Give In To Me

Good Morning, Prince Hans


Ao raiar do sol a pino, cada som oco na madeira dos aposentos reais, amaldiçoados continuamente por Elsa, equivalia a uma martelada no juízo da rainha. Uma xícara de chá não fora o suficiente para fazer com que acordasse bem, afinal. Devido à rotina de compromissos, era de costume a jovem dormir pouco, mas ela jamais estivera precisando descansar como agora, após ter ingerido uma quantidade consideravelmente alta de um vinho forte. Cada som oco na madeira dos aposentos reais, o qual Elsa reprimiu-se por amaldiçoar continuamente, equivalia a uma bofetada pesada de consciência. Você aceitou o vinho, você colaborou. Agora engula a força a sua culpa. Aliás, que horas deveriam estar marcando os relógios de Arendelle quando a mulher saiu da biblioteca, finalmente se encontrou em seu conforto, despiu-se e sem mais tempo para nada, nem pensamentos, atirou-se em seus lençóis? Cedo, ou tarde. Talvez cedo demais para julgar-se por não sentir culpa ao pensar em Anna, e tarde demais para qualquer arrependimento. Não, arrepender-se não, seu confinamento fora um arsenal de tal sentimento, o suficiente para não ter que senti-lo novamente em sua vida. Encare: você precisa de Hans, o embebedou, embebedou-se, o influenciou, permitiu-se e este é apenas o começo. Certamente repetiria isso para si mesma até que assimilasse e tornasse tudo um pouco menos difícil.

– Majestade. Perdoe-me o incômodo, mas a senhorita já dormiu o suficiente, deve preparar-se para o almoço. – Soou a voz hesitante, porém acolhedora, de Kai, entre as incessantes batidas.

– Hmm... Sim Kai. Estou desperta, não se preocupe. Dê-me apenas um tempo, antes das moças entrarem. – Respondeu Elsa finalmente, após certo esforço para abrir os olhos e encontrar uma saída para seus devaneios. O mordomo prontamente assentiu, deixando como rastro, apenas o eco de seus passos distanciando-se.

Após alguns bocejos e massagens nas têmporas, Elsa apoiou-se pelos cotovelos, pondo-se sentada em sua cama, logo emitindo um suspiro de exclamação enquanto o lençol deslizava por metade de seu corpo, expondo-o, levando-a a lembrar de que mal pôs seu traje de noite antes de deitar-se. No entanto, sua atenção foi bruscamente desviada por um reflexo um tanto chamativo em meio ao branco de sua pele, do outro lado do cômodo, no espelho de sua penteadeira: manchas, umas quase imperceptíveis, outras gritantes, várias delas, espalhadas. Instintivamente Elsa levou as mãos ao pescoço e tropeçou para fora da cama deixando o tecido de algodão que a envolvia caindo pelo caminho até o móvel de madeira, o qual a mesma atropelou, chocando-se e murmurando um silvo de dor, estava deveras hipnotizada nas tonalidades de roxo e vermelho que sua pele adquirira que mal notou que a proximidade da superfície de madeira já se esbarrava contra seu abdômen.

– Oh Deus... – Suspirou cansada, com o indicador, reluzindo em um azul anil pela presença de geada conjurada, deslizando sobre as manchas. – Talvez um pouco de gelo ajude... – Repetia para si, até parar nas mais chamativas. – Exceto com estas. – Mordia um lábio compulsivamente enquanto analisava uma forma de esconder com o cabelo, e após desfazer a trança já desarrumada por seu sono inquieto, concluiu imediatamente que deveria usá-lo solto por uns dias.

Os ecoantes passos, firmes e despreocupados demais para serem de Kai, foram ignorados em meio à distração. E logo batidas igualmente hesitantes soaram aos ouvidos da rainha, causando uma agitação súbita em seu gelo.

– Oh, Kai! Ainda não estou decente, dê-me um tempo. – Exclamou Elsa nervosamente enquanto apressava-se a escolher um robe de seda verde oliva e amarrava-o em torno de si, as mãos trêmulas o suficiente para atrapalhar seu revezamento entre cobrir as marcas com os cabelos e amarrar o laço que abarcava a cintura.

– Eu... Não sou Kai, mas pode levar o tempo que desejar. – A voz familiar ecoou arrancando-lhe arrepios e olhares para a fresta embaixo da porta onde havia a silhueta de pés inquietos batendo contra o chão, à espera dela.

