Good Morning Call 2

O Amor Salva? Não É Um Adeus!


Garfield e Rachel sentaram-se em um dos bancos do parque, hesitantes para dizerem alguma coisa. Foi o rapaz quem falou primeiro, bem na hora que a garota iria dizer algo.

— Então, er...

— Eu...

Os dois pareciam pouco à vontade e dando sorrisinhos amarelos.

— Pode falar primeiro. - Sugeriu o de cabelo verde.

— Tá bom. - Assentiu Rachel, tirando o cabelo dos olhos. - É sobre nosso relacionamento.

— É bem disso que eu queria falar. - Sorriu o Logan, sem graça. Rachel também não estava sorrindo sinceramente.

A garota pigarreou e escolheu as palavras que diria em seguida.

— É melhor darmos um tempo. Definitivamente.

— De quanto tempo, mais ou menos?

Ela levou a mão ao queixo, pensando numa data.

— Que tal até você terminar o terceirão?

— O que? Um ano inteiro? - Reclamou o Logan, espantado pelo que a garota de cabelo violeta dissera.

— É que... - Ela suspirou. - Acho que precisamos amadurecer mais um pouco.

— É, eu também acho. - Concordou o Logan, de mãos atadas.

Os dois ficaram um tempo sem dizer nada, o que era totalmente desconfortável. Rachel resolveu quebrar aquele gelo.

— Então, que cena foi aquela com a Tara?

— Ah, eu fiz no impulso. - Ele coçou a nuca, sem jeito. - Estava com raiva.

— Parece coisa de criança. Mas foi engraçado. - Provocou a garota.

— Mais engraçado foi seu ciúmes. - Ele também a provocou, fazendo-a revirar os olhos.

— Ciúmes que nada, bobão. - Disse Rachel, cruzando os braços.

Ele sorriu, mas depois ficou triste.

— Então... Isso é um adeus para Rachel e Garfield?

— Não. É só um "até logo". - Respondeu a mais velha.

— Vai conseguir ser só minha amiga? - Indagou o Logan convencido.

— Se você conseguir, também consigo. - Ela deu um peteleco no nariz do mais novo, que deu risada.

— Vamos tentar. - Disse o Logan, estendendo sua mão para a mais velha.

Rachel apertou a mão dele, que estava quente. Deu um choque térmico, já que sua mão por vezes estava gelada.

— É isso aí. Um ano. É uma promessa. - Respondeu ela, confiante.

— E se ocorrer algum deslize?

— Bom, esperamos que não, né? - Ela forçou um sorriso, com medo que algo acontecesse antes do fim da promessa.

— É... E olha só que engraçado. - Riu Gar. - Estamos presos a mais um trato.

Rachel esboçou um sorriso instantaneamente.

— Você era tão irritante naquela época.

— E você era tão chata.

Os dois deram risada ao lembrarem do passado.

— Então, eu vou indo. - Rachel o abraçou. - Até.

— Até... - Ele acenou e assim que a garota saiu, ele suspirou. - Até o fim do terceirão...

Rachel, em outro canto, procurava Karen, mas não a encontrava em lugar nenhum. Ficou com a conversa que tivera com Garfield na cabeça.

— Vai ser melhor assim. - Repetia ela para si mesma.

Até que encontrou a amiga tomando sorvete debaixo de uma árvore e foi até ela. Comprou um sorvete e sentou-se ao lado dela.

— Resolveu as coisas? - Perguntou a menina de coques.

— É... Digamos que sim. - Suspirou a de cabelos curtos, parecendo ter um nó em sua garganta. Mas ela não queria chorar. - Vamos para minha casa, precisamos fazer aquele trabalho da aula.

— Ah, verdade! - Karen abocanhou seu sorvete e jogou fora a casquinha. - Vamos!

Rachel levantou-se e limpou seu traseiro sujo de grama. Foi tomando o sorvete pelo caminho.

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POV Rachel

Estou no meu quarto, na minha casa, na minha cidade. Mas só de corpo presente. Não presto atenção em nada à minha volta. Estou alheia ao que está acontecendo. Essa distração se deve a conversa que tive com o Gar. Em partes, estou aliviada. Poderei focar na faculdade. Por outro, estou triste. Eu ainda o amo. Mas preciso deixar isso de lado se não quiser ficar em recuperação.

