Girls Talk Boys

Perfect Strangers


Layse

Depois de contar sobre a gravidez para todos, no fim, Calum e eu acabamos sozinhos no nosso apartamento.

Eu sentei do lado direito do sofá de couro e ele do esquerdo.

— Então temos 21 anos e vamos ser pais? – perguntou para si mesmo.

— Sim. – respondi sem jeito.

É estranho está no mesmo lugar que ele.

— O que vamos fazer? – levantei a questão virando o rosto.

— Sinceramente... Quando éramos adolescentes eu imaginava uma vida com você, mas nunca pensei em filhos. – confessou me encarando – Quer dizer, até pensei, mas não agora...

Suspirei.

— Mas você vai ser diferente do Gregory. Não é? – deixei escapar nervosa.

A imagem do Greg apertando meu braço no primeiro show dos meninos me veio a mente e não pude evitar sentir náusea.

Levantei apressada e corri para o banheiro.

Me apoiei na pia e respirei fundo.

Não havia nada para vomitar, já que não tinha lanchado.

Esses enjoos vinham acontecendo frequentemente comigo.

Eu devia ter percebido antes que estou grávida, mas achava que era efeito do meu novo remédio.

— Ei? Você está bem? – Calum apareceu na porta.

Liguei a torneira, lavei meu rosto e deixei meu corpo cair sentado no chão.

Comecei a soluçar.

— Não, meu amor... – Cal se ajoelhou a minha frente e me puxou contra si – Não chore. A gente vai conseguir. Prometo. Ok?

— Você prometeu que ficaria casado comigo até que a morte nos separasse. – sussurrei deitada contra seu ombro.

Ele apertou minha coxas e me encaixou melhor em seu colo.

— Ainda estamos casados. – alegou.

— Mas você foi embora... – retruquei – Calum?

Afastei meu rosto do seu ombro e encarei seu rosto.

— O que foi, loirinha? – perguntou segurando meu rosto.

Fechei meus olhos.

— Não me chame assim, por favor. – pedi – Você não é o mesmo que odiei e amei.

Ele engoliu em seco.

— O que foi, Lay?

Lembrei de cada momento que precisei de um pai, dos poucos momentos que tive com Gregory e ele foi um idiota.

— Eu não pergunto só pelos nossos filhos, mas por mim também... – me justifiquei – Você não vai ser igual o Greg. Não é?

Calum arregalou os olhos.

— Ah... Lay, eu não... Nunca! Eu não vou deixar vocês... Não seria capaz! Nunca... – ele parecia agoniado – Eu fui um... Não! Eu sou um idiota, o maior dos idiotas, mas vou ser um pai presente. Eu prometo. Ok? Vou ser o melhor pai que puder e não vou tirar os olhos de vocês em nem um momento.

— Obrigada. – foi tudo que consegui dizer – Muito obrigada, Cal.

Eu tenho consciência que tudo o que estou fazendo é uma humilhação, mas se for para o bem dos meus filhos realmente não me importo.

— É só minha obrigação, Lay. – falou – Preciso te contar uma coisa.

— Se for sobre você ter ido embora, não quero saber, não agora. – deitei novamente nele – Senti sua falta.

Eu posso deixar meu orgulho e minha dignidade falarem mais alto, mas depois de saber que estou esperando três filhos e corro risco de vida decidi optar por apenas falar o que vier a mente.

— Eu também, Lay. Senti muito. – murmurou fechando os braços ao redor da minha cintura.

— Como acha que serão nossos bebês? – perguntei me visualizando trocando três fraldas ao mesmo tempo.

— Não sei... – Cal murmurou – Espero que se pareçam com você.

Ri.

— Você acha que serão meninas ou meninos?

— Não sei... Mas não importa o sexo, um vai se chamar Cayse. – falou decidido.

Gargalhei.

— O quê? Estou falando sério! – alegou – Cayse Hood.

Virei a cabeça em sua direção e o encarei.

— Você está brincando. Não é? – perguntei.

Ele olhou para mim sério.

— Não, Calum. Não e não! Você não vai colocar o nome do nosso filho ou filha com a junção dos nossos nomes! – coloquei as mãos na barriga instintivamente.

Cal riu da careta que eu fiz e puxou meu rosto contra o dele selando nossos lábios rapidamente.

Parei no mesmo instante e me levantei sem jeito.

Ele não devia ter feito isso.

Eu não devia ter gostado.

— Saia do banheiro, por favor. – sussurrei.

— Layse, eu não... Desculpa. – meu marido se levantou e tocou me ombro.

— Cal, não me beija mais... É muita informação.

Apesar de tudo o que Ash contou para mim, não posso me entregar novamente à Calum.

É, pelo visto voltei a a ouvir a dignidade.

— Tudo bem. – murmurou soltando meu ombro – Mas eu posso voltar a morar com você?

Observei seu reflexo através do espelho.

Suspirei.

— Eu vou precisar de ajuda. – "Eu te quero comigo", quis completar – Então sim, pode vim.

Ele assentiu levemente e saiu.

***

Depois de alguns minutos no banheiro vi Calum mexendo no meu notebook deitado no nosso quarto.

— Espero que não se importe, tenho que resolver algumas coisas... – explicou.

Assenti sem jeito.

