Franklin, 08.12.2003 18hrs34min

Aqueles dias tinham sido um verdadeiro tédio pra mim, eu não tinha começado minha aulas na nova escola por causa das festas natalinas e seria uma bobeira eu mudar de escola nessa época, eu iria esperar as datas festivas passaram inclusive meu aniversário de 15 anos.

Tudo o que eu menos queria era uma festa de debutante, mas minha mãe insistia que eu devia ter pelo menos um baile, e me pai apoiava aquela maluquice dela dizendo eu nunca mais faria 15 anos na vida, e que nessa data, era uma data especial, 15 anos era o inicio das mudanças. Eu não sei quais mudanças, eu já estava vivendo elas há muito tempo já! Minha mãe fazia contagem regressiva para o dia 27 e eu não me animava nem um pouquinho com ela.

Por fim, decidi ir às aulas da nova escola mesmo faltando dias para elas acabarem. Eu não aguentava mais ficar em casa olhando pro nada, ou assistindo tv ou fazendo solos bobos no violão.

Acordei no horário de sempre naquele dia 8, e senti uma vontade estranha de me arrumar pra ir para aquela nova escola, algo me dizia que ia ser muito bom o tempo que eu passaria naquele lugar. Tomei meu banho calmamente, quando saí vesti minha amada calça preta, uma blusa do Ramones roxa que eu amava, penteei meu cabelo rapidamente e passei um delineador nos olhos, me olhei no espelho.

– Você ta parecendo uma palhaça Hayley... – eu murmurei comigo mesma, mas já estava atrasada então, calcei meu all star e desci as escadas correndo – Bom dia Mãezinha!

– Own Bom Dia meu anjo... Nossa, se arrumou hoje... Uhnn... O que aconteceu hein? Algo de especial hoje no colégio... Ou... Devo dizer... Alguém especial hoje no colégio...?

– Não mãe... Eu só passei um delineador... Nada de mais... E eu não conheço ninguém no colégio ainda, para de cisma! – eu disse rindo sem graça enquanto pegava uma torrada

– Uhnn, mãe, tem como a senhora me levar hoje? É que eu acabei perdendo o ônibus...

– Tem sim meu anjo... Você já ta indo? - Uhunn... Eu já tô um pouquinho atrasada já... – disse jogando a mochila nas costas

– Você não acha melhor ficar e esperar o segundo horário... Lá você também vai ficar esperando, mas só que na rua o que é mais perigoso...

– Não mãe... Dá pra eu entrar ainda... Eu só tenho q ir rápido... E chegar no 2º horário logo no 1º dia?

– Tudo bem... Você tem razão... – ela riu e levantou – eu vou só ali buscar a minha bolsa ta bom?

– Ta... – ela correu no quarto dela e buscou a inseparável bolsa de couro dela.

Ela me levou ate a escola, e diferente das outras garotas, eu adorava que ela me levasse ate a porta. Só não suportava era o “FILHINHA” ou “BEBÊ” e os beijinhos antes de entrar. Ainda bem que minha mãe respeitava isso, e me poupava de correr dela na porta da escola.

Me despedi dela dentro do carro ainda e desci, para meu espanto havia muitos calouros que estavam na mesma situação que eu, de todos os jeitos e de todas as idades, e não demorou muito tempo pra eu começar a conversar com uma menina muito gentil, que também era caloura como eu. O nome dela era Mary ou sei lá, ela era de Washington e tinha acabado de se mudar para Franklin pra morar com a avó. Ela era visivelmente tímida e era muito estudiosa, era a única que tinha carregado lápis, papel e borracha pro primeiro dia de aula. Na hora do almoço estávamos conversando sobre nossas vidas quando olhei pra o lado e me assustei com um par de olhos castanhos me encarando de longe, eu desviei o olhar rapidamente, sentindo meu rosto ficar vermelho instantaneamente.

– O que? – ela me olhou rindo – Aquele garoto também é calouro, ele não parou de olhar pra você desde que chegou aqui –ela disse rindo sem graça, parecia estar com mais vergonha que eu.

– Ah não delira Mary... Ele só deve... Estar esperando uma oportunidade pra tirar uma com a minha cara... Como todos em toda escola que eu estudo... Ele só é mais um panaca esperando a hora certa pra fazer uma piadinha... – Droga, eu não conseguia segurar minha vontade e olhei mais umas três ou quatro vezes, todas às vezes ele também me olhava e em uma delas ele ate riu, um sorriso perfeito demais pra ser humano. Aquilo me desconcentrou completamente, e eu estava esquecendo ate quem eu era.

– HAYLEY! – ela disse rindo batendo a mão na mesa, certamente ela já estava me chamando há um tempo e eu não tinha escutado... Droga! Que mico, eu queria sumir da frente daquela garota e de frente daquele menino que agora ria discretamente.

– Ah... Oi? Você falou alguma coisa?

- Falei né... Melhor, te chamei, mas você nem me deu ouvidos, ta presa lá no calouro...

– Eu não... Eu só estava desatenta... Uhnn... A gente já vai pra sala já? – Eu disse me levantando rapidamente e tentando mudar de assunto, ela riu e se levantou.

– Vamos sim... Ou você gostou de ficar aí? – ela riu sem graça – Acho que melhor não porque o garoto lá também vai... – eu levantei fazendo uma cara de “para” ela riu e acenou com a cabeça dizendo que sim, nós pegamos as nossas coisas e voltamos pra sala.

Andamos em passos lentos, nós não tínhamos muita pressa.

Escolhi uma mesa bem no fundo da sala como nas primeiras aulas, bem escondida mesmo, meu plano de continuar sendo invisível na sala estava perfeito de mais até a professora me chamar na frente da sala pra me apresentar pra todos da sala.

– Uhnn... Alguns alunos novos... Venha aqui minha querida pra todos te conhecerem... – ela me olhou rindo, nisso todos já me olhavam e eu já sentia estar pior que um morango de tão vermelho.

