Give Me Love
O inicio de um dia
Suzan POV
Ainda não acreditava que me esbarrei com George Harrison. Justo o George, meu adorado guitarrista. Eu que tanto desejei ser uma sortuda como minha amiga Rosie Donovan, que conseguiu um feito histórico de arrancar um autógrafo do John Lennon sem fazer escândalo e ainda por cima conhecê-lo pessoalmente. Agora sou eu que tenho oportunidade.
Entrei devagarzinho na sala de aula, estávamos tendo aula de História com a Sra. Vandebilt, uma professora de quarenta e quatro anos que reclama demais por permanecer em Liverpool e desejava morar na Irlanda. A qualquer momento vou dizer pra essa solteirona largar tudo e ir mesmo morar em Dublin.
–- Sabia que está atrasada de novo, Sue? – Sussurou Rosie, que senta atrás de mim, formando dupla com minha outra amiga, Jane Berkley.
–- Eu sei disso. - Respondi entre risinhos. Sim, ainda estava sob o efeito da alegria de hoje de manhã. – E também tenho uma novidade pra contar!
–- Jura? - Os olhos de Jane brilharam no instante que disse a palavra. Sabia que ela curtia novidades, ainda mais relacionadas às bandas que mais gostamos, sobretudo os Beatles.
–- Atenção, alunos!—A voz estridente da Sra. Vandebilt impediu de falar minha noticia extraordinária. – Hoje vocês farão uma redação de 30 linhas sobre a Revolução Industrial, para entregar hoje às dez e vinte.
–- Aaahh...!! – Essa foi a exclamação preguiçosa de todos nós, inclusive eu. Primeiro, odiava redações e segundo ia me consumir um bocado de tempo escrevendo sobre a era industrial na Inglaterra vitoriana. Desse jeito não irei ao meu encontro com George. Mas espere! Eu adoro George Harrison e fui eu quem o convidou para sair. Então por ele faço todo esse sacrifício.
–- Sem reclamações, gente. Comecem a fazer!
Todos abaixaram as cabeças e seguiram escrevendo numa folha do caderno de redação e eu super concentrada, comecei a escrever. De inicio as palavras não saíram de jeito nenhum, mas por mágica me surgiram letras, frases e imagens históricas. Lembrei-me de quando estudei para a prova e tinha como tema a Revolução Industrial. A engrenagem da minha escrita começou a funcionar e minhas mãos descreveram tudo.
Quando cheguei à metade, Jane se levantou e foi entregar sua redação para a professora. Em seguida foi à vez de Rosie e mais uns quatro alunos cumpriram com a tarefa. Ainda escrevia quando Jane me chamou a atenção.
–- Diga, Suzan. O que queria mesmo nos contar?
Aproveitei a distração da professora numa conversa com um aluno contestador e me virei para contar.
–- Eu vou sair com George Harrison!
–- O QUÊ???—Exclamaram Jane e Rosie com um tom alto para a Sra. Vandebilt ouvir e nos repreender.
–- Quietas todas vocês! Mais uma conversa que ouvir das senhoritas e eu vou anular suas redações. Entenderam?
–- Sim, Sra. Vandebilt.
Vi Jane e Rosie saindo da sala depois do xingamento e dizendo que vão me esperar. E ainda restavam uns quinze minutos para encerrar a redação.
George POV(nove e quarenta da manhã)
Por sorte mesmo ninguém me reconheceu. Não só por que não usava meus ternos bem passados e sim me escondia verdadeiramente como um espião. Olhava a cada instante para o colégio onde minha adorada “nova amiga” estudava. Se ela me garantiu se encontrar comigo, nesta árvore gigante às dez e meia, então devo confiar em sua promessa.
O que não contava era a presença (quase imperceptível) do Ringo Starr.
–- Hey, George! O que está fazendo aqui nesta árvore?
–- Estou... Esperando alguém neste colégio.
–- Espera depois. Vamos rápido ali no estúdio. O Brian quer nos falar sobre a gravação do próximo single.
–- Cara, não dá! Eu vou esperar a Suzan e...
–- Opa, quem é Suzan? – Espantou Ringo. Droga, não devia falar dela.
–- Ok, vamos pro estúdio onde vou contar tudo.
Chegando lá, os outros dois, John e Paul, escreviam e trocavam idéias para as músicas e melodias que deve ser adicionadas ou não. Afastamos-nos um pouco para eles não nos ouvirem.
–- Não conta pro Brian. Eu vou sair com um broto lindo.