— Os meninos ainda estão no apartamento da Lyd e da Nam? – questionei entrando no closet.

— O Ashton foi pegar as nossas coisas e vai voltar só amanhã. – falou – O Luke e o Mike foram vê como vamos fazer o novo álbum.

— Como assim? – questionei vestindo meu pijama.

— Agora eu tenho que ficar com você... – explicou.

Saí do closet e o encontrei no mesmo lugar de antes.

— Você vai precisar de todo cuidado possível e por isso não vamos anunciar a data de lançamento do novo álbum para ter um tempo bem flexível...

Concordei e subi na cama deitando ao lado do Cal.

Nos encaramos por alguns segundos, até Calum analisar o resto do meu corpo.

Eu usava apenas a única camisa que ele deixou em casa – porque eu estava vestindo naquele dia – e um short curto e colado. Nada do que ele não tenha visto antes.

— Ahn... – tentou formular – Você.. Ahn... Ganhou algumas curvas. Não é?

Corei como uma adolescente.

— São os hormônios... – falei – Estou com três meses de gestação.

Isso pareceu o despertar.

— Layse, eu não entendo nada sobre isso e vamos ter três bebês... O que eu faço? – ele virou o notebook na minha direção – Estou pesquisando algumas coisas e nossa, tem tanta coisa para comprar e fazer.

Não pude evitar um sorriso.

Cal está se esforçando.

— Por hoje vamos esquecer tudo. Ok? – falei fechando o notebook e o colocando no criado-mudo.

— Lay, eu... – sua voz soou triste.

Entendi o motivo... Eu havia acabado de repetir a mesma frase que ele usou antes de dormirmos juntos uma última vez.

— Está tudo... Não! Não está nada bem mesmo... É muita coisa ao mesmo tempo. Eu estou tentando ser madura, mas é difícil! – me vi falando – Só vamos estabelecer regras. Ok?

— Ahn, ok. – Calum respondeu sem entender muita coisa.

— Você vai continuar saindo com o Ash, vai trabalhar, atualizar suas fãs e tudo o que já fazia antes... Se quiser morar aqui, eu entendo, mas sem beijos ou demonstração de carinho.

— Por quê? – ele me olhou confuso.

— Porque você desistiu de mim e se está aqui hoje é por causa das crianças. – peguei na minha barriga – Só não vamos acelerar as coisas. Ok? Vamos aos poucos...

Ele concordou e se levantou.

— Eu posso dormir aqui? – questionou tirando a camisa e entrando no closet.

Ponderei.

— Pode.

"As últimas noites quase sempre acabavam em pesadelos relacionados ao Cal, então se ele dormir aqui tenho chances de sonhar coisas boas!", pelo menos foi o que eu disse para mim mesma para deixá-lo ficar ao meu lado durante a noite.

Meu marido voltou usando apenas cueca box azul marinho.

Eu tentei não olhar muito, mas aquelas tatuagens... Eu conheço cada uma tão bem, já beijei todas elas, até aquele índio ridículo que eu adoro no braço dele.

Cal percebeu que o encarava, mas não disse nada, sequer tirou brincadeira. Apreciei isso.

— Boa noite, Lay. – falou desligando a luz e se aproximando da cama.

— Boa noite. – desejei virando o rosto para o lado oposto ao dele.

— Amanhã temos que falar para a nossa família sobre os bebês. – ele disse deitando na cama se embrulhando com o edredom.

— Hurum. – gemi sentindo minha costa se arrepiar apenas pela movimentação na cama.

— Lay? – chamou ele.

Virei e o vi tão inquieto quanto eu.

— Você pode dormir desse jeito?

Franzi o cenho.

— Com o rosto virado para mim... – explicou.

— Por quê?

— Porque eu li ainda há pouco que a posição mais confortável para uma grávida dormir é desse jeito.

— Ah. – foi tudo o que consegui dizer.

— E eu também não tenho conseguido dormir longe de você, o que é estranho porque durante a turnê eu sempre consegui, mas agora eu simplesmente tenho dificuldade.

Forcei minha vista e finalmente consegui enxergar seu rosto detalhadamente.

— Tudo bem. – foi o que consegui dizer.

— Obrigada. – sua mão encontrou a minha cintura e ele a segurou.

Meus dedos passearam pelo espaço entre nós e finalmente reuni coragem para subi-los pelo braço do meu marido e pará-los em seu rosto.

Levantei o rosto lentamente e plantei um beijo cheio de saudade em seu queixo.

— Você acabou de infringir as regras. – observou – Isso me dá o direito de infringi-las também. Certo?

Não respondi.

Meu coração quer que ele não as obedeça.

Calum acariciou meu rosto e instantaneamente me fez fechar os olhos. Um de seus braços apertou minha cintura levemente e o outro passou ao meu redor fazendo com que eu acabasse deitada em seu ombro.

— Boa noite de novo, loirinha. – sussurrou com uma voz rouca, nos acomodando na cama.

Não respondo com medo de falar alguma besteira, apenas me acomodo melhor e sinto o sono chegando.

— Boa noite, meus filhos. – ouço ele falar – Caramba! Eu vou ser pai! E agora?

Tenho vontade de ri, mas não o faço.

Amanhã o dia vai ser longo... Na verdade, os próximos meses serão longos...

[...]