Temendo não poder poupar-se de questionamentos sobre o porquê do lendário traidor de Arendelle estar na porta de seus aposentos em um horário tão pacato, a mulher logo tratou de abrir a porta, deparando-se com a imagem de alguém que indubitavelmente havia acabado de despertar, assim como ela. Embora Hans estivesse levemente cabisbaixo, a rainha manteve seu semblante de desinteresse ao observar suas vestes amassadas e os cabelos desgrenhados, porém não conteve o crescente rubor diante da visão da camisa social desabotoada até certo ponto, do modo como deixara, e a notável ausência do colete que ela mesma retirou. Elsa balançou a cabeça como se as lembranças fossem desprender-se de seus fios e levadas pelo vento, limpou a garganta a fim de despertá-lo do silêncio, e ele a encarou, antes de desviar seus olhos brevemente procurando um modo de começar, e finalmente pronunciar um grogue Bom dia, que mais se assemelhou a uma pergunta. Diante disso, Elsa arqueou uma sobrancelha, que logo relaxou e contraiu-se em uma gargalhada fraca, seguida do rapaz.

– Bem, acho que sim. Bom dia, príncipe Hans. – Respondeu a moça, antes de dar-se conta que sua pressa em abrir a porta seria em vão caso ela não o mandasse entrar de uma vez. – Oh, acho melhor você entrar. – Afastou-se, ainda apegada à porta e apertando a maçaneta já congelada, oferecendo passagem.

Após alguns passos, o homem olhou ao seu redor analisando o quarto impecável. Não era à toa que Elsa deva ter fugido diretamente para a Montanha do Norte, em vez de ter simplesmente ido parar no lugar por acaso, visto que ao lado da cama espaçosa havia uma obra detalhada de uma enorme montanha coberta de neve e rodeada de precipícios. Da primeira vez em que esteve no quarto real, não havia percebido que a brancura o dominava quase por inteiro. Tudo ali era de várias tonalidades de branco, exceto as paredes que possuíam uma decoração rústica assim como os móveis. Seu queixo despencou ao subir a atenção para o teto com a projeção de um enorme fractal que cintilava na baixa luminosidade (permitida pelas cortinas marfim ainda fechadas), certamente fora um toque pessoal da própria Elsa. O som oco da porta fechando-se não o desprendeu de sua concentração, mas um clique e um tilintar de chaves fê-lo virar-se para ela apenas para confirmar que estavam sendo trancados, e presenciá-la selar agilmente cada fresta e a fechadura com seus poderes na tentativa de impedir qualquer espionagem. Terminando, Elsa suspirou, e Hans seguiu-a com o olhar enquanto a mesma se dirigia para um chaise lounge próximo à janela, contornado e sustentado por madeira em talha dourada, em seguida acenando para que fizesse o mesmo. Dada à permissão, ele se dirigiu para próximo dela, sentando-se a uma distância segura, nada semelhante ao homem que se acomodou estrategicamente próximo das pernas de sua majestade na biblioteca.

– Vejo que, pelo horário não temos muito tempo. Então, sem mais delongas, eu gostaria de me desculpar com a rainha se me comportei inadequadamente noite passada, digo pelas marcas e... Todos os eventos subsequentes. – Proclamou Hans sem muita tomada de fôlego, engolindo mais alto que devia na expectativa de finalmente saber qual a opinião da dama de gelo sobre isso.

Elsa o torturou por alguns segundos mais, não havia quaisquer indícios de emoção em sua face, aliás, mal o encarava para evitar que seu disfarce se dissipasse. Ela poderia rir do desconcerto do rapaz, visível desde a forma como batera em sua porta até o fato dele não ousar dar um passo sem consultá-la primeiro, ou, no entanto, poderia encará-lo severamente e adverti-lo de suas exigências para com seus limites. A verdade era que nenhum dos dois saberia da reação da jovem, até que ela estalou o lábio inferior que se enrolava preso em sua boca, e respondeu firme:

– O passado está no passado.

– Refere-se à noite passada ou...? – Persistiu Hans, cauteloso, o pouco que se lembrava de suas palavras ecoando em seu juízo.

– Refiro-me a tudo. – Interrompeu-o Elsa, enfática. E nada mais precisaria ser dito para que ambos compreendessem a validade de tais palavras. Houve um passado, e uma vez esclarecido, deveria ser enterrado, junto a qualquer sentimento remanescente do mesmo. Esqueceriam a traição, o encontro atrás das cortinas acompanhado da mágoa, e o reflexo disso nos corações brutais.

Pairou uma quietude desconfortável, ainda mais enquanto as memórias do que se deixaram fazer ainda estavam tão frescas em ambas as mentes. Embora encontrassem alguma dificuldade para recordar com exatidão o encontro passado, certos contatos físicos e palavras penetrantes se tornaram vívidos demais para esquecer. Incomparavelmente menos paciente que a rainha, Hans não se deteve por muito tempo antes de reiniciar a conversa, encontrando-se um pouco mais restaurado de sua timidez inicial.

– Se me permite comentar, estou realmente surpreso por ter feito isto. – Emitiu o ruivo, enganchando o indicador no colarinho a fim de afastá-lo e revelar o hematoma crescente.

– Oh, isso? Você sabe, aparentemente eu quis fazer justiça... – Deu de ombros, posteriormente não contendo os olhos arregalados em surpresa com a intensidade da mancha, levando os dedos à boca para evitar que esta seguisse o mesmo curso.