–- Ah é? Aposto que é a Pattie Boyd. Afinal ela deu muita chance para você. —Disse Ringo, todo animado e meio esquecido da menina Suzan na qual mencionei antes.
–- Não é com a Pattie. É uma garota de Liverpool.
–- Cara, cuidado com essas garotas. Elas querem sair com nós porque somos famosos. – Agora o baterista ficou em alerta. Na verdade ele sempre ficou em alerta para tudo.
–- Eu sei, cara. Mas essa garota é bem linda. Eu quero apenas uma chance de...
Antes mesmo de falar o que gostaria, Brian se intromete.
–- Uma chance do que mesmo, George?
Droga, mil vezes, droga!
–- Uma chance de poder cantar mais uma música, Brian. Poxa, gostaria muito de cantar mais músicas junto com Paul e John.
–- Eu também quero cantar, Brian. – Agora Ringo me ajudou na persuasão.
–- Hum... Não sei, viu? Mas farei o que estiver ao meu alcance. Não garanto nada.
Assim que ele saiu, Ringo e eu continuamos a conversar sobre meu encontro.
–- Agora entendi tudo, George. A menina que disse antes, a Suzan, é com ela que vai se encontrar, é?
–- Essa mesma. E quanto tempo o Brian vai ficar nos consumindo com balelas?
–- Está louco de vontade de ir não é?
–- O que acha?
–- Tá, ok! Vamos ver o que o todo-poderoso da NEMS quer falar pra nós.
Juro por tudo que a reunião que Brian sempre faz com a banda é uma eternidade. Parece sermão dominical na igreja aonde eu ia. Olhei o relógio no pulso e tremi de medo pelo horário. Eram dez e quinze. Nossa, quando ele vai parar de falar?
–- ... E é isso, pessoal. Tenho certeza que o próximo single vai vender mais. Agora tenho que ir para a reunião da NEMS. E vocês ficam aqui no estúdio. Não saiam por nada neste mundo, a menos que sejam corajosos o bastante para enfrentar a horda de fãs malucas por vocês.
–- Muito engraçado, Sr. Epstein. Vamos nos comportar, promessa. – Disse Paul ao pegar o caderno e recomeçar a escrever com John.
Assim que Brian saiu, peguei um casaco e sai do estúdio sem avisar John e Paul por medo de ser dedurado ao Brian. Nem dei dois passos e meio quando ouço alguém me chamar.
–- George, me espera. Eu vou junto!
–- Valeu, Ringo. Não acha que está se arriscando demais?
–- Ora essa! Você é meu melhor amigo e não posso deixar um amigo sozinho nas ruas infestadas de fãs. Se quer mesmo se encontrar com essa tal de Suzan, eu vou te ajudar.
–- Obrigado mesmo, meu amigo.
Dez e vinte, chegamos ao colégio e ainda nada da garota. Estava muito nervoso. Também, quando Brian Epstein começa a falar, aquilo vai até altas horas se facilitar.
Suzan, aparece logo!, foi o que pensei de tão ansioso. Mas quando foi dez e vinte e cinco, ela saiu acompanhada de duas meninas. A ruiva eu sei bem quem é. Rosie, a fã de John Lennon e a loira não sei o nome, contudo ambas são muito bonitas.
Suzan caminhou discretamente até onde prometemos nos encontrar e sorrindo tão lindamente para mim, perguntou.
–- E ai, vamos? Conheço uma lanchonete que prepara o melhor sanduíche da cidade.
–- Irei aonde quiser, princesa.—Me surpreendi ao chama - lá de “princesa”.
Era muito bom sair com uma garota sem ser notado por ninguém.
–- Cenas do próximo capitulo—
(Suzan tomando Coca-Cola): --George, eu sei quem você. Mas não quero nada além da sua companhia.
(George quase engasgando): -- Nossa, é a primeira vez que uma garota me diz isso. Mas me achou feio?
(Suzan): – Não. É que... Simplesmente adoro você. Sempre quis te conhecer e...
[John e Paul encontram George e Suzan na lanchonete, ao mesmo tempo que Rosie e Jane entram no estabelecimento]
(John):—Te encontramos, seu guitarrista fujão! Ei, quem é você, broto?
(Suzan, assustada):-- Eu sou Suzan...
(Rosie e Jane aparecem para cumprimentar sem querer):-- Suzan, coincidência te encontrar aqui...
(John fala ao ver Rosie): -- Musa!
(Rosie): -- John!
(As fãs): Oh meu deus! Os Beatles! Aaaaaaaaaaaahhhhhh!
A confusão está armada! Como vão sair dessa???
Continua....
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