Good Morning Call - BBRAE

Sabotagem Emocional - Baile (Parte 2)


POV Rachel

Meu pressentimento está cada vez mais forte que quase não consigo me divertir. Eu nem acredito que estou num baile escolar, cheio de luzes e música alta e ainda por cima, com o Garfield Mark Logan.

Dançamos um pouco, mas muito desajeitados. A sensação foi ótima. Ele me segurou suavemente, porém com firmeza, como se me desse segurança. Eu gostei. Posso ser teimosa demais para admitir, mas isso era ótimo.

Eu gosto do Logan. Não posso mais mentir para mim mesma. Eu sabia que ele tinha dado motivos para eu gostar dele, mas é que agora ele parece outra pessoa. Mais madura e menos "infantil". Claro que de vez em quando, ele faz birra e tudo o mais, mas é muito menos.

Toda vez que ele me olhava e sorria, eu sentia uma parte minha derreter. Uma sensação calorosa preenchia meu coração de uma maneira que me fazia sentir nas nuvens. Garfield era desajeitado, porém, ele estava sério, querendo fazer de tudo para me impressionar. Não vou desmerecer todo o esforço dele.

POV OFF

Tara estava tramando uma das suas. Estava apenas observando Garfield e Rachel, esperando o momento perfeito chegar.

— Vocês não perdem por esperar... - Dizia ela, com um sorriso maldoso nos lábios.

Porém, ambos já estavam desconfiados que algo aconteceria.

Tara colocaria um sonífero na bebida de Rachel, a fim que ela dormisse, ou pelo menos, ficasse grogue. Assim, ela poderia dar uns amassos com Garfield. Caso Rachel viesse, Tara incriminaria o garoto. Ela achou que jogar bebida no vestido ou fazê-la tropeçar era muito infantil, por isso, vai mexer com uma arma fatal: o coração.

— Você é meu, Logan. - Dizia Tara, tirando o cabelo dos olhos, para vê-los melhor.

Observou enojada o quanto Logan sorria para Roth e a maneira como ela ficava desconcertada por isso.

— Olha só para eles... Que nojo. - Tara fez careta. - Bom, lá vamos nós.

POV Garfield

Caramba, nem estou acreditando! Estou num baile escolar com a garota que eu gosto! E quem diria que é ela...

Quando ela me olha, eu não consigo deixar de sorrir. O jeito tímido, sério e misterioso dela me deixam esquisito. Eu sinto as pernas virarem gelatina e meu estômago sente-se como numa montanha-russa. É uma mistura de coisas. Coisas muito boas.

Porém, ainda estou com aquele pressentimento. Não consigo entender o porquê.

— Você... Quer dançar mais? - Perguntei, sem jeito.

— Claro... Mas preciso ir ao banheiro primeiro. - Sorriu ela, meio sem jeito. - Com licença.

— Toda. - Respondi.

Vi ela se afastando de mim e suspirei fundo. Como eu tinha sorte de tê-la ao meu lado. Ela não é minha namorada de verdade, mas eu quero que seja. Moramos juntos e nunca imaginei que seria tão bom.

POV Rachel

Achei que fosse explodir de vergonha! Ainda bem que saí de perto dele logo. Não estou acostumada com festas, bebidas, músicas altas e luzes, tampouco com garotos. Estou me sentindo muito esquisita, mas as borboletas no meu estômago parecem dançar também e me convidando para juntar-me à elas.

Além de tudo, esse pressentimento não vai embora. Minha cabeça dói um pouco, mas não quero estragar tudo.

Eu queria vir ao banheiro mesmo, de qualquer forma. Estou aqui pensando como tenho sorte em ter o Garfield. Não é meu namorado oficial, mas é um bom companheiro. Mas como tudo isso é novo para mim, fico sem jeito.

Quero ver como vou encará-lo de agora em diante...

POV Garfield

Quando ela voltou, eu a convidei para tomar um drinque (não-alcoólico). Ela faz careta ao tomar o primeiro gole.

— Engraçado. Esse gosto está estranho.

— Relaxa, Quel. Fica sussa. - Falei, tentando tirar a paranoia dela.

Ela assentiu com a cabeça, mas parecia tonta.

— Está bêbada com ponche?

— Não, idiota. Sabia que tinha algo de errado com essa bebida. Quando fui beber, eu estava hesitante. Não devia ter tomado... - Ela levou a mão à testa, ainda meio tonta.

Eu analisei meu copo, tentando achar algo de suspeito, mas eu não sou sensitivo como ela.

— Acho que é coisa da sua cabeça.

Vi que não fui feliz no meu comentário.

— Está me chamando de louca? Paranoica? - Ela explodiu. - Nem sei porquê eu vim de qualquer forma se não faz meu estilo...

Eu não quis gritar com ela e responder: "Veio porquê quis!" ou "Não é problema meu se você é doida e feiticeira!". Eu teria dito isso se ainda fôssemos "inimigos".

Mas nessa altura, não posso dizer essas coisas. Ela me odiaria com mais força ainda. Só digo uma coisa: Mulheres são complicadas, principalmente as que possuem algum tipo de poder paranormal. Essa Rachel me deixa maluco por ser tão enigmática e misteriosa.