– Aparentemente? Haveria uma curiosidade oculta em degustar minha pele, alteza? – Perguntou o rapaz entre risos, enquanto suas pupilas flamejavam. Hans estava de volta.

– Bom, ao menos isso será algo que sempre habitará suas dúvidas, enquanto a sua curiosidade em degustar a minha pele foi mais do que notória. Oh, e não falo pelas minhas marcas. – Rebateu a loira, lançando-o um olhar desafiador enquanto as mãos afastavam os cabelos repousantes dos ombros, e deixavam à mostra os tons avermelhados e arroxeados na extensão do pescoço e da mandíbula.

Hans arregalou os olhos surpreso, antes de relaxar vencido.

– Majestade, você é uma rápida aprendiz. – Comentou, arrancando-lhe um sorriso pomposo, o qual ele teve o prazer de acompanhar por um breve momento, antes de sua face contorcer-se em resposta a uma dor aguda repentina e o som da risada desmanchar-se em um gemido de desconforto.

– Há algum problema, príncipe Hans? – Perguntou a moça, franzindo o cenho e posicionando o corpo de frente para ele.

– Caso não lembre, eu não cheguei aos meus aposentos ontem. E como eu sou inquieto durante o sono,... – Pausou Hans, forcejando para não gemer novamente e arqueando a costa na tentativa de livrar-se do incômodo de alguma forma, com as palmas pressionadas nas costelas. – Passei a maior parte do tempo caído no chão.

Elsa abafou o riso com a imagem do rapaz escapulindo do sofá no meio da madrugada, antes de limpar a garganta e encarar as próprias mãos que se esfregavam umas nas outras por força de hábito, levando-a a ter um lampejo de ideia.

– Oh, creio que eu possa ajudá-lo. Vire-se. – Solicitou Elsa repentinamente, encolhendo e esticando os dedos enquanto Hans a encarava desacreditado por cima do ombro após obedecê-la.

Encarando aquelas enormes e rígidas costas, a mulher suspirou inaudível, a ousadia ameaçando deixá-la novamente. Mordiscou a carne maltratada do lábio inferior, enquanto aspirava ao máximo para ganhar tempo e agarrar-se à coragem novamente. Fechando os olhos e adquirindo concentração, Elsa pôde diminuir a temperatura de suas mãos sem comprometer o clima do cômodo inteiro, os longos dedos brancos tornando-se azuis e gelados, sem incomodá-la de qualquer jeito. As finas mãos percorreram vacilantes por baixo da camisa até onde antes jaziam as de Hans.

Ao sentir o equivalente a uma bolsa de gelo em sua costa, o príncipe estremeceu involuntariamente erigindo a coluna e lamentando de dor quando as mãos glaciais tocaram a contusão.

– Ora, eu sei que não se trata de uma boa sensação, mas logo irá se adaptar e ficará dormente. – Disse Elsa em voz calmante, enquanto expelia mais geada onde latejava a dor, levando o rapaz a fungar abafando um grunhido.

– Saiba que eu não me incomodo com o seu gelo, é apenas o contato dele com meu machucado. – Afirmou o homem com dificuldade, o que Elsa respondeu com uma expressão inicialmente incrédula, que relaxou gradativamente à medida que ela realizava que aquilo era apenas fruto do remorso pelo o que ele disse enquanto estava embriagado. Ele está apenas buscando ser gentil para não ser visto como um ignorante que cospe quaisquer romantismos quando bebe. Pensou uma Elsa que, na noite passada, acreditou em cada palavra dita e deveu cada batida agitada de seu coração a elas, mas que naquela manhã, já não entorpecida e, além de sóbria, assustada pela truculência que usaram para revelarem seus desconhecidos um ao outro, sua crença baixara, e sua prisão particular, baseada no ponto de vista que ela tinha de que fechar-se evitava complicações futuras, fora selada novamente em torno dela.

Mal sabia a rainha que a complexidade nem sempre os acompanhava, não, isto se tratava de algo mais simples. Tratava-se de uma sinceridade, nua, simples, e rara, principalmente quando vinda de corações brutais que precisam de vinho para abrir-se. Corações como o dele. Corações como o dela.

Perdida em pensamentos, a mulher mal notou rastros de gelo fugindo de suas unhas e craqueleando por toda a costa do rapaz. Mal notou que o silêncio mediante a dormência, fora imediatamente substituído por suspiro após suspiro enquanto a magia o alcançava onde outrora ele disse ser maravilhoso: a nuca. Jamais notaria o sorriso de plena satisfação escancarar os lábios do príncipe exibindo a inocência do mesmo em pensar que foram suas palavras as responsáveis por levá-la a querer agradá-lo.

