Graad Gakkou - INTERATIVA

Capítulo 23 - Qual o seu problema? Eu não sei...


23 – Qual o seu problema? Eu não sei...

—VOCÊ ÉUMA MULHER?!

Haruka olhou para o sueco com tédio.

—Nunca percebeu?

—Claro que não! Sua voz, sua postura...

—Estou no clube de teatro, sou filha de uma atriz do Takarazuka. Ela é tão versátil que faz papéis de otokoyaku como de musumeyaku. Apenas puxei ela e a observava atuar. – dando de ombros. – E quero um dia estar entre as grandes estrelas do Takarazuka!

Afrodite estava assombrado. Ela REALMENTE parecia um homem andrógino como ele. Talvez até mais, já que por sua vida de cavaleiros seus músculos eram mais sobressalentes e másculos. Ele viu a garota retirar a peruca rosa curta e deixar livre as madeixas tingidas e onduladas. O pisciniano teve um estalo.

—Está sem maquiagem, mas esses cabelos...

—Dãa, sou eu, a garota da cafeteria!

O cérebro do mesmo estava em pane, Afrodite não conseguia muito bem associar que a garota que ele estava admirando era seu rival.

—Eu realmente não consigo entender, Friederich-san, como você nunca percebeu. E eu realmente entendo menos ainda a forma como sempre me trata nos dois modos. Até parece que odeia que eu seja homem e ama que eu seja mulher. – ela o encarou fundo nos olhos. – Sério, você é estranho!

—Eu...

—Acostumado aos holofotes de onde vem, é, você disse... Vamos, tire as medidas. Acho que cada um tem seu respectivo serviço.

Afrodite teve que desligar o assombro, pensar em seu serviço ajudaria a organizar as idéias em sua mente e tentar desenvolver suas ações seguintes.

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Sara chegou primeiro a mansão para o ensaio. Ela não tinha grandes esperanças após a queda do ginásio de que iriam continuar o serviço na sala da banda, então se empenharia ali mesmo.

A sala do piano se tornara seu local favorito. Estava com a cabeça nas nuvens e não notou quem num cantinho com almofadas e puffs havia gente cochilando. Pegou seu caderno e o apoiou na área do livreto do instrumento e pôs-se a tocar.

Queria trabalhar naquela música com carinho. Os sentimentos de sua família e saudades do único irmão que restara, ausente, mas sabia que ele se esforçava para dar-lhe sustento. Os dedos ágeis deslizavam pelas teclas, entoando a melodia. Ao terminar novas anotações se surpreendeu ao sentir aquilo, aquela energia e atrás de si.

—Deveria escolher outra nota para esse final. – o comentário dele a pegou de surpresa. O italiano bronco tinha sensibilidade musical?

—E qual nota?

O indicador tocou a tecla, pressionando-a de modo a demonstrar como deveria ser. Sara ficou pensando e decidiu testar a sugestão e realmente, foi acertada. Ela anotou na referente parte da partitura.

—Obrigada. Eu não sabia que entendia de música.

—Minha mãe era professora de piano, me ensinou a tocar. – Máscara da Morte franziu o cenho. – Mas após minha família toda ser morta pela máfia italiana e ver o precioso instrumento de trabalho dela manchado em sangue... Eu sinceramente nunca consegui voltar a tocar.

Sara o olhou surpresa. Giovanni trazia um olhar vazio e perdido. Era como que mergulhado em lembranças.

—Numa terra mergulhada em arte, mamma não ganhava tão bem assim. Meu pai não dava conta também. Tinham a mim e minha avó, minha nonna, já bem idosa. Cometeram a pior merda que foi se envolver com aqueles porcos figlio di una cagna! Morreram por que deviam, eu escapei por estar escondido. Esse mundo é dos fortes, as ações são por poder. Nada mais além disso.

O albino se afastou, indo em direção a porta, mas a voz da morena o parou.

—O que é essa energia? Como saiu ileso daquele desmoronamento?

Ele volveu a olhá-la, os olhos vermelhos tão frios e sem vida.

—Do que te interessa?! – resmungou. – Eu que deveria perguntar... Por que nossos cosmos ressoam dessa forma?! Odeio isso!