Eu me levantei lentamente e fui andando olhando pro chão pedindo pra que um buraco abrisse ali e eu me enfiasse nele e nunca mais saísse. – Algum problema minha querida? – ele falou tentando me acalmar

– Nã-nã-não... Eu só... Não gosto disso... - Eu disse baixo, apenas para a professora ouvir. Ela me olho com uma cara curiosa...

Ter que me apresentar pra turma foi a pior coisa do mundo, eu gaguejei muito e ate falei coisas erradas.

Quando ela disse que estava bom e que eu podia voltar pro meu lugar eu praticamente corri pro minha cadeira no fundo.

– Então, vamos prosseguir a aula... – ela falou rindo e se virando pro quadro negro, todos ainda me olhavam e a minha vontade era de me enfiar dentro da minha mochila e ir embora.

O sorriso daquele garoto perturbou minha cabeça o dia todo. Eu não estava entendendo por que aquilo não saia de dentro da minha cabeça. Por mais que eu tentasse pensar em outra coisa ou prestar atenção na aula, era impossível, meus pensamentos não estavam me ajudando em nada.

No final do dia, eu saí da sala antes mesmo da sirene tocar, queria ir pra casa. Estava tão pensativa que nem vi as pessoas passarem por mim tanto que acabei trombando em um menino, quando eu vi quem era até assusteinão podia ser quem eu estava pensando: o tal garoto estranho do almoço.

– Hey... Cuidado!

– Ah... Desculpe... – eu desviei dele e sai andando o mais rápido que eu conseguia, mas ele acabou me alcançando, eu tinha que lembrar a mim mesma que cada três passos meus era iguais á um dele... Não adiantava eu correr...

– Hey... Espera aí... – ele falou rindo e segurando o meu braço – Calma... Eu não vou te bater nem te machucar não...

– Uhnn... O que você quer então? – eu disse, cometendo o erro de olhar pra dentro daqueles olhos de novo. Aquilo me desconcentrou de novo. E eu senti meu chão rodar um pouco.

Eu desviei meu olhar pra poder voltar ao normal.

– Nada... Mas calma... – ele segurou o meu braço me impedindo de sair correndo – será que você pode conversar um pouco? Só isso... Você também é novata aqui não é?

– É... Sou... – Eu disse olhando pro chão, eu não queria perturbar a minha mente olhando para aqueles olhos – Uhnn... Se você não se importa... Eu preciso ir, senão vou acabar perdendo o ônibus e aí eu não vou chegar na minha casa hoje... E eu não quero ter que ligar pra minha mãe pra ela ter que vir me buscar...

– Na... Não... Tudo bem... Eu também já tenho que ir se não chego tarde em casa aí minha mãe também vem me buscar... – ele disse rindo sem graça passando a mão no cabelo -

Uhnn... Você vai no... Ônibus... Também? – eu perguntei olhando pro chão, tenho certeza que ouvi ele rindo.

– Vou sim... Mas eu acho que você não gostou muito da ideia né? – ela falou rindo – MAS NÃO SE PREOCUPE, EU NÃO VOU TE PERTURBAR LÁ...

– Não... Não é isso... É só que... Eu acho que a gente acabou de perder ele... – Eu disse apontando para o ônibus saindo. – Meu Deus... Eu não acredito que vou ter que pedir minha mãe pra me buscar também... – ele pegou a minha mochila e pendurou no ombro

– Hey?! Minha mochila! - É... Eu sei... Vem comigo, eu sei aonde você mora vou te levar em casa... E antes que você fale que não preciso, eu moro na sua rua então a gente ia junto querendo ou não... – Eu respirei fundo e comecei a andar.

Ele não demorou me alcançar, mas já tinha um carro na porta me esperando.

– Ah... Parece que minha mãe adivinhou que eu tinha perdido o ônibus...

– Ah... Então beleza... Até mais, melhor, até a manhã... – ele riu me entregando a minha mochila e seguindo na minha frente.

Eu não sabia se chamava ele pra ir com a gente ou se deixava ele ir. Por fim, acabei atravessando a rua e indo até o carro da minha mãe e entrei. - Ah... Hey mãe... Adivinhou que eu tinha perdido o ônibus?

– Uhnn... Extinto de mãe sabe... – ela falou rindo – agora vamos embora... Quero que você me conte tudo de hoje, inclusive do “amigo” novo..- Ela disse rindo.

. - Ah... Foi legal... E ele não é meu amigo... Eu acabei de trombar nele...

– Hun... Ta mas, ele não pode ser seu amigo não? – ela falou rindo e ligando o carro sem olhar pra mim

– Não sei... Eu nem conversei com ele direito...!

– Ah... Sim... – ela riu sem olhar pra mim.

O caminho pra casa foi divertido, minha mãe com as suspeitas dela,me deixavam confusa, ela era doida pra que eu arrumasse um namorado, só pode.

No caminho de casa nós paramos no Mc’donalds do shopping compramos varias coisas pra comer e depois minha mãe me fez ir em algumas lojas com ela me jurando que não ia gastar muito, acabou que a gente só saiu de lá umas 19:40 e cheias de sacolas, não me importei, afinal minha mãe precisava disso, na verdade, comprar sempre foi uma boa fuga de nós mulheres, até eu me sentia uma pouco mais leve, a pesar de não admitir isso pra minha mãe de maneira nenhuma.

Em casa a diversão continuou, nós duas tomamos uma banho e fomos ver as compras, trancamos a porta do quarto dela e jogamos tudo que tínhamos comprado na cama, ela me fez experimentar tudo, acabou que a gente começou a brincar de que éramos modelos e estávamos na passarela, foi uma farra e tanto.

Admito que foi uma das noites mais divertidas que eu já tive. Nós perdemos a hora e quando vimos já era 02:00 da manhã, eu nem vi direito como mas eu “capotei” na cama da minha mãe e dormir.