No entanto, até os acidentes levam a algo. Elsa instintivamente exclamou em susto ao deparar com o que havia feito, seu gelo dançava com os fios ruivos do pescoço, eriçando-os, seu gelo estava realmente o provocando. Seria loucura repreender seu próprio dom por isso, pois ele era parte de Elsa, ele era Elsa, e a assustava saber que sua representação mística de animal arisco interno estava seguindo o instinto voraz de percorrer a costa daquele homem. E todos os seus sentidos já pareciam aguçados à presença dele, seu tato principalmente encontrava-se sobrenatural, visto que enquanto a mágica o tocava e acariciava, ela parecia sentir o toque, sentir o cabelo ruivo sedoso entre seus dedos. Apavorada consigo, e com tudo, a rainha retraiu-se levando seu gelo consigo e repousando suas mãos no colo, o que despertou Hans ao sentir a sensação de refrescância ser tirada dele bruscamente.

– Rainha Elsa? Está tudo bem? – Murmurou ainda de olhos fechados, porém com uma linha de expressão brotando na fronte em sinal de estranhamento.

A rainha apenas suspirou o mais baixo que pôde, ainda assim chamando a atenção do rapaz que relaxou a postura em uma longa respiração, antes de apoiar uma mão no estofado e virar-se para ela. Elsa, embora soubesse que estava sendo observada, preferiu não devolver o olhar, apenas continuou encarando suas palmas abertas sobre as pernas, e, mordendo um lábio, desfrutou de alguns instantes para pensar em sua eminente curiosidade. Ela estava tocando a costa de um homem, estava realmente fazendo isso. Involuntários, os olhos azuis arregalaram suavemente diante da consumação, sendo acompanhados pelos verdes que a estudavam, em sinal da descoberta do que se passava.

Era realmente adorável, pensou Hans. A jovem rainha intrigada, desvendando os segredos da pele e o que se pode fazer com ela. Ela jamais se daria conta do quanto seu gelo o esteve agradando neste meio tempo, assim como nunca revelaria seu desejo. Ela queria tocá-lo mais, era tão claro para ele vendo aqueles olhos escurecidos de vontade, que sorrir se tornou inevitável. E ele o fez, chamando a atenção da moça que finalmente o encarou meio ressentida, relaxando logo após notar que se tratava de um riso afetuoso.

– Eu entendo, já entendi. – Afirmou o príncipe, com sua autoconfiança recém-recuperada junto a mais uma exibição de seu mais novo dote de ler a rainha de gelo, que a esta altura encontrava-se perplexa e um tanto corada.

– No entanto eu não o entenderei se não for mais específico, príncipe Hans. – Elsa limpou a garganta após notar sua falha tentativa de soar indiferente. Embora o ruivo ao seu lado ainda não houvesse apresentado seu palpite do que acreditasse estar se passando nos pensamentos dela, um medo por antecipação a anunciava de que ele estava completamente certo.

A rainha poderia contornar de todas as formas a situação, poderia usar de seus artifícios antes infalíveis para sair vitoriosa na questão, no entanto, o príncipe sabia jogar e quase sempre encontrava uma forma de fazê-la enrolar-se na própria rede. Como ele fez.

– Mais específico? Tudo bem, vossa majestade tem toda a razão, aliás, devo aproveitar da minha especificidade para acabar logo com o provável emaranhado na sua cabeça. – Enfim revidou, enquanto desabotoava rapidamente os últimos botões da camisa amassada, seguido de uma exclamação abafada soando atrás dele.

– Oh Deus... – Sussurrou Elsa, levando os dedos à boca, os olhos feito vidro que refletiam a carne rígida da costa de Hans, salpicada em sardas, definida, e muito, muito convidativa. Azuis arregalados tornaram a escurecer, assumindo um brilho diferente, alheio a um Hans que virado para frente, esperava com paciência uma reação por parte dela. Os sóis azuis a pino sobre as pálpebras tornavam-se poentes na medida em que a jovem os semicerrava, enquanto deslizava seus dedos sobre os lábios, inconscientemente, assistindo o resto de tecido escorregar para os cotovelos do príncipe e revelar o que a mulher ansiava por completo. Mão desliza para o queixo e cai debilmente sobre as pernas. Hesitante, Elsa toca um indicador no início da coluna, e o mantém ali enquanto aguarda o príncipe virar a cabeça para o lado e fitá-la de soslaio.

– Promete não morder? – Zombou o rapaz, imitando uma faceta de medo por pouco tempo, ao passo que ela arfava horrorizada em resposta. – Ei, estou brincando, vou ficar bem. Vá em frente. Pode ir. – Instigou sem abandonar um sorriso ansioso por satisfação, ousando lançar uma piscadela.

