Já se passaram semanas desde a minha primeira vez e eu não repeti novamente por dois motivos:
1 – Não tínhamos lugar.
2 – Eu e ele estávamos muito atarefados, ele com os pesados treinos de futebol que estavam o esgotando, inclusive esses dias nós estávamos estudando e ele simplesmente dormiu sobre os livros. E olha que a matéria era anatomia.
E eu?
Simplesmente não me sobrava tempo nem pra respirar, treinos pesados para o campeonato, acompanhávamos o time para todos os jogos, e depois do B que eu tirei em inglês simplesmente troquei meu namoro pelos livros até recuperar meu tão orgulho A.
Depois que o inverno enfim chegou, as coisas começaram a ficar amenas, com as notas normais e vários jogos dele e treinos meus cancelados pela neve me sobrou tempo para namorar.
– Filha! – minha mãe me gritou lá debaixo e eu desci bufando largando meu violino que a tanto tempo eu não tocava.
– Oi mãe? – perguntei enquanto descia as escadas.
– Você tem visita. – ela disse sorrindo para uma figura que estava toda de preto perto da porta.
– Dylan? – perguntei ao ver quem era, apertei o passo e desci a escada correndo.
– Oi. – ele falou meio acanhado, o que não parecia ser o feitio dele.
– Caramba você ta até com as bochechas rosa, deve estar muito frio lá fora. – peguei sua mão e o puxei para perto de mim.
– Sou meio delicado para o frio. – ele falou zombeteiro.
– Idiota. – o encarei com um sorriso nos lábios – O que veio fazer aqui?
– Olá senhora Johann. – Dylan ignorou totalmente minha pergunta e se dirigiu a minha mãe a cumprimentando com um aperto de mão – Desculpe a indelicadeza de ter vindo sem avisar.
– Oh! Tudo bem querido, é um prazer conhecer o namorado da minha filha. – ela sorriu marota para ele e logo lançou um olhar divertido a mim que revirei os olhos.
– Não é oficial. – disse de malgrado.
– Porque ela não quer. – ele falou segurando minha mão e passando o nariz por minha bochecha.
– Quer subir no meu quarto? – perguntei a ele.
– Filha eu...
– Senhora Johann não sou nenhum pervertido. – ele falou brincalhão com a minha mãe que o olhou com desconfiança e logo depois assentiu.
Fiz um leve movimento com a cabeça na direção da escada e Dylan ainda de mãos dadas comigo começamos a subir a escada, fomos em silêncio até a porta do quarto de minha irmã que ouvia Katy Perry nas alturas.
– Acho que minha irmã esta fazendo seu spa.
– Spa? – Dylan perguntou sem entender e como uma resposta vinda do além, minha irmã apareceu na porta de roupão cor de rosa com uma toalha na cabeça e sua cara estava da mesma cor do hulk.
– Olá irmãzinha. – falei me segurando para não ter um ataque de risos.
– Eu te mato sua idiota! – ela berrou comigo e fechou a porta num baque surdo enquanto eu e Dylan riamos feitos malucos.
– Prevejo brigas até meu casamento. – falei enquanto andávamos em direção ao alçapão do meu quarto.
– O que se depender de mim não vai ser muito distante. – ele me puxou para ele e me encostou à parede, dando em seguida vários selinhos até depositar em meus lábios o seu quente e delicioso beijo de sempre.
– Saudade disso sabia? – ele disse baixinho enquanto nossos lábios roçavam um no outro.
– Vamos subir Dylan. – me desvencilhei dele e subimos para o meu quarto.
– Quarto no sótão – ele fez um bico esquisito observando meu quarto – Garota você tem estilo!
– Isso é um elogio? – perguntei marota.
– Leve como um... Agora vamos testar a cama. – ele se jogou na cama e amaciou-a com as mãos – Que gostosa...
– É mesmo, eu mesma que escolhi. – falei enquanto o observava encostada na parede.
– Não tava falando da cama. – ele me lançou uma piscadela enquanto se sentava e eu podia sentir meu rosto queimar.
– O que você veio fazer aqui? – desconversei totalmente.
– Você é direta demais para namorar um paquerador. – ele falou enquanto remexia nos meus livros, o que me incomodou.
– Ei, ei, ei – fui em direção à ele e tirei de sua mão meu livro – Esse é o meu favorito, não se aproxime.
– Nossa Fernanda. – ele se fingiu de magoado e se distanciou de mim – Mas continuarei o que ia falar, sai nessa noite fria, noite na qual eu poderia estar ao calor de uma lareira jogando vídeo game – ele colocou a mão sobre o peito e continuou – Vim aqui especialmente para convidá-la para ser a minha parceira, dama e namorada no baile de inverno da nossa escola, será que por um acaso quem sabe, você aceitaria?

– Vai ter um baile? – perguntei à ele de forma debochada, enquanto me sentava na cadeira de minha escrivaninha.
– Tem certeza de que você é uma garota? Porque cara... Como você não ta sabendo desse baile? – ele parecia incrédulo, como se eu fosse um ET ou coisa pior.
– Sim eu tenho, só não sou sociável e a maior parte do tempo eu fico longe desse tipo de assunto...
– Prefere átomos.
– São mais interessantes, sua roupa é cheia de átomos, o chão é cheio de átomos, aquela... – a boca dele se chocou bruscamente com a minha e eu me calei retribuindo aquele beijo que há dias eu não aproveitava verdadeiramente.
– Esse shortinho seu é composto de átomos... – ele falou no meu ouvido logo depois de separar o beijo.
– Meu shortinho? – perguntei a ele e então olhei para baixo, eu estava com um short curto de pijama que eu me permitia usar em casa mesmo estando frio, o aquecedor ajudava bastante – Ai caramba!
– Pra que tanto alarde? – ele perguntou enquanto me puxava para que eu ficasse em pé – Eu já te vi sem ele... E confesso que sem você fica muito melhor... – ele deu leves beijos em meu pescoço e eu já estava me entregando em seus braços quando um grito vindo do andar debaixo nos interrompeu.
– Nanda, hora do jantar!
– Opa não foi dessa vez Cowboy, mas eu aceito ir ao baile com você. – disse enquanto passava a língua levemente pelo lóbulo de sua orelha.