Acordamos às 06:00 com o despertador, sim, já era a hora de levantar e ir pra aula. Foi a primeira vez nos últimos dias que a minha mãe acordou sorrindo, ela ficou de pé e puxou a minha coberta rindo.

– HORA DE ACORDAR MINHA QUERIDA! HOJE TEM AULA... OU VOCE QUER PERDER E NÃO VER SEU “AMIGUINHO”?

– Aaah não mãe... Deixa-me dormir só mais 5 minutinhos... Por favorzinho... – eu disse jogando os travesseiros em cima da cabeça

– Nem 5, nem 2,05, nem 1 nem nada... É agora dona Hayley! Anda, levanta A-G-O-R-A! – ela disse rindo batendo a coberta devagar em mim

– Ah nem... Eu tô com sono... – Eu puxei a coberta de novo ainda com a cabeça tampada. Ela deu um tapinha na minha perna e puxou a coberta de novo.

Ela insistiu tanto que eu levantasse e fosse pra escola que eu acabei acordando e decidindo ir mesmo. Tomei meu banho rapidamente e sai correndo pra pegar o ônibus comendo uma torrada, consegui pegar ele a tempo, mas quando entrei eu estava ofegando. Corri e me sentei no primeiro lugar vago que eu vi.

– Oi... – quando eu vi, aquele garoto estava sentado do meu lado, ele estava com o fone de ouvido e lendo o livro de biologia, ela ria, mas nem me olhava, certamente sabia que estava espantada.

– Você tem o dom de me assustar! Será que não percebe isso? – Ele desprendeu sua atenção do livro por alguns instantes pra soltar uma gargalhada. – o que você é? Alguma espécie de fantasma ou vampiro pra poder aparecer do meu lado do nada!? - ele ficou sério e me olhou

– Uhnn... Se eu falar que sou um... Vampiro talvez, você vai acreditar em mim? – ele soltou em um tom de deboche, depois voltou a olhar para o livro.

– A sua cara de deboche quase me convenceu sabia? Pena que eu já sou acostumada com isso... – Eu disse ironicamente depois me levantei pra mudar de lugar, mas ele puxou meu braço e eu me sentei de novo – qual é? Dá pra soltar o meu braço senhor Drácula?

– Não garotinha indefesa... Eu não disse que você tem que sair daqui... Desculpe se eu te respondi de uma forma indelicada mais eu não vi outro meio por que foi assim que você me tratou... Então... Desculpa-me? – ele me olhou dando um sorriso torto e sem graça, eu respirei fundo.

– Tudo bem... Eu te desculpo... – ele riu e se ajeitou no lugar dele de novo

– Menos mal... Não quero que logo nos primeiros dias alguém já fique com raiva de mim sem motivos...

– Uhnn... – Eu peguei minha bolsa e procurei meu fone - Gosta de musica? O que você gosta de escutar?

– Musica é tudo pra mim, é o único lugar que eu me sinto aceita do meu jeito. A musica me acalma me deixa feliz ou triste... É como se ela fosse parte de mim, como se fosse um órgão meu... – Eu disse mexendo aleatoriamente na lista de reprodução do meu celular– Ah e eu escuto de quase tudo… Ramones, The Smiths, Aretha Franklin e por ai… Eu gosto muito de Foo Fighters também... -

Uhnn… Você tem um gosto pra musica muito bom… São poucas as garotas que eu conheço que tem o mesmo gosto que você… – eu ri sem graça colocando o meu fone de ouvido.

– Ah... Obrigada... Em partes eu devo isso aos meus pais... Uhnn... E você? O que gosta de ouvir

– Uhnn? Eu? Ah basicamente isso tudo que você falou... Mas gosto de ouvir de tudo, depende de como eu acordo no dia... Até clássico eu escuto, sem problema nenhum, não tenho preconceito com nenhum estilo de musica...... Na boa... – ele falou rindo sem graça

– Ah... – Eu ri e voltei à atenção para a minha musica, e então percebi e que ele anotava as notas musicais numa folha dentro do livro de biologia no qual ele estava tão atento. Aquilo chamou a minha atenção mais que qualquer outra coisa, ele escutava e anotava numa rapidez quase que recorde todas as notas. – você toca alguma coisa? – Eu disse de repente apontando para a folha

– Uhnn... Sim... Guitarra, nada muito sério é só por... Diversão... – ele disse rindo olhando para o papel parecia estar com vergonha - Mas por quê? Você toca alguma coisa?

– Ah... É... Toco... Por diversão também... Eu arrisco alguma coisa no violão, mas... Eu sou péssima! – Eu disse rindo sem graça – E... Eu toco piano também... Mas, nada muito sério não... Como eu disse, a musica faz parte de quem eu sou... Então, eu procuro sempre ter ela comigo... – eu disse olhando pra frente – mesmo que eu não saiba tocar, como é o caso do violão... – Eu disse rindo, sem olhar pra ele ainda.

– Uhnn... Se caso você queira, eu posso te ajudar no violão, não que eu seja bom o bastante pra dar aulas, mas, se você quiser... Uhnn... Você toca piano... Adoro o som que aquilo faz... É fascinante, fica preso na cabeça... Eu acho perfeito... Fiquei curioso agora... Você parece tocar muito bem... – ele parou um pouco de olhar pro papel e voltou a olhar pra mim.

– Ah... Eu adoraria ter aulas de violão com você... – eu parei e pensei bem no que eu tinha dito – Quer dizer... É que... Você se ofereceu e eu gosto de violão, e você disse que não tinha problema... Não é que eu esteja dizendo que... – Eu tentava me explicar me embolando cada vez mais – Ah... Você entendeu não é? – Eu disse olhando para a minha bolsa sentindo meu rosto ficar quente. Provavelmente eu estava mais vermelha que meu esmalte. A sorte é que meu cabelo tampava o meu rosto.

