Girls Talk Boys

Let me love you


Naomi


As portas da igreja se abriram e minha melhor amiga suspirou nervosa começando a andar acompanhada do irmão.

Meu primo sorriu ao vê sua amada.

Luke ao meu lado parecia explodir em felicidade, assim como eu.

Dei uma rápida conferida na igreja, agora enfeitada com alguns arranjos de flores-do-campo.

Alternei o olhar entre os noivos. Ambos estavam lindos.

Porém, mais lindo que a decoração do local ou a roupa que Calum e Layse usavam, eram os sorrisos que meu primo e minha melhor amiga exibiam acompanhados de algumas lágrimas. Se isso não é o mais puro amor, eu não sei o que é.

Luke também notou a mesma coisa e piscou para mim. Encarei os convidados e encontrei Lydia encantada com a marcha nupcial.

Michael bufou ainda magoado por não ser um dos padrinhos e revirei os olhos diante da sua clara infantilidade.

Mali-Koa, Lucy, Sr. Wilson, sua neta, os irmãos de Luke e Ashton, meus pais e os dos meninos também pareciam felizes. Ok, minha tia e meu tio estavam um pouco apreensivos. Mas quem não ficaria no casamento do filho?

Ashton entregou a irmã ao marido e ambos só tremiam.

Eles cochicharam algo um para o outro e Layse me encarou sorrindo. Retribuí e vi minha amiga segurar a mão do noivo apaixonadamente.

E assim a cerimônia restrita começou.

***

Então, aqui estamos nós, na pequena recepção do casamento.

Harry, irmão de Ashton, brinca com a Annie, enteada de Lucy, os dois liderados por Lauren em um "esconde - esconde" emocionante.

Sra. Irwin conversa com os pais de Michael, Lydia tira fotos com os recém-casados, Luke, Michael e Ashton parecem falar sobre algo da banda e eu... Bom, estou tentando não chorar.

Foram 5 anos dividindo a mesma casa com Layse, o que nos tornou ainda mais unidas – e olha que no Brasil já nos considerávamos irmãs de alma –, nos acostumamos com as manias estranhas uma da outra. Eu sabia que uma hora isso iria acontecer só não imaginava que fosse ser tão rápido.

— Tudo bem, filha? – meu pai surgiu ao meu lado com um prato de petit-gateau.

— Tudo... – murmurei no automático.

— Você não vai querer se mudar para o Brasil. Não é? – ele questionou.

— Ainda tenho que terminar a faculdade, pai. – disse abrindo um sorriso leve.

— O seu tio acabou de me contar a novidade. – papai provou um pouco da sobremesa e apontou para o irmão.

— Que novidade?

— O Calum comprou o apartamento ao lado do seu, afirmando que assim se sente mais tranquilo para sair em turnês e saber que você e sua amiga estão ao lado para ajudar Layse quando preciso.

Pisquei uma, duas, três vezes.

— Ninguém me falou nada. – disse chateada – Primeiro foi o casamento surpresa da Layse. Agora a compra do apartamento vizinho...

— Acho que ele estava muito ocupado para contar. – papai defendeu meu primo – Casamento é uma loucura. Eu lembro quando estava prestes a casar com sua mãe. – ele direcionou um olhar apaixonado para minha mãe, que estava conversando com Lucy e tia Liz.

Mamãe percebeu e acenou para nós.

— Oi. – Lydia surgiu ao nosso lado, me lançando um olhar significativo.

— Oi.

— Eu vou conversar um pouco com o meu irmão, faz anos que não o vejo. – papai me deu um abraço rápido e um aceno para Lydia.

— Por que esse olhar para cima de mim? – indaguei.

— Você é muito observadora. – Lyd ajeitou a saia do vestido azul que usava.

— Fala logo. – pedi.

— Eu sem querer ouvi uma conversa entre Ash, Luke e Mike.

— E o que tem isso?

— Eles estavam falando sobre você. – ela mordeu os lábios – Ou melhor, o Michael estava falando sobre você.

Meu coração começou a bater rapidamente.

— Bem ou mal?

— Bem. – Lydia falou como se fosse óbvio – Não é do feitio de Michael ou dos meninos ficar falando mal dos outros, principalmente de você, Naomi.

— Ele falou o quê? – perguntei eufórica.

