Good Morning Call 2

Que Papelão, Hein? Dando Um Tempo!


POV Autora ON

Depois dos casais passarem tempo juntos, voltaram para a pizzaria, onde o gerente não parecia muito contente.

— Muito bem, seus arruaceiros... - O homem batia o pé no chão, indicando que estava zangado. - Saíram da pizzaria para não pagar, não é? Acham que não vi?

— Desculpe, senhor... Mas eu não estava me sentindo muito bem e... - Rae começou a falar, mas o cara interrompeu.

— Mas para namorar, a senhorita estava BEM boa, não?

O rosto da garota de cabelo violeta corou e ela não soube o que dizer.

— Se queriam namorar, era só ir para outro lugar. Mas não quero que me passem a perna para não pagar a conta!

— Não, senhor! Não foi nossa intenção, mesmo! - Gar teve que intervir. - A Rachel estava realmente mal.

O homem olhou pra ela e olhou pra ele. No fim, deu de ombros.

— Como quiserem.

Os dois sorriram um pro outro e bateram na mão do outro.

— É isso aí! - Sorriu Gar.

— Achei que estivesse encrencada... - Rae respirou fundo.

— Mas você está. - Gar ficou sério de repente, mas riu em seguida. - Você ME roubou. Roubou um beijo meu.

Rae revirou os olhos.

— Magoei seu orgulho, foi? - Rachel riu e bateu de leve na cabeça do mais novo.

— Bandida! - Garfield mostrou a língua, mas não estava bravo.

— Ei, casal! Acho que tá na hora de comer! - Vic gritou da mesa dos caras. - Vem, Gar, depois cê namora, mano!

— Já vai, man! - Garfield corou de leve. - Até depois, Rae...

Rachel o segurou pela mão.

— Obrigada... por tudo. - Ela sorriu sem mostrar os dentes e seus olhos brilharam.

Gar não entendeu muito bem porque ela disse aquilo, mas respondeu um: Obrigado a você também e rumou para a mesa dos amigos.

— Aííí, amiga! - Jinx cutucou Rae quando esta chegou na mesa das garotas. - Você e o Gar, hein...

— N-Não há nada entre nós! - A garota de cabelo violeta levantou as mãos, como se estivesse se rendendo.

— Tem certeza? - Insistiu a rosada. - Aquele beijo que você deu nele... nossa.

— Ah, foi só um beijo. Nada de mais. - Rae cruzou os braços.

— Não seja teimosa, amiga! Confessa que ainda gosta do amigo Gar! - Kory começou a falar também, o que encheu a paciência da gótica.

— Ai, chega! Foi coisa de momento, passou! - Rachel rebateu, irritada, esperando por outro garçom.

Na mesa dos homens...

— Aí, Gar! Gostei de ver! - Victor cutucou o amigo baixinho, sorrindo.

— Você e a Rae voltaram? - Dick indagou.

— Não, gente... Foi só um beijinho... - Garfield tentou disfarçar a vergonha ao máximo, mas tinha falhado.

— Tava mais pra beijão! - Gargalhou Vic e Gar cutucou o amigo atleta.

— Não ria, cara! Isso foi errado! Não estamos namorando para eu beijá-la assim!

— Bom, no passado, você não diria isso... - Dick o lembrou.

— Mas eu não saía beijando qualquer uma. E com a Rae é especial. Eu realmente gosto dela.

— Então, o que tem de mais beijá-la? - Vic indagou, confuso.

— Ah, deixa pra lá! Vocês não entendem mesmo... - Suspirou o mais novo.

Dick e Vic se olharam e responderam em uníssono:

— Não.

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POV Rachel

Eu preciso prometer a mim mesma que esse fiasco não vai mais acontecer. Eu tô com tanta vergonha que tenho vontade de enterrar minha cabeça debaixo da terra. Sério. Eu tô séria por fora, mas por dentro, eu quero sumir.

Comi mais alguns pedaços e parei. Estava enjoada demais com tanta coisa acontecendo. Agora o Gar fica me olhando com aquela cara de cachorro que caiu da mudança e sei que isso é o pedido de desculpas dele. Mas desculpa por que? Fui eu quem o beijou. Eu que deveria pedir desculpas.

Quando a mãe da Kory foi nos buscar, já passava das 23:00. Eu praticamente desabei no banco de trás com Jinx. Meu estômago está se revirando tanto que eu acho que está havendo uma festa dentro de mim. Me deu uma leve náusea assim que ela ligou o carro, mas eu dei um comando para meu corpo: Agora não.

