Give Your Heart a Break
Thirteen
“Por mais estranho - e gay - que isso pareça...
Eu me sinto atraído por ela.”
~ Castiel Collins
POV’s Angel ON
Quero cavar um buraco e me enfiar dentro dele! É vergonha demais!
Cheguei no meu carro e destravei-o, abrindo a porta do lado do motorista e entrando no carro, jogando a minha mochila no banco traseiro. Soltei um suspiro e encostei a cabeça no volante. Elli já estava sentado no banco do passageiro. Ele me olhava e tinha um sorrisinho malicioso. Levantei minha mão e fiz com os dedos “3, 2, 1” e apontei pra ele.
—Sua safada! Presa no vestiário com aquele ruivo gostosão?!- exclamou com a voz meio fina.
—Elli, nós não fizemos nada lá dentro.- falei seriamente, levantando minha cabeça. -Nem pense que foi ideia minha!
—Não negue, Angely!- ele semicerrou os olhos, fazendo um bico estranho. -Sua boca ‘tá inchada.
—Oi?!- arregalei os olhos. Rapidamente mexi na minha bolsa e peguei meu celular, olhando minha boca refletida na tela. -Ruivo maldito.- Elli ria feito um ‘abestado’. -Elliott James Carter, se você não parar de rir, eu arranco seu amigo!
—Não!- ele parou instantaneamente de rir e cobriu o meio das pernas com a mão. -Se você fizer isso, eu não vou ter o que jogar na cara das inimigas!
—Sério?!- fiz minha expressão de tédio.
—O quê?- ele ficou confuso. Revirei os olhos.
—Você é um retardado...- falei enquanto pegava meu óculos e colocava.
—Espera um pouquinho aí...- ele falou. -Você está fugindo do assunto!
—Não ‘tô fugindo de nada.- eu disse.
—Ahan...- ele foi irônico. -Então me diga o que você estava fazendo dentro daquele vestiário com o ruivo/delícia.
—Eu não vou contar nada!- eu exclamei.
—É a prova. Tu ‘tá fugindo do assunto.-ele falou convicto. Inflei as bochechas fazendo um bico e cruzei os braços.
—Sinceramente, eu não mereço isso.- murmurei, ligando o carro.
—Eu não falaria nada se você não ficasse bolando planos pra ficar presa no vestiário com o ruivo.- ele disse.
—Foram os meus amigos que nos prenderam lá!- falei, enquanto dirigia.
—A mando seu.- ele retrucou.
—Elliott!- o espantei com o meu grito.
—Não me assusta assim, vaca!- ele colocou a mão no peito, fazendo drama.
—Então pare de falar idiotices!- falei aquilo e ele se calou.
Voltei a me concentrar em dirigir. Eu sabia que aquilo não estava terminado... Oh, céus. Deus me acuda.
Quebra tempo - 20 min.
Eu havia acabado de estacionar na frente do prédio da filial. Sam nos esperava logo na porta.
—Olá meus queridos!- ela me abraçou e depois abraçou Elli. -Chegaram cedo.
—Eu acabei de sair da escola, então ficou mais fácil vir direto.- falei a ela.
—Então vocês nem comeram?!- ela exclamou.
—Calma Sam...- Elli falou.
—Nada disso!- ela falou. -Vão comer, ainda tem tempo. São só 13h15min.- ela basicamente nos empurrou até o shopping.
Elli e eu subimos até a praça de alimentação.
—Então... onde quer comer?- ele me perguntou.
—Provavelmente você diria que eu quero comer no McDonalds, mas hoje eu quero Subway.- eu disse.
—Okay, eu vou lá pedir.- ele falou apontando na direção do Subway.
—E eu vou procurar um lugar. Ah! Eu quero Frango Teriyaki.- indiquei. Ele assentiu com a cabeça.
Fui até uma das mesas e sentei, logo pegando meu celular. Uns 5 minutos depois, Elliott chegou.
—Prontinho!- Elli colocou uma bandeja na minha frente e depois se sentou.
—Obrigada.- agradeci. Dei uma mordida no meu sanduíche e, quase que instantaneamente, eu soltei um gemido.
—Psiu!- Elli me chamou. Olhei pra ele. -Guarde esses gemidos pro ruivo, de preferência quando vocês estiverem entre quatro paredes.
—Elli!- eu senti meu sangue praticamente se desviar para minhas bochechas. -Estamos em lugar público.
