Gemeu em reclamação antes de abrir novamente os olhos encarando o comum borrão que não a deixava focar em absolutamente nada. Gemeu em desgosto.

Sentiu um vento quente, abafado sobre seu pequeno corpo, a sensação semelhante a quando alguém bufava, mas estava forte de mais para ser um humano.

– KAMI-SAMA!!! - Ouviu um grito surpreso e apavorado vindo de algum canto do cômodo escuro que se encontrava.

Outro gemido incomodado, dessa vez acompanhado por um outro mais grave, alto e reptiliano.

– Argh... Quando esses humanos malditos vão entender que eu tenho ouvido sensível? - indagou seja lá o que fosse em desgosto, mas fora em um murmuro extremamente baixo para alguém que parecia ser bem maior, sentiu aquilo que estava se encostado se movimentar contraindo e notou algo surgir a sua frente a cobrindo.

Então um flash veio a sua cabeça, já tinha sentido tudo aquilo antes. Estava encostada no dragão, provavelmente no final de seu pescoço, perto onde o coração dele se encontrava.

Verdade, conseguia agora ouvir algumas batidas e o som de sua respiração raspando sua pele, era reconfortante.

– Mas... Isso é... Um... Um... - E ouviu novamente a voz feminina, agora mais baixa, ainda surpresa sem conseguir formar uma frase completa.

– Dragão! - Exclamou novamente dessa vez mais alto, apesar de ainda estar mais baixo de sua primeira frase.

– Isso explica todos os reforços em relação ao chão - Uma segunda voz, esta mais grosa e rouca se vez presente.

Tal voz também estava surpreso, mas estava mais curioso do que apavorado ao contrário de sua companheira.

–Lucy!! - Gritou novamente provavelmente se lembrando do que tinha vindo fazer ali a voz feminina - Onde será que ela está? - Pergunta vários tons mais baixo.

A tal dita se pensou em sair dali, se fazer presente uma vez que finalmente pode reconhecer as vozes como sendo da Enma e seu avô. Contudo, a menor movimentação ouviu um rosnado subindo a garganta do outro o ouvindo claramente, tal rosnado provavelmente ressoou por todo o cômodo uma vez que ouviu sons de desespero vindo dos convidados.

O que vocês querem?!– A voz potente do dragão soou mais aterrorizante do que a Heartfilia se lembrava ser e a ameaça escondida vez o seu corpo inteiro arrepiar.

– E...Er... - A fala parecia faltar a Enma, logo o seu avô tomou a frente.

– Minha neta está em busca de uma amiga nossa, Lucy. Disse que a viu por ultimo sendo carregado por Sucker até aqui - Apesar do medo, tentou impor uma voz firme.

Conseguiu ao menos impedir o gaguejo, mas o tremor lhe fazia presente mostrando que a ameaça oculta reagiu no corpo do mais velho.

– Não encontrarão nenhuma humana aqui - Respondeu em indiferença apesar de um leve tom de irritação - Saiam logo!– soltou de novo num tom mais irritadiço com um rosnado presso a garganta.

– Não! - Enma soltou imprudente, em seguida se recolheu temerosa - Nossa amiga não está passando por uma fase boa... - Tocou inconsciente onde seu próprio selo ficava - Se ela está aqui eu quero ajudá-la! - Exclamou com mais confiança, só que ao mesmo tempo quase numa súplica.

Lucy, emotiva, segurou as lágrimas bravamente em seus olhos marejados e prendeu a garganta os soluços que lhe viam a tona. Não exatamente pelas palavras da outra. Apesar destas também terem tido efeito. Chorava principalmente pela lembrança das dores horrorosas que pareciam querer voltar para o seu corpo débil.

O rosnado presso do dragão pareciam ter se soltados notando nitidamente a situação da humana loira. Sabia que logo as variações da aura mágica dela começaria a variar de intensidade de maneira extrema aumentando drasticamente para diminuir a quase zero oscilante.

Isso era estresse demais para um corpo, independente de qual seja.

E o dragão sentiu pena.

Pena, pois sabia o quão terrível era ficar a um fio da morte de tal maneira e se assemelhou a humana.

A diferença fora, ele deve que enfrentar a tudo sozinho, e apesar de odiar, tinha pego afeto a maga celestial. Não queria deixá-la a mercê de tudo aquilo que ele passou sozinha uma vez que ele não fazia a menor ideia de como ser afetivo.

Logo, a deixou a vista.

Enma prendeu o ar com a vista do corpo desfalecido e correu a seu encontro segurando a mão pequena e gélida da outra a envolvendo com as suas próprias.

E os gritos começaram.

Em um segundo a tensão daquele lugar inteiro ficou alto, pesado, resultado da liberação de uma grande magia dentro do corpo da maga, o ar ficou rarefeito e se manter em pé se tornou difícil.

