Graad Gakkou - INTERATIVA

Capítulo 5 - Cerimônia de abertura parte V - Ciclos que se conectam


#05 – Ciclos que se conectam

O quarteto já pensava em ir junto, ainda que fossem insuportáveis as briguinhas tolas entre o canceriano e o pisciniano quando sentiram o cosmo de Dohko voltando.

—O que será que houve para o Mestre Ancião voltar? – indagou Shura, terminando de fechar o blaser no hall de entrada, onde todos já estavam.

Não foi preciso mais troca de conversas. Dohko já entrava com a jovem e o pequeno felino. Máscara deu um sorriso malicioso e olhou cumplice para Afrodite e Shura (já que Shaka se encontrava de olhos fechados como de costume). O espanhol retribuiu o olhar condenando o amigo, enquanto Afrodite deu trégua e também correspondeu maliciosamente.

—Shaka, poderia ajudar a mim e a senhorita Maiore a cuidar desse gatinho? – disse o libriano de forma sorridente, mas disfarçando sabiamente o fato dos olhares com segundas intenções dos colegas.

—Com prazer, Dohko. Perdão não acompanha-los. – disse o indiano por fim, virando o rosto para os amigos que já estavam de saída.

A menina estava quieta, tímida e se sentindo um pouco acuada naquela enorme mansão com 5 homens no mesmo recinto (se bem que ela tinha duvidas sobre Afrodite e sua aparência delicada).

—Tudo bem, Shaka. – disse Shura com um sorriso. – Até logo!

Os três saíram, depois de se despedirem de Dohko, Shaka e Kelly.

Foram para o quarto que o indiano dividia com o espanhol, onde Shaka guardava algumas ervas especiais com diversas propriedades medicinais. Kelly observava o loiro separando as ervas e os curativos, sempre de olhos fechados, se perguntando como o rapaz conseguia conviver com a cegueira, ou que ela julgava ser cegueira.

—Shaka não é cego, é uma espécie de... Sacrifício que ele faz em nome da religião dele. – disse Dohko, notando o olhar curioso da menina.

—Ah, perdão! – corou a menina, que acariciava o felino tentando acalmar o bichinho que estava medroso ao se encontrar num ambiente novo.

—Não me ofende, senhorita Maiore. Eu enxergo perfeitamente bem e apenas usarei minha visão durante as aulas para não atrapalhar o professor... – respondeu Shaka. – Fora isso, não estranhe que eu esteja de olhos fechados.

O indiano se aproximou do gatinho, criando confiança com o felino, tateando a área em torno do ferimento.

—O animal é seu? – indagou Shaka.

—Não, é um gatinho da região que moro. Alguns moradores oferecem comida a ele.

—Certo. – Shaka começou a macerar com as mãos mesmo um punhado de diferentes folhagens, até ficar fofo e escuro. – Dohko. – O nome do cavaleiro saíra meio vacilante, pois o costume era chama-lo de “mestre ancião”. – Poderia preparar para me ajudar a enfaixar?

—Ah, sim. Claro. – Dohko pegou as bandagens, as abrindo e deixando pedaços de microporo adesivo para fixar.

Shaka tomou o membro ferido do gatinho, pressionando levemente as ervas no ferimento enquanto liberava um pouco de seu próprio cosmo para curar. Dohko começou a envolver com a bandagem ao que o virginiano finalizou com o microporo. Mesmo de olhos fechados, notou o olhar agradecido de Kelly para si e para Dohko.

—Obrigada, Shaka. – disse a menina com um tímido sorriso, que deixou o chinês corado. O indiano mesmo não teve nenhuma reação maior.

—Isso não foi nada. Vocês podem ir na frente, irei deixar o gato aqui para observar e arrumar minhas ervas. – e sob o olhar preocupado do libriano completou – Não irei me atrasar, não tem por que se preocupar.

—Então iremos na frente. Obrigado mesmo pela ajuda Shaka. – disse o chinês, se levantando da cama onde todo o procedimento ocorrera.

—Disponha.

Shaka observou os dois saindo. Não era cego, nem sequer quando seus olhos estavam fechados. Os acompanhou de longe ainda no quarto, notando o cosmo de Dohko diferente.

“Essa estadia escolar ao que me parece, trará muitas surpresas...”

Sentiu o pequeno felino ronronar e se aproximar de si, como que agradecendo. Shaka sorriu com o gesto do pequeno e acariciou a cabeça do animal com delicadeza.

—Ao que me parece, você terá a jovem Maiore e o mestre ancião como donos de você. E ficará pelo menos um bom tempo nessa mansão, pequenino. – e olhando para o céu através da janela, teve um pressentimento. – Ondas negativas bem de leve pairam no ar... Acho que não será uma estadia muito calma.

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O antigo trio traidor estava andando tranquilamente. Shura ouvia o pisciniano e o canceriano conversando, e claro, atazanando Dohko pelas costas. Apesar dos dois brigarem feito cão e gato, Máscara e Afrodite tinham uma amizade bem enraizada.

O grupo parou ao sentirem um estranho arrepio, vendo um homem caminhar a passos apressados perto de si. Tinha cabelos negros e usava óculos escuros, trajando um terno muito bem alinhado.

O homem prosseguiu seu caminho, sendo encarado por Máscara da Morte.