—Mas quem ‘tá gemendo é você.- falou indiferente. Revirei os olhos e dei mais uma mordida no sanduíche. Senti o olhar dele sobre mim. Resolvi desviar o olhar para ele. A sua expressão me fez arregalar os olhos. -Exatamente isso que você está pensando. Me.Conta.Tudo!
—Elli... Eu acho que não quero falar sobre isso.- desviei o olhar.
—Nananinanão! Você não vai fugir dessa vez.- ele exclamou.
—O que você quer que eu diga? Que eu ‘tava quase ‘trepando’ com o ruivo naquele banheiro?- eu sussurrei a última parte.
—OI?!- ele gritou, atraindo a atenção de algumas pessoas.
—Oi, tudo bem?- perguntei, indiferente. Mas, na realidade, eu queria partir pra cima dele e estrangulá-lo.
—An?- ele falou confuso, mas balançou a cabeça, afastando esses pensamentos. -Esquece... Mas que história é essa Srta. Angely?- tapei a boca dele rapidamente.
—Fala baixo, caralho!- resmunguei. Soltei a boca dele e olhei pra baixo. -E... Bem... Como posso dizer...- me enrolei toda. O olhar dele indicava que era para eu continuar. Suspirei. -Elemebeijou.
—Devagar... pausadamente.- ele disse.
—Ele me beijou...- murmurei.
—Mais alto, não ouvi.- esse filho de uma boa mãe ‘tá de brincadeira comigo.
—Ele me beijou, ‘tá legal?!- exclamei. Vi que algumas pessoas me olhavam e abaixei minha cabeça, envergonhada.
—Sabia!- ele cruzou os braços e encostou na cadeira, com uma expressão de felicidade. Já eu estava com uma expressão de indignação.
—Sua ‘bixa’ desgraçada!- eu bati na mesa, o assustando.
—Calma, princesa!- ele falou. Bufei, cruzei os braços e pernas quase que em sincronia e desviei o olhar. Já tinha esquecido até do lanche. -Angel! Angel olha pra mim.- neguei com a cabeça e fiz um bico. -Pare de criancice! Vai me dizer que não gostou...
—Bem... Er...- cocei a nuca em sinal de nervosismo. -Tudo bem...- suspirei. -Ele beija bem... Na verdade bem até demais..- enrolei uma das mechas de cabelo que caíam no meu rosto.
—E tem pegada?- perguntou. Mas que ‘bixa’ atrevida, não?
—Tem. Pior que tem. E que pegada...- mordi o lábio inferior, lembrando da sensação.
—Acorda, ô safada!- ele estalou os dedos na minha frente. -Sei que deve de ser delicioso lembrar da pegada do ruivo, mas temos que ir.- Corei violentamente, mas concordei.
Saímos do shopping e fomos até o prédio novamente. Já havia um conjunto de pessoas, aparentemente de 10 a 25 anos de idade. Pelo menos umas 22 ou 23 pessoas.
—Queridos!- ela falou e sorriu. -Então, empolgados?
—Com certeza, Sam.- Elli falou determinado.
—Claro, tem até crianças! Eu amo crianças.- eu falei meio feliz.
—Você tem que ver ela cuidando dos sobrinhos. É tão ‘cute’!- ele apertou de leve minha bochecha.
—Deve de ser uma graça.- ela falou sinceramente. -Bom, vamos?- assentimos e a seguimos. Ela parou a frente de todos - que olharam para ela rapidamente - e se pronunciou. -Boa tarde a todos! Sejam bem-vindos a filial francesa da SY Records. Sei que estão todos muito empolgados com esse novo projeto, mas peço que se acalmem, temos tempo meus caros.- ela riu de leve. -Antes de tudo, gostaria de me apresentar. Sou Samantha Moore, a coordenadora do projeto. Ao meu lado estão seus tutores de canto e dança: Debby Williams e Elliott Carter.- eu e Elli acenamos e sorrimos. -Enfim, como já se socializaram, vamos começar. As informações estão nos panfletos que receberam. Deixo vocês nas mãos desses dois aqui. Boa aula.- ela pôs fim ao seu discurso. Sorriu sugestivamente para mim e seguiu para o elevador.
—Obrigada Sam.- comecei. -Pois bem, já fui apresentada, assim como Elliott, então não vou tomar o tempo de vocês.- eu ri abafado e eles me acompanharam. Comecei a explicar alguns conceitos básicos do que eles iriam aprender. Demorei uns 5 minutos pra dizer tudo que tinha que falar. Após isso, fomos em direção ao estúdio de gravação ao lado daquele prédio.
