Era irritante, Lucy ficou presa naquela cama durante uma semana inteira sem poder se mover, muito menos sair dali.

Bom, ao menos a sua voz tinha voltado ao normal.

Mas, perceba, a sua visão fora um caso mais sério do que imaginavam e ela ainda estava impossibilitada de ver. Tudo era um borrão deformado e a luz lhe dava uma enorme dor de cabeça.

Era só o que faltava... Se estivesse tornado quase cega?! Como poderia lutar? Ou melhor, se mover? Precisaria da ajuda de todos ao seu redor para se locomover sem se esbarrar em nada? Aquilo era ridículo!

Sua vida estava uma merda e parecia só piorar a cada dia que se passava.

Suspirou cansada. Reclamar não adiantaria de nada, precisava era saber o motivo de sua visão ter ficado tão ruim assim e achar um meio de reverter isso antes que sua situação piorasse.

Ah, Lucy, mesmo que conseguisse achar a causa disso do que adiantaria? Estava pressa naquela droga de guilda. E duvidava muito conseguir reverter a situação. Não naquele local.

E por isso, iria acabar piorando, a cegueira era algo totalmente inevitável!

– Dá para parar de tanta negatividade?! Você sabe que eu capto esse tipo de coisa! - Reclama Thairo virando para a garota sentada na cama apoiada a uma almofada fina.

Esqueci de falar, mas Thairo por causa de sua magia podia notar a "aura" das pessoas com mais facilidade, era quase como um sexto sentido, notava quando uma pessoa perto dela estava triste, alegre, estressada e até mesmo apaixonada a poucos metros de distancia e estando mais perto da pessoa poderia notar todo o tipo de sentimento que ela sentia por menor que este seja.

E veja bem, a raiva de Lucy não era pouca e poderia ser notado por alguém facilmente, então para Thairo era algo esmagador e torturante,

– Desculpa, mas não consigo evitar - A Heartfilia fala tentando se focar em outra coisa, devia ser realmente doloroso para ele quando estava com muitas pessoas envolta o que explicava o fato dele passar a maior parte do seu tempo dentro daquele quarto.

E agora, estava compartilhando seu ponto de sossego para Lucy na qual não estava mais com tanto controle emocional. Ou seja, a negatividade dela já estava em todo o quarto como o ar.

– Tudo bem, não precisa ficar tão sem graça assim! Hahahaha - Ri um pouco o outro notando o acanho da garota.

– Tsk... - Ela fica ainda mais envergonhada tirando mais risadas do loiro.

Era bem irritante o fato dele conseguir ler tão facilmente assim as pessoas as vezes.

– Eu já disse que é inevitável! Para mim é a mesma coisa do que cheirar praticamente, não posso controlar - Fala ainda rindo um pouco notando que a garota ficou mais calma, como se desistisse de algo.

Nas primeiras horas até foi bom para a Heartilia já que ele notava qualquer tipo de desconforto dela, mas depois alguns sentimentos mais íntimos foram notados por Thairo.

E mesmo depois de uma semana ainda era desconfortável para si não ter mais a privacidade de seus sentimentos.

"Aposto que o Natsu nunca vai ter esse problema!"

Pensou alegremente, mas tal nome ecoando em sua mente a fez retomar todas as memórias bem guardadas no baú dentro de sua mente e uma enorme vontade de chorar lhe veio.

– Lucy... Tudo bem? - O garoto notando a melancolia da garota indagou gentilmente, isso já tinha acontecido antes durante a semana, mas a garota sempre o falava para não se preocupar.

A verdade seja dita, ela não confiava nele.

E ele sabia disso e não ficava irritado, ela tinha o direito de toda a desconfiança para com ele.

Mesmo assim, não podia deixar de se preocupar.

– Lembranças - Responde meticulosamente monossilábica de forma que ficasse avulso sem pormenores, em realidade, fora uma resposta que deixava claro que não iria receber mais informações ou detalhes.

A vontade de chorar fora segurada com uma força de vontade enorme, não iria parecer ainda mais frágil do que já estava. Não em frente de um possível inimigo. Não, precisava ser firme, tinha sidos bons momentos e por esses exatos bons momentos não podia voltar sem estar mais forte e muito menos derramar mais alguma lágrima.

Não, tinha que sorrir, era lembranças alegres e a tristeza de longe combinaria com tal alegria.