Voltando-se para sua descoberta, a mulher iniciou seu percurso, repousando inicialmente cada palma sobre uma omoplata, os dedos curvando-se para aumentar a pressão sobre a pele, sentindo uma agitação que significava que o rapaz respirava pesadamente. O olhar expandiu-se de excitação, enquanto a boca entreabria-se ao passo que Elsa descia ao longo de seu mapa humano, chegando ao dorso, sentindo com precisão a colaboração do príncipe enquanto ele arqueava e erigia a postura expandindo o contato. A rainha mordeu o lábio, enquanto vagueava a visão por todo o local que poderia livremente tocar, as mãos geladas e imóveis onde estavam. De repente a pele não estava em foco, tampouco as sardas, e sim um ponto qualquer à frente de ambas, encarado pela jovem enquanto pensava no que poderia fazer a seguir. Uma parte conhecida de Elsa, com a qual já estava se acostumando, apenas rogava para que as mãos se mexessem e desfrutassem para proporcionar sensações a ela própria. No entanto, uma outra parte, estrangeira, chamou-lhe a atenção: ela queria mexer as mãos, igualmente, porém, seus sentidos aguçavam-se para ouvir qualquer suspiro masculino e sentir qualquer mudança no corpo daquele homem que confirmasse que ela o estava fazendo sentir. Essa outra parte... queria satisfazê-lo. Não, não o daria este privilégio. Elsa balançou a cabeça, apertando os olhos tentando afastar o sentimento estranho. Poderia ter obtido sucesso, poderia ter resistido e desviado do caminho que a carne do rapaz pretendia guiar suas digitais, até atentar-se a uma agitação diferente, um estremecer, que não fazia parte dela. Era ele.

– Rainha Elsa? – Ouviu-o chamar, assim como sentiu a secura instantânea na boca diante do tom por ele usado. Era irrevogável a súplica por mais, naquele timbre grave e trêmulo, acompanhado de uma respiração ofegante, que a rainha poderia assegurar que não era uma resposta ao seu frio.

Qualquer mero observador notaria a explícita impaciência do príncipe Hans. Elsa sentiu-se lisonjeada, realmente, durante seus poucos contatos em que seus medos exigiam o contrário por parte dele, e ele gentilmente o fez, no entanto, agora, quem estava com medo? Impressionante, ela não estava, e ele não precisava ser gentil agora. Havia uma terceira parte, recém-descoberta pela loira platinada: uma completa satisfação ao pensamento de poder provocá-lo.

Assim, a rainha expirou determinada, enquanto descia para a região ilíaca do rapaz e forcejava sobre o local para apoiar-se, não deixando de perceber um ruído vindo do mesmo, enquanto ela se endireitava, dobrando os joelhos e sentando sobre as pernas, totalmente de frente para as costas. Fechou os olhos, mantendo a respiração pacata, enquanto deixava seus instintos a guiarem, e então arrastou as palmas para o lombo masculino. O quarto abafado somado à agudez olfativa, lhe permitiram embeber-se pelo aroma dos resquícios do conhecido almíscar misturado desta vez ao château da noite passada, uma mistura perfeitamente recebida pelas narinas femininas, e absurdamente instigantes, ao passo que as unhas roçaram sobre as sardas em resposta, e continuaram fazendo-o enquanto dirigiam-se às costelas, onde havia dor. Os demais dedos acoplaram-se aos lados do príncipe, oferecendo aos polegares um encaixe no centro. Ao experimentar o toque do meio de sua mão no músculo, um formigamento exigiu avanço, e ela o fez imediatamente, apertando-o, querendo mais, sentir mais, oferecer mais. Enquanto inconscientemente Elsa o massageava, Hans engasgou de surpresa, seguindo com um silvo de dor devido à inflamação persistente onde ela o pressionava. Sons, eles maltratavam o coração da rainha, manipulavam seus instintos, levando-a a entreabrir os olhos e concentrar-se em circular o polegar para amenizar a dor, e a concentrar sua magia no ponto onde era necessário, a fim de que pudesse ouvi-lo clamar de novo, desta vez, em contentamento.

– Uau... – Emitiu o príncipe estupidamente, à medida que sentia o alívio percorrê-lo novamente, junto às cócegas agradáveis e o modo como os finos dedos o haviam tomado.

A satisfação foi temporária por parte de Elsa, precisava ampliar sua busca. E então, trilhou as digitais para cima novamente, e ao sentir o atrito de pele contra pele, brotou em seu interior, acompanhada de um suspiro, a consumação de que era o que precisava. Ela precisava de mais atrito. Era bom, e ela pretendia prolongá-lo uma vez que descobriu suas vantagens. Logo se iniciou um movimento contínuo onde as mãos da rainha deslizavam pressionando o dorso do homem, aumentando a intensidade gradativa e paralelamente às vibrações que sentia no local, vindas dele, sinalizando gemidos que nasciam, mas que fervilhavam dentro do rapaz, que provavelmente estava detendo-os por medo de assustar a moça com o que ele estava sentindo.