Quebra tempo - 55 minutos.
Eu havia feito alguns exercícios vocais com eles. Agora lhes dei um descanso.
—Alguns realmente tem talento.- Elli falou ao meu lado.
—Todos são talentosos.- eu falei sorrindo. Percebi que eles estavam agrupados e conversavam... O que será que estão bolando?
—Hey, Debby.- ouvi uma voz me chamar. Olhei para baixo e encontrei uma garotinha. Era a mais nova de todos. Seu nome era Lacy. Tinha cabelos castanhos e olhos azuis.
—Diga, my honey.— eu disse a última frase puxando o sotaque britânico, que fez com que ela sorrisse.
-Vem comigo, rapidinho.- ela puxou a minha mão e eu a segui, não antes de olhar na direção de Elli, que sorria. Ela me puxou para dentro da sala de gravação, onde os outros estavam.
—Muito bem, o que estão bolando?- perguntei, abafando um riso.
—Então... Debby. Acho que falo por todos aqui.- Lacy começou. “Olha só, que determinada! Gostei.”. -Nós simpatizamos bastante com você... Enfim, nós gostaríamos de fazer um pedido...- ela se interrompeu, ficando um pouco corada.
—Obrigada. Também simpatizei muito com todos vocês.- sorri. -E vocês querem me fazer um pedido. Qual?
—Você... Canta pra gente?- eles falaram em coro.
—Com certeza!- eu exclamei alegre. -E já tenho até uma música em mente.- olhei por entre vidro e chamei Elli com a mão. Ele veio rapidamente. Pedi para ele me acompanhar. Fui até o piano de cauda que tinha ali e Elli me acompanhou com um pandeiro meia-lua. Respirei fundo e comecei.
(Coloquem Chandelier -Cover by Madilyn Bailey- Link notas finais.)
Party girls don't get hurt / (Garotas festeiras não se magoam)
Can't feel anything, when will I learn / (Não sentem nada, quando vou aprender)
I push it down, push it down / (Vou desmoronar, vou desmoronar)
I'm the one "for a good time call" / (Sou aquela que 'ligam para se divertirem")
Phone's blowin' up / (Os telefones ficam tocando)
They're ringin' my doorbell / (Estão tocando minha campainha)
I feel the love, feel the love / (Eu sinto o amor, sinto o amor)
One, two, three, one, two, three, drink / (1, 2, 3, 1, 2, 3, beba)
One, two, three, one, two, three, drink / (1, 2, 3, 1, 2, 3, beba)
One, two, three, one, two, three, drink / (1, 2, 3, 1, 2, 3, beba)
Throw 'em back, till I can’t count / (Engulo tudo até não conseguir mais contar)
I'm gonna swing from the chandelier, from the chandelier / (Vou me pendurar no lustre, no lustre)
I'm gonna live like tomorrow doesn't exist / (Vou viver como se não houvesse amanhã)
Like it doesn't exist / (Como se não houvesse amanhã)
I'm gonna fly like a bird through the night / (Vou voar como um pássaro pela noite)
Feel my tears as they dry / (Sentir minhas lágrimas enquanto elas secam)
I'm gonna swing from the chandelier, from the chandelier / (Vou me pendurar no lustre, no lustre)
And I'm holding on for dear life / (E estou aguentando firme pela vida)
Won't look down won't open my eyes / (Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos)
Keep my glass full until morning light / (Mantenha meu copo cheio até de manhã)
'Cause I'm just holding on for tonight / (Porque só estou aguentando firme essa noite)
On for tonight / (Firme essa noite)
Sun is up, I'm a mess / (O sol nasceu, eu estou um caos)
Gotta get out now, gotta run from this / (Preciso ir embora agora, preciso fugir disso)
Here comes the shame, here comes the shame / (Lá vem a vergonha, lá vem a vergonha)
One, two, three, one, two, three drink / (1, 2, 3, 1, 2, 3, beba)
One, two, three, one, two, three drink / (1, 2, 3, 1, 2, 3, beba)
One, two, three, one, two, three drink / (1, 2, 3, 1, 2, 3, beba)
Throw 'em back till I can’t count / (Engulo tudo até não conseguir mais contar)
I'm gonna swing from the chandelier, from the chandelier / (Vou me pendurar no lustre, no lustre)
I'm gonna live like tomorrow doesn't exist / (Vou viver como se não houvesse amanhã)
Like it doesn't exist / (Como se não houvesse amanhã)
I'm gonna fly like a bird through the night / (Vou voar como um pássaro pela noite)
Feel my tears as they dry / (Sentir minhas lágrimas enquanto elas secam)
I'm gonna swing from the chandelier, from the chandelier / (Vou me pendurar no lustre, no lustre)
And I'm holding on for dear life / (E estou aguentando firme pela vida)
Won't look down won't open my eyes / (Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos)
Keep my glass full until morning light / (Mantenha meu copo cheio até de manhã)
'Cause I'm just holding on for tonight / (Porque só estou aguentando firme essa noite)
Help me, I'm holding on for dear life / (Me ajude, estou aguentando firme pela vida)
Won't look down won't open my eyes / (Não vou olhar para baixo, não vou abrir os meus olhos)
Keep my glass full until morning light / (Mantenha meu copo cheio até de manhã)
'Cause I'm just holding on for tonight / (Porque só estou aguentando firme essa noite)
On for tonight / (Firme essa noite)
I'm gonna swing from the chandelier, from the chandelier / (Vou me pendurar no lustre, no lustre)
Quando terminei, uma salva de palmas soou pela sala. Sorri com isso. Eu sempre amei essa sensação. A nostalgia que me dá é revigorante.