—Esse cara fede a morte... – comentou o italiano. – Deve ser um yakuza. Pff, um yakuza não duraria na nossa mão nem um segundo, mas são mais temidos do que temíamos aqueles espectros bundões de Hades.

—Bom, se o problema dele for apenas mundano, não é de nossa conta. – comentou Afrodite, olhando para uma cafeteria com motivos suecos. – Hm, acho que na saída vou ali.

—Vou parar por aqui e fumar um pouco. Não to com pressa de entrar nesse chiqueiro. – disse o canceriano apontando o enorme quarteirão da escola.

Afrodite revirou os olhos e junto de Shura, saiu dali, indo para a escola. A dupla queria fazer questão de levar aquela missão a sério, diferente de Máscara que não estava muito a vontade em voltar a ser um adolescente de 15 anos.

Ao chegarem na escola, os cavaleiros se depararam com alguns professores implicando com uma jovem estudante. Percebia-se que a jovem vestia o uniforme da escola, os cabelos castanho escuros e a pele levemente mais morena e traços que lembravam bastante o povo indiano, mas com traços de algum outro povo que os dois não conseguiram identificar. Mas ainda que usasse o uniforme, a garota estava vestindo algo enrolando sobre o mesmo. Shura notou rapidamente ser um sari, portanto uma roupa típica.

O capricorniano deixou a sua maleta com Afrodite e foi ao auxílio da jovem. Logo o pisciniano foi atrás, com alguns segundos de atraso pelo susto da atitude do companheiro.

—Senhor. – disse aos professores. – Não percebem que estão constrangendo a senhorita aqui?

—Os uniformes devem ser usados de forma correta. Isso aqui não é desfile de moda.

—Ela não está desfilando, senhor. Isso é um traje típico, portanto, ela não está acostumada pela cultura usar uma saia curta.

A garota assistia a cena, surpresa por aquele desconhecido vir ajuda-la. Olhava confusa e se sentindo sem ação.

—Posso ligar agora mesmo para a senhorita Kido e indagar sobre isso. – disse pegando o celular.

—Olha aqui, garoto, ninguém conhece pessoalmente a senhorita Kido senão a diretora. – riu o homem.

Shura não disse nada, apenas apertou o discar programado para ligar diretamente para Atena, enquanto o professor que teimara a brigar com o espanhol. Shura começou a conversar em grego e logo passou o aparelho para o professor.

O homem ficou pálido ao ter certeza que aquela voz vinha da toda poderosa da Fundação. Ouviu um grande sermão de Saori e então entregou o aparelho a Shura, fazendo sinal para o colega permitir a passagem da jovem.

Shura se virou para a menina e sorriu de forma confiante. Afrodite acompanhou parte da discussão e também sorriu, feliz por tudo ter se resolvido bem. O sueco estendeu a mão para a jovem.

—Me chamo Friedrick – disse Afrodite. – Está segura agora.

—Obrigada... – disse de forma tímida.

—Vamos entrar e ficar por perto para que não a perturbem, tudo bem? – indagou Shura a menina. – Como se chama?

—Suikya...

A reação na dupla foi controversa. Acharam o nome deveras conhecido de um passado distante, sombrio. Mas esqueceram aquilo e sorriram.

—Eu sou Shura. Venha, é do primeiro ano como nós, certo?

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Máscara permaneceu em seu cantinho, curtindo a nicotina no cigarro. Só usara aquilo de desculpa para tentar fugir da aula. Então viu uma jovem morena passando. Seu blaser era do mesmo colégio, mas com os detalhes em dourado, uma veterana do terceiro ano.

Parecia bem bonita, em seu nível de escala o que ele chamaria de “gostosa”. Curvas e um corpão lindo e maduro. Assobiou descaradamente.

—Bem gostosa você. Tá na cara que não é uma das japas tábua que tem por aqui! – disse o italiano.

A jovem fechou a cara e tão logo se aproximou, pretendendo dar um tapa no rosto daquele desaforado. Claro que o cavaleiro riu daquilo e facilmente a prendeu o pulso da mão direita da moça.

—E nervosinha também... Tem sangue quente, garota... – sorriu zombeteiro.

Mas o que ele menos esperava era que a adolescente fosse entendida de artes marciais, e logo conseguiu reverter a situação, o derrubando no chão e finalizando com uma pisada em áreas sensíveis.

—Babaca!

Máscara reconheceria aquele sotaque facilmente. Ouvia sempre quando Shura estava treinando conversação em japonês. Viu a moça se afastar, pegando a bolsa que caira no chão. Só que deixou passar batido a carteira dela, que escapuliu.

Quando se recuperou do contra-ataque, o canceriano encontrou o objeto e, na maior cara de pau, pegou os documentos e investigou.

—Hm... Sara Maria Bécquer... Espanha... – sorriu maligno. – Pois é, garota. Vai ter troco.

Enquanto isso Sara, no terreno da escola, pensava. Havia visto novamente aquela coisa e naquele cara. Parecia incrivelmente brilhante aquele “universo” que ele carregava, grande e dourado.

“Por que aquele cara tem aquilo?” – pensou. Decidiu esquecer, eram bobagens de sua mente. Tinha que focar em seu último ano, e fazer jus a sua bolsa de estudos.