Assim, sua mente acabou por vagar nas lembranças de quem considerava uma irmã, Flare. Como estaria a ruivinha? Será que estava a salvo? Teria já terminado o seu treinamento e ido em direção a Fairy Tail como pedido? Não queria ver a mais nova em perigo...

Certamente quem estava mais em perigo ali era si própria, mas por tanto que a sua irmãzinha estivesse bem iria aquentar.

Entretanto tinha que parar de colocar os outros ao seu redor em risco.

O dragão!

Tinha esquecido dele nesse meio tempo! A ameaça de Magnumque não era brincadeira e a sua preocupação pelo nobre animal estava grande. Por mais poderoso que ele fosse, estava preso e Lucy duvidava muito que ele possa se defender de ataques do insano mestre.

Ela não sabia do que ele era capaz e certamente não queria saber, mas não podia simplesmente ignorar o fato de um ser tão majestoso como o dragão sofresse as consequências de seus atos impensados!

– Oe... Lucy... O que você está pensando em fazer? - Thairo notara a clara preocupação da loira e um outro sentimento, não sabia classificá-lo, mas podia saber que a maga celestial estava planejando fazer alguma coisa.

E não era continuar naquele quarto.

– Salvar alguém ao menos uma vez - Responde levantando a cabeça para o alto.

Não havia mais duvidas.

– LUCY! Você não está pensando em libertar o dragão está? - Olhou desesperado para a outra notando que tinha acertado - Você está?!! Lucy você quer morrer?! Se sair daqui já não vai se dar bem, quando mais tentar fazer uma coisa dessas! - Se desesperou começando a andar de um lado para o outro.

– Libertar o dragão! - Exclamou incrédulo - Não acha que você vai conseguir não acha?! - Indaga começando a se irritar - Caso você ou algum de nós conseguisse fazer tal coisa certamente ele também conseguiria e já teria feito muito antes!!

Lucy pareceu pensar nisso. De fato, não tinha muita coisa que ela poderia fazer que ele não podia, duvidava que talvez tudo que ela conseguia ele também conseguiria. Era uma ideia louca.

Mas, não iria desistir dela.

– ARGH!!! Okay, se quer tanto morrer assim vá! - Soltou notando que a outra não voltaria atrás na sua decisão.

– Mas, vai precisar de alguém para de guiar - Claramente, ele estava se oferecendo para ir junto.

– Ficar tanto tempo com você está me deixando suicida só pode... - Resmunga ainda sem voltar atrás de suas palavras.

– Não! Você não vai! Já meti gente de mais nessa situação toda, dessa vez eu vou sozinha!! - Fala Lucy determinada e um tanto quando alterada.

– Você não entendeu mesmo... - Thairo sorri - No momento em que eu escolhi de ajudar já estou dentro dessa - Afirma alargando o sorriso.

– E mais, você não é a única aqui cansada dessa situação toda.

A Heartfilia não discutiu mais tento em vista que não conseguiria fazê-lo desistir da ideia maluca de a acompanhar.

Bom, ela era ainda mais maluca então, afinal ela também não iria desistir de ajudar o dragão.

– Mas e então? Não está pensando em simplesmente sair daqui e subir até o ultimo andar né? - Perguntou divertido - Ou está? - Dessa vez estava num tom mais preocupado e sério.

Ela realmente não tinha nenhum plano?!

Estava começando a achar que tinha se metido numa encrenca muito grande... E ela ainda nem tinha começado!

– Você é mais suicida do que aparenta - Ri negando com a cabeça.

Lucy se envergonha irritada com a afirmação do outro, mas acaba por abrir um pequeno sorriso também.

– Eu vou ver como está a situação na guilda e colher informações, por enquanto se preocupe apenas em se recuperar - Com essa afirmação o garoto estica os braços e adquire uma feição séria e até um tanto quando assustadora abandonando o sorriso alegre.

Mesmo sem ver, Lucy conseguia perceber a diferença de atitude do rapaz pelo seu tom de voz.

O entendia, era realmente estressante sair dos quartos e encarar a verdadeira face daquela Dark Guild. E então para alguém como ele deferia ser duplamente pior.