— Que você está um mulherão nesse vestido. E de como sentia sua falta. – Lydia dizia empolgada – E que está a um passo de engolir o orgulho e vir falar com você.

Meu sorriso foi instantâneo.

— Será que eu deveria tomar a iniciativa? – falei apreensiva, mas com um sentimento bom crescendo dentro de mim.

— Eu achei que nunca iria ouvir isso. – Lydia sorriu para mim – O que está esperando, mulher?

As palavras da minha amiga serviram como um ótimo incentivo.

Em questão de segundos eu já me encontrava na rodinha de conversa de Ashton, Luke e Michael.

Luke me abraçou de lado e deu um jeito de me inserir no assunto deles.

Eu ria de algo que algum deles contava, respondia e em nenhum momento deixava de encarar Michael.

Queria que ele entendesse o recado.

Eu estava disposta a deixar o orgulho de lado e me permiti ser feliz com Mike.

Quando o Clifford riu de um jeito único para mim e deu um passo a frente, Calum e Layse chegaram me puxando.

— Ainda não tiramos uma foto com você! – Lay explicou assim que começamos a andar.

— Eu estava prestes a conversar com Michael. – sussurei para que só minha melhor amiga ouvisse.

— Me desculpa, Nam. – ela pareceu triste – Eu sou uma idiota. Mas foi tudo culpa do Calum que me lembrou das fotos que não tiramos com você.

— Tudo bem. – falei baixo.

— Sorriam. – Calum apontou para a câmera na mão de Ben, irmão do Luke e que se prontificou em tirar as fotos do casamento.

***

Algumas horas se passaram e agora Layse e Calum se despediam dos convidados, os dois passariam a lua-de-mel em Roma.

— Eu vou sentir saudades. – disse derramando algumas lágrimas e apertando Lay em um abraço.

— São só cinco dias, Nam. Logo estarei de volta no nosso prédio – Layse respondeu – Deixe de ser dramática.

Me afastei do abraço e percebi que os olhos da minha amiga estavam marejados.

— Você está quase chorando também. – constatei abrindo um sorrisinho.

Ela riu de volta.

— Cuida bem dela! – pedi assim que abracei Calum.

— Sempre. – meu primo me apertou.

O apertei mais um pouco e depois nos soltamos.

Não demorou para que os noivos se despedissem de todos ali presente e entrassem num carro alugado.

Algum tempo depois Lucy e a família, meus pais e os pais dos meninos já haviam ido embora, restava apenas eu, meus amigos, Mali, Jack, Ben e Natan na festa, mas ao contrário deles eu estava desanimada.

Eu deveria ter ido embora, mas minha intuição pediu para que eu ficasse.

— Posso sentar com você? – Michael pediu apreensivo.

Assenti.

— Como você está?

— Sinceramente? Desanimada. – confessei.

— Eu tenho certeza que se você aceitar dançar comigo eu consigo te fazer se sentir melhor.

— Me convidando para uma dança, Michael Clifford? – arqueei as sobrancelhas.

— Várias danças. – ele corrigiu.

Estendi minha mão para ele, que não tardou em me conduzir até a pista onde Luke, Mali e Lydia dançavam animadamente.

As músicas de balada foram substituídas por lentas e românticas.

Michael me segurou pela cintura e juntos arriscávamos alguns passos.

Foi quando ele pisou no meu pé.

— Ai! – reclamei.

Nossos amigos olharam para nós e Lydia não escondeu uma risadinha maliciosa.

— Desculpa! – ele se abaixou e fez uma espécie de massagem nos meus pés.

Eu comecei a gargalhar com a atitude amável dele.

Ele levantou o rosto e riu também.

Estendi a mão para que ele levantasse.

— Quem diria que nós passaríamos um dia sem brigar? – Mike perguntou de repente.

— É difícil de acreditar. – respondi.

Foi quando Michael se inclinou e deu o entender que iria me beijar.

Mas ele ainda parecia receoso.

Eu inclinei meu rosto, apoiei minhas mãos em seu braço e logo nossos lábios estavam unidos.

***

Eu disse que queria ir para casa, Michael me ofereceu uma carona para meu alívio.

Não hesitei em convidá-lo lara entrar. Queria e ainda quero estender meu momento com ele o máximo possível.

Agora ele e eu estamos no meu quarto.