– É... Eu entendi... – ele falou rindo – não se preocupe, não precisa ficar com vergonha... Eu te ensino sim, quando você pode?

– Ah... Quando você achar melhor... – Eu disse colocando o cabelo atrás da orelha. Ele me olhou por uns instantes e riu

– Ok... Vou arrumar uma hora legal pra nós dois... Que horário você ta liberada?

– Ah... Por enquanto só à noite por causa das aulas, mas assim que a gente entrar de férias eu vou ter o dia todo... Tirando na semana do dia 20...

– Uhnn... Desculpa perguntar se você não quiser falar também não tem problema, mas o que tem na semana do dia 20? Você vai viajar para o natal? – ele falou todo sem graça olhando pro livro de novo

– Não... É que dia 27 é meu aniversário de 15 anos... Eu não queria, mas minha mãe insistiu pra que eu tenha uma festa de debutante... Então na semana do dia 20 minha mãe vai me arrastar pra mil e um lugares..

– Ah ta... – ele riu e me olhou sem entender – porque você não queria festa? Sei lá, acho que toda menina da sua idade sonha com a sua festa de 15 anos...

– Eu sou diferente das outras garotas, não gosto de viver na futilidade como a grande maioria das garotas da minha idade gostam, eu prefiro ser assim, talvez eu tenha algum problema... Eu não sou do tipo que gosta de festas, Nem de “Parabéns”... Muito menos de dançar... E uma festa de 15 anos envolve tudo isso, festa, Parabéns e dança... E um vestido que parece mais um bolo ou um vestido de noiva! – Eu disse pondo o cabelo atrás da orelha, ele fechou o livro e se virou pra mim.

– Você não é estranha por causa disso, muito pelo contrario, as outras garotas que são estranhas por ser fútil... Você é legal, gostei de você... Digamos que você “fugiu do padrão” e isso é bem legal por que aquele tipo de garota que você não é. É muito chato, enjoativo... Odeio garota fútil, cheias de frescuras... Esse tipo de garota só tem capa, mas não tem conteúdo... – ele me olhou rindo e sem graça.

– Ah... Valeu... Uhnn... – Eu estiquei a mão pro lado dele – Hayley... – Ele me olhou rindo

– Josh... – ele riu e pegou na minha mão – Muito prazer Hayley... – aqueles olhos me fitavam de novo, aquilo era ruim porque eu perdia a concentração de novo.

– Josh... Uhnn... Eu acho que... Chegamos na escola... – Eu disse soltando minha mão rapidamente e olhando pra frente, era o que eu mais queria agora, chegar na escola e correr pra minha sala pra tentar por minha cabeça em ordem de novo. Eu não entendia por que aquilo me acontecia toda vez que aquele par de olhos castanhos me olhava.

– Uhnn... É... - Ele respirou fundo e se levantou pra sair do ônibus só depois de uns segundos que eu notei que eu estava impedindo a passagem dele então eu me levante as pressas e saí do ônibus o mais rápido que eu podia pra ver se ele não vinha atrás de mim.

Eu entrei na minha sala o mais rápido que eu pude fui pro meu lugar no fundo, os alunos já estavam quase todos na sala, o grupo das nerds, o grupo das patricinhas, e eu sozinha e a Mary.

– Oi Mary... – Eu disse me sentando do lado dela, ela sorriu e me cumprimentou, na mesma hora, uma menina, do grupo das lideres de torcida, uma patricinha veio ate a minha mesa.

– Olá garotinha... Hayley né? Acho que foi isso mesmo que o professor falou ontem... – acho que ela falava sozinha porque ela olhava pro nada, certamente tentando lembrar se era ou se estava enganada.

– Sou eu mesma, o que foi? –Eu disse sem olhar pra ela, tirando minhas coisas da bolsa.

– Hey! Calma... – ela riu – Eu só queria te cumprimentar... Prazer Hayley, me chamo Kathy... Tudo bem? – ela disse esticando o braço pra mim

– Ah... Oi... Tudo... E com você? – Eu estiquei o braço e segurei a mão dela

– Kathy... Vem cá... – outra menina chamou ela.

– O que foi Taylor? Eu já tô indo... Deixa eu cumprimentar a menina aqui e já vou caramba... – ela olhou pra ela um pouco brava, depois ela olhou pra mim rindo – Desculpe Hayley... Mas então, eu tô bem sim.

– Hum... – Eu era péssima com assuntos então voltei a olhar para as minhas coisas

. - Uhnn... Você é muito tímida ou não quer conversar comigo mesmo? – ela falou rindo sem graça saindo um pouco de perto de mim.

– Ah, não... Não é que eu não queira conversar com você... Não me entenda errado... É que... Eu sou péssima pra papo... É... Eu acho que sou tímida também então...

– Tudo bem... Não tem problema... – ela riu – Você deve ta meio assustada comigo também né? Eu sou meio assim... Como eu posso dizer... Comunicativa de mais... Ta, eu falo de mais... Me perdoe... Ou você estava achando que eu era daquelas meninas que adora esnobar as outras?

– Pra ser sincera, sim, minhas ultimas experiências com lideres de torcida não foram as melhores... Me desculpe se eu fui grossa com você... É que eu não tô acostumada com a hospitalidade das pessoas desse colégio...

– Sem problemas, não tô te dizendo que não exista pessoas assim aqui nesse colégio, mas são a minoria e se você não procura-las elas não vem até você... Mas a maioria aqui é legal e gente boa, você vai curtir... Porque a gente brinca que esse colégio é o refugio da maioria, muitos que vem pra cá é porque sofria na outra escola... – ela falou olhando pra sala toda que estava quase toda cheia, só tinha alguns parados na porta.

