Graad Gakkou - INTERATIVA

Capítulo 1 - Cerimonia de abertura parte I - Uma vida normal......... é tão chata!


#01 – Uma vida normal......... é tão chata!

Primeiro dia de aula. Mau-humor definia Máscara da Morte. Não bastava todo o papelão de ser obrigado a brincar de colegial, agora também teria de revelar quem era. Bom, não sobre ser um cavaleiro, obviamente, mas sobre seu verdadeiro nome.

―Hmmm... Giovanni Lazarini... – disse Afrodite, pegando a papelada do canceriano durante o café da manhã. – Esse é seu nome, carcamano?

―Me devolve isso, sua bichinha fresca! – bradou “Giovanni”, começando a perseguir o pisciniano ao redor da mesa.

Shaka já estava ficando impaciente, apesar de não demonstrar. Kanon e Milo berravam apoios a Máscara como “pega mesmo”, “é treta”. Camus, do time dos mais sérios, foi o que exteriorizou o lamento por aquela balburdia.

―Por todos os deuses, tanto reclamam de ir ao colégio e estão agindo iguais colegiais, como moleques desaforados!

Não foi ouvido pelos dois. Shura apenas riu baixo.

―É, picolé... Você está mais apagado que roupa desbotada.

―PAREM AGORA! – gritou Shion, irritado, conseguindo enfim conter a confusão. Cada um se sentou no seu cantinho e voltou a tomar o desjejum.

―Não tenho culpa se muitos de vocês abandonaram seus nomes e tiveram de resgatar. – disse Saga com seriedade e paciência. – Não tem por que se envergonharem de seus nomes. Estou certo, Friederick Hugel?

Afrodite sorriu de forma cumplice com o geminiano. O canceriano olhou torto para o pisciniano e começou a tentar, totalmente em vão, conter gargalhadas.

―Que nome ridículo! Sai de um nome de bicha e entra pra outro de boiola!

―Boiola este que roubou sua peguete na nossa primeira adolescência, você se lembra, querido?

Giovanni calou-se na hora, envergonhado por perder uma mulher. Justo ele que exalava masculinidade pura e testosterona! Perder para uma “florzinha” como o Afrodite foi humilhante! Encheu sua xícara com café bem forte, já que beber não poderia por uns 3 anos... ao menos não oficialmente.

Controlada a situação, Shion finalmente se sentou e começou a comer tomar seu desjejum, ao lado de Dohko, que aproveitava para repassar kanjis a Aiolos e Aiolia entre uma mordida e outra das torradas.

Aldebaran e Mu conversavam de forma animada, comentando aplicativos de celular, Mu ensinando o taurino a mexer em aplicativo de mensagens que Kiki havia lhe ensinado antes. Era assim que se comunicava com o pupilo e ele auxiliava o ariano no aprendizado de japonês.

Camus se levantou primeiro, pedindo licença e terminando de ajeitar a gravata do uniforme. Ao passar pelo hall de entrada se olhou no espelho e pensou se seria de bom tom manter os cabelos tão longos assim num ambiente escolar. Optou por analisar a reação dos demais e escolher o que faria. Carregava sua pasta debaixo do braço esquerdo e saiu da mansão Kido.

Antes de alcançar o grande portão, sentiu pesados braços envolver os ombros. Bufou, impaciente, sabia bem quem era o único suicida a provocar sua paciência.

―Milo, o que quer?

―Por que não vamos juntos?

―Por que prefiro chegar com antecedência e você é mais enrolado que novelo de lã.

―Hmm – o escorpiniano fez muxoxo. – Poxa, Cami... Não seja tão cruel...

O aquariano apenas olhou de lado. Dito e feito do que imaginava: o amigo estava todo desleixado, sem gravata, blaser aberto e alguns botões da camisa social também aberta. A mão livre segurava a alça da pasta e na boca um pirulito que ele segurava com os dentes.

―Está nem um pouco apresentável. – reclamou Camus.

―E...?

―E que estamos sendo estudantes agora. Um futuro profissional e digno sem necessidade de lutas! Por que não se esforça?

―Estou aqui pelas japonesinhas gostosinhas. Atena não deixou claro se a faculdade é obrigatória, então é só obter esse diploma e voltar pra Grécia, certo? Então me deixa divertir, seu careta!

―Faça como quiser, mas me solte. Tenho pretensões de cumprir esse dever que me foi passado com louvores!

Camus lançou seu olhar mais gélido e Milo entendeu muito bem o recado. Soltou Camus e se pos a andar longe do cavaleiro do gelo, atrás. Mesmo depois nessa nova chance, Camus continuava com sua postura nada relaxada e tranquila de quando ainda vestiam as armaduras. A ordem de Atena era viverem... E Camus parecia fazer um repeteco de tudo que viveram agora de forma estudantil.

―Camus!

O ruivo olhou para trás e encarou o loiro, parando seu andar.

―Você pretende fazer faculdade?

―Sim, quero ser professor. – disse o francês sem rodeios. – Do que, eu ainda não sei...

―Bom, eu consegui aprender bem o suficiente pra me virar aqui graças a suas aulas de japonês. E aos mangás, claro. – sorriu malicioso o cavaleiro de Escorpião.

―De alguma forma, aquelas coisas asquerosas te ajudaram. – e voltou a andar. – Uma leitura de tão mau gosto!

Milo fez uma careta de desgosto ao ouvir aquilo. Camus voltou a prosseguir seu caminho, andando de forma inabalável.

―Será que tem algum clube de mangá nessa escola? Se não podemos fazer Educação Física, então não tem muitas opções de clubes, né?

―Eu cogito entrar no clube de literatura ou de artes. – comentou Camus. – Talvez de Física e Quimica também. Não decidi isso ainda.