No entanto, quem estava com medo? Ela precisava disto, naquele instante não havia culpa, havia apenas um maldito instinto, um sangue diferente pulsando nas veias, e uma respiração sôfrega que apenas simbolizava o que os corpos pediam. Não havia o que engolir, não a esta altura. Não quando naquele instante, naquele segundo quando ela não ansiava nada além do contato com ele, e do som rouco dele a chamá-la, surgia a realização em ambas as mentes: desejavam um ao outro, desfrutar ao máximo, até onde poderiam alcançar, cada vez mais, invadiriam instantaneamente cada brecha que pudessem oferecer, até poderem ter livre acesso por inteiro. Algo simples, mas que embora Hans estivesse disposto a revelar, Elsa não pensava igual. Ele não tinha nada a perder, ela, no entanto, perderia tudo se se tornasse dependente disso. Entretanto, naquele momento, aquelas costas a deliciavam, e apenas isso estava valendo para ela. Naquele momento, apenas.

– M-Minha Rainha... – Murmurou Hans ofegante, assim como ela ambicionava, enquanto permitia que seu gelo escapasse e dançasse sobre ele, desenhando caminhos que outrora foram percorridos pelas mãos. Respirações, tão densas quanto o ambiente, tornaram-se mais próximas quando Elsa inclinou-se para ele por impulso e suas mãos passaram a esfregar os braços, em percepção à nova rigidez dos músculos mais definidos no local, enquanto sentiu-se chocar contra as costas, e seus joelhos afastarem-se uns dos outros a permitindo encaixar-se mais próxima do homem, abarcando-o por trás, e finalmente, descobrindo a essência amadeirada proveniente dos fios ruivos. – Minha Rainha, eu... – Tentou o rapaz, em meio à auto repressão para não retribuir o que ela estava provocando nele, atingindo um ponto onde resistir quieto estava difícil, ainda mais diante de um nariz circundando os pelos de sua nuca, e um hálito gelado contínuo e ardente contra sua pele, chamando-o para descobrir de onde vinha.

Ele queria tomar a sua majestade para si, no entanto temia que ela se afastasse por isso, temia que ela despertasse do presente transe em que se encontrava por tocá-lo. Tentou advertir uma segunda vez, engoliu sonoramente, sentindo uma baforada maior ricochetear atrás de si como indicador de que seu nervosismo a divertiu, e enfim falou entre dentes, enquanto seus dedos enrolavam-se em punho para que não se enrolassem em torno de alguma parte do corpo de Elsa, como almejavam. – Se continuar assim, eu não creio que eu possa...

Oh, mas ela não o ouviria. Não atenta o suficiente para processar com o que estava lidando. Afinal, movimento algum por parte dela sessou, continuou envolvendo-o e suas coxas inclusive o pressionaram em meio à sua intensidade. Totalmente fora de controle.

– Rainha Elsa – Balbuciou novamente, enquanto sentia a ponta do nariz femíneo chocar-se contra a parte detrás de sua orelha, jamais facilitando as coisas.

– Príncipe Hans – Respondeu rasante, e com um fundo de antecipação, uma inquietude de alguém que desconhecia o potencial avassalador deste misto de sensações. Perturbava-a o fato de que uma necessidade insana de ouvi-lo sem sessar era a única constância em sua cabeça.

Hans não lia pensamentos, mas a sincronia entre os organismos foi mais do que o suficiente para conduzi-lo a pronunciá-la novamente, e uma vez mais, e sem interrupções, enquanto seus dedos trêmulos e doloridos desempunhavam-se e percorriam cautelosos, o caminho até os joelhos femininos, e percebendo que não havia barreiras, acomodaram-se em torno da base da cocha, recepcionados por uma longa inspiração aguda e audível por parte da mulher.

– Rainha Elsa, por favor, se me permite... – Solicitou Hans urgentemente, enquanto seus polegares circulavam com força sobre a carne da coxa de forma sugestiva.

Sentiu as carícias sessarem por parte dela, e esperou alguns segundos após o afastamento a decisão da moça, não hesitando em prosseguir ao perceber que ela não o havia parado, e sim permitido espaço, afinal, sua pele não era a única que ardia por um contato maior. E como um lobo que acabara de soltar-se de suas correntes, em um gemido semelhante a um rosnado, o rapaz virou-se bruscamente para ela laçando-a entre seus braços e enterrando-se na curva do pescoço, fungando contra a região de modo a arrancar gemidos como sabia que arrancaria devido a sua experiência na biblioteca. Seus lábios formigavam tanto, pediam tanto, e, no entanto, foram ignorados. Nada menos do que se esperava, logo Elsa enrijeceu surpreendida, assim como o príncipe, ao se dar conta de que não se conteve novamente. Ambos permaneceram acuados, detendo-se em uma cautela não preexistente, voltando, portanto ao senso normal. Ombros inquietos em ofegos, aos poucos relaxaram. Hans fora o primeiro a reagir, sorrindo pelo nariz ainda contra a pele pálida, o que Elsa deliberadamente copiou (porém mais parecida com a liberação de um respirar contido, provavelmente desde que o rapaz avançou para ela) a fim de quebrar a tensão. Os finos braços pendidos ao lado do corpo percorreram o caminho até o estofado do assento, para que ela se apoiasse, e bastou apenas tal movimento para que Hans a liberasse e ambos endireitaram-se lado a lado novamente, ainda entre risos pelo ocorrido.

