Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus

Cap. 23 - O Povo das Cordilheiras Celestiais. PII


-Dafne! Bal dera um grito de felicidade. -Nunca fiquei tão feliz em vê-la.

-Digas que sentiu saudades. Pediu ela toda dengosa. -Eu os estava seguindo há muito tempo. Pensei que jamais fosse ter uma oportunidade de ficar a sós com vocês. Podemos fugir, vamos aproveitar que estão todos no Coliseu, não há nenhum guarda nesta câmara, é nossa chance.

Olhou para Bal, com um pequeno movimento da cabeça dele, as algemas se abriram.

\"Eu não devia ter confiado neles. Vou perder tudo. As cidades estarão perdidas. Eroin.... Xelluz venceu. Malditos sejam os homens \".

Os pensamentos de Caravelliz lhe causavam muita dor e ira ao mesmo tempo.

Tiror ajudava Cassi a se levantar.

-Esperem! Branhiu Arão. -Não podemos ir. Se formos não estaremos cumprindo com a nossa palavra. Nós prometemos ajudar Caravelliz.

-Promessa essa feita sobre o \"olhar\" de muitas lanças e espadas. Reclamou Bal.

-Não importa, nós demos nossa palavra, temos que cumpri-la. Eu vou ficar e lutar.

Caravelliz ficou impressionado com as palavras de Arão.

-Faça como quiser. Retorquiu Odrin. -Eu vou embora. Vamos Tiror.

-Espere Tiror. Eu também vou ficar e lutar.

-Mas você não pode Cassi está muito fraca.

-Mesmo assim eu ficarei.

Bal e Dafne se aproximaram de Arão.

-Lá vai você mais uma vez com seu raciocínio heróico. Estamos com você, apesar de achar sua idéia maluca. Aliás, sempre achei que você não \'\'batia\'\' muito bem das cacholas.

Tiror também decidira ficar.

-Não acredito que vocês querem bancar os heróis.

Mesmo contrariado Odrin se viu sozinho, não tinha opção a não ser seguir com eles.

Quando eles pisaram na Arena foram ovacionados pela multidão. Os guerreiros de Caravelliz que ocupavam grande parte das arquibancadas tocavam suas trombetas, batiam com os cabos das bandeias e lanças no chão. A outra parte composta pelas tropas de Xelluz, o lado negro do coliseu, apenas acompanhava com o olhar a entrada dos guerreiros.

-Minha nossa! Exclamou Bal. -Que lugar fantástico.

Uma trombeta soou forte fazendo todos se calarem. Do outro lado das arquibancadas três seres entraram acorrentados. Dois deles eram elfos negros, suas vestimentas eram pretas também dando um aspecto sinistro aos mesmos. O que chamou a atenção de Arão foi o terceiro integrante. Um ser com um elmo negro, tornando impossível avistar seu rosto, um véu cobria-lhe a boca, o elmo parecia lhe impor uma escuridão própria. Suas ombreiras eram partes superiores de crânios. Nos cotovelos pequenas pontas de metais sobressaíam. No peito a armadura possuía um rosto sinistro com dois olhos negros. As botas subiam até o joelho, nelas havia dois rostos de metais desenhados. Sua capa preta voava com o vento enquanto caminhava.

Todos ficaram impressionados com o oponente. As tropas de Xelluz ovacionavam-no chamando-o de \"Espectro Negro\".

\"Esse nome não me é estranho\". Pensou Bal.

Um dos juízes se aproximou dos grupos, as multidões se calaram. Duas espadas estavam ficandas no solo à frente de cada grupo.

-Vocês se enfrentarão com as Espadas de Som, três de vocês deverão lutar. E apesar disto uma nova regra foi imposta. O vencedor de cada confronto escolhera quem será o oponente para próxima luta.

-Eu vou ter que lutar? Perguntou Bal incrédulo.

-Só se você for escolhido. Prosseguiu o Juiz.

-Quando o número de lutas chegar a três, o lado que obter mais vitórias ganhará o diretio de ter a mão de Eroin.

O juiz apontou para cima onde havia uma parte especial nas arquibancadas ocupadas por vários juízes, entre eles uma elfa com vestido branco se encontrava.