— Garfield, você não entende. - Disse ela, mais calma. - Ninguém entende... Também, sou esquisita e vejo o que outros não veem...

— Não, Rachel! Você não é esquisita! - Falei, segurando-a pelos ombros. - Você é diferente, especial... Uma joia rara e misteriosa.

Vi o rosto pálido dar lugar para uma cor avermelhada.

Enquanto eu ainda estava naquela posição, Rachel começou a cair para trás, lentamente. Eu fiquei horrorizado e a peguei pela cintura, segurando-a firme. Parece que tinha algo na bebida dela realmente. E eu já tenho uma ideia de quem foi que a sabotou.

Olhando Rachel nos meus braços, de olhos fechados, desmaiada possivelmente, eu fico pensando em como tenho sorte de tê-la conhecido. Em outros tempos, eu odiaria ter que morar com ela. Eu odiava mesmo. Mas agora... Ela me mostrou quem realmente é. E agora, eu quero cuidar de cada pedacinho, cada ferida dela.

Peguei a Rachel no colo e a fiz sentar numa cadeira. Logo, nossos amigos vieram até ela.

— Amiga! O que aconteceu? - Kory fez um escândalo.

— Cara, o que aconteceu com ela? - Victor perguntou, enquanto Dick tentava acalmar Kory.

— Ela desmaiou. - Eu expliquei, suspirando fundo. - Acho que tinha algo nessa bebida que ela tomou.

Dick fez cara de desconfiado.

— Acho que sei quem foi. - Disse ele.

— Também tenho quase certeza... - Eu falei, franzindo a testa.

Nessa hora, quem eu menos queria ver apareceu. Tara Markov.

— Oi, pessoal. Oi, Gar. - Ela disse, tentando flertar.

— Tara! Foi você, né? - Eu nem ao menos cumprimentei aquela garota. Eu estava com muita raiva.

— Eu o que?

— Que sabotou a bebida da Rachel!

Ela deu um sorrisinho diabólico, que eu nem precisei de uma resposta.

— SUA VACA!!! - Eu gritei, quase mais alto que a música.

— Calma, gato. Pelo menos, estamos livres dessa feiticeira esquisita. - Ela foi se aproximando de mim, mas eu dei um basta.

— Sai fora! Não quero nada com você! Você se aproveitou muito de mim no passado, mas isso não vai mais acontecer! Agora, eu... Amo a Rachel!

Ela soltou uma risada irônica.

— Amar? Você? Há, faça-me rir, Logan. - Dizia ela, muito cínica e nojenta. - Você não ama ninguém. Você não é homem de uma só. Você não quer compromisso, você apenas quer ficar com quantas meninas quiser. Eu não importo se ficar comigo e depois não quisesse mais.

— M-mas que nojenta que você é! - Falei, indignado. - No passado, eu era muito galinha, sim. Mas após conhecer a Rachel, eu percebi que devo parar com isso. Eu estou apaixonado por apenas uma pessoa e é com ela que eu quero ficar.

— Que lindo! - Ela bateu palmas, irônica. - Estou quase chorando de tão comovente, Gar!

— Nos deixa em paz! O que você quer?

Ela se aproximou bastante e disse:

— Você.

Ela me agarrou e começou a me beijar. Eu não queria isso, mas ela era insistente.

Pude ver Rachel pelo canto do olho, começando a acordar. Talvez o efeito fosse só temporário. Ainda bem, fiquei preocupado.

Mas quando ela viu eu e Tara, o brilho do rosto sumiu. Posso imaginar o que ela está pensando.

Larguei Tara e fui até ela.

— Ra-Rachel, não é o que está pensando...

— É o que estou vendo! Tchau, Logan.

— E-Espera! Foi um plano da Tara!

Mas era tarde demais, ela saiu correndo, sem deixar rastros, apenas o perfume de lavanda que era maravilhoso.

Tô me sentindo o maior otário. E a culpa é da Markov! De novo!

— É tudo culpa sua! Se a Rachel não quiser mais me olhar, eu arrebento sua cara, mesmo sendo mulher! - Ameacei, mas a nojenta não estava nem aí.

— Então, é porquê ela não gosta de você de verdade. - Dizia ela.

— Não... Eu achava que podia existir uma chance... MAS VOCÊ ESTRAGOU! - Levei as mãos à cabeça. - SUA BRUXA! SUA DOENTE!

— Obrigada pelos elogios, fofo. Já é o bastante. - Ela sorriu, colocando a mão sobre meu queixo, que eu fiz questão de tirar. - Tenho que ir. Até a próxima vez.

— Não quero te ver nunca mais! - Gritei. Sorte que o som abafava um pouco. - Você vai pagar por isso, sua...

Eu xinguei, só que não muito alto. Iria ficar feio para mim.

Corri o baile inteiro atrás da Rachel, com esperança que ela me ouvisse e acreditasse em mim.

— Não tem perdão... ou tem? Eu não tenho culpa. - Eu estava me sentindo extremamente culpado e mais do que nunca, com ódio da Tara.