– Me desculpe? – Arriscou Hans, exibindo uma careta sem encará-la diretamente. – Novamente?

– Oh, não, foi minha culpa. – Respondeu Elsa, agitando uma mão enquanto a outra ia ao peito, quebrando brevemente sua calmaria.

– Eu realmente gostaria de corrigi-la majestade, mas... Seria hipocrisia de minha parte tomar a responsabilidade pela situação como um todo. – Admitiu Hans, finalmente fitando-a com uma intensidade inesperada, novamente assistindo ao sobrenatural âmbar crescente ao redor da retina da rainha, que mordia o próprio lábio fervorosamente enquanto corava intimidada por ele. Ao que parecia finalmente alguém se dera conta da dimensão de contato que tiveram nesta manhã. – Ora, não há motivo para envergonhar-se, eu disse para ir em frente com isso porque sabia que era bom para você. Ao que percebi vossa alteza não está habituada a muito contato, principalmente pele a pele... – Começou Hans, erguendo uma sobrancelha pedindo para prosseguir, logo sendo permitido por um dar de ombros e um sorriso por parte da jovem. – E encontrei na sua eminente curiosidade em tocar minhas costas, a oportunidade perfeita para quebrar isso. Afinal, precisamos estreitar nossa... Uh, relação, concorda?

– Sim, claro. Não se preocupe, eu entendo a razão de tudo, tanto que me permiti fazer o que fiz. – Anuiu Elsa, remexendo os dedos entrelaçados distraidamente. Ela obviamente não iria deixar de transparecer o quão mecânico aquilo era para ela, escondendo os sentimentos estranhos que povoaram sua mente apenas para si. – Não há necessidade de pedir perdão por tudo o que faz príncipe Hans. Se fizer algo errado, acredite, será o primeiro a saber. – Concluiu voltando-se para ele novamente, notando que aquelas esmeraldas que jamais deixaram de focalizá-la fechavam-se em assentimento por parte do príncipe.

Repentinamente, o som oco de punhos contra madeira os despertou, como um verdadeiro arauto da realidade, o mesmo que acordou a rainha juntamente com sua consciência.

– Sua Majestade? Presumo que tenha dormido novamente. Pois bem, as damas de companhia logo estarão prontas para arrumá-la. – Kai, novamente.

Elsa engasgou, levantando uma mão à boca em preocupação, enquanto a outra batia contra o ombro do príncipe, agarrando-se ao mesmo.

– Kai! Desculpe-me, realmente, eu não sei o que me deu hoje. Estou pronta para recebê-las. – Gritou Elsa em resposta, agudando a voz mais do que deveria em meio ao nervosismo. Dirigindo-se ao ruivo logo após, em um sussurro tão baixo que este apenas a compreendeu por leitura labial. – Você, se vista depressa, e esconda-se debaixo da cama. Não saia de lá até que eu o chame, por favor. – Sem oferecer tempo para concordância, a rainha o empurrou para que a obedecesse e levantou-se remexendo nos fios platinados novamente, e após alguns segundos em frente ao espelho, voltou-se para o rapaz que já se encontrava agachado próximo ao móvel, erguendo a colcha para infiltrar-se por baixo. – Estão muito visíveis? – Questionou irrequieta, apontando para o pescoço onde se encontravam as marcas registradas do homem, recebendo prontamente um menear preocupante por parte dele.

Outra batida, e Hans praticamente atirou-se em seu esconderijo, e Elsa saltou onde estava, até uma voz reconfortantemente familiar encher seus ouvidos, fazendo a rainha suspirar aliviada.

– Minha rainha? Vim preparar seu banho antes que as outras viessem... – Começou Gerda, antes de ser interrompida por uma Elsa exasperada que em um passo escancarou a porta.

– Oh Gerda! Os céus a mandaram! – Clamou a rainha enquanto puxava uma senhora rechonchuda e bem humorada, no momento surpresa, para seus aposentos e trancava a porta em seguida. Gerda era uma das pessoas que tinham maior acesso à moça, fora sua ama-de-leite, e por ter sentidos extraordinariamente aguçados, não se tornou alheia aos poderes de Elsa por muito tempo, sendo a única a adentrar o cômodo para auxiliá-la em banhos e outras necessidades, quando a princesa estava calma o suficiente para deixar-se ser tocada.

–... Pelo que sei, sua irmã acabara de acordar e estão tendo um probleminha com o cabelo. – Continuou a mulher entre risos enquanto adentrava o local com mais calma. – E quanto a você? Nunca a vi acordar tarde. Noite agitada? – Perguntou, não deixando de notar uma peculiar inquietude por parte da moça em reação. Não parando de analisá-la, notou uma coloração diferente em meio à palidez feminina, ao mesmo tempo em que suas narinas agitaram-se a um aroma que, durante toda a vida da jovem, nunca esteve presente naquele cômodo: almiscarado mas com um toque másculo de pimenta preta e acordes amadeirados, e principalmente, vinho, vindo inclusive da jovem mulher hesitante ao seu lado. Gerda era além de uma senhora vivida, esperta e muito, muito perceptiva, o que a permitia estar convicta de que um homem esteve ali, afinal, além de estranho, aquele cheiro era conhecido por seu olfato como sendo masculino. Outra convicção era de que Elsa esteve bebendo, e de resto, não fora difícil ligar os pontos em sua mente para formar certas conclusões, frente ao hematoma que apenas alguém como ela perceberia na rainha que a esta altura mordiscava o lábio enquanto já esperava sua manifestação a respeito.

