Girls Talk Boys

Between tears and hugs


Naomi

Quando Calum desmaiou, minha primeira reação foi começar a ri.

Pelo menos até, Layse me lançar um olhar furioso.

Lydia e ela tentavam bater no rosto de Calum para que ele acordasse.

Luke e Ashton nem se mexiam.

Mike fez uma cara estranha e disse:

— Que droga, Lay! Você devia ter me falado antes! Eu já tinha planejado o quarto do bebê!

Cal entrou abriu os olhos e quando viu o rosto de Lay em cima dele, sentou e perguntou:

— É verdade? Trigêmeos?

Layse assentiu sem jeito.

Então, ela começou a chorar.

— Ei... Bebês são uma bênção... Você ganhou três! - Ashton se pronunciou.

Calum começou a chorar também e os dois, por incrível que pareça, se abraçaram.

Uma gravidez realmente é difícil, ainda mais sendo três.

É claro que a vida deles - e a nossa - vai mudar.

— Gente. Pra quê tanto, choro? - pensei alto.

— Não é óbvio? - Luke falou e quando o encarei vi seus olhos vermelhos - Uma gravidez de trigêmeos é de risco.

— Como assim? - encarei assustada Layse que continuava chorando abraçada com meu primo.

— Ela corre risco de vida. - Lydia murmurou.

Levantei assustada.

— Não. - disse em estado de descrença - Não. NÃO. NÃO. A Lay vai ficar bem. Ela vai ficar bem. Ela não pode...

Um soluço escapou pela minha boca.

Observei minha amiga tentando conter os soluços enquando Calum acariciava o rosto da esposa.

Fechei os olhos sentindo uma dor imensa no peito e corri até meu quarto.

Só de pensar na possibilidade de algum mal acontecer à minha amiga ou com os filhos dela, eu fico com o coração angustiado.

— Ei! - Michael bateu na porta do quarto e não demorou para que entrasse.

— Mike... - envolvi meu amigo num abraço, esperando ele dizer que tudo iria ficar bem.

— Não fique assim. Todos nós estamos muito preocupados com essa gravidez, mas temos que transmitir força e coragem para a Lay e os bebês. - ele me apertou contra si e nos sentou no chão.

— Vai ficar tudo bem, não vai? - solucei e logo levantei meu rosto para que os olhos do Michael me passassem a tranquilidade, que só ele conseguia.

Mas dessa vez ele estava preocupado e inquieto.

— Eu espero que sim. - respondeu baixo.

Eu me aninhei ainda mais em seus braços. Como se o abraço dele pudesse me proteger e tirar toda a dor que eu sentia.

— Mas ei, pense pelo lado bom. Serão três, assim dá para todos nós sermos padrinhos e o melhor: há mais possibilidades de escolhermos os nomes. - Michael falou olhando para um ponto fixo na parede, como se já imaginasse as três crianças.

— Só você para me fazer rir em um momento desses, Clifford. - dei um sorrisinho e bati em seu ombro.

— Sério. Se tiver uma menina e eles não quiserem batizar de Michele, podem batizar de Georgia. Sempre sonhei em ter uma filha com esse nome, mas não tenho filhos ainda, então... - Mike disse mais sonhador ainda.

Notei que ele falava com um certo apreço por aquele nome.

— Georgia? Eu espero que você não tente colocar esse nome na nossa filha! - pensei alto e me repreendi em seguida.

Percebi os olhos dele brilharem.

— Quer dizer que você também já pensa no nome dos nossos filhos? - ele falou num tom brincalhão.

Ri sem jeito.

— Georgia Clifford. - Michael falou - Diga se esse nome não é lindo?

— Você está começando a me convencer.

— Qual nome você pensa em dar a nossa filha então? - Michael arqueou as sobrancelhas.

— Nina. - prontamente respondi.

— Perfeito! - Mike riu - Teremos duas e elas se chamarão Georgia e Nina Clifford.

— Eu não me responsabilizo se a Geogia nos odiar por dar esse nome a ela. - falei em um tom defensivo.

— Eu explico para ela. - Mike disse sério, arrancando um sorriso meu.

— Tem o risco de nós termos meninos, temos que pensar no plano B. - disse.

Michael concordou.

— Nós somos loucos. - constatei.

— Como assim? - Mike riu de canto.

— Há minutos atrás eu estava chorando com a gravidez de risco da Lay e agora estou escolhendo nomes de filhos - respondi. - Filhos que provavelmente não serão com você. - a tristeza era perceptível na minha voz.

— Você tem que estragar o momento, Naomi! - Michael falou - Não ouse pôr Georgia ou Nina se nós não tivermos filhos juntos. - Mike falou fazendo uma expressão dramática.

— Eu digo o mesmo para você. - retruquei.

Não demorou para que a imagem de Crystal e Michael tendo filhos invadisse minha mente.

A imagem logo se desfez quando eu pus meus olhos em Michael e ele parecia pensar em algo.

Como ele ficava lindo daquele jeito.

— Isso é tão sexy. - pensei alto mais uma vez.

— O quê? - Mike me encarou.

— Você olhando para o nada e parecendo pensar em algo.

Percebi as bochechas de Michael ganharem um tom de vermelho.

— Eu não acredito que você tá corado! - gargalhei.

— Eu não tô e só que...

— Michael, você vive recebendo elogios e mesmo assim fica ruborizado quando eu te elogio? - perguntei.