– Ah... Mas quem são então... Pra eu evitar qualquer tipo de encrenca com elas... – Eu disse dando um sorriso pra ela – Uhnn... Então Kathy... Eu acho que as suas outras amigas não gostaram de mim... – Eu disse olhando pro grupinho me olhando com uma cara estranha.

– Não liga pra elas, elas só estão com ciúme, elas são assim com todo mundo, mas daqui a pouco passa, deixa elas se acostumarem com você...

– Ah... – Eu ri, ela era uma menina legal,outras três meninas, uma delas passou pela minha mesa e olhou Kathy e eu de cima a baixo, provavelmente essa eram as meninas de quem ela tinha me falado.

– Acho bom você emagrecer... - Ela olhou pra mim mais uma vez - E rever seus conceitos de amiga Kathy... Você não quer perder seu lugar na liga de lideres de torcida não é?

– Samantha acho bom você se por no seu lugar, se não quem perde o seu lugar no grupo é você, ou você se esqueceu de que EU sou a nova líder do grupo? Uhnn... Já sei ta tudo muito novo pra você né?

– Acho que você se esqueceu de que você só é a nova líder porque EU pedi ao meu pai... Ou você se esqueceu de que o MEU pai é o diretor E treinador daqui? Você sabe que do mesmo jeito que eu fiz você se tornar uma líder eu posso muito bem te por pra fora do grupo... – Ela deu um sorrisinho falso e saiu andando.

– Hey, você não pode ir falando assim, com as pessoas não ta? Ninguém aqui é um fantoche seu não... – eu disse indo atrás dela, a Kathy até tentou me segurar, mas não deu.

– Hey garota! Você ta falando comigo? – ela me olhou dos pés a cabeça com uma cara de nojo – Aliás, quem você pensa que é pra ao menos dirigir a palavra a mim hein ô coisinha?

– SAMANTHA! – a Kathy gritou tentando amenizar o que já era uma discursão

– Ah... Como você mesma disse, uma coisinha... – eu disse em tom de ironia - Que graças a Deus não é como você... Aqui, seus pais já te ensinaram que o mundo NÃO gira em torno do seu umbigo? E você não é a rainha aqui pra mandar e desmandar nas pessoas!

– Acredita que os meus pais me ensinaram que TUDO é com quem EU quero e da maneira que EU quero! Porque EU posso! Entendeu bem? Eu falo da maneira que eu quero com quem eu quero! Se eu quero que você não fale comigo você não vai falar... Agora sai da minha frete, eu estou perdendo o meu precioso tempo contigo garota...

– Engraçado, eu também tava pensando a mesma coisa! EU estou perdendo meu tempo com alguém tão fútil e sem cérebro... Realmente não compensa... –eu dei um risinho falso pra ela e sentei no meu lugar.

– Então Samantha, Katherine e Hayley? A aula já pode começar? – A professor disse colocando as coisas dele em cima da mesa

– Claro professor... – a Kathy disse de cabeça baixa

– Uhnn... Não sei professor, não sei se quero assistir a sua aula... Sua voz me irrita... – Samantha falou sem nenhum medo ou piedade e olhando pra ele com toda a antipatia que ela podia enquanto se sentava em cima da mesa dele.

– A porta esta aberta Samantha... Ninguém é obrigado a assistir a aula... – Eu gritei olhando para o meu livro, pude ouvir alguns gritinhos na sala. Parece que não era só eu que odiava aquela menina ali...

– CHEGA DE DISCURSÕES NA MINHA AULA... Samantha já pra sua mesa ou eu vou ter que por você pra fora da sala, Hayley fique calada...

– Tudo bem... – Eu joguei o livro na mesa e me levantei – Agora quem ficou sem vontade de assistir sua aula foi eu...

Eu peguei minhas coisas e sai da sala deixando o professor me chamando. Eu acabei indo pra quadra e fiquei vendo os meninos fazerem educação física, fiquei quase a aula toda lá.

Acabei conhecendo um garoto chamado Jeremy que estava lá também de bobeira. Nós conversamos o tempo todo até a namorada dele aparecer. Ela também ficou conversando com a gente um pouco e ela também era muito legal, o nome dela era Sarah. Depois os dois saíram de lá e eu voltei a ficar sozinha, pelo menos era o que eu achava que estava.

– Heeeeeeeeeeeeey! – o Josh apareceu e se sentou do meu lado rindo – Depois de uma discursão com a Samantha veio pra cá esfriara a cabeça? Faz bem sabe...

– Hey... Como você sabe que eu discuti com a Samantha?

– Uhnn... Digamos que... A escola inteira já sabe e está comentando... Mas é verdade que você enfrentou ela mesmo, depois ela discutiu com o professor, como sempre, e depois você simplesmente saiu da sala?

– Ah... É... Ela tem que se por no lugar dela, eu estava conversando com uma menina e ela veio falar abobrinha com a coitada... E depois ela disse que não queria assistir a aula dele, quando eu a respondi o professor me mandou ficar calada, então eu peguei minhas coisas e saí da sala... Mas como assim, todo mundo da escola está comentando?

– Ta... Todo mundo ta falando... Acho que as amigas do Samantha e a própria estão espalhando pra escola inteira o ocorrido, uns falam que você fechou a boca da Samantha e outros estão falando que você foi “esculachada” pela Samantha... Então eu fique em duvida...

– Não foi nenhum nem o outro... Eu só disse que não ia perder meu tempo discutindo com quem não tem cérebro o suficiente pra isso... Eu não fiz nada de mais...

– Uhnn... A ta... Mas e ela? O que ela fez com você? O que ela fez pra essa discursão começar? Ela te falou algo? Te ofendeu?

– Ela falou com a Kathy, que era a menina que tava conversando comigo que ela devia rever os conceitos de amizade dela... Eu tô cansada dessas patricinhas de meia tigela tentarem me por pra baixo... Então eu fui tirar satisfação com ela e aposto que agora eu virei o alvo dela... Pra tudo...

