- Tokiya -

Caminhava pelo campus pensando em como continuar a suportar tudo isto em silêncio e sozinho. Não necessariamente sozinho, pois o diretor e alguns professores sabiam minha real identidade, mas não é como se tivesse sido algo espontâneo. Eu declarei por vontade própria. Sinto vontade de desabafar.

Infelizmente, ou não, alguém ou descobriu esse segredo, mas nunca pensei que ficaria feliz por isso.

Um sorriso terno, um par de olhos de cores intrigantes e belas, e dedos que alcançam nossas almas. Fora aquela sua maravilhosa personalidade, gentil e inocente.

Sinto a necessidade de cuidar dela com a minha vida. De proteger aquele corpo pequeno e frágil, aquela alma meiga e genuína, aquele sorriso contagiante e resplandecente.

Sou interrompido pela sua voz. Sua doce e calma voz.

— Ichinose-san? - Nanami diz vindo em minha direção.

— Oi Nanami. - era incrível como seu cabelo ruivo contrastava naturalmente com a luz do sol.

— Eu... - ela engole em seco. - P-Preciso te dizer algo. - ela estava toda corada.

— Pode me dizer. - digo preocupado com ela.

— Eu... Eu gosto de você, Ichinose-san. - ela estava cabisbaixa, mas mesmo assim consegui ver que estava extremamente corada.

Não pude negar que estava surpreso com essa declaração, e com um olhar terno a respondo.

— Eu também gosto de você, Nanami. - ela arregala os olhos.

— A-ah... - ela estava tão corada que estava até com medo dela desmaiar ali mesmo.

— Você... Está bem? - ela abriu a boca para falar, mas acabou fechando os olhos e caindo sobre meus braços - NANAMI!



O médico disse que ela estava com anemia e precisava dormir mais, visto que ela dormia menos de 5 horas por dia. Ela sempre se dedicou tanto pelo bem do Starish, mas se esqueceu de dedicar a própria saúde.

— Eu não acredito que a Nanami estava deixando sua saúde de lado desta maneira. - Otoya diz.

— O pior de tudo é que não é a primeira vez que isso acontece. - Masato se pronuncia.

— Como assim? - Aijima diz com a voz um pouco elevada.

— Não fale alto, seu bastardo. Ela precisa descansar. - Ren se pronuncia.

— Deveríamos conversar sobre isso lá fora. - Natsuki diz com sua voz calma e terna de sempre, mas com um tom triste desta vez. - Vamos acabar acordando ela desse jeito.

— Concordo com o Natsuki. - Syo se pronuncia pela primeira vez dentre tudo isso, o que é estranho visto que ele é o mais falante depois do Otoya.

— Eu observarei ela por enquanto. Podem ir. - digo sem emoção.

— Sem chan... - Syo começoua falar, mas Masato o interrompeu.

— Nanami precisa descansar, Syo. Mas também precisa de supervisão e todos nós aqui só iremos atrapalhar. O certo é apenas um de nós permanecer, e depois podemos revezar também. - Masato diz impassível.

Syo tentou argumentar, mas preferiu se calar. Aos poucos, todos foram deixando o recinto, até só restar eu e Nanami.

— Por que você é tão teimosa? - digo segurando sua mão gelada. - Droga, eu também gosto de você. Eu quero cuidar e proteger você, Nanami. - eu estava quase chorando. Ela estava tão pálida. Encostei minha cabeça em sua barriga. - Não faça isso consigo mesma, por favor. - sinto uma mão afagar meu cabelo.

— Que bom saber disso, Ichinose-san. - ela diz me dando aquele sorriso que tanto amo, mas desta vez cansado.

— Sinto muito. Eu não queria ter te acordado, pequena. - digo arrependido.

— Você não me acordou, Ichinose-san. Eu estava acordada desde quando o Cecil-kun falou. - ela diz corando um pouco. Ela cora por cada pequena coisa, isso é tão fofo.

— Vou matar ele. - digo em tom de falsa irritação fazendo Nanami rir, o que me fez sorrir junto com ela.

Estávamos tão perto que não resisti e selei nossos lábios.

A princípio Nanami ficou surpresa, mas logo em seguida me correspondeu, enlaçando seus pequenos braços em meu pescoço.

Não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Depois de tantos sorrisos falsos, abraços vazios e olhares de gelo, finalmente eu encontrei um sentimento caloroso e puro. Um sentimento tão forte que nem a música me proporcionava.

Aprofundamos gradativamente nosso beijo, mas aos poucos fui me distanciando, mesmo contra a minha vontade. Não queria apressar as coisas e tinha consciência de que quanto mais profundo nosso beijo ficasse, mais difícil seria me controlar.

Com breves selares eu me afastei, mas apenas o suficiente para colar nossas testas. Ambos estávamos um pouco ofegantes por conta do beijo recente e também felizes. Felizes por nosso sentimento ser recíproco.

Nanami colocou sua mão delicada em minha bochecha afim de me puxar para mais um beijo, mas assim que encostamos nossos lábios, a porta se abriu revelando um Masato com sua expressão impassível de sempre, mas que enrusbreceu por conta da surpresa.

— Eu... Desculpa, eu volto em outra hora. - ele diz nos dando as costas, corado.

Eu e Nanami nos entreolhamos e acabamos por rir. Só ela poderia me proporcionar os sorrisos mais verdadeiros que eu poderia dar.

Nossas risadas aos poucos cessaram e só restou uma troca de olhares ternos e sorrisos radiantes.



Já faziam alguns meses que Nanami e eu nos declaramos um para o outro e assumimos nosso compromisso.

O diretor não ficou muito contente, mas ele afirmou que uma hora ou outra, um de nós do Starish, iria acabar assim.

Hoje é o dia em que completamos 6 meses juntos, então a levei ao festival dos fogos de artifício que ocorria nesta época do ano e, como sempre, ela observava cada detalhe dos fogos com muita atenção e encantamento.

— Ichinose-kun? - Sim, mudamos nossa forma de tratamento.

— Diga Nana. - digo fitando de forma apaixonada a sua face rubra e seu sorriso estonteante.

— Aishiteru! - ela diz ficando ainda mais corada, mas sem desviar o olhar ainda sorridente.

Selei nossos lábios de maneira demorada e suave.

— Aishiteru, Nana! - digo acariciando levemente seu cabelo e escorregando meus dedos, cuidadosamente, sobre sua face corada para então selar nossos lábios mais uma vez.

Sem dúvidas, eu sou o homem mais feliz e sortudo do mundo!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.