-Eroin. Murmurrou Callaveriz.

Xelluz se adiantou.

-Vejo que tem novos amigos. Eles são bons? Não esperou a resposta. -Pois vão precisar ser... Após o dia de hoje Caravelliz, você me deverá obediência. Se curvará aos meus pés. Eroin será minha esposa e eu comandarei todas as cidades.

-Vá sonhando. Retorquiu Caravelliz.

-Convencido ele. Se eu pudesse arrancaria o sorriso desse cara. Resmungou Bal bravo.

-Mas você pode. Falou Arão. -Basta pegar a espada e enfrentá-lo.

-Vou dar a oportunidade para outro...

Xelluz virou-se para o juiz.

-Nós não precisaremos de três lutadores. Apenas um será necessário. Se alguém vencê-lo nós desistimos.

-Não é contra as regras? Perguntou Tiror. - Todos têm que lutar.

Olhou para Caravelliz.

-Acho que eles a mudaram...

-Não estou gostando disso... Retorquiu Bal.

-Que assim seja. Disse o juíz se retirando.

O ser do outro lado avançou tirou a espada do chão. Odrin se adiantou, sem perguntar a opinião de ninguém e empunhou a outra arma fincada ao solo. Uma música começou a tocar, no Coliseu.

-Mas que coisa é essa? Disse Odrin visivelmente contrariado.

Bal teve um pequeno estremecimento, aproximou devagar de Arão.

-Os sábios de minha comunidade contavam a história de um caçador de recompensa, um mercenário, que lutou nas grandes guerras. Era um guerreiro lendário. Sua destreza e habilidade com a espada eram tamanhas que jamais foi derrotado. Possuía uma velocidade de luta fantástica por isso recebera o apelido de Espectro Negro, mas em muitos lugares era conhecido como ’’Retalhador de Almas’’. Quando as guerras acabaram foi poupado por ter feito vários \"trabalhos\" pelo firmamento derrotando seus inimigos. Ele sumira desde então, nunca mais se ouviu o seu nome.

-Você acha que este aí é o Retalhador de Almas?

-Se eu acho? Tenho certeza! Suspirou Bal desanimado. - Estamos perdidos.

A luta começou, Odrin atacava com empenho, mas o ser a quem a multidão de elfos negros chamavam de Espectro Negro se desviava com facilidade. Odrin acertou, dois golpes nele, mas simplesmente nem o arranhou.

-Hei! Minha espada não é de verdade. Disse ele no mesmo momento em que o Espectro atingira-lhe a perna. Fazendo-o se ajoelhar perante o golpe.

-Eu pensei que vocês já tinham lutado com uma espada de som. Gritou Caravelliz. -Você deve ouvir a música, somente na batida mais forte do ritmo da mesma a lâmina da espada se torna ’’verdadeira“, aí sim poderá ferir seu oponente.

-Maldição! Berrou ele. -Por que não me disse antes?

Os bumbos que tocavam ao fundo faziam as marcações dos golpes. Odrin tinha muita dificuldade para lutar, não conseguia se concentrar na música. O espectro brincava com ele.

-Aquele cara se movimenta com muita rapidez. Observou Tiror. -Fica até difícil ver os seus golpes.

A música se tornou mais intensa e a luta também, aos poucos os golpes do Espectro foram minando Odrin. O garoto caiu aos pés de seu oponente, ele se aproximou do garoto apontando-lhe a espada perto do pescoço.

-Você já era!

Odrin fora derrotado.

A multidão de elfo negros ovacionava o espectro. Arão e Bal foram ajudar Odrin.

-Tirem suas mãos de mim. Urrou o garoto furioso.

O Espectro apontou para Caravelliz.

-Você é o próximo.

Ele se levantou, indo ao centro. Outra música começou a tocar. A luta teve inicio.

-Acaba com ele. Gritou Bal.

Caravelliz lutava bem, mais suas habilidades em pouco lhe ajudaram. O Espectro tinha domínio total das ações. A luta não durou muito tempo, após ferir as duas mãos de Caravelliz, o ser negro o desarmou e fez um corte em sua perna esquerda. O elfo foi ao chão, através do elmo o olhar de satisfação por mais uma vitória era exibido. Xelluz se adiantou à frente de Caravelliz.