– Uhnn... Devo concordar com você... Nas duas coisas... – ela falou rindo um pouco sem graça e olhando pra frente.

– Como assim? – Eu olhei pra ele sem entender – Me desculpa não entendi o “nas duas coisa”

– Na que você vai comer o pão que o diabo nas mãos do Samantha, mas que você tava certa em enfrentar ela e não deixar ninguém te por pra baixo de novo... Mas não se preocupe com a Samantha, eu não vou deixar que ela faça nada de mal com você... Isso eu posso te garantir... Com a Samantha eu me garanto... Não se preocupe ok?

– Uhnn? E o que você vai pedir em troca? Acho que eu não sou nerd o bastante pra fazer as coisas pra você... – eu disse rindo – E... Nem fazer outras coisas... – Eu disse rindo mais ainda, ele também caia na gargalhada.

– Não... Eu vou pedir dinheiro mesmo... – ele soltou uma gargalhada – Brincadeira, eu não vou pedir nada não... Vou te ajudar porque eu não concordo com o que a Samantha está fazendo, melhor, não concordo com o que ela faz com todo mundo, não que eu queira algo em troca... Relaxa... Não sou nenhum mercenário... Mas porque você achou que eu ia te pedir algo?

– Por que é o que os garotos fazem, eles não fazem nenhum favor á uma menina sem pedir pelo menos a virgindade dela em troca...! – Eu disse fazendo uma careta, ele riu.

– Nossa! Não, eu não sou assim... Não se preocupe... – ele falou já me olhando com os olhos bem arregalados e segurando a risada – Eu não costumo correr atrás da virgindade das meninas... Isso não é legal...

– Uhnn... – Eu fiquei olhando pra frente, para um casal apaixonado se beijando do outro lado da quadra.

– O que? – ele olhou pro casal e pra mim rindo.

– Nada... Eu só tô pensando... Eu não vou cair na história que provavelmente aquela menina acreditou... Eu não vou me apaixonar por ninguém...

– Uhnn?! Porque não? Você tem algum superpoder que manda no seu coração e não vai deixar isso acontecer? E porque você acredita que não vai se apaixonar por ninguém?

– Por que eu não quero... Essa baboseira de amor não existe... Nunca existiu... Isso só existe pra fazer uma pessoa se machucar... Eu vi isso durante anos na minha casa, o amor não existe, e a partir do momento que eu vi meus pais chorando por causa desse “Tal amor” eu prometi pra mim mesma que não vou me apaixonar, não vou amar ninguém... Nem escrever coisas sobre isso...

– Nossa! Eu não posso fazer você mudar de ideia, mas eu sei que como você diz “esse tal amor” existe e que um dia alguém vai te mostrar isso...

– Você é mais um que acredita nele? As pessoas usam isso pra machucar as outras... Falam que amam as outras, mas daqui a pouco elas estão brigando por causa de alguma traição por parte de um dos dois ou alguma coisa pior... Talvez o amor exista mesmo... Mas um amor diferente, amor que vem da família, dos amigos... Por que esse amor... – eu apontei pro casal – ele já deixou de existir a milhões de anos atrás...

– Você no fundo sabe que isso é mentira, você sabe que ele existe, mas tem essa barreira em você, esse seu trauma que não te deixa acreditar nele, com isso você pensa assim, mas vai aparecer alguém que vai te fazer voltar a acreditar nele... Eu sei que vai...

– Será? – Eu disse dando um sorriso desanimado – Será que tem alguém vai um dia me fazer mudar de ideia? Por que eu acho difícil, bem difícil mesmo aparecer alguém que me mostre esse amor que você disse que existe...

– É só um questão de tempo... – ele falou rindo parecia que ele tentava me fazer mudar de ideia – Você vai ver e depois ainda vai falar comigo que eu estava certo...

– Você fala “é só uma questão de tempo” como ser quisesse me fazer mudar de ideia... O que mais me faz pensar que você é algum tipo de ser sobrenatural! – Eu disse rindo

– Mas em momento algum eu neguei isso pra você... – ele falou rindo e tacando umas pedrinhas longe.

– Uhnn... Deixa eu adivinhar o que você é então... Você é um vampiro que quer se aproximar de mim só por causa do meu sangue... Por isso você aparece do nada, lê meus pensamentos, sempre está onde eu estou...– Ele riu de novo- calma é só uma brincadeira... – Eu disse rindo

– Uhnn... Digamos que você acertou... – ele falou sério – Sabe, eu vim lá da Transilvânia só porque eu descobri o seu tipo sanguíneo... E sei que ele é muito raro... E uma delicia por sinal... Os tios lá falaram pra eu ti levar pra lá pra fazer a parada da partilha sabe... Mas por favor, não conta pra eles que eu te contei ta? Se não, ferra com o plano e depois que vai se ferrar vai ser eu, vai ser o meu pescocinho que vai virar o prato do dia... De novo...

– Ah ta... Claro... – Eu disse tentando parecer séria – E você acha que eu vou deixar você se aproximar de mim agora por causa disso... E... Não me leve a mal... Mas vampiros costumam ser mais... Musculosos e mais fortes... – Eu disse tentando segurar o riso

– Ah... Sim... Você pegou um pouquinho pesado agora... – ele riu sem graça olhando pra baixo – Mas é porque eu estou crescendo ainda sabe... Não chegue a faze adulta... A pesar de já ter 14 mil anos...

– Ah claro... Me perdoe então... Só te aviso que vai ser um pouco difícil você me pegar então... Não parece, mas eu sou bem mais forte do que aparento... – eu disse me afastando rindo

– AAAAAAAH claro! – ele me olhou toda e depois riu – Bem forte, tô vendo e agora, eu que sou um vampiro, já estou com medo... Tremi todo por dentro quando ouvi isso...