POV Garfield

Estou em casa. Mas a minha cabeça está claramente em outro lugar. Ao cumprimentar minha mãe e meu pai, chamei a mãe de pai e o pai de mãe. Não consigo parar de pensar no que houve. Cara, que raiva! Como vou conseguir ser sério e maduro quando a Rae me provoca dessa maneira? Eu não sou de ferro também, né? Será que meus sentimentos são uma piada pra ela? Estou deitado na minha cama, olhando para o teto, mesmo no escuro.

— Isso machucou meus sentimentos... A Rae só me beijou porque... porque... eu sou bonito. - Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Pela primeira vez, eu não queria ser tão bonito.

Alguém deu três batidas na porta do meu quarto. Limpei as lágrimas e respondi:

— Pode entrar.

Era minha mãe, acendendo a luz.

— Você está bem, meu bebê?

Forcei meu melhor sorriso e respondi que sim.

— Não parece o mesmo Garzinho que a mamãe conhece. - Ele sentou-se ao meu lado na cama. Desmanchei o sorriso falso.

— Nem sei mais quem eu sou, mãe.

— Ah, querido. O que aconteceu? - Ela me abraçou e de repente, quando percebi, estava chorando.

— Mãe... Estou de coração partido... - Falei tudo embolado, mas parece que ela conseguiu entender.

— Isso é normal, querido. Passei tanto por isso... Foi a Rachel?

E aí eu contei toda a história pra ela, da pizzaria, do comportamento da Rae, tudo.

— Essa não é a Rachel que eu conheço. - Respondeu minha mãe, acariciando meu ombro.

— Nem eu. Não era ela. Nem o beijo parecia dela. - Toquei minha boca e me lembrei do beijo selvagem que não parecia dela. Parecia possuída.

— Vai passar. Talvez esteja tão confusa quanto você. - Respondeu minha mãe. - E vocês deram um tempo, não é?

— É... Mas mesmo assim, era pra dar um tempo, não brincar comigo dessa forma... - Funguei, sentindo meu peito ficar mais apertado ainda.

Minha mãe me aconchegou em seu abraço e me beijou na testa.

— Não se preocupe. Sei que logo vocês vão se entender. Dê esse tempo à Rachel também.

Assim que ela saiu do quarto, fiquei preso a meus pensamentos.

— Dar um tempo para a Rachel... - Repeti as palavras. - Mas é isso mesmo que vou fazer.

Agora estava determinado. Já chega de pensar só nessa garota.

—----

POV Rachel

Na manhã seguinte, uma onda de dor de cabeça me tomou. Maldito álcool. Sorte que hoje é domingo e não tem aula. Bom, eu tenho que conversar com meus colegas sobre o trabalho que é pra quarta-feira, mas... Não consigo levantar.

Não lembro de muita coisa da noite passava. Lembro que fiz fiasco, mas nem lembro como cheguei em casa. Claro, com a mãe da Kory. Mas não lembro de muitos fatos depois disso.

Cheguei na cozinha, me arrastando que nem zumbi, com uma tontura que poderia me matar de arrependimento. Principalmente pela vergonha.

— Bom dia, luz do dia. - Minha mãe sorriu ao me ver. - Quer dizer, luz da noite.

Ela sempre fazia esse tipo de piada. Ela sabia que eu não era o tipo menininha. Por isso dizia coisas assim.

— Filhota, dormiu bem? - Perguntou meu pai, lendo o jornal e tomando um gole de café.

Cocei o olho e coloquei a mão na frente antes de bocejar.

— É, é... Foi razoável. - Respondi. - Quero alguns ovos mexidos.

Meus pais ficaram pasmos. Geralmente eu só tomo uma xícara de café ou chá de manhã. Mas naquele dia, não foi isso que eu pedi.

— Ovos mexidos, né? É pra já! - Minha mãe aproveitou que eu nunca peço para comer nada de manhã e foi preparar os ovos.

— Sente ao lado do papai, Rachel. - Pediu meu pai e eu obedeci.

Conversamos um pouco, mas não quis mencionar a vergonha de ontem.

— Soube que essa semana vai dar uma onda de calor. - Minha disse, depositando os ovos em meu prato. - Use roupas leves, filha.

— Eu sei. - Tomei um gole de café. Estava muito amargo e coloquei mais açúcar. - Quer açúcar, pai?

— Não, filha, obrigado.

Minha mãe se juntou a nós e olhou fixamente para mim, toda descabelada e sonolenta.

— Então, filha. Já decidiu o que fazer em relação ao Garfield?

Não esperava que ela fosse tão direta. Mas sabendo do jeito que ela é, até não levei tanto pr surpresa.

— Já. - Respondi, engolindo um pedaço dos ovos mexidos. - Vou cuidar um pouco mais da minha vida agora.