Olha, o Nate pode ter mil e um defeitos, mas cara, ele tinha um ótimo gosto para motos, diferente do péssimo que tem pra garotas, né...
Eu sempre fui de onibus para a escola, e já estava acostumada a ter que ir até o ponto perto de casa. Mas antes que eu fosse andando, percebi que o Nathan não estava andando comigo, até que ele perguntou se eu não queria ir na moto Harley preta dele.
É segredo, mas desde que ví ela na garagem fiquei com a maior vontade de dar uma volta. Claro que depois que ví que ela era de Nate eu engoli essa vontade, mas porra, ele tava me chamando, ia economizar um monte de tempo! Ok, não tem nada a ver com a droga do tempo, mas que se dane.
Claro que eu não ia sair correndo, então só dei de ombros e sentei na garupa, com a cara normal de sempre. Tentei evitar, mas quando a moto arrancou, tive que me segurar nele.
Na velocidade em que ele dirigia, chegamos na rua do colégio em cinco minutos. Pra alguém tão certinho, ele corria bastante.
Tô me surpreendendo com ele, primeiro mentiu agora isso.
Ele fez questão de parar bem na frente do colégio, o lugar no estacionamento em que a Alicia parava o seu conversível. Presente do “papai”, só pode.
Claro que um monte de gente já tinha chegado, e praticamente encararam o Nate. Foi quando ele tirou o capacete e todo mundo viu quem era.
Pelo visto, o povo aí já sabe tudo sobre ele, porque pelo menos a cara de espanto sumiu, e de todos os cantos do colégio, vieram sorissos das garotas.
Eu já tava andando para longe quando ele me chamou.
-Haley? Você esqueceu o ....-Ele falou um pouco alto.
Tirei a droga do capacete e joguei de volta para ele, sem nem olhar para trás.
Não é porque ele me ofereçeu carona que agora eu tenho que ficar falando com ele. Até porque ele tá mais do que no mau caminho. E só questão de tempo, que o idiota vai ser mais um dos cachorrinhos da Alicia.
Tava quase entrando no prédio, quando ouvi uma busina irritante e conheçida. Ví o conversível prata horrível da Alicia e nem pensei duas vezes, me virei e entrei logo.
Não tava com saco de ver isso logo cedo, me poupem.
Audrey, atrasada como sempre, se encontrou comigo na sala. Nós duas sentávamos na última carteira, lá no fundo. Grande surpresa, hein?
Sabe, de vez em quando, eu acho que ela tem um sério problema. No primeiro dia de aula, a garota já tinha trazido suco batizado. Ela é um gênio, não? Só podia ser amiga minha.
As três primeiras aulas voaram, com toda aquela enrolação de começo de ano, explicando todas as regras da escola, o sistema de pontos e apresentações dos alunos novos. Sério, precisa de tudo isso? Qualquer idiota sabe que não pode trazer drogas, alcool, armas nem nada do tipo pra dentro da escola, como usar o uniforme, que não se pode pixar paredes e tudo.
Mesmo se eles repetissem isso todo dia, eu ia continuar fazendo, e o melhor é que semre soava como um lembrete “especial” pra mim. Ou eu estava louca, ou todos os professores sempre me lançavam aquele olhar de : “Entendeu bem, mocinha?”
A vontade era de mostrar aquele dedo, que expressa qualquer sentimento melhor do que qualquer outra palavra, mas quando estava prestes á fazer isso para minha “querida” professora de filosofia, o sinal tocou e eu decidi deixar pra próxima.
Audrey logo me arrastou para fora da classe com a bolsa onde estava o nosso “suco”. Afinal, eu ia ter centenas de dias pra fazer o que eu quisesse...