—Eu não tenho culpa se isso acontece! Eu nem sei o por que disso!

Ela foi surpreendida, era coisa de segundos, o cavaleiro de repente estava em sua frente, a encarando por centrímetros de diferença em seus narizes.

—Sabe, eu chamo aqueles caras de filhos da puta, mas sou tão o pior que eles... – ele sorriu frio. – Chamavam-me Máscara da Morte. Quer saber o que é isso que sente e eu quero acabar com isso, que tal juntar o útil ao agradável?!

A espanhola sentiu os dedos frio e fortes envolverem seu pescoço e quando menos percebeu, novamente algo rápido demais: a mudança de paisagem. Fétida, escura, gélida. Os dedos dele pressionavam milimetricamente o suficiente para não mata-la ou sufoca-la muito.

—Bem vinda ao sekishiki, a entrada do mundo dos mortos!

Sara olhava ao redor assustada. Ela sentia sua vida realmente correr um risco intenso.

—Todo ser vivo possuiu um universo dentro de si, mas a maioria é um bando de bosta e jamais vai ter um lampejo de ter ciência que são um bando de super-homens. Essa é a energia que sente... E eu sei manipular ela para tudo haver com morte.

Os dedos deram uma sutil apertada, o ar ficou mais rarefeito.

—Eu odeio essa situação, odeio sua energia, seu cosmo, vibrar com o meu. E eu vou te matar, pirralha. Vou acabar com sua vida miserável, Sara.

—V...você diz isso... Mas por que... – a garota tomava uma pausa tentando ter suficiente para terminar a frase. – por que... chora...?

O italiano então se tocou que havia algo úmido no rosto. Ele realmente estava chorando, seu coração havia um aperto forte. Sentiu raiva daquilo e tentou apertar os dedos e quebrar o pescoço da garota, mas não conseguiu.

Seu corpo soltou a garota, que tossia e buscava o ar que lhe faltou. Sara olhou nos olhos de seu algoz e ele estava todo atônito.

—Por que?! Que tipo de bruxa é você! Por que não consigo te matar...?!

Ela não entendia também o que estava acontecendo, seu corpo ainda sentia medo, mas seu coração sentia a dor, a confusão instaurada naquele rapaz.

—Talvez por que não queira realmente... Por que somos mais iguais que parece...

E então novamente por surpresa estava de volta a sala. Ela caíra sentada no próprio banco do piano, ele se apoiando no corpo do instrumento. Aqueles intermináveis segundos de um estranho silêncio onde tentavam organizar suas mentes.

—Não... você não é como eu! É só uma garota! Não é uma assassina!

—Mas eu vivi a morte. Meus pais, minha irmã caçula! – Sara se calou. A voz simplesmente não lhe saia. Lupita e seu olhar de rancor era como se a condenasse. Aquilo, essas estrnahas situações podia ser uma maldição?

Ela abaixou sua cabeça, contendo um choro engasgado. Era um perfume de dor e dores no coração de ambos. Ela se surpreendeu de novo, o italiano a tocava, agora com delicadeza, mas ele não conseguia encará-la.

Os dedos tocaram o pescoço, agradecendo em silêncio que não estavam marcados. E nem soube por que de sentir aquilo. Nem entendera por que sentira um ímpeto. Simplesmente seu corpo movera e ele a beijava profundamente, mas sem malícia.

Máscara jamais beijara alguém sem malícia. E Sara nunca sequer beijara antes. E tão surpresa com tudo aquilo, nem entendeu nos primeiros segundos, mas se deixou levar por aquele momento.

Pararam, mas logo voltaram a se beijar, menos tímidos, agora com um abraço. Uma nova pausa e pela primeira vez depois da estranha situação se olharam. Ainda estavam confusos, mas ao menos Giovanni não trazia olhos frios e cruéis. Ele finalmente parecia um rapaz comum de 15 anos.

Voltaram a se beijar pela terceira vez, e tão logo se encerrou e como que automático, por instinto, o albino não soube, a acolheu nos braços e a manteve ali. Não conseguiam falar, mas assim ficaram por um longo tempo.