-Vá se acostumando a ficar nessa posição, pois a partir de hoje você me chamará de mestre. Não quero matá-lo, pois quero que passe o resto dos seus dias dessa sua vida miserável me vendo no trono ao lado de Eiron, me deverás obediência eterna...

Riu com satisfação sua vitória seria completa.

-Prefiro morrer a ver você governando as cidades elficas. Mas ainda não terminou... Disse Caravelliz ofegante.

-Tem alguma dúvida de que eu serei o vencedor? Xelluz riu ao voltar para seu lugar. -Acabe logo com isso logo! Ordenou para o Espectro.

Tiror se levantara para pegar a arma.

-Vai lá Tiror tira esse sorrisinho da cara dele. Berrou Bal empolgado.

O Espectro fez um sinal de negação com a mão.

-Quero você! Apontou para Arão, pedindo para que este se adiantasse.

-Estamos perdidos. Retrucou Bal murchando todo.

-Tiror é muito melhor. O Arão nem sabe lutar direito. Por que tínhamos que vir com mais de três lutadores para a Arena? Por que eu não fugi quando tive chance?

Bal não parava de reclamar, até...

-Acho que você está enganado. Bal olhou para o lado, se surpreendendo com a colocação feita, pois ela partira de Odrin.

Tiror ficara ao lado de Cassi, que piorara muito. A música começou novamente. A luta ia se iniciar.

-De onde vem essa música? Perguntou Bal. -Ela é medonha, fica impossível se concentrar com ela.

-Dali. Respondeu Caravelliz apontando para um local fechado não muito longe de onde eles estavam.

O Espectro era muito rápido, Arão não conseguia ver seus movimentos, por mais que tentasse, só conseguia se defender. Ele parou fez um movimento de positivo com a cabeça para Arão, como se estivesse gostando de lutar com o garoto, investiu novamente atingindo Arão no braço.

\"Ele é bom, que surpresa agradável, pensei que não ia me divertir, mas ainda tem muito que aprender\". Os pensamentos animaram o Espectro.

-Ei! Ele até que não é ruim. Exclamou Bal com alegria.

-Mas não vencerá. Ele se defende muito bem, mas não consegue atacar. As palavras de Odrin tiraram o ânimo de Bal. -O Espectro está dominando o combate.

\"Ele é muito rápido. Não consigo me concentrar com esta música \".

A primeira música acabou, Arão conseguira terminá-la sem cair. Mas estava todo machucado com os golpes que levara.

\"Preciso fazer alguma coisa, senão não agüentarei mais uma música. Vamos concentre-se, concentre-se\".

Arão buscava alguma saída. A próxima música começara.

\'\'Quem está escolhendo estas músicas?\'\'. Pensou Arão.

Bal olhou para a entrada da arena. Podia ver Dafne, fez um sinal para ela. A ninfa veio rápida até onde o garoto estava.

–Ajude-me a tirar essas correntes.

Os dois se concentraram e com poucas palavras de Bal as correntes caíram. O garoto estava saindo...

-Aonde você vai? Não podemos fugir? Indagou Tiror.

-Eu não vou fugir, vou ajudar Arão.

-Mas você não pode... Retrucou Caravelliz.

Bal partiu até uma das bordas da Arena, subiu na parte fechada de onde o Elfo disse que vinha o som. Entrou... Viu um anão com uma bola de cristal a sua frente.

-Saia pra lá. Xingou ele atirando o anão para o lado. O anão ameaçou voltar, mas Bal fez uma careta e ele fugiu assustado.

-Vamos colocar música de verdade. Bal mexia os dedos com alegria.

Arão se defendia arduamente, quando a música cessou. Os dois lutadores pararam. Uma ópera começou a tocar.

-Mas o que é isso? Disse Arão.

-Ops! Música errada! Bal voltou a procurar nas relações das músicas. -Vamos! Vamos. Há achei... Gritou satisfeito.

-Irei acabar com você quando a música recomeçar.

A gargalhada do Espectro era medonha.

–Eu confesso que me animei um pouco, mas a luta esta ficando chata demais.