Lucy mesmo sem ter a magia do outro conseguia notar a aura maléfica e venenosa dali, então para o outro deveria ser a mesma coisa que ficar num lugar repleto de lixo e esgoto onde até à distancia o cheiro lhe era degradante e prejudicial. Quando mais no meio dali!

Necessitaria de muita coragem para sair dali e enfrentar aquilo todo dia. Uma coragem na qual Lucy duvidava ter.

Mas tão rápido quando saíra voltara claramente irritado.

– Desculpe-me, mas irei ter que sair numa missão... - Ele parecia antecipadamente cansado a tal missão - Tenho previsão de só poder voltar daqui a quatro dias. Mas, vou lhe entregar esse lacrima - Entregara o pequeno cristal de cor azulada transparente.

– Vou me comunicar sempre que possível - Avisou quase num suspiro - Ah, sim! - Se lembrou de algo - Ele tem uma pequena corrente nele, prendá-o no pescoço - Pediu quase numa ordem.

– E por favor... - Pegou bastante fôlego visivelmente preocupado - Não faça nada de idiota nesse meio tempo - Em um tom de suplica pede em seguida se despedindo de vez e voltando para baixo irritado com a súbita mudanças de planos.

Ficou pensando num tempo na informação, ao menos ao que parecia ele estava realmente inconformado com a missão. Mas, não conseguia parar de desconfiar do outro.

Não o conhecia e isso era um fator que só a fazia ficar ainda mais receosa, mas ao mesmo tempo ele lhe era aberto...

De qualquer forma, resolveu colocar a lacrima com certa dificuldade por ainda não poder ver nada no pescoço a escondendo por dentro da roupa.

O cordão era fino, mas largo o suficiente para fazer que a lacrima ficasse entre seus seios fardos próximo a altura do coração.

Não soube bem dizer o que era, mas no momento em que sentiu a lacrima lhe tocar a pele pode sentir emoções. Mas não eram as suas, era como se sentisse os sentimentos de outra pessoa.

Sentimentos de indignação, raiva, tristeza, preocupação e... Alívio? Era confuso, mas sentia todas aquelas emoções além das suas se contradizendo.

Então uma explicação lhe veio a mente.

Lembrara que lera em um livro na biblioteca dos gigantes que alguns magos sensoriais - Caso do Thairo - conseguiam modificar lacrimas com a sua magia e alguns conseguiam fazer uma espécie de ligação com ela, mas não no caso de falar como as lacrimas de comunicação e sim um outro tipo de ligação podendo ser ligado a pensamentos ou até mesmo sentimentos.

Por acaso aquilo que estava sentido seria... Os sentimentos do Thairo?!

Mas... Qual seria o motivo dele estar compartilhado algo assim com ela? Não fazia sentido algum.

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Era estranho sentir os sentimentos de outra pessoa além dos seus, mas mesmo assim Lucy não retirara a corrente se perguntando se era assim que o garoto sentia o tempo inteiro, mas com de muitas mais pessoas.

O fato dele permanecer sã lhe era surpreendente.

Mas, no momento não era algo em que a preocupava, de longe, os sentimentos dele lhe pareceu afastado pelos seus próprios que só aumentavam a medita que a presença continuava ali.

Estava apavorada quando ouviu alguém a porta e ficou ainda mais quando a pessoa entrou no quarto sem dar tempo para a outra se esconder. Bom, mesmo se tentasse seria inútil, mas ainda sim.

– ...Lucy? - A voz conhecida lhe soou confusa com a presença da maga ali.

Conhecia a voz, mas não conseguia associar a pessoa dona dela.

– Sou eu... Sucker - O menor pareceu notar a confusão da outra, talvez tivesse notado o estado de sua visão, talvez não. A loira não conseguia responder na hora.

Só sabia de uma coisa, um grande alivio lhe correu por todo o corpo e não pode evitar um suspiro a denunciando.

– O que você faz no quarto do Higurashi-san? - Higurashi o sobrenome do Thairo era Higurashi? Daí uma informação nova.

– Ele... Me ajudou... - Responde meio atônita a chegada do outro e a nova informação.

– Sério?! O Higurashi-san parece sempre tão sério e irritado... É difícil vê-lo ajudando alguém... - Começou a duvidar que estivessem falando da mesma pessoa. O Thairo, ou Higurashi, que conhecia lhe era bem aberto.