—Bem... Vocês têm um pequeno intervalo de 1 hora agora. Podem ir.- eu falei e eles começaram a se dispersar. -Ah! Só pra lembrar, quando voltarem, vão para o estúdio de dança ao lado, okay?
—Fome?- Elli me perguntou, quando todos já haviam saído.
—Sim, muita.- respondi.
—Eu vou no Starbucks comprar algo pra comermos.- ele falou, já saindo.
—Vou estar no estúdio de dança.- indiquei.
Quebra tempo: 50 minutos.
Eu estava sentada no chão de madeira daquele salão, mexendo no celular. Enquanto que Elli estava praticamente jogado, quase dormindo.
—Acorda Bela Adormecida, já já eles chegam.- eu o cutuquei com o pé.
—Hm...- ele resmungou e se sentou. -Ei, Angel!
—Oi...- falei, ainda mexendo no celular.
—Tem uma coisa que ainda está em aberto na nossa conversa...- ele falou.
—E o que seria?- perguntei.
—Se não me falha a memória, antes de sairmos, o ruivo/delícia disse algo como: “Você sabe que essa conversa não acabou, não é Debby?”— ele tentou imitar a voz do ruivo. Acrescento que ele não conseguiu.-E você respondeu : “Com certeza não acabou Castiel.”— ele agora tentou imitar a minha voz. Mais uma vez acrescento, ele não conseguiu. -Vocês falaram como se fossem ter um encontro depois, e nesse encontro só ia rolar pegação e quem sabe até um ‘momento entre quatro paredes’.
—Elliott...- eu estava sem reação. Devia de estar corada da cabeça aos pés.
—O quê?- ele me olhou intrigado. -Eu não estou mentindo! O tom de vocês era de ‘sedução’. Eu conheço tons de sedução a quilômetros de distância.
—Parece que todo assunto que você inicia, refere-se ao ruivo- e ao acontecimento fatídico que aconteceu mais cedo.- resmunguei.
—Não era eu quem estava me agarrando com ruivo no vestiário trancado.- ele falou, soltando um risinho.
—Mas que saco, foi só um beijo.- resmunguei mais uma vez. Ele me deu um olhar sugestivo. Revirei os olhos. -Esquece isso, eles estão voltando.
Quando eles chegaram, deixei tudo nas mãos do Elli, afinal aquele era o departamento dele.
Quebra-tempo: 1 hora.
—Nos vemos amanhã, beijos.- falei enquanto todos iam embora. Tomei um gole d’água. Eu estava realmente cansada.
—Bom, eu ‘tô indo, princesa.- ele disse.
—Não quer que eu te leve?- perguntei.
—Nha’, que nada. Seria um desvio muito grande pra você.- falou. -De qualquer forma, obrigada. Beijinhos diva.- ele beijou minha bochecha e saiu andando/desfilando. Arrumei minhas coisas, tranquei tudo e fui até o meu carro. Aarg, preciso de um banho!
Depois de 20 minutos, eu estava estacionando na vaga, já dentro do condomínio. Peguei minha mochila rapidamente e corri para o elevador, travando o carro enquanto andava. Quando cheguei no meu andar e abri a porta, suspirei de alívio. Joguei a mochila ao lado da porta e fechei a mesma.
—Tia?- minha voz ecoou pelo apartamento. Se a porta estava aberta, ela estava em casa.