– Que bom... Uhnn... Eu tenho que ir... Já matei aula demais hoje... Mas... A gente se vê por ai, Drácula...

– AAAAAAAH espera aí... Fica mais aí... Vai assistir só a ultima aula de hoje pra que? E outra, que aula que você tem agora? O Drácula aqui não gosta de ficar sozinho sabe... Me acompanha nesse aula agora vai?

– Você já ficou sozinho 14 mil anos Drácula Josh... Algumas horas a mais não faz diferença... - Ele me olhou com um olhar suplicante segurando o riso – Tudo bem, eu fico... Mas não se acostuma ta? Você não vai ter minha companhia por toda a eternidade...

– Se eu te morder eu terei porque você além de se apaixonar por mim, não vai morrer nunca... Só se algo te acontece ou você cometer algum vacilo com os chefões... Mas eu sei que você se sai muito bem nessa...

– Ah... Me apaixonar... Eternamente... Não, obrigada... Eu prefiro que vocês me matem... Se numa vida mortal, se apaixonar é algo que está longe dos meus planos, imagina sendo imortal! – Ele me olhou com uma cara de frustrado e eu ri.

Passar o resto da tarde conversando com Josh foi ótimo, eu ria de tudo o que ele falava. E os restos dos dias na escola tinham sido assim.

Éramos um grupo engraçado, por que tinha gente de todo jeito e de todas as idades, tinha o Jeremy com a Sarah, que eram os mais velhos, tinha o Josh que era um ano mais velho que eu, e o irmão do Josh, o Zac, que era o mais novo da turma e a Kathy que eu acho que tinha a minha idade.

Meu aniversário se aproximava e eu me desesperava cada vez mais, pensar em tudo o que tinha naquela festa me fez entrar em pânico. As aulas tinham terminado, mas a gente sempre se via, ou marcando um boliche ou algo do tipo.

– Hayley! Telefone querida... É aquele seu amigo que eu acho que você deveria pegar... – minha mãe disse me entregando o telefone, eu pegue o telefone correndo com medo que ele escutasse algo.

– Mãe! – eu tirei a mão do fone e atendi – alô Josh?

– Oi Hayley... – ouvi um risinho dele no fundo – Eh... Te acordei?

– Não... Não acordou não...

– Você parece que ta com uma voz de sono, mas enfim, a galera ta combinando ir numa pizzaria e um boliche hoje, anima?

– Uhunn... Que horas?

– As meninas estão querendo ir à noite... Da pra você?

– Uhunn... Aonde a gente vai se encontrar?

– Lá na pizzaria, a que tem perto da casa do Jeremy... Lembra que a gente foi lá um dia desses... A pizzaria que o Zac levou um tombo... Ai depois a gente segue para o boliche...

– Ah Ta... Beleza então...

– Então ta combinado? Beleza... Até mais tarde ta? Beijos... – eu ri e desliguei o telefone, eu não podia mandar “beijos" pra ele com a minha mãe perto, seria o fim.

– Uhnn... Mãe, que horas a gente vai sair pra olhar o vestido? - Daqui a pouco meu anjo por quê? – ela riu e se sentou na minha cama do meu lado – Vai sai hoje com os meninos lá?

– Uhunn... A gente vai ao boliche... Tem problema?

– Nenhum filha... Só não chegando tarde... Mas sabe, eu tô adorando essa sua nova vida... Saindo com os amigos... Aliás, você arrumou amigos, e até um gatinho...

– Mãe... Para com isso, Josh é um amigo igual ao Jeremy e o Zac... Até parece que a senhora é louca pra que eu arrume um namorado!

– Em certas partes e em certas horas eu sou sabia? Eu ia adorar se você namorasse... Eu ia ter certeza que a minha menininha cresceu.

– Mas eu não preciso ter um namorado pra senhora ter certeza disso... Eu cresci... E eu já falei pra senhora sobre essa história de namoro, de amor e etc... Eu não acredito nisso... – Eu disse olhando pra minhas mãos, deixando vir na minha cabeça aquele dia na quadra com Josh.

Pensar naquele dia fez meu coração acelerar. Minhas ultimas semanas tinham sido assim, pensar ou ver o Josh era o motivo do meu corpo ter reações estranhas, arrepiar, faltar o ar, acelerar o coração... Sem contar nas horas em que eu me pegava pensando nele ou nas muitas vezes que eu sonhava com ele. Ou às vezes perdia o sono pensando nele. Eu sacudi a cabeça pra afastar esses pensamentos

– Uhnn... Tem certeza... Que foi? Tem alguma coisa que você queira me contar? – ele riu e colocou a mão nas minhas costas.

– Tenho não mãe... Por que teria? Não ta acontecendo nada... Eu só... Tô pensando umas coisas aqui... Então? O que temos pra arrumar hoje? – Eu disse me levantando e tentando mudar de assunto

– Só seu vestido mesmo... As outras coisas seu pai já está organizando... Eu espero que você esteja animada pra festa... Não quero estar te obrigando a algo que você não queira... A festa é pra você se divertir, não ficar emburrada...

– Eu tô tentando ficar animada, mas ainda acho desnecessária essa festa... Só Deus sabe o quanto eu odeio vestidos e danças... Mas tudo bem, eu prometo não ficar emburrada no dia da festa, e eu tenho certeza que a Kathy não vai me deixar ficar emburrada... Quando á isso pode ficar despreocupada...

– Ok... Vou confiar nessa menina... Olha lá hein? – ela riu e ficou de pé – Então eu vou te deixar sozinha pra você se arrumar porque já estamos atrasadas... Nashiville nos espera para as compras... – ela falou rindo toda animada depois ela me mandou um beijo e saiu do quarto – Não demora ta filha? – ela gritou depois que fechou a porta.


Ver minha mãe animada para aquela festa me deixou feliz, eu ate me sentia um pouco mais animada. Corri ate meu guarda roupa e escolhi algo pra vestir. Amarrei meu cabelo e desci as escadas pulando de um em um degrau.