O resto do caminho foi feito de forma silenciosa, principalmente por parte do aquariano. Milo resmungou ao ver a escola mais deserta que o Santuário depois das crises. Seguiu com os olhos Camus procurar uma árvore e se sentar na sombra e começar a ler algum livro em sua língua natal.

―Vai ficar lendo até dar hora da tal cerimônia? – indagou o escorpiniano.

―Sim. Faz tempo que não leio Alexandre Dumas e quero comprar uma versão japonesa da obra para melhorar no idioma.

―Bah! Está certinho demais! Vou bater perna por aqui e conhecer o perímetro. – dito e feito, Milo saiu, jogando sua pasta para Camus num silencioso e descortês pedido que o amigo cuidasse de seu material.

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Milo ficou enjoado de rodar a escola. Tecnicamente ele tinha (ou pensava que tinha) uma cabeça de alguém de mais de 20 anos. Mas ser trazido de voltar como um adolescente de 15 foi um pouco de choque. Olhava o símbolo de Niké, denunciando ser uma escola de propriedade da Fundação de Atena, um lado seu, o sempre lado sensitivo e ressabiado dos escorpinianos, lhe diziam que algo não iria cheirar bem.

Ouviu movimentação numa das salas perto e com um pouco de dificuldade, leu os kanjis.

―Clube de artes... Será que aqui tem algum futuro mangaká? – sorriu – É, quem sabe. Talvez eu vire roteirista de mangá por que de desenho eu sou um zero a esquerda.

Xereta, abriu a porta e viu uma menina ruiva em frente a um cavalete, rabiscando algo. A achou uma gatinha, com estilo despojado, cabelos jogados para o lado formando ondas.

“Por Atena, mas que gostosa é essa?!”

A garota parou de rabiscar, olhou para a porta encarando o grego. De forma baixa, encarou por um tempo o rapaz e falou:

―O que faz aqui, calouro? Os clubes ainda tem entrada vetada.

―C... Como sabe que sou um calouro?

―O blaser dos primeiros anos possui uma faixa na cor de bronze nas golas e punhos. – voltou a atenção ao desenho.

Distraído e irresponsável, Milo sequer notara nos detalhes de sua própria roupa.

―Ah... bem... pensei que acharia algum mangá por aqui e... Bom, tem algum clube de mangá nessa escola?

―Tem, mas tem poucos membros, não duvido que feche em breve... Veterena...?

―Ariadne. – completou sem emoção na voz.

―Acho que você vai se dar bem com meu melhor amigo. É caladona como ele e ele tá pensando em entrar para esse clube. – sorriu sedutor o cavaleiro.

―Calando a boca não se entra mosquito. Não sei como não se engasgou com um nesse meio de tempo. – resmungou a ruiva. – Seu amigo merece um prêmio, sua boca parece uma metralhadora de palavras.

Milo ficou vermelho, mesmo para os padrões de sua pele bronzeada. A mocinha tinha língua ferina. E não bastasse ser ruiva, parecia mais uma versão feminina do amigo.

―Bah, que seja... Vou falar pro Camus que aqui tem uma cobra venenosa morando! – e deu meia volta saindo, não dando chance da ruiva lhe dar a devida resposta.

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Enquanto Milo se integrava a aos veteranos de forma muito “amistosa”, Camus permanecia em sua leitura tranquilamente. Nem os passos dos primeiros alunos o distraiam. Se bem que um o distraiu.

Rapidamente o aquariano largou o livro e conseguiu segurar uma menina pela gola antes que ela caísse de um tropeço vergonhoso. A menina o olhou confuso, com os grandes olhos castanhos.

―P-Perdão! Perdão, perdão!

Camus continuou com sua expressão indiferente, a ajudando se apoiar com equilíbrio novamente.

―Tome mais cuidado... – disse de forma fria e cortante.

―Ah, sim, sim... – a menina foi para andar e trombou com outra pessoa, caindo no chão.

―Calcinha de coelhinhos? Que coisa infantil! – gracejou um rapaz loiro de cabelos cacheados.

A menina ficou incrivelmente vermelha. Depois franziu o cenho.

―E você é um pervertido idiota!

―Nisso eu tenho que concordar com ela, Milo. – disse Camus olhando o amigo. – Devia segurar essa língua dentro da boca. – Estendeu a mão para a garota a ajudando levantar.

Milo olhou para a “coelhinha” e notou o blaser com detalhes em dourado. Era uma veterana da mesma série que a “gêmea” do cubo de gelo.

―Vocês não parecem serem mais novos que eu. – disse a garota. – Prazer, me chamo Leona e vocês?

―Eu sou Milo, o cara mais gostoso que vai conhecer.

Camus não soube onde enfiar a cara, praguejando aos deuses por que justo ele tinha que ser seu melhor amigo.

―Pierre, mas pode me chamar pelo sobrenome, não tenho costume de ouvir meu nome, senhorita Leona...

―Cara, eu sabia que aquela história da Atena... – Milo se interrompeu ao sentir o cosmo de Camus ficar agressivo. – Er, sabe... Tem uma garota que seria uma irmã gêmea ideal para você, Camus! O ruivo dela é puxado pro laranja, mas ruiva!

Leona que prestava atenção na conversa alheia, soube imediatamente de quem falavam.

―Ah, você conheceu a Ariadne?! Ela é talentosa e muito responsável! – comentou a menina. – Acho que não tem desenhista melhor que ela nesta escola. Nem eu chego aos pés dela! Acho que é por estar em mais outro clube...

A veterana suspirou pesarosa. E então sorriu.

―Bom, acho melhor ficarem espertos, logo vai começar a cerimônia de abertura!