P.O.V. Rapunzel

A escuridão, ela foi a primeira coisa que vi, estava escuro e frio. O único sentimento que pude ter naquele momento, era o medo, mesmo não conseguindo me mexer ou abrir os olhos, minha consciência estava acordada e ela só sentia a dor de estar alí, sozinha em meio aquela imensidão. Tentei pensar onde eu estava, parecia ser embaixo da terra, pois um certo momento pude sentir além do frio, o úmido do solo ao meu redor, ainda tendo raízes e vinhas de plantas me rodeando.

Até que eu senti uma luz através de meus olhos e então o vi, eu vi o Sol. O astro-rei, era tão grande, tão brilhante e tão fascinante, seus raios de luz tocavam quase tudo e espantou toda a escuridão do buraco que estava.

Quando me deparei, já estava abrindo os olhos levemente, podendo presenciar tudo aquilo ao meu redor, os raios de luz me levantaram do solo, eu estava planando levemente no ar, me fazendo as vinhas de plantas e a terra se deslizarem de mim como se fosse uma dança calma e serena. Pude então respirar, sentir tudo ao meu redor conforme abria os olhos, os pastos verdes, a floresta ao redor, as montanhas, as flores, os rios, pude sentir tudo de uma vez só. Fui descendo para o solo verde, ainda não tirando a vista da linda bola de luz que iluminava tudo o que tocava.

O chão que antes era um buraco embaixo de mim, se fechou conforme pisei, dando uma camada de vida nova para onde eu estava, eu fiz isso? Não sabia, mas eu não estava mais com medo, parecia que o Sol que tinha feito isso, que me acordou. Então, vi os raios de Sol parecendo se comunicar comigo, meus olhos não se incomodavam naquela luz intensa, muito pelo o contrário, me davam conforto. Eles diziam, Rapunzel. É o meu nome?Por que eu estava alí? Por que eu existo? Eu só ressurgi e pronto? Não tive respostas disso naquele momento, e nunca tive pra falar a verdade, o Sol nunca foi de se comunicar demais, só me disse “Rapunzel”.

Então decidi caminhar, e sair no ponto em que eu estava, cambaleei um pouco e quase caí, não estava acostumada já que parecia que saí de um buraco e que tem tempo que eu estava alí, uma nova vida era o que parecia. Peguei o jeito e pude me equilibrar normalmente, mas acabei escorregando, não vi o fim do morrinho que estava e fui descendo por ele e escorregando com os meus pés descalços.

— AAAAH!! - só pude gritar e me tentar manter o equilíbrio de deslizar em pé, mas com cambaleando demais e ficando atrapalhada na descida. Até que eu vi que estava em cima de um dos lados de um enorme desfiladeiro e ia cair no meio dele – FAZ PARAR!! - “Acabei de respirar, vou perder minha vida assim? “ pensei comigo mesma

Nisso que eu disse um raio dourado e de luz saiu de minhas mãos e batei na grama um pouco mais a frente, fazendo emergir uma raiz enorme e verde, logo a segurei e parei de deslizar antes que fosse me machucar ou algo pior. Consegui por pouco, fui até o final do desfiladeiro andando e calmamente, pra não voltar a escorregar. Olhei para a raiz que fiz para trás e para minhas mãos depois, eu tinha habilidades incríveis, deveria testar mais. Me virei ao desfiladeiro, joguei as mãos para trás e depois pra frente, não saiu nada, fiquei confusa por um tempo até que um estouro com as mesmas luzes de antes vieram e em muita quantidade!!

Fiquei maravilhada, consegui criar uma linda ponte de luz para poder ir de um lado para o outro, então coloquei um pé para ver se era seguro. Meus pés descalços assim que tocaram ascenderam como raios de sol, parecendo uma flor a onde pisei, sorri e segui andando e olhando para trás a ponte se desfazendo assim que eu passava, foi uma sensação maravilhosa, me sentia especial e queria saber o que mais eu poderia fazer, até que vi uma vila de um reino logo depois do desfiladeiro e no final da floresta, podia se ver tudo do alto em que eu estava.

“Pessoas!!” pensei. Fui correndo assim que passei o outro lado, meus cabelos curtos voavam com o vento, olhei pras minhas mãos e fui jogando rajadas de luz no chão para eu levantar e chegar mais rápido. Estava dando certo, eu jogava e antes de cair no chão jogava de novo. Ria enquanto fazia, até que fiz muito alto e perdi o controle com o vento. Ele me levou para longe e comecei a voar e a bater nas folhas das árvores da floresta, joguei de novo a rajada em uma árvore um pouco mais a frente e me segurei nas vinhas fortes que ela fez logo.

Sem ar e assustada, parei um pouco pra tirar aquelas folhas de mim e sorri com isso tudo que aconteceu. Era incrível, apesar do meu descontrole sem fim.

— Preciso treinar isso também – ri enquanto falava. Com as vinhas que fiz, usei de corda para descer a árvore. Já estava no final da floresta, só precisaria entrar no reino pela ponte que ligava de um lado para o outro, o lugar era lindo e realmente cheio de pessoas, já estava pra entardecer, então o povo estava desmontando as coisas e fechando as lojas e levando os animais para os celeiros.

— Melhor não me descontrolar aqui, posso machucar alguém ou assustar – Só queria conhecer as pessoas e saber, por onde estava e por que eu caí naquele buraco, se alguém me conhecia. Deveria ter um motivo para estar lá.

Animada e com um sorriso fui caminhando e cumprimentando as pessoas, acenando.

— Olá!! Boa tarde!! - dizia com um sorriso. Mas ninguém parecia me notar, só passavam reto e nem me olhavam nos olhos – A senhora pode me ajudar? - perguntei para uma moça, mas ela só pegou o seu filho nas mãos e passou reto como os outros. “Será que estão atarefados demais? Ou não é comum cumprimentarem estranhos mesmo?”

Logo me deparei com um grupo de meninas com roupinhas iguais, eram parecidas também, deveriam ser irmãs, estavam brincando e outras conversando. Fui na direção delas.

— Oi, meninas!! Você podem me dizer ond- antes de terminar a fala, uma mulher chamou elas, logo elas foram correndo e uma delas passou por mim, literalmente, eu só não estava alí. Fiquei sem ar com isso e meus olhos arregalaram, não entendia o que tinha acontecido - …. O que?…. - disse em meio aos meus suspiros, coloquei a mão no meu tronco, braços e rosto. Eu me sentia, não fazia sentido pra mim isso estar acontecendo. Até que uma pessoa também passou por mim, como se eu fosse um fantasma ou nem estivesse alí, e depois outra e outra e outra – Alguém?...Alguém pode me ouvir?… por favor… - disse enquanto segurava o choro e mantinha meus braços ao redor de mim, tentando me afastar das pessoas que só passavam por dentro de mim, como se eu fosse um espírito. Não obtive nenhuma resposta. Então assustada e confusa, fui entrando para dentro da floresta, só sentindo os últimos raios de pôr do sol daquele dia me acompanhando.

Vocês ainda não entenderam né? Meu nome é Rapunzel e eu sou o espírito do Sol, e essa é a minha história, de como o Sol trouxe a vida a uma garota que herdou seus poderes e isso… é só parte do começo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.