A música voltou, Arão ficou paralisado, um tremor percorreu seu corpo todo, seus olhos se fecharam.

\"Eu conheço essa música, Thears of the Dragon\".

Imagens vieram a sua mente, um homem passando-lhe ensinamentos, um nome surgiu...

\"Tícero\".

Seus olhos abriram subitamente, ele estava diferente, seu olhar estava mais penetrante, sua pose com a espada mudara até o Espectro percebera.

\'\'Que energia é essa que estou sentindo? De onde vem? Não pode ser deste jovem...\'\'.

Partiu para o ataque, mas Arão se defendia de forma espetacular. O garoto atacou desferindo alguns golpes que atingiram o Espectro pela primeira vez, este recuou assustado.

\"Como pode ser? Ele estava derrotado. Como pode ter adquirido tamanha destreza na luta\".

O espectro tirou sua capa, jogando-a para o lado. Partiu para o ataque, mas Arão novamente repeliu todos os seus golpes, em outro ataque cortou-lhe o pulso.

\"Maldição! Vou ter que usar minha técnica secreta. Agora você caíra\". Riu...

O Espectro concentrou-se de seu corpo cinco novos oponentes surgiram todos iguais a ele.

-Isso é trapaça. Gritou Bal de onde estava.

O grupo de Arão se assustou, mas ele não se importou a música se tornara mais lenta, porém a cada batida mais forte ele eliminava uma cópia. No final restaram somente ele e o Espectro original.

\"Como é possível isso? Ele não passa de puro lixo se comparado comigo\".

O Espectro Negro estava assustado. A mesma cara era feita por Xelluz que não acreditava no que via.

-Esse estilo de luta. Murmurou Odrin surpreso. -Não pode ser...

-Esta preparado para seu fim. Disse Arão avançando, o Espectro recuara, a música chegara a sua parte final e aumentara o ritmo. O garoto atacava impiedosamente. Deu-lhe um golpe na mão, a espada de seu oponente voou para cima, quando ela estava caindo, o garoto a pegou, cravando ambas as espadas nos ombros do Espectro destruindo suas ombreiras. Ele caíra de joelhos diante do golpe, só não foi ferido por que a música acabou, tornando as lâminas inúteis.

O exército de Caravelliz comemorava. Bal e Dafne bateram as mãos num comprimento de alegria.

-É isso aí vencemos, graças ao maluco do Arão. Gritou Bal enquanto voltava para junto de seus amigos.

-Você foi ótimo. Comemorava Caravelliz.

-Eu sabia que ele estava escondendo o jogo. Ai...

Dafne dera um cutucão em Bal dizendo.

-Deixa de ser mentiroso.

Xelluz não acreditava no resultado, a fúria em seu rosto era visível.

-Não! Eu não vou perder. Ataquem! Gritou ele. Seu exército começou a invadir a arena.

Os jovens recuaram até a entrada. Um grito soou de Caravelliz, o exército de elfos brancos ao seu comando também invadiu a Arena para o combate. Arão estava pronto para ir lutar quando foi impedido por Caravelliz.

-Essa luta não é mais sua meu amigo. Neste momento Xelluz quebrou sua palavra chamando seus elfos negros, minhas tropas lutarão até o fim ao meu lado. Agradeço tudo o que fez por mim, não tenho como retribuir. Você mudou minha visão sobre os homens. Ainda existem homens honrados que cumprem com a palavra. Terás minha amizade eterna. Guarde bem minhas palavras: \'\'Quando você mais precisar eu estarei ao seu lado\'\'. Isto é uma promessa. Vão! Seus bastões de energia estão ali do lado. Se seguirem por este caminho atravessarão a montanha dos quatro elementos. E leve isto consigo.

Atirou-lhe uma bolsa.

-O que é isso? Perguntou Arão.

-É água Élfica, ela não cura ferimentos, mas repõe as energias. Tomem um pouco e entregue também a sua amiga, ela vai precisar. Devo agora me juntar aos meus companheiros.

Apertou as mãos de Arão, partindo para o centro da Arena.

Os jovens carregaram Cassi e partiram do caos que fora instalado no Coliseu.