Na manhã seguinte, pulei pelas escadas até encontrar meus pais na sala, onde eles geralmente ficavam depois do café da manhã.
-Oie.-Eu disse, e me joguei na poltrona.-E então, tudo pronto para a viajem?
-Quase-minha mãe respondeu, sentada ao lado do meu pai.-As malas já estão feitas, mas daqui á pouco eu vou sair para pagar umas contas e o seu colégio, já que não vamos estar aqui nos próximos meses.
-Haley,-Disse meu pai, gentilmente.-Eu sei que sua mãe prometeu não tocar mais no assunto, mas tem certeza que quer ficar aqui sozinha?
-Tenho pai.-Respondi, tentando lançar meu olhar mais confiante possível.
-Eu queria colocar uma empregada aqui, mas não é confiável arranjar uma de última hora, portanto, uma faxineira vai vir aqui duas vezes por semana, ok?
-Tudo bem, pai,-disse pela última vez.-Não precisam se preocupar.
Cansada do assunto, me levantei e fui para a cozinha. Minha mãe havia deixado panquecas prontas, que eu devorei enquanto ouvia ela saindo para pagar as tais contas.
Quando acabei, subi e comecei a preparar as coisas para a festa. Escolhi as músicas do meu computador, liguei para Jake, que cuidava das bebidas e coisas do tipo e chequei quem confirmou que viria. Levei um susto quando mais da metade havia confirmado, o que totalizavam umas vinte e sete pessoas.
Estava prestes a enviar mais convites quando ouvi o carro de minha mãe entrando na garagem. Só por segurança, desliguei o computador e arrumei a bagunça que havia feito na minha mesa.
-Haley?-Gritou minha mãe, do primeiro andar.-Venha cá!
-Que foi, mãe?-Disse, descendo para encontra-la.
Quando vi que ela estava sorrindo mais do que eu considerava normal, previ que algo havia dado errado. Pelo menos para mim.
-Adivinhe?-Disse, ela, quase dando pulinhos de alegria.
-O quê?-Eu disse, receosa.
-Eu achei alguém para tomar conta de você!-Ela disse, me puxando para um abraço.
Eu fiquei em choque por alguns segundos e depois me livrei do abraço da minha mãe.
-Eu....você realmente acha necessário?-Perguntei, sorrindo falsamente.-Quer dizer, não está meio em cima da hora? Tenho certeza de que eu vou me cuidar sozinha.
-Deixa de bobagem!-Ela riu, afastando a idéia com a mão.- Ele não vai se importar! Além do que, os pais dele também estão viajando, então ele também não ficará sozinho e....
-Espera.-Eu a cortei.- “ele” quem?
-Ah sim,-Minha mãe continuou, agitada.-Se lembra do Nathan? O Nate, seu amigo do jardim de infância!
-Nate?-Eu tentei me lembrar, mas não consegui.-Pelo amor de Deus mãe, vai mesmo me deixar com um cara que eu nem conheço?
Mesmo não gostando da idéia, fiquei mais aliviada em saber que era alguém da minha idade, que talvez pudesse até me ajudar com as festas! Além do mais era um homem, então seria ainda mais fácil.
-Filha, não fale assim!-Ela me reprendeu.-Você vai se lembrar dele, está um rapaz tão bonito!
Cara, eu simplesmente ODEIO quando minha mãe fala desse jeito, é difícil dizer que o garoto é gato?
-Tá, mas onde foi que você encontrou ele?-Perguntei, curiosa.
-Quando eu fui pagar a sua escola, parece que ele também estuda lá!-Minha mãe respondeu, ainda animada.-Agora, deixe eu ir contar para seu pai a boa notícia e depois vamos almoçar!
Boa dependendo para quem, né mãe?!
Tentei esquecer essa história e depois do almoço fiquei vendo televisão e trocando mensagens pelo celular com a Audrey, que foi na tal festa ontem. Pelo o que ela disse, o garoto novo é mesmo “uma coisa”.
Quando ví, já eram sete horas. Subi, tomei um bom banho, coloquei uma roupa e eu, minha mãe e meu pai saímos para jantar juntos pela última vez.