Já era tarde da noite, e ela já estava se cansando de esperar. Dentro da pálida mansão, Nix ardia de ansiedade, era algo que já não era novidade para ela, mas mesmo assim, todas as vezes que chegava a hora de mais alguém, ela ansiava, não sabia se era sede de uma vingança que não lhe pertencia, ou apenas a esperança de que repetir o ato fosse dar a ela a sensação de paz que tanto almejava. Ou talvez fossem as duas coisas juntas.

Foi quando aquele homem alto, moreno e corpulento, finalmente adormeceu a seu lado. Ela nem lembrava mais seu nome quando retirou suas mãos adormecidas de seu corpo nu, e andou na ponta dos pés até a pequena porta escondida dentro de seu closet, que abrigava um ferrete em brasa constante. E teve que respirar fundo quando o ferro em chamas deixou um N marcado eternamente na cintura despida do homem deitado em sua cama. Nix ainda procurava no ar a sensação de liberdade instantânea quando ele lhe agarrou os pulsos, xingando-a de nomes aos quais ela já estava familiarizada. A garota se defendia com uma risada um tanto psicopata, ameaçando sem palavras a lhe deixar outra marca com o ferrete caso ele encostasse nela. E quando aquele homem a quem ela não lembrava nem a cor dos olhos, e que achava que havia deixado-a na palma de suas mãos ao proporcionar a ela uma noite de sexo sem interrupções, juntou suas roupas e saiu batendo a porta atrás de si, os lábios de Nix não se contentaram, e abriram um sorriso digno do gato de Cheshire pelo resto da madrugada.

Mais uma noite se foi, mas ela sabia que a próxima noite seria mais uma de diversão e contentamento, pelo menos para ela, como sempre. Teria uma festa de gala em uma das mansões da redondeza, e seu convite foi um dos primeiros a chegar. Ninguém se encorajava em não convidá-la. Algo lhe dizia que essa noite não deixaria a desejar, e ela aguardava ansiosamente pelo que a noite prometeria. Foi até o banheiro, tomando um rápido banho, e vestindo-se apenas com um roupão de seda, pegou seu caderno antigo de couro gasto em baixo de sua cama palacial, e com seus traços celestiais, fez nela um retrato perfeito de mais um homem que acabara de marcar na pele uma eterna lembrança sua. Para qualquer um que visse aqueles retratos masculinos naquele caderno escondido, pensaria que eram obras fantásticas de um artista que tinha medo de se mostrar ao mundo, mas, para Nix, eram apenas retratos diferentes do homem de quem tinha sede do sangue, de quem queria se vingar. Seu próprio pai.