Mas... Sempre que o outro precisava sair lhe parecia uma outra pessoa. Uma pessoa que se adequava as características descritas pelo Sucker. O estranho fosse talvez que sempre que ela ouvia o Thairo lhe falar sobre ele era com muita admiração e afeto.

Em contradição, Sucker parecia não ter nenhum tipo de intimidade com o outro.

Ainda confusa, a Heartfilia se limitou em concordar com o outro enquanto o ouvia, provavelmente, limpando o cômodo.

– De qualquer forma, você parece bem melhor! - Afirmou animado ao ver a outra em melhor estado do que a ultima vez que a vira, quase morta.

– Devo estar... - Murmurou com um sorriso fraco, então Sucker pareceu notar algo.

– Lucy... Por acaso aconteceu algo? - Indaga preocupado analisando o rosto da outra, os olhos semi-abertos encarava para baixo, mas pareciam não enxergar realmente e tremulavam na orbe.

– É, mais ou menos isso - Respondeu levantando a cabeça sorrindo para o outro, seus olhos estavam direcionados para si, mas pareciam estar com dificuldades para o enxergar realmente.

– Seus olhos... Você está cega! - Exclama surpreso se aproximando surpreso.

Lucy iria agir se afastando, mas um sentimento de dor e perda lhe aprofundou fazendo seus olhos encherem automaticamente de lágrimas, era uma sensação horrível, de desolação, um ódio enorme lhe envolvia, mas não era um ódio voltado a algo ou alguém e sim um ódio de si mesma.

Eram os sentimentos de Thairo.

Então seus olhos viram uma cena, estavam em uma vila recém-destruída, chovia forte e um zumbido terrível ocupava seus ouvidos a impedindo de ouvir qualquer outra coisa, os olhos trêmulos voltaram para baixo encarando as mãos cheias de sangue e depois mais em baixo onde no chão se encontrava uma mulher morta. Ergueu os olhos e encarou uma criança que chorava em desespero, os olhos arregalados encaravam, provavelmente a sua mãe.

Pode notar que a mente da garota provavelmente tinha entrado em choque ao ver a mulher naquele estado.

E então seus olhos ficaram ainda mais embaçados em lágrimas.

Pode entender assim que seus olhos voltaram a sala ainda embasados com a luz incomoda os fazendo arder, mas a imagem estava mais embasada que nunca revelando que chorava.

O zumbindo continuava, no momento em que tinha encarado a garota tinha ficado ainda mais alto, mas agora parecia abaixar até conseguir ouvir a voz preocupada de Sucker outra vez.

Thairo... Aquelas eram as imagens que o garoto estava presenciando no momento... Não precisava ser um gênio para entender o que se passava. Thairo provavelmente tinha matado a mulher em frente a criança.

E aqueles sentimentos terríveis sobre si eram a culpa de ter cometido tal crime.

– Hey! Lucy! Tudo bem?! - Levantou a cabeça em direção a voz de Sucker lhe vinha, ele estava perto, sabia disso.

– Sim... Foi só... Lembranças - Mentiu limpando com a palma da mão as lágrimas no rosto.

Sucker continuava à a encarar em preocupação sem engolir totalmente aquela frase, mas não insistiu.

Ele ainda ficou ali por mais um tempo, mas ao ver que a garota não mais falaria com ele, voltou ao trabalho e depois saiu sem dizer nada, apesar de ainda estar preocupado com a garota não tinha nada que podia fazer. Não sem saber o que te fato acontecia com a outra.

Já Lucy passara a focar quase que totalmente nos sentimentos de Thairo. A cena que lhe viu fora terrível, mas sabia que não era algo que a lacrima tinha lhe proporcionado. Não totalmente ao menos, algo mais tinha acontecido para que ela tivesse a visão do acontecido.

Talvez, quando os sentimentos dos dois interligados fossem muitos fortes eles poderiam acabar por ver a primeira mão o que acontecia.

Mas, para isso, ambos precisavam ter um alto nível de magia. Nível no qual nenhum dos dois tinham.

Sendo assim, algo mais aconteceu. Mas, o quê? Lucy estava determinada a saber, mas primeiro teria que esperar a chegada de Thairo para algumas perguntas sobre a lacrima.

Alegre, triste, implacável, flexível, emotivo, irado...Você pode me encontrar de várias maneiras, mas em todas elas o peso do meu punho continua o mesmo.