Me sinto em outra dimensão. A Karen ficou me olhando e acenando na minha frente. Até que acordo do transe.

— O que foi? - Pergunto.

— Acorda, amiga! Estamos no planeta Terra, na cidade de Jump City, na sua casa, seu quarto...

— Isso já percebi. - Dei um sorriso cínico. - Eu só não tô conseguindo focar.

— Eu sei, amiga, mas precisamos terminar isso. Daí depois você pode afogar suas lágrimas com um pote de sorvete?

— Sério isso? - Fiz uma careta. - Por que tenho que fazer o que todo mundo faz quando termina um relacionamento?

— Bom, então o que pensou em fazer?

Pensei um pouco.

— Pensei em ouvir alguma música dark...

— Que macabro! Eu sou da opinião de tomar sorvete... - Dizia ela.

— Já tomamos sorvete essa tarde, menina! Eu tô mais a fim de comer algo apimentado. Como comida mexicana.

— Quer ir ao restaurante mexicano comigo? Conheço um bom lugar que serve os melhores tacos! - Ela disse, lambendo os lábios.

Assenti com a cabeça. Parecia uma boa ideia esparecer apenas com a minha amiga. Espero que lá eu não encontre o Garfield.

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POV Garfield

Chove lá fora, mas parece que a tempestade maior é aqui dentro de mim. Não tenho vontade de fazer nada. Nem jogar videogame me deixa animado. Só quero que esse ano passe rápido. Tentei fazer o dever de casa, mas só me deu mais dor de cabeça. Será que um dia poderei agir normalmente, mesmo que longe de quem eu amo?

Comi pouco no jantar e minha mãe viu logo que havia algo de errado. Geralmente, eu sou o que mais come na casa. Mas naquele dia, estava sem fome.

— Obrigado pelo jantar. - Disse, colocando meu prato e talheres na pia.

Meus pais se entreolharam e fechei a porta do quarto. Logo em seguida, minha mãe bateu na porta.

— Filhinho, posso entrar?

— Uhum. - Dei de ombros.

Ela abriu a porta e se assustou pelo quarto estar escuro, acendendo a luz em seguida.

— Por que estava no escuro, bebê?

— É que no momento é assim que me sinto... - Desabafei.

— No escuro?

Assenti com a cabeça, fitando o chão. Ela sentou-se ao meu lado na cama e acariciou meu cabelo.

— Ah, filho... Vai passar. - Falou ela, me acariciando.

— Eu sei, mas quando? - Eu deixei algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto, sem medo de julgamento. - Dói tanto...

— Ah, querido... - Ela me abraçou forte, o que de certa forma tirou um pouco do aperto do meu coração.

Eu chorei que nem um bebê. Eu sei que isso pode parecer vergonhoso, mas pelo menos me senti bem melhor depois.

— Parece que é o fim, mas eu acho que é só o começo. - Disse minha mãe, depois que parei de chorar, deitado no colo dela.

— O começo?

Ela assentiu.

— Vocês ainda são muito novos, filho. Precisam amadurecer se quiserem manter um relacionamento sério.

Eu suspirei, virando para o lado.

— Ser adulto então é tão chato assim?

Ela deu risada e continuou acariciando meu cabelo.

— Não é um mar de rosas, mas é bom. - Respondeu minha mãe. - Garanto que essa dor vai passar e você vai crescer com a experiência.

Eu levantei e voltei a sentar ao lado dela.

— Sério? Você acha?

Ela assentiu com a cabeça.

— Foi o que aconteceu comigo. - Piscou minha mãe. - Agora, vai me dizer que não ficou com fome?

Senti meu estômago reclamar e coloquei a mão sobre ele.

— Falando sério... Até que comer mais um pouco ia bem. - Minha fome havia voltado e o estômago não estava mais embrulhado.

Mamãe sorriu. Ela realmente sabe das coisas.

— Ah, mãe...

— Oi?

— Obrigado por tudo. - A abracei com força. - Eu amo você.

Ela sorriu, apertando mais o abraço ainda.

— Sempre estarei aqui por você, filho. Eu também te amo.