Assim que abri a porta Michael uniu nossos lábios.

Um alívio percorreu meu corpo quando sua língua encontrou a minha.

Meu coração acelerou quando ele subiu as mãos por minhas costas.

— Naomi, é melhor pararmos! – ele sussurrou próximo ao meu ouvido.

Mordi o lábio quando ele começou a plantar beijos no meu pescoço esperando ser empurrado para longe de mim.

— Não quero que pare, Mike. - murmurei.

Ele parou, fazendo exatamente o quê eu não queria, se afastou e olhou para mim.

— Tem certeza? - perguntou.

Entendi a pergunta implícita ali.

— Sim.

— Eu... Eu sou seu primeiro? - pude vê seus olhos, mesmo com a pouca claridade, implorarem para que eu fosse sincera.

Sentindo as minhas bochechas esquentarem assenti.

O sorriso dele aumentou e suas mãos me puxaram cautelosamente para si, onde iniciamos um beijo calmo e extramamente carinhoso.

Quando o ar se tornou necessário, Mike começou a distribuir beijos pelo meu pescoço enquanto suas mãos subiam e desciam por meus braços.

— Naomi, eu preciso te dizer uma coisa... - sussurrou contra minha pele.

Levantei as mãos para sua nuca e incentivei:

— O quê?

Ele parou, segurou minha cabeça e olhando nos meus olhos tentou falar:

— Eu... Eu ainda... Naomi, eu te... Eu... - ele se enrolou - Eu posso tirar o seu vestido?

— Ah, sim. - encarei o chão corada - Tudo bem.

Ele abriu um sorriso estranho e suas mãos alcançaram o feiche do meu vestido na costa.

Seus dedos tocaram lentamente minha pele enquanto ele abria o zíper até o fim da minha coluna.

Fechei os olhos nervosa e me surpreendi com um beijo de Michael enquanto ele descia o vestido por meus braços como se quisesse prolongar aquilo para sempre.

Assim que senti meu vestido ir ao chão, comecei a tirar sua camisa de mangas compridas sem abrir os olhos.

Nos afastamos ofegantes e percebi não ter tirado nem metade dos botões da camisa preta de Michael.

— Eu... Eu... - tentei formular sem jeito.

Vi Mike arregalar os olhos e engolir em seco mal prestando atenção no que eu falava, parecendo tentar gravar cada lugar do meu corpo descoberto.

Tinha consciência de está sem sutiã, já que o meu vestido tinha bojo. Na intenção de cobrir meus seios, corada, soltei o coque que tinha feito para a cerimônia e senti meus cabelos descerem sob meus ombros.

— Você... - Michael sussurrou encontrando meus olhos - Você é linda.

Encarei o chão.

— Obrigada.

— Naomi, eu preciso falar que você é a mulher mais linda, inteligente, leal e gentil que já conheci. - ele soltou de repente - Você... Você é incrível!

Abri um sorriso e ele retribuíu.

— Não me responda. - ele pediu e franzi o cenho - Eu te amo, Naomi. Você é a única que eu amei e a única que vou levar para sempre.

Prendi a respiração e o vi se aproximar de mim colando nossos lábios em um beijo calmo, tão apaixonado quanto o de Calum e Layse quando estavam oficialmente casados.

A intensidade do beijo começou aumentar e junto com ela voltei a brincar com os botões de Mike enquanto ele me conduzia, sem retirar as mãos da minha cintura, até a cama.

No momento que senti minhas pernas tocarem a cama, consegui finalmente tirar a camisa dele e permiti minhas mãos passearem por seu peitoral pálido e com poucos pêlos.

— Naomi... - ele gemeu me deitando na cama - Você... Você tem certeza?

Sorri levantando a mão para unir com a dele.

— Sim, Michael Cliffod. Toda a certeza do mundo.

E ali eu tive a certeza de que também o amava.

***

Lentamente abri os olhos.

Desci meu olhar para meu corpo e quase gritei, literalmente. Me virei para o lado e Michael dormia serenamente.

— Mike! – minha voz saiu desesperada.

— O que aconteceu? – Michael acordou assustado.

— Nós estamos nus... Mike nós... Nós... – as palavras não queriam sair.

— Sim, nós dormimos juntos. – ele riu da minha falta de jeito.