—No quarto.- ela falou. Segui rapidamente até este. Minha tia estava parada de pé em frente a uma pilha de roupas. Detalhe, ela estava só de roupas intimas, um conjuntinho rosa-bebê.
—Ei, tia... Toma cuidado com o velhinho tarado.- eu falei rindo.
—Sua sem noção.- ela me mostrou a língua. Virou-se novamente para a pilha de roupas e suspirou passando as mãos nos cabelos.
—O que há tia?- perguntei vendo sua aflição.
—É que eu tenho um encontro hoje.- ela disse corada.
—Matt te chamou pra sair numa segunda?- olhei-a confusa.
—É.- ela acenou com a cabeça. -Lembra que eu saí as pressas sábado, que nem fiz o café?- assenti. -Então, foi por que a Jamilly trocou de plantão comigo. Eu fiz o sábado e ela vai fazer amanhã pra mim.
—‘Tendi. Mas qual é o real problema?- perguntei.
—Eu não sei o que vestir!- ela choramingou.
—Calma tia!- segurei-a pelos ombros. -Tu parece uma adolescente! E a adolescente aqui sou eu.
—Desculpe.-ela murmurou.
—Tudo bem.- a abracei. -Então, pra onde ele vai te levar?
—Um piquenique.- ela respondeu.
—Hm, vamos ver.- falei mexendo na pilha. -Está meio frio... Então acho que seria bom esse...-fui pegando as peças até que tinha separado tudo. -Prontinho!
—Oh, é perfeito.- ela estava com os olhos brilhando.
—Agora deixa eu te preparar.- puxei-a para o banheiro.
Quebra-tempo: 30 minutos.
Minha tia se olhava no espelho de seu quarto. Ela estava realmente linda. Usava uma calça rosa, uma blusinha branca de babados, um cardigan bege, assim como a sapatilha-que tinha um pequeno lacinho na ponta. Os acessórios eram dourados- brinco, colar, pulseira, relógio e anel. Eu também havia lhe dado uma capinha de celular dourada para combinar. Os cabelos estavam ondulados e a maquiagem era leve-apenas uma sombra da cor da sua pele e um delineador preto, com um batom rosa. Parecia que era um conjunto que eu usaria, mas ficou bom nela.
—Acho que não preciso nem perguntar se você gostou.- ri de leve, vendo que ela se olhava no espelho, como se aquela não fosse ela.
—Eu estou me sentindo maravilhosa, pode apostar.- ela falou, sorrindo pra mim. -Obrigada.
—Nha’, não foi nada.-eu disse. -Eu vou tomar um banho, okay?- ela apenas acenou com a cabeça, votando a se olhar no espelho.Segui até o meu quarto, arrancando os tênis e as roupas pelo caminho, indo em direção do banheiro.
Saí de lá uns 15 minutos depois. Os cabelos úmidos e uma toalha enrolada no corpo. Fui ao closet e coloquei uma lingerie qualquer. Peguei uma camiseta sem mangas ‘cropped’- que era colada no corpo e tinha o símbolo do Batman estampado nela, um short meio folgado- mas que era mais curto que minha vida- e ajeitei meus cabelos em um rabo de cavalo frouxo e meio bagunçado, fiquei descalça mesmo. Fui até a sala e encontrei minha tia sentada no sofá, assistindo o noticiário local.
—Ah, Angel. Você pode fazer um favor pra mim?- ela perguntou.
—Claro, o que seria?- respondi.
—Preciso que você leve o lixo e pegue a correspondência, pode fazer isso?- ela fez um biquinho.
—Tudo bem.- soltei um suspiro e fui até o meu quarto pra colocar um sapato. Depois fui à cozinha e peguei o saco preto, me dirigindo até a porta. Assim que a fechei, puxei o saco pesado e acabei esbarrando em algo duro. Estranho, o corredor ficou mais apertado, foi? Espera... paredes não respiram... Olhei pra cima e era o ruivo. Oh, merda.
POV’s Angel OFF
POV’s Castiel ON
Depois do incidente, eu havia ficado na minha casa a tarde inteira.
Eu estava sentado no meu sofá, jogando videogame, quando meu celular tocou. Pausei o jogo e atendi.
—Alô?- perguntei, já que o número era desconhecido.
—Hey Castiel.— uma voz masculina soou do outro lado.—É o Matthew.
—Ah, oi doutor.- falei. Matthew Rogers. Era o médico da família, e ao acaso, era também o melhor amigo dos meus pais.