– Oh menina, o que houve aqui? – Finalmente a senhora sussurrou preocupada, girando a tranca da porta por precaução.

– Lamento mamã, não posso oferecer detalhes. – A face da jovem contorceu-se em constrangimento, enquanto ela levava as mãos à testa. Gerda sorriu internamente diante da realização de que sua menina finalmente havia crescido, fora preciso encontrar tal situação para se dar conta disso. No entanto, optou por encará-la seriamente, e tomar as mãos suadas entre as suas.

– Diga-me querida, o rapaz que fez isso em você, ainda está aqui? – Perguntou quase inaudível, enquanto um dedo afastava a mecha loira deixando tudo mais à mostra. Elsa abriu a boca para responder que não, na tentativa de enganar a velha mulher ao menos uma vez, até que um ruído bizarro e abafado proveniente do esconderijo de Hans não passou despercebido pela serva, que emitiu uma breve risadinha enquanto a rainha encolhia-se diante da descoberta. – Oh sim, se é assim... Bem, minha querida, eu creio que devemos ter um sério tipo de conversa, mas isto não cabe a mim decidir. Estarei sempre aqui se precisar de alguma coisa.

Um sorriso puxou um canto dos lábios da moça, que acariciou as mãos gordas de sua protetora.

– Sim, claro, eu certamente vou precisar. Bom, eu andei lendo... – Começou a rainha, que brevemente foi cortada por um “Como eu imaginava” da ama, antes de prosseguir voltando ao seu costumeiro conforto na presença dela. –... Mas livros ainda são limitados, tenho dúvidas, ainda. – Continuou, em um murmúrio que apesar de todo o esforço, o rapaz não ouvia de onde estava. – Gerda, eu realmente não posso contar-lhe quem é. Eu queria, muito, mas ainda não posso. Tudo o que pode saber por enquanto é que isto tem me ajudado com a agitação do meu gelo e assim pretendo descongelar o fiorde, afinal, não consigo mais fazê-lo sozinha.

– Oh minha rainha, não se preocupe, conte-me apenas quando achar que deva. – Tranquilizou-a Gerda, sorrindo calorosamente. – Até lá, prometa-me que irá se cuidar.

Elsa teve tempo apenas de assentir, ainda violentamente corada enquanto a serva tomou-a pelo queixo para olhá-la nos olhos enquanto a advertia.

– Agora, estamos atrasadas. Vou preparar seu banho, e daremos um jeito de esconder as marcas com certa quantidade de pó de arroz. Terá de usar o cabelo solto por uns tempos. – Disse a mulher enquanto dirigia-se para a câmara de banho, atentando-se à escolha de óleos de forte fragrância para que eliminassem o odor de álcool da rainha, e a passos rápidos, abria as cortinas, enquanto uma Elsa risonha semicerrava os olhos diante do clarão. – Temos que tirar este cheiro daqui, antes que as outras cheguem. – Balbuciava consigo mesma ao tempo que corria para a banheira, e logo a rainha pôde sentir o exalar cítrico de seu banho pronto afastando os demais aromas presentes no cômodo.

– Obrigada, mamã. – Chiou agradecida. Fora o último som que o príncipe pôde ouvir da rainha antes de se submeter novamente a uma fuga pela varanda assim que Gerda deixou os aposentos para enviar as demais serventes. Elsa recusou-se a olhá-lo nos olhos, a deixar-se rir com ele como esteve começando a fazer, e tampouco o permitiu o privilégio de beijá-la nos lábios como fizeram atrás das cortinas no dia anterior. O motivo, puro e simples, denunciado pelos contrastantes tons avermelhados nas maçãs do rosto e pelas inquietas íris femíneas que miravam qualquer centímetro do cômodo exceto ele, se dera pela realização de tudo o que tinha acontecido. Portanto, ele não a questionou e como prometera a si mesmo, não a pressionou por isso, pois bem sabia que quem realmente estava pondo seus tesouros em jogo, era ela, e somente ela. Apenas Elsa tinha o que perder caso fossem descobertos, aliás, a própria já devia estar considerando-se perdedora de sua dignidade, era uma das constâncias que o príncipe passara a adotar em seus pensamentos desde que as informações de Pabbie foram despejadas sobre a jovem mulher, assim agarrar-se-ia a uma motivação para domar sua nata impaciência. Por ela. Por ambos.