— O que fazemos agora? – soltei de repente.

Mike franziu o cenho.

— Eu não sei você, mas eu vou tomar um banho. – ele levantou e eu tentei não ficar vermelha com a cena que vi.

Mas senti minhas bochechas arderem.

— Eu não estou me referindo a isso, Mike. – falei séria.

— O que você está querendo dizer, Naomi? – Michael franziu o cenho.

— Nós vamos assumir algum tipo de relacionamento? – perguntei.

Meu corpo vibrava de animação só de pensar na hipótese de eu ficar finalmente com Michael, o homem que eu amo.

Mike mordeu os lábios e negou vagarosamente com a cabeça.

Aquilo doeu.

— Como assim? – minha voz saiu baixa.

Isso dói mais que o latejamento no meio das minhas pernas.

— Nós não podemos ter um relacionamento agora. – ele voltou a sentar na cama.

— Por que nós não podemos? – perguntei sentindo uma tristeza absurda.

— Nós nunca daríamos certo e eu tenho prioridades... – Michael falou com dificuldade.

Eu não acreditei.

— QUER DIZER QUE DEPOIS DE TIRAR A MINHA VIRGINDADE, VOCÊ CHEGOU A ESSA CONCLUSÃO? – explodi, fazendo do lençol uma espécie de vestido e saindo da cama – Ontem você parecia feliz e disposto a enfrentar tudo comigo. – falei tentando me acalmar.

— Não é assim, Nam...

— Cala a boca! – ordenei de costas para ele – Eu tinha amado cada detalhe da minha primeira vez. E sabe o que tornou tudo tão mágico para mim? – indaguei me virando para ele.

Michael não respondeu nada.

— Porque foi com você. – confessei me sentindo a maior idiota apaixonada de todos os tempos.

— Naomi tente me entender. – Mike pediu ainda sentado na cama.

— Eu não quero saber.

— Eu nasci para a música e agora que está indo tão bem, seria difícil manter um relacionamento. Eu estarei em outros países a cada mês, ou semanas. Você não vê como a Lay e o Cal ficam? – Michael ignorou o que eu havia dito – Você sabe quantas vezes eu já flagrei o Calum chorando, até mesmo antes de entrar no palco, porque sente falta da Layse? Eu não quero que com a gente seja assim.

Continuei calada.

— Eles se amam. É por isso que a distância pode incomodar, mas nunca vai fazer eles desistirem. – constatei.

— Mas eu te amo e mes...

— Não, Mike, você não me ama. – eu respondi sentindo uma lágrima descer pelo meu rosto – Se você me amasse, você não estaria colocando obstáculos entre nós.

— Eu te amo! – ele levantou e ficou em frente a mim – Mas essa é a nossa realidade. Não podemos fugir.

— Dane-se!

— Naomi, você praticamente está pedindo para que eu escolha entre você e o meu sonho. – Michael insistiu desesperado, mas mantendo a calma, que eu não tinha no momento.

— Deixa de ser ridículo! – ri seca – Você só não quer ficar preso em um relacionamento comigo. – enxuguei uma das lágrimas com a costa das mãos.

Michael tocou no meu rosto.

— Você nunca mais vai tocar em mim! – afastei sua mão – Espero que tenha curtido os nossos momentos ontem, porque nunca mais aquilo vai se repetir!

— Naomi, não precisa ser assim. – percebi os olhos dele ficarem marejados.

— Você quis que fosse assim. – respondi, dando as costas para ele.

— Naomi! – Mike exclamou.

Parei e me virei para ele.

— O que aconteceu entre nós foi um erro. Eu não contarei para ninguém e você também não. – ordenei.

Michael estava sem expressão.

— Atenda pelo menos esse meu pedido. – disse.

Em seguida andei até o banheiro, abri o chuveiro e fiquei ali dentro por um longo tempo.

Quando saí do banho, me deparei com um papel em cima da mesinha ao lado da cama.

"Eu te amo, nunca duvide disso! Eu não queria te deixar magoada, se pudesse voltaria para aquela noite, onde tudo por um momento deu certo.Você é mais do que eu mereço. Me desculpa por sempre estragar tudo. Talvez seja melhor assim. M.G.C.", era o que estava escrito.

Li com a visão embaçada, que logo foi substituída por lágrimas e soluços altos.

[...]