—Está em casa?— ele perguntou.
—Sim, eu estou.- respondi
—Então, eu preciso falar com você, mas tem que ser pessoalmente.— ele disse seriamente.
—Okay, então podemos marcar um di...- ele me interrompeu.
—Não, tem que ser agora.— ele falou convicto.—Eu ‘tô chegando aí em 2 minutos, já que eu vou buscar a Dianna pra sair comigo.
—Chamou sua namorada pra um encontro numa segunda?- perguntei estranhando.
—Fiz troca de plantão, assim como ela, então não vamos trabalhar amanhã.— respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
-Certo, então já ‘tô descendo na portaria.- falei desligando. Coloquei uma camiseta e um chinelo e fui até a porta. Fechei a mesma rapidamente e quando me virei, algo -ou melhor alguém- trombou comigo. Olhei pra baixo e vi a baixinha. Ela estava inclinada segurando um saco de lixo. Ela olhou pra mim e arregalou os olhos, ficando ereta rapidamente. Ficamos um tempo nos encarando, até que ela corou, pegou o saco de lixo e saiu andando até o elevador.
Olhei-a incrédulo. Sério? Ela vai me ignorar? Beleza. Nesse jogo mais de um pode jogar. Fui andando atrás dela, afinal eu precisava chegar até o térreo também. Enquanto eu caminhava, não pude deixar de olhar pra ela. Cintura extremamente fina, quadris largos -não tanto, mas são dignos de um 38, com certeza-, coxas grossas e... ela andava na ponta dos pés. Franzi o cenho.
—Você já fez ou faz balé?- não pude deixar de perguntar. Ela parou a frente das portas do elevador e apertou o botão para que ele subisse.
—Não que isso seja da sua conta, mas vou ser educada e responder. Já fiz, dos 3 aos 12 anos de idade.- ela respondeu. -Mas por que a pergunta?- ela me perguntou e nesse momento o elevador chegou, entramos nele -ela puxando aquele saco com esforço, acho que estava pesado-.
—É que você anda na ponta dos pés.- falei e ela fez uma expressão engraçada.
—Não é por causa do balé.- ela disse.
—É por causa de que, então?- perguntei, segurando um sorriso.
—Se você ficar em cima de saltos de 20 centímetros, 8 horas por dia, durante 2 anos, você se acostuma a andar na ponta dos pés, mesmo sem saltos.- ela falou com as sobrancelhas arqueadas e com um sorrisinho nos lábios. -Você deveria tentar. Ficaria lindo de salto.- ela riu da própria piada e eu emburrei a cara. Nesse momento as portas do elevador se abriram e eu zarpei para fora dele, com o objetivo de ir até a portaria, mas parei no meio do caminho e olhei pra trás, vendo a baixinha fazendo um esforço enorme pra puxar aquele saco. Estalei a língua, não acreditando no que eu estava prestes a fazer. Voltei e peguei o saco e fui andando até a nossa ‘lixeira’.
—Ei, ruivo.- ouvi a voz dela atrás de mim. Olhei por cima do ombro, enquanto ainda andava. -O que pensa que está fazendo?
—Levando o lixo. Pensei que fosse óbvio.- revirei os olhos.
—Eu sei, ô cabeção. Mas por que tu ‘tá levando o saco do meu lixo?- ela perguntou.
—Não precisa agradecer.- falei ironicamente, enquanto jogava o lixo na lixeira.
—Obrigada, oh caro cavalheiro rubro.- ela respondeu do mesmo modo. Ela foi até a portaria e começou a conversar com o porteiro. Eu fui até o portão e o abri, já que do outro lado da rua, um cara da minha altura, cabelos loiros e olhos castanhos vinha na minha direção, vulgo Matthew.
—Fala, Castiel!- ele me cumprimentou com um aperto de mãos e um abraço -com direito a tapinhas nas costas-. Apesar de ter 32 anos, Matthew parece um adolescente.
—E aí, doutor!- falei. Ele fez uma expressão de nojo. Eu ri.
—Não gosto que me chamem de doutor.- ele resmungou.
—É engraçado ver a sua reação.- eu disse sorrindo. -Mas enfim, o que você tinha de tão importante pra me falar?
—Ah sim, é que eu quero fazer uma coisa. E pra isso, eu preciso de ajuda.- ele me falou.
—E o que seria?- perguntei meio curioso.
—Eu... quero pedir a Dianna em casamento...- ele coçou a nuca, nervoso. Arregalei os olhos.
