Graad Gakkou - INTERATIVA

Capítulo 3 - Cerimônia de abertura parte III - Encrenca e irmandade


#03 – Encrenca e irmandade

O asfalto estava regado de sangue. Alguns moradores estavam fugindo ao ouvirem a confusão, mas nenhum conseguia ver uma tímida e cálida luminescência emanando dos punhos da garota que agora respirava de forma pesada após derrubar um grupo de deliquentes.

—Pronto, Miura. – diz a moça de longos cabelos negros como a noite, jogando uma carteira um rapaz de óculos. – Esses aí não vão mais te perturbar.

—Maise... Obrigado, muito obrigado. – agradeceu o nerd fazendo inúmeras mesuras.

—Larga disso, esses aí nem dão pro cheiro! Bora para escola, senão vocês ficam encrencados! – disse olhando Miura e a outra moça. – Não acha, Okamoto?

O pequeno grupo então voltou ao caminho rumo a escola, não sem serem observados por uma figura que analisara bem a luta, arrumando o óculos e um anel sendo girado no dedo.

—Então tem alguém a mais que use cosmo na escola? Esses novatos me surpreendem!

—Mana! – a garota se virou e viu um menino de dez anos lhe sorrindo, segurando uma trouxinha. – Você esqueceu seu obentô.

A estudante sorriu de forma carinhosa e doce, afagando os cabelos do menino.

—Obrigada, Nico. Agora se arrume para a sua escola, tá? Já vou indo.

—Boa aula, Wanda-neesan!

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—Não... é sério que não tem curso em outro horário?! – resmungou Kanon depois de um longo suspiro e caminhava esticando os braços para trás da nuca, se espreguiçando.

Saga suspirava descontente. Lá estava seu gêmeo caçula começando a reclamar, e isso por que ele havia feito um papelão junto de Milo instigando a briga entre Máscara da Morte e Afrodite. E claro, não bastava isso, Kanon sequer se vestira direito, preferindo amarrar o blazer na cintura.

—Kanon, não estamos na Grécia, quer fazer o favor de vestir esse uniforme direito?

—Não estamos na Grécia, mas somos gregos, irmãozinho. Não japoneses! Não vou agir como um japonês e deixar de lado meu orgulho como grego. – resmungou o ex-marina.

Os geminianos eram seguidos de perto por outro par de irmãos. Aiolos agia normalmente, com um sorriso animado, mas o mais novo tinha um ar emburrado. Aiolia olhava desconfiado os dois a frente.

—Lia? – olhou o sagitariano fechando o sorriso e transformando sua expressão em preocupado. – O que foi?

—Não tem ressentimentos desses dois?

—Não seja rancoroso. Kanon se arrependeu e ajudou Atena no final e Saga não teve culpa de nada do que houve. Eu confio neles.

O leonino não quis continuar a discussão. Observava Saga ralhar com Kanon.

—Vai ser divertido essa experiência. Eu via a senhorita Atena enquanto morto se dedicando aos estudos e ficava imaginando como seria se todos nós tivéssemos essa vida normal. – Aiolos voltou a sorrir, olhando as nuvens de algodão no céu. – Uma vida tranquila para meu irmãozinho.

Aiolia sentiu o coração pesar. Aqueles tempos foram tão amargos... A dualidade de Saga também lhe dera 13 anos de dualidade: amava profundamente seu irmão, mas também o odiava. Quando a verdade veio a tona, o alívio de não ter o sangue de um traidor mas também a dor de não ter seu irmão ali com ele.

—Imaginava a gente levando uma vida comum, irmão?

—Ah, sim, imaginava... Eu não podia fazer muita coisa sendo um fantasma. – ele riu e abraçou o irmão, o puxando para si. – Mas que importa? Estamos juntos de novo, não?

Kanon olhou para trás e viu Aiolos e Aiolia brincando entre si e bufou.

—Por que não pode ser mais gentil comigo como o Aiolos? – resmungou o gêmeo mais novo.

—Por que você é um folgado. E eu não sou trouxa. – respondeu Saga.

Kanon se calou foi quando avistou uma garota tentando tirar uma latinha da hanbaiki. Mas não é o fato da garota estar tentando tirar a lata de café que lhe chamou atenção, nem no uniforme do mesmo colégio e sim as curvas da garota de cabelos vermelhos e pele morena.

—Mas que gostosa! – exclamou o mais novo dos gêmeos.

—Pelos deuses, Kanon! Não vai começar a dar problemas! – retrucou o mais velho.