A ida pra Nashville foi muito divertida, minha mãe me levou em um monte de lojas, vesti um monte de vestido ate achar o que minha mãe considerou o “perfeito, o magnifico, o certo, o que dava certo com meu jeito meigo e doce”. Ela me olhava maravilhada.

– Então mãe... O que você achou? - Owwwwwwwn preciso falar? Ta lindo filhinha! – ele me olhava encantada, parecia ver um anjo, ela já tava quase chorando, parecia ser o meu vestido de casamento.

– Eu tô me sentindo uma noiva... Sério... – Eu disse rodando – O que mais eu tenho que usar com isso?

– A tiara!- a moça da loja veio com uma coroinha pequena na mão e mostrou pra minha mãe

– Mãe, esse dinheiro que a senhora está gastando comigo é desnecessário! O aluguel desse vestido deve ser um absurdo!

– Shiii... Não vem com isso agora... E não tem nada de absurdo aqui... É tudo aceitável... E, aliás... Você merece muito, afinal, é o seu aniversario de 15 anos, lembra?

– Mãe... A gente não pode ficar se dando ao luxo de promover uma festa de 15 anos como essa... Salão, Buffet, aluguel de roupa... Fica tudo muito caro... – eu disse tentando por um pouco de juízo na cabeça da minha mãe, ela riu e me puxou pra onde ela tava sentada. Ela sentou do meu lado e segurou minha mão.

– Filha, eu sei que você tem razão, mas você não precisa se preocupar, não parece, mas eu tenho juízo e sei o devo ou não fazer... E outra, seu pai esta ajudando em tudo, mas, por favor, não se preocupe com essas coisas ta bom? – Eu respirei fundo e ri

– Eu tô sendo uma velha chata e rabugenta não é?

– Uhnn... Posso ser sincera? – ela me olhou segurando o riso– é... Digamos que... Um pouquinho.... – ela me olhou e riu

– Ok... Eu vou tentar não ser assim... É que eu me preocupo com o... – eu me aproximei dela pra falar bem baixinho – Nosso orçamento esse mês... Tudo bem que o papai está ajudando, mas eu não quero dar gastos e prejuízos para vocês dois...

– Já disse pra não se preocupar... Isso é um presente que a gente sempre sonhou em dar pra nossa filha, nós dois já sonhávamos com isso antes mesmo de você nascer... Eu e o seu pai já imaginávamos até o seu vestido e com seria... – Eu ri e encostei a cabeça no colo dela e ela ficou mexendo no meu cabelo. –Minha lindinha... Tem certas coisas que ainda não são suas preocupações e sim dos adultos... Você tem que curtir as coisas da sua idade, se preocupar com coisas da sua turma... Deixa as outras coisas com a mamãe... Vamos combinar assim?

– Ta... Eu vou tentar... – Eu disse dando um sorriso – Uhnn... Mãe, eu vou ter que dançar valsa mesmo?

– Vai... E a senhorita já escolhei os garotos e as garotas que vão dançar? – ela falou me colocando sentada de novo, eu sabia que ela ia me matar quando eu falasse que não.

– Uhnn... Já... Quer dizer... Mais ou menos... Eu não tenho 15 amigas e 15 amigos....

– Faz da maneira que você quiser... Do seu jeito... Não sendo necessários os 15 meninos e as 15 meninas... Entende?

– Ah ta... Então eu vou falar com as meninas hoje...

– Você vai ver com elas hoje?

– Elas vão ao boliche com a gente... Bom, eu acho que são três meninas e três meninos. Então dá pra fazer os casais...

– E você? Quem você escolheu pra dançar com você? - Não escolhi ninguém ainda... Eu não sei dançar...

– Você aprende, mas tem que ter a sua valsa meu amor... Se não, não tem graça...

– Mas quem vai dançar comigo? O Jeremy vai dançar com a namorada dele, o Zac vai dançar com a Mary e o Josh com a Kathy... Não sobra ninguém...

– E se você... Arrumasse... Uhnn... Outra pessoa pra dançar com a Kathy? Tipo, nada assim... Pretencioso... Só pra você ter um par... Legal...

– Não tem mais ninguém que possa dançar com a Kathy... E por que tem que ser o Josh comigo?

– Uhnn... Por que... Sei lá filha... Ia ser lindo, eu ia adorar...

– Mãe... Sem essa de querer me jogar pra cima do estranho...

– Filha, sem essa ele não é nem um pouquinho estranho... Você não acha? – ele me olhou quase rindo

– Mãe, por mais que eu o conheça á alguns dias, escute bem, DIAS, eu não conheço ele direito... Ele não passa de um estranho pra mim ainda...

– Mas filha tem criar mais intimidade com ele então poxa... – Eu respirei fundo.

– Mãe desista, o Josh não vai ser seu genro... Alias, a senhora não vai ter nenhum genro... - Eu me levantei e sai para o provador pra vestir minha roupa de novo, aquele vestido estava quente demais.

Nós pegamos as caixas com vestido e as outras coisas que eu ia ter que usar e saímos.

A procura pelo sapato foi difícil, por que eu não queria usar salto, mas minha mãe não queria me deixar usar algo baixinho. No final nos decidimos por uma sapatilha.

Eu liguei para as meninas e nós combinamos sobre o baile. Elas ficaram empolgadíssimas com o fato de dançarem com os meninos.

Os dias passaram rápido, e o dia 27 foi chegando com uma rapidez que me assustava. Eu estava no meu quarto mexendo com meu violão um dia antes da festa, quando recebi uma sms da Sarah. Ela não ia poder ir ao meu aniversário. Ela havia caído do skate e quebrado a perna, ela estava com o corpo todo ralado e provavelmente teria que ficar de repouso. Eu teria um problema e tanto agora: Quem dançaria com o Jeremy?