—Vai se amarrar?- soltei um riso abafado. -Tudo bem, tudo bem. Mas por que quer a minha ajuda?
—É que eu quero fazer um pedido perfeito. Então eu pensei que você pudesse cantar e...- eu o interrompi.
—Oi? Você quer que eu cante- perguntei intrigado.
—Calma. Se você me deixar explicar, eu agradeço.- ele revirou os olhos. -Eu gostaria que você cantasse, mas não sozinho.
—Se eu, hipoteticamente falando, aceitasse esse acordo maluco, onde eu arrumaria alguém pra cantar comigo?- questionei.
—Dianna tem uma sobrinha. E essa sobrinha sabe cantar.- ele explicou. -Então, seria só você conversar com ela.
—‘Tá certo, mas onde elas moram?- perguntei.
—Castiel, eu namoro Dianna a 2 anos... Em alguma das conversas que tivemos eu tenho certeza que mencionei que Dianna é a mulher que mora no apartamento na frente do seu.- eu paralisei. Meu queixo caiu e meus olhos se arregalaram.
—Não...- eu murmurei. Olhei-o. -Não!
—Sim!- ele exclamou.
—Sua namorada é a tia da baixinha?- perguntei meio abobado.
—Já ganhou tanta intimidade assim?- ele sorriu de canto. -Mas sim, minha namorada é tia da garota que ‘tá saindo da portaria agora. Hey Debby!- ele a chamou e ela rapidamente virou na nossa direção.
—Doutor Rogers!- ela sorriu pra ele e veio na sua direção, lhe dando um abraço. Quando o soltou, riu da careta dele.
—Sabe que eu não gosto que me chamem de doutor.- ele falou.
—É engraçado ver a sua reação.- ela falou sorrindo. Olhou-me de soslaio. -Não sabia que conhecia o ruivo de farmácia.
—Já chegaram nesse ponto de intimidade mesmo?- ele perguntou intercalando o olhar entre mim e ela. -Só vocês. Sim, ele é filho de uns amigos meus.- ela apenas assentiu com a cabeça. -Então Debby, eu e o Castiel estávamos conversando sobre uma coisa... E essa coisa meio que envolve você...- ela o interrompeu.
—Oh meu Deus, o que o ruivo te falou?!- ela exclamou. -Seja o que for, é mentira, eu juro!
-Calma, calma. Ele não me falou nada. Mas isso quer dizer que você tem culpa no cartório.- ele sorriu sacana pra ela, que corou.
—O que você queria falar mesmo?- ela desviou o assunto.
—Não pense que eu esqueci.- ele falou estreitando o olhar. -Porém, vamos direto ao assunto. Eu vou pedir sua tia em casamento.
A reação dela foi hilária. Os olhos se arregalaram e ela travou.
—Não acredito...- ela sussurrou. -Não acredito. Não acredito! NÃO ACREDITO!- daí foi mudando gradativamente seu tom de voz.—Oh meu deus, santo menino Jesus! Não consigo acreditar.
—Não fale inglês, baixinha. Aqui é a França.- resmunguei. Ainda não acreditava que eu ia aceitar aquela ideia maluca. Ela me olhou e soltou um som de reprovação.
—Vai se fod...- Matthew a interrompeu.
—Calma, calma. Esperem eu terminar, depois vocês podem se matar.- isso é coisa que um adolescente falaria. Ela revirou os olhos e cruzou os braços. -Pois bem, minha cara Debby, eu vou pedir sua tia em casamento e eu gostaria de fazer o pedido perfeito. Então eu tive a ideia de chamar o Castiel pra cantar, mas não só ele, você também.
—Se eu concordasse...- ela começou. -Qual seria o plano?
—Eu pensei em fazer um pedido em um restaurante -desses chiques, que eu sei que ela gosta.- ele explicou. -Vocês só teriam de ir até lá e cantar. Deixaríamos tudo combinado antecipadamente.
—Certo.- ela suspirou e passou as mãos por entre os cabelos. -Não sei...
—Pense bem, okay?- ele colocou a mão no ombro dela. -Eu vou indo. Sua tia vai me matar, mas fazer o que, eu amo aquela mulher.- ele saiu andando até o nosso prédio. Olhei novamente para a baixinha e ela estava com uma das mãos alisando o queixo e a outra -que segurava a correspondência- estava na cintura. Pigarreei e ela pareceu sair do transe.
—O que tá olhando?- ela perguntou, me olhando de soslaio.
—Vai aceitar?- perguntei, me referindo ao que Matthew havia dito.
