Gravity Falls: Um Verão Nunca Esquecido

Capítulo 1: O Retorno dos Gêmeos Pines


Cinco anos se passaram desde os acontecimentos mais marcantes que mudaram, para sempre, a vida dos cidadãos da pequena cidade madeireira no Oregon: Gravity Falls. Pensando bem... Pouca coisa mudara, levando em consideração que quase ocorrera um apocalipse.

Os irmãos Stanford e Stanley Pines seguiram juntos no Stan-O-War II para o oceano Ártico, em busca de novas atividades paranormais e anomalias, deixando Soos como o novo dono e gerente da Cabana do Mistério ao lado de sua recém esposa Melody, que cuidava da caixa registradora na loja de presentes, lugar que antes era ocupado por Wendy.

Wendy, juntamente com seus irmãos, abriu seu próprio negócio: uma loja de ferramentas e equipamentos de mineração e madeireira, quase como um complemento do negócio de seus pais. Ela ainda visitava Soos e Melody toda semana na Cabana do Mistério, apesar de ter deixado de ser funcionária tinha enorme carinho pelo local e seus donos.

As crianças cresceram e estavam prestes a terminar o ensino médio. Muitas sonhavam em deixar Gravity Falls e fazer uma faculdade, outras já se preparavam para assumir os negócios de suas famílias, passados de geração para geração, enquanto outras, como Grenda e Candy, não faziam a menor ideia do que fariam a seguir. Grenda, por incrível que pareça, crescera mais, tornando-se mais robusta e corpulenta ainda. Mantinha aspectos da sua personalidade como a grande agressividade ao falar com garotos, mas também mantece seuu grande (coloca grande nisso) coração caloroso. Candy por outro lado aumentou apenas alguns centímetros, o suficiente para não parecer tanto uma criança. As duas mantiveram sua fiel amizade pelos anos que se passaram e estavam sempre juntas.

A família Northwest mesmo após todos os desastrosos acontecimentos em sua mansão e cidade na época em que os irmãos Dipper e Mabel Pines estiveram em Gravity Falls continuavam a ser exatamente os mesmos. Pelo menos Preston e Priscilla Northwest seguiam como os esnobes ricos que se julgavam superiores. Diferentes das outras crianças Pacífica não frequentava o colégio, tinha suas aulas em casa, tornando mais propícios questionamentos a respeito da vida que sempre tivera. Pacífica tornara-se uma jovem extremamente linda, seus cabelos permaneceram loiros e compridos, porém agora estavam levemente ondulados nas pontas. Por fora a garota parecia a mesma. Era mais fácil lidar com as coisas sendo a irritante e rica Pacífica Northwest de sempre, mas quando estava sozinha em casa mantinha sempre seus pensamentos voltados para seu interior, que estava frequentemente um caos, lotado com dilemas dos quais não entendia nem mesmo a metade.

Pacífica jamais se esquecera do dia que iniciou esse processo de mudança pessoal: o fim da maldição Northwest. 156 anos antes um lenhador colocara uma maldição em sua família nada humilde, por não cumprirem um simples acordo realizado de abrir a mansão e permitir que a população adentrasse uma festa anual no Solar Northwest. Com a ajuda de Dipper Pines ela entendeu que podia ser diferente de sua família, deixando todas as expectativas de lado, ela cumpriu o acordo e permitiu que todos de Gravity Falls entrassem e participassem da festa, livrando então a mansão do assombroso espírito do lenhador. Ao tempo que essa lembrança era muito feliz também era algo dolorosa. Isso por que após a saída de Ford e Stan Pines da cidade Dipper e Mabel jamais retornaram. Nem faria muito sentido retornarem, considerando que eram crianças e sem os tio-avôs não teriam com quem ficar ou mesmo um motivo para vir, de acordo com os pais das crianças.

Assim como Grenda e Candy, Pacífica não sabia qual rumo sua vida tomaria aquele ano. Não tinha pretensão de seguir os passos dos pais, mas não tinha outro plano além desse. Seus dias seguiam monótonos e chatos, fazendo com que a jovem se perdesse várias vezes em seus pensamentos. Sua principal válvula de escape eram as fugas que fazia esporadicamente da mansão para visitar, de longe, a Cabana do Mistério. A sensação nostálgica daquela vista lhe invadia sempre o corpo, trazendo um certo conforto e paz. Claro que a cabana lembrava a ela de Dipper, mas por que a imagem do garoto a deixava tão tranquila ela não sabia dizer. Talvez fosse por ter sido o único que a fez entrar em contato com seu verdadeiro eu.

***

Pacífica estava mais uma vez ao seu caminho da Cabana do Mistério. Não aguentaria muito tempo mais dentro da mansão, já tinham semanas desde sua última visita. Não aguentava as cobranças de seus pais a respeito do seu futuro. Ela mal entendia sem presente, como pensar no que seria depois? Em um momento oportuno ela se esgueirou de seus professores e rumou para a floresta. Quase já podia ver a cabana quando ouviu vozes do lado de fora da cabana.

— Soos! Soos você está aí?

— Soooooooooos, nós vamos entraaaaaaaar!

O coração de Pacífica disparou. Ela não sabia de quem eram essas vozes, mas seu corpo respondera por ela. Ela correu e se aproximou um pouco mais do local onde ficava a Cabana do Mistério, mantendo-se escondida atrás de algumas folhagens em volta. Sentiu uma forte palpitação em seu peito ao confirmar suas expectativas. Em frente à cabana estavam duas pessoas: um rapaz alto de cabelos castanhos levemente bagunçados e uma jovem e linda garota, ligeiramente mais baixa, com cabelos também castanhos e compridos.

— Vamos Mabel, Melody deve estar na lojinha enquanto Soos faz um tour. Eles sabem da nossa chegada, não estaremos sendo intrusos, não é?

— O Soos poderia ao menos nos ajudar com as malas, não é Dipper? - respondeu a garota com um tom de cansaço na voz - A viagem já foi tão longa e cansativa.

Dipper riu e pegou as malas da irmã.

— Pode deixar comigo Mabel. Diferente de como éramos quando estivemos aqui antes agora eu sou bem mais forte.

— É, até cresceram um pêlos no seu peito, não é? - Ela riu, mostrando um lindo sorriso sem componentes metálicos, enquanto acompanhava o irmão para dentro da mesma e velha Cabana do Mistério.

Pacífica permaneceu imóvel assistindo a cena, até que os gêmeos sumiram de vista. Seu rosto estava quente e apenas uma coisa se passava por sua cabeça naquele instante: Ele voltou.