, você vai ter que descobrir enquanto convive comigo. Meu nome é Cassiana, mas pode me chamar de Cassi. E o seu?

-O meu é Kitrina, seja bem vinda.

Ela possuía longos cabelos negros e olhos castanhos, sua pele morena contrastava com os dois desenhos em cada bochecha, eram duas pequenas faixas rosas claras paralelas em cada uma delas. Seu corpo era muito belo e combinava com suas vestimentas, estas só se diferenciavam das de Cassi por que as faixas que protegiam os seios possuíam um pequeno véu e este acabava caindo sobre parte de seu abdômen.

-Já estamos fazendo progressos. Cassi sorriu

-Se o convite ainda estiver em pé, eu gostaria de um pedaço da sua fruta, parece deliciosa, aposto que veio da Rua das Pedras.

-Como adivinhou? Cassi atirou uma fruta para a garota.

-As melhores frutas da cidade são da Rua das Pedras, principalmente as de um homenzinho que fala engraçado e sempre \"enche\" as pessoas que vão lá com suas frutas. Não sei se você entende o que quero dizer.

Cassi fez um sinal de positivo com a cabeça. Kitrina estava com a boca cheia, pois tinha acabado de dar uma bela mordida na fruta. Cassi riu.

-Sim, entendo.

Ambas riam.

Arão e Bal continuavam sua peregrinação pelos corredores e escadas.

-Puxa isso não acaba mais... Lalas! Você tem certeza que estamos indo no caminho certo? Eu quero ver se consigo tirar um cochilo ainda esta noite. Reclamava Bal.

-Calma Bal! Aposto que logo estaremos deitados dormindo como anjos! Disse Arão sabendo que isso ia irritar Bal.

-Calma? Estamos andando a um tempão, estamos muito longe da ala das gatinhas e eu estou morrendo de sono, preciso dormir. Como é possível ter calma em um momento desses?

-Como saberemos que horas vamos ter que levantar? Alguém virá nos chamar?

-Arão nem dormimos ainda e você já esta preocupado com que horas iremos levantar?

-Pronto chegamos. Disse o querubim.

-Não se preocupem com o amanhã, vocês saberão a hora de se levantar.

A porta se abriu, o querubim fez um gesto para que ambos entrassem. A mão do querubim continuava estendida enquanto Bal passava. Ele parou na frente do anjo, tirou do bolso uma fruta colocando-a sobre a na mão do menino.

-Toma aí sua gorjeta Lalas!E obrigado por nos trazer sãos e salvos até nosso quarto.

Lalas fez uma cara de pouco amigos, mas não disse nada.

-Bal, como você é terrível, adora provocar os outros, não me admira o que te ocorreu na taberna quando nos encontramos pela primeira vez.

-Qual é Arão, aquilo foi apenas uma discórdia de opiniões e quanto a este querubim, aposto que ele estava tirando uma com a nossa cara, deve nos ter feito dar muitas voltas desnecessárias antes de chegarmos a este aposento, só para nos ver mais cansados. Mas eu não vejo a hora de cair na cama e dorm... Nossa Arão veja isto!!!!

-O que foi Bal?

-Um espelho de Alfeu! Ao lado da parede, não acredito. Eu sonhei tanto em poder fuçar em um deles e agora ele esta aqui bem na minha frente. Sabia que este espelho, além de ler as informações de cristais e ter acesso as mais variadas fontes de informações, também pode ser usado para se comunicar com outros espelhos de Alfeu.

O sono de Bal parecia haver sumido, estava encantado com o objeto que refletia a sua imagem.

-Se mais alguém estiver \"usando\" o espelho eu posso me comunicar com ela através de mensagens.

Arão foi dar uma espiada no espelho.

-Que é isso que está aparecendo nele? É uma mensagem. Não toquem em nada até receberem ordem. Está vendo Bal não é para mexermos.

-Alguém deve tê-lo bloqueado de propósito para não usarmos, mas acho que posso dar um jeitinho nisso.

-Vamos dormir Bal!Advertiu Arão.

-Pode ir, vou ficar olhando um pouco, isso me fascina demais, e um bloqueio pode ser burlado. Existem muitos meios para isso.

-Bal! No que você está pensando?

-Nada, pode ir dormir tranqüilo... Droga acesso negado!Ele brigava consigo mesmo. -Você se acha espertinho, mas vou quebrar sua segurança rapidinho.

-Acho melhor não tocarmos nele, vamos dormir, amanhã será um longo dia e depois você terá muito tempo para brincar com isso.

-Não seja estraga prazeres Arão, eles não deixariam uma coisa dessas aqui se não quisessem que mexêssemos. É só uma olhadinha prometo não vai fazer mal algum. Em um minuto estarei dormindo.

Arão adormeceu, quando acordou estava amanhecendo, apesar de não saber em que momento viriam chamá-lo, calculava que ainda tinha tempo para tirar mais um pequeno cochilo.

Olhou para o lado e Bal ainda se deliciava na frente do espelho. Sua sensibilidade entorpeceu-se mais uma vez,caiu no sono, passado um tempo acordou com a claridade no quarto, Bal estava sentado de olhos fechado com a boca aberta, provavelmente não tinha nem notado a fadiga o dominar. Dormiu em frente ao espelho.

Um trombeta soou logo cedo, o som era forte e estridente se prolongou por um breve momento, Arão compreendeu as palavras do querubim: \"Não se preocupem, vocês saberão a hora de levantar\".

Arão levantou-se da cama, espreguiçou-se e foi acordar Bal. Iriam iniciar seus treinamentos. Aproximou-se e antes de chamá-lo olhou o espelho que emitia um brilho intenso, nele havia imagens de algumas mulheres, Arão sorriu e disse para si mesmo.

-Você não tem jeito.

A trombeta soou mais uma vez, o dia começava no Santuário. Bal nem se mexia, Arão o cutucou.

-Bal! Acorde! Vamos! Temos que ir senão chegaremos atrasados.

-Não mãe, agora não, deixa eu dormir mais um pouco.

Arão pressionou mais forte.

-O que foi!Acordou assustado.-Não fui eu, eu juro, nem cheguei perto.

-Vamos! Está na hora, senão chegaremos atrasados, e o que é isso no espelho?

-AAHHH! isso ora, é uma mulher, pensei que você conhecesse...

-Não é isso que quis dizer, mas de qualquer forma levante-se temos que ir.

-Mas já! Bal caiu deitado na cama. -Eu nem sequer dormi direito.

-Eu avisei para não ficar muito tempo brincando com o espelho.

-Eu sei, mas é que achei um monte de coisas interessantes, venha ver.

Bal se posicionava frente ao espelho novamente, quando Arão o arrancou a força com um puxão.

-Não há tempo para isso agora, vamos embora.

-Está bem, não precisa puxar.