—Não sei, preciso pensar.-ela falou e começou a andar na direção do nosso prédio.
—Pera um pouco... Precisa pensar?- indaguei. -Garota, você não deveria pensar. Deveria aceitar de cara.
—Por quê?- ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas.
—E ainda me pergunta por quê...- resmunguei. -Você ficou toda empolgada com o que Matthew disse que eu pensei que fosse aceitar sem pestanejar.
—Eu disse que ia pensar.- ela retrucou. Nós já estávamos na frente do elevador. Ela apertou o botão para chamá-lo.
—Não há o que pensar.- falei. -Caramba, é uma coisa pra sua tia. Você tem que aceitar.
—Se eu aceitar vou ter que trabalhar com você. Não é o melhor incentivo.- ela sorriu de lado. Revirei os olhos. O elevador chegou. Entramos e ela apertou o botão.
—Consequências da vida.- eu disse. -Vai aceitar?
—O que eu ganho com isso?- ela estreitou o olhar.
—A felicidade da sua tia...?- isso soou mais como uma pergunta.
—Não, não. Quero algo a mais.- ela sorriu. Puta que pariu.
— Você quer algo de mim?- perguntei com os olhos arregalados.
—Ahan. Se eu fizer isso, você fica me devendo um favor.- essa garota sabe como subornar alguém.
—Tudo bem, feito. Agora vamos selar o acordo.- falei e repentinamente a enlacei pela cintura.
—Ruivo... O que você está...- Coloquei meu indicador sobre seus lábios, fazendo-a parar de falar.
—Shiuu, eu quero continuar a nossa conversa.- sussurrei. Ela me olhou, as bochechas coradas.
—Mas do que você...- a interrompi.
—Você mesma concordou que nossa conversa não estava acabada. Não dá pra fugir, baixinha.- falei com uma certa rouquidão na voz e senti que ela se arrepiou.
—Oh, merda.- ela murmurou, enlaçando seus braços em torno do meu pescoço. Nossos lábios estavam extremamente perto um do outro, já se roçando. Quando estávamos prestes a nos beijar, as portas do elevador se abrem e ambos olhamos para o lado de fora, onde dois seres nos olhavam com os olhos arregalados. Eram Matthew e Dianna. A baixinha rapidamente me empurrou e abaixou a cabeça. Seu rosto estava tão vermelho quanto meu cabelo, ela saiu andando-desviando do casal. Eu, rapidamente a segui não antes de fazer uma pequena piada com os dois à minha frente.
—Usem camisinha.- falei sorrindo e corri até a baixinha. Ela estava prestes a abrir a porta, mas eu segurei seu braço.
—Mas que porra, ruivo.- ela exclamou. -Quer parar? Me solta.
—Nós não selamos o acordo.- falei sorrindo.
—Oras, mas quer parar. Eu já falei que aceito.- ela revirou os olhos.
—O acordo precisa ser selado.- falei novamente.
—Mas que merda. Por quê?- perguntou.
—Porque sim.- falei simplesmente. Ela mordeu o lábio inferior.
—O que você quer?- me olhou. Sorri sacana.
—Um beijo.- falei.
—Oi?- ela arregalou os olhos.
—Qual é baixinha, não é tão difícil de entender. Afinal você me deu um par deles hoje mais cedo. E estava prestes a me dar mais alguns agora de pouco.- ela corou.
—Um beijo? Só isso?- ela questionou e eu apenas assenti. -Ok, então.
Ela se ergueu até a altura do meu rosto -eu tive que abaixar um pouco-, segurou nos meus ombros e quando eu já sentia sua respiração perto da minha, estava prestes a beijá-la, ela desvia e beija a minha bochecha.
—O quê...- murmurei. Ela voltou a colocar os pés inteiros no chão, com um sorriso sacana nos lábios.
—Especifique o local da próxima vez.- ela deu uma piscadela e entrou no seu apartamento.
Eu devia de estar com a maior cara de iludido do mundo.
“Ei cara, conte vitória.”
—Por quê?- olha eu falando com a minha própria mente mais uma vez.
“Especifique o local da próxima vez.” uma voz esganiçada -que no caso seria uma imitação péssima da voz da baixinha- ecoou pela minha mente. “Ela deixou claro que vai rolar uma próxima vez.”
—Tem razão.- falei.
“Agora vá tomar um banho gelado, antes que alguém veja você com essa bermuda apertada”.
Olhei pra baixo.
—Oh, merda.
POV’s Castiel OFF
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