A garota não pareceu muito feliz em ouvir aquilo, mas ao invés de descontar a raiva da cantada e o olhar nada correto de Kanon justamente em sua cara, a ruiva passou a golpear a máquina com golpes de karatê. Saga decidiu tentar ajudar a garota, usando discretamente seu cosmo para facilitar a saída do objeto e entregando a garota.

—Aqui. – Saga se curvou um pouco, adotando a forma oriental típica ao pedir desculpas. – Peço perdão pela inconveniência do meu irmão, notei que ficou incomodada.

—Eu deveria meter um soco na cara dele, mas não pretendo estragar minhas unhas com porcaria. – disse a garota com um sorriso discreto. – Desculpa, é seu irmão, mas é a impressão que ele me passou.

—Confesso que tenho tendência a pensar nele dessa forma.

—Ei, eu estou ouvindo, seu nerd de meia tigela! – resmungou Kanon. – Preferia você menos quadrado como naquela époc...

Kanon foi sumariamente calado com um pedala na nuca e o olhar furioso de Saga.

“Nosso mundo é um segredo seu imbecil!” – resmungou Saga por cosmo.

“Nosso mundo ou seu passado?”

A ruiva olhava confusão a confusão, abrindo a lata do café quentinho e tomando.

—Vocês só brigam, hein? – riu a garota entre um gole e outro. – São novatos da Graad como eu, né? Como se chamam?

—Eu sou Saga e esse imprestável é meu gêmeo mais novo, Kanon.

—Gregos, não? – sorriu a garota. – Reconheci o sotaque, vivi uns bons anos na Grécia. Meu nome é Marie.

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O outro par de irmãos decidiu deixar os geminianos em sua encrenca atual e seguirem caminho. E isso facilitou para o destino aprontar das suas. Numa esquina os reflexos de Aiolos evitaram que uma jovem fosse atropelada por uma bicicleta, puxando a menina para seus braços.

A garota trajava o uniforme, mas com os detalhes em prata, demonstrando ser uma aluna do segundo ano. Era uma mestiça de ocidental com oriental e muito bonita. Aiolos olhava para ela sentindo as bochechas arderem ao vê-la igualmente sem graça e corada.

—Perdão, perdão! – a endireitou. – Desculpe se fui indelicado com a senpai.

—Nãodeformaalgumafoiindelicadofoiatégentilobrigadapormesalvar! – respondeu a garota tão rápido e enrolado que os irmãos tiveram dificuldade em entender.

—Você é aluna da Graad, né? – disse Aiolia, tentando quebrar o clima confuso. – Como se chama?

A menina corou ainda mais.

—Eu sou Aiolos. – disse o sagitariano

—Eu sou o irmão mais novo, Aiolia.

A garota só faltava querer derreter de timidez, saindo correndo, deixando os dois rapazes totalmente perdidos.

—Não se preocupem, a Morgana é assim mesmo.

Olharam para a morena de óculos que estava a poucos metros de si. Os cabelos negros e ondulados e a baixa estatura parecia uma piada com o ar desdesonhoso com que ela falava.

—Mas não tem baixista melhor que ela para fazer um som maravilhoso. Só toma cuidado, garanhão, que o pai dela é militar dos brabos. – e saiu rindo, deixando os dois irmãos boiando.

—Que garota petulante! – resmungou Aiolia. – Deixa estar que o que é dela tem volta!

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Kanon já estava ficando irritado do irmão ficar conversando com a falsa ruiva e saiu de perto. Já estava cogitando mesmo em matar aula então tomou por um caminho oposto ao colégio quando notou vários delinquentes apagados no chão e uma suave emanação de cosmo.

“Mas que diabos...? Eu não conheço esse cosmo!” – pensou o geminiano. – “Pode ser um inimigo...?”

O ex-marina chacoalhou dos rapaz o fazendo acordar.

—Quem fez isso com vocês?!

—A... aquela garota demônio... uh... – e apagou de novo, não sem antes notar que o infeliz estava botando a mão em sua carteira no curto espaço de tempo em que esteve desperto.

Kanon sorriu malignamente ao notar que o cara quis dar uma de espertinho e o acordou novamente... Só para espanca-lo de novo até apagar.

—Verme! – se levantou e cuspiu no corpo desacordado, pegou a maleta que deitara no chão e saiu de perto, fechando os olhos. Iria seguir aquele cosmo e o sentiu que estava na direção do colégio. – Planos alterados, vou fazer a alegria do meu irmão por hoje.