— É que eu não tô acostumado com esse tipo de elogio vindo de você. - ele confessou.

— Falando assim parece que eu sou uma garota má. - falei cruzando os braços.

— E você é uma garota má. - Michael sussurrou próximo ao meu ouvido.

Meu corpo mandou uma corrente de arrepios desde as minhas pernas até meu pescoço.

Fechei os olhos.

Não posso cair em tentação.

Michael uniu as nossas mãos.

— Elas se encaixam perfeitamente.

Dito isso, olhei automaticamente para nossas mãos unidas.

Michael encarou fixamente meus olhos e plantou um beijo na minha mão.

Eu imitei seu gesto.

Ficamos um bom tempo nos encarando até eu inclinar minha cabeça e buscar pelos lábios dele.

Em questão de segundos nossas bocas se encontraram.

E senti o típico alívio que eu sentia quando o beijava.

Eu sempre soube que sentia falta disso, só não imaginava o quanto.

As mãos de Michael seguravam firmemente minha cintura. Já as minhas procuravam por mais contato, fazendo com que eu o empurrasse cada vez mais contra mim.

Senti minha blusa cinza ser retirada.

Me separei do beijo. Encarei Michael fixamente. Em seguida, me inclinei e dei uma leve mordida em seu pescoço.

Foi quando minha consciência me deu um choque de realidade.

Michael tinha namorada.

— Droga! - afastei Mike e vesti a blusa que estava jogada ao meu lado.

— Caramba! - Michael exclamou passando a mão nos cabelos.

Sua expressão transmitia tanta culpa quanto a minha.

— Eu não queria que tivéssemos feito isso, dessa vez foi realmente um erro. - falei a ponto de chorar.

Por mais que eu sentisse ciúmes em vê Michael com a Crystal, ela não merecia isso.

— Dessa vez? - Mike franziu o cenho - E das outras vezes foram o quê? Você lembra do que chamava? - ele falou como se estivesse magoado.

Agora era a hora de deixar meu orgulho de lado.

— Dessa vez foi um erro porque você tem namorada. - respondi - Das outras vezes era amor. Nunca foi um erro, Michael.

Falei me referindo as vezes que dormiamos juntos e eu acordava no outro dia fazendo um escândalo e dizendo que o que fazíamos era um erro gravíssimo.

Mas eu nunca achei. A verdade é que eu ainda estava magoada com Michael naquele tempo.

Eu deixei que o rancor falasse mais alto que qualquer sentimento bom que eu sentia pelo Clifford e agora estou pagando caro por isso.

— Se fosse um erro eu não deixaria que repetissemos toda vez que nos encontrávamos nas suas férias. - confessei.

Mike parecia processar cada palavra por mim dita.

— Naquele tempo eu já te amava e continuo te amando. - falar aquilo em voz alta me fez sentir livre - Eu te amo, Michael.

Eu não tinha consciência de que estava chorando até as minhas lágrimas começarem a embaçar minha visão e minha voz ficar rouca.

— Eu também continuo te amando, Naomi. - Michael falou devagar - Mas eu não posso termi...

Sua fala foi interrompida pelo toque do celular.

Mike fez um sinal com as mãos, pedindo para que eu esperasse um pouco.

— Oi, Crys. - ele atendeu o telefone.

Eu comecei a me sentir ainda mais culpada.

Enquanto eles conversavam algo,que não quis prestar atenção, eu tentava controlar o choro e regular minha respiração.

Michael cutucou o meu braço indicando que a ligação havia terminado.

— Eu não posso terminar com a Crystal e ficar com você agora, mesmo te amando muito. - Mike continuou de onde havia sido interrompido.

— E nem eu quero isso! - falei - Eu sei como essa essa mulher te faz feliz e te faz se sentir amado, coisa que eu nunca consegui. - admiti mesmo que doesse.

— Não fale isso. - Michael passou a mão no meu rosto - Nós só éramos muito orgulhosos. Lá no fundo eu sempre soube que você me amava e só a sua presença era o suficiente para me fazer feliz. - os olhos dele estavam marejados.

— De toda forma eu não demonstrei. - dei de ombros - Eu fui orgulhosa, mas não posso ser egoísta, então seja feliz com a Crystal.

As lágrimas haviam cessado, mas a tristeza e a dor ainda continuavam.

— Nós temos que nos manter longe um do outro. Eu não quero correr o risco de não nos controlarmos e acabarmos culpados depois. - falei ainda me sentindo mal, por nos beijarmos quando ele tem uma namorada.

— E o que você sugere?

— Eu tinha em mente voltar para o Brasil, mas Layse vai precisar de mim por perto para ajudá-la com a gravidez de risco. - respondi - Então por enquanto, eu sugiro que não fiquemos a sós.

— Por enquanto? Você seria louca de nos abandonar e voltar para o seu país? - Michael pôs as mãos no bolso da calça jeans.

— Eu sentiria muita falta de vocês, mas lá no Brasil eu também me sentiria em casa, teria meus pais por perto e de quebra, papai poderia me arranjar um emprego na nossa empresa. - argumentei.

Achei que ele falaria algo, mas a reação dele me pegou desprevenida.

Michael inesperadamente me deu um abraço forte e como eu queria que aquilo fizesse que o meu coração, que agora parecia quebrado, fosse consertado.

[...]