Capítulo 11

Geralmente, depois de um noite dessas, eu costumo não me lembrar de absolutamente nada, mas não sei porque diabos eu me lembro de muito mais do que gostaria.
Antes de encontrar Nate na cozinha, parei ao pé da escada e respirei fundo. Quando eu tava pronta para encarar ele, reparei na mulher que terminava de varrer a sala.
Laura era nossa faxineira desde que eu me entendo por gente, e a única coisa que sei sobre ela é que a mulher me odeia. Ela não devia ter nem trinta, com os cabelos sempre arrumados num coque que me dava ódio e com aquelas roupas sem graça de velhas. A Laura até pode não ser mais tão jovem, mas também não precisa ficar ai, esperando a morte vir com essas saias longas.
Como sempre, a casa já esta limpa. Laura não suporta bagunça, ( agora tá na cara o porque ela me odeia. Bagunça é tipo meu nome do meio. Logo depois de Pegação. Ok, essa última foi brincadeira.) e piora quando se trata da minha casa. Anos e anos arrumando minha casa deve tirar ela do sério.
Quando Laura me ignora, vou correndo para cozinha, e tenho vontade de voltar correndo quando vejo Nate.
Ele já se trocou, tomou banho, e deixou ovos mexidos prontos e ainda quentes para mim. Não sei se fico contente, se ignoro ou fico com ódio dele já ter feito tudo aquilo enquanto eu dormia.
Antes de fazer qualquer coisa de que pudesse me arrepender depois, eu só sentei e começei a comer. Nate parou de tomar seu café para me olhar, e quando perguntei de boca cheia o que ele tava olhando, ele respondeu a única coisa que eu queria que ele não disesse.
-Sobre ontem, desculpa por não ter ficado lá.-Nate disse, sério, olhando para mim.
Òtimo. Perfeito. Não podia ficar melhor. O idiota tinha que tocar nesse assunto.
Eu só tive tempo de engolir a comida, o que foi o sufuciente. Qual é, mentir para mim é tão natural quanto falar a verdade.
-Ontem?-Eu perguntei, franzindo a testa e depois rindo.-Eu só me lembro até o terceiro drinque. Foi mal. Mas o que foi que aconteceu? Eu fiz uma coisa muito louca?
Ele ficou quieto por um minuto, o que fez meu sangue gelar, mas depois só balançou a cabeça.
-Nada não. Não aconteceu nada.-ele disse. -Mas verdade que você não se lembra?? Nem daquilo lá, na piscina...você e a Audrey meio que se...
-Não, mas olha, seja lá o que tenha acontecido, não foi nada de mais. A gente é amiga.-Eu disse, dando de ombros. A verdade é que eu não me lembrava direito o que tinha acontecido na pscina, só que tinha deixado o Nate bem puto.
-Amigas? Mas vocês se beijaram, você é bi, lésbica, ou alguma coisa assim?-Ele foi tão direto que eu até estranhei.
-Qual é? Quando eu tenho vontade de beijar alguém eu beijo e ponto. Tô nem aí se é homem ou mulher. Rola algum preconceito?-Eu joguei, erguendo as sombrancelhas.
-Não, cada um com os seus gostos, só queria saber se vocês tinham alguma coisa séria...-Ele disse, coçando a nuca, parecendo sem graça.
-Hmm, bom, a gente não namora, nem tá de rolo, se é essa a pergunta.-Falei mais calma, terminando de engolir os ovos.-Falando nisso, cadê a Alicia? Ela dormiu aqui, não foi?
-È, foi, mas ela já foi embora.-Ele disse depois de pensar um pouco-Sabe, os pais dela ficam preocupados.
Encarei Nathan até que ele desviou o olhar. Achei que o santinho aí não mentisse, mas o que ele não sabe, é que eu me lembro de ontem. Bom, pelo menos dessa parte eu me lembro muito bem. E ele tinha me dito que ela tinha ido embora, e eu não duvido, depois do estado em que eu a deixei.
Outra mentira é a de que os pais dela se importam, por favor, aquela piranha dorme mais na rua do que em casa. Ou possivelmente, foi ela mesma que contou essa mentira sobre os pais. Pobre Alicia.
-Ah sim,-Eu disse despreocupada.-Mas porque ela foi tão cedo, podia ter ficado para o café.
-Não sei.-Nate deu de ombros.-Não perguntei.
-Tudo bem,-Sorri.-Deixa que eu pergunto pra ela.
Antes que o Nate pudesse responder, Audrey desceu pelas escadas, com uma regata minha e só de calçinha.
Como eu tinha acabado, me levantei, e fui em direção á ela.
-Bom dia amiga, dormiu bem?-Perguntei, piscando.
-Super.-Ela me respondeu, sorrindo e entendendo a jogada. Jordan, o cara com que ela dormiu estava a poucos passos atrás.
Passei por ela e dei um beijo de leve, mas bem molhado e depois outro no cara logo atrás, meio surpreso. Ele retribuiu com mais entusiasmo com que eu esperava.
Por último pisquei para Nate e saí correndo para o meu quarto.