E tão rápido quando surgiu, desapareceu parecendo ter sugado mais ainda com si e as pernas fracas de avô e neta caíram no chão sem aquentar mais.

Enma ficou preocupada que a amiga tivesse perdido totalmente sua magia uma vez que não conseguia mais a sentir. Já o avô ficou aterrorizado com a quantidade de magia outrora revelada. Era semelhante a um mago A. Já tinha ficado de cara com alguns antes, e sabia que eles conseguiam demonstrar igual tensidade mágica. Apesar deles não precisarem ficar a um fio da morte para tal.

Ainda sim, impressionante.

Já o dragão que já tinha visto uma dessas crises antes não se surpreendeu tanto, sendo mais sensível do grupo, notava que o corpo da maga em verdade tinha se reenchido com a sua magia e puxado a do ar para o corpo e se preocupava que a magia comprimida explodisse os órgãos internos com o sufoco.

Mas isso não aconteceu uma vez que a magia extra foi liberada novamente. Logo em seguida, sugou de volta.

Poderia se assemelhar a uma pessoa que respirava ofegante. Os altos gritos não ajudavam, deixava tudo mais aterrorizante, ensurdecedor. Triplamente, ou até mesmo mais pior ao dragão sendo este de audição ainda mais sensível.

Se surpreenderia caso não ficasse surdo.

Mentira, sabia que não ficaria uma vez que o som de um ataque seu era de igual intensidade, ou até mesmo o som do vento forte e cortante em suas orelhas. Poderiam reclamar, mas nunca seria realmente algo que não aquentassem.

E tal agonia durou por mais meia hora, as elevações extremas pareciam cada vez se ultrapassar mais e mais e ao terminar os dois humanos se aparentavam em extremo cansaço sendo difícil permanecerem despertos por muito mais tempo uma vez que o cansaço de seu corpo e mental pareciam implorar de todas as formas por um descanso urgente.

O dragão se irritou com isso.

Tinha sofrido também com a crise de Lucy uma vez que sabia que tanto sua magia quando a dos outros foram igualmente sugadas. Mas, ao contrário dos humanos, tinha muito mais magia armazenada e contida, logo ficaria bem. E Enma e o seu avô não.

Eles desmaiariam logo.

E o dragão era orgulhoso.

Poderia até deixar Lucy ficar encostada em si sem maiores problemas, mas não iria virar cama ou sofá! Os outros que se virem, de preferencia, em outro andar.

Então, assoprou em direção aos corpos fracos que foram empurrados para mais distante dele e consequentemente de Lucy.

– Saem - Ordenou, apesar de não demonstrar mais o som ameaçador, a surpresa e cansaço dos dois servos eram grandes, logo eles o obedeceram sem segunda ordem.

– Você é bem mais perigosa do que parece loirinha - Resmungou baixo vendo a mesma dormindo novamente antes de abrir um sorriso aterrorizante que mostrava os seus dentes pontiagudos e perigosos, sobretudo a imitou e dormiu, sua cabeça levemente apoiada nas pernas estendidas embaixo do braço da garota que conseguiu colocar por cima de sua cabeça assim como um cachorro ou um gato manhoso. Cobriu com a assa o começo de seu focinho e a loira.

– Principalmente para cativar os outros - Murmura por fim antes de render ao sono.

Lucy sorriu de leve em meio o sono como se tivesse ouvido as palavras provindas do dragão e se ajeitou ainda mais sem tirar a cabeça ou assa de cima de si.

________

Finalmente tinha chegado! Thairo suspirava aliviado, a pouco tempo sentira outra crise provinda de Lucy, estava preocupado no momento, mas depois pode sentir ela aliviada e até um tanto quando feliz? Não entendeu, mas esperava explicações quando chegasse.

Por tal motivo, foi direto ao seu quarto se surpreendendo a não encontrar Lucy e sim Sucker em seu quarto.

Ficou sem jeito.

– S-Sucker-kun! Que... Surpresa te encontrar aqui! - Lucy já tinha lhe contado que explicara a Sucker o motivo dela estar descansando em seu quarto uma vez, tanto que o outro perguntava frequentemente sobre o mesmo. Ainda sim, tal pergunta lhe saiu prontamente.

– Higurashi-san? - Sucker também se surpreendeu ao ver o outro abrindo a porta para logo se repreender. "Ele é o dono desse quarto! Óbvio que ele apareceria!" - Já voltou de sua missão?

"Não idiota, o Higurashi-san ainda está nela, o que você está vendo é uma ilusão! Gênio..."

– Sim... Cadê a Lucy? - Sucker sentiu seu corpo tremendo com a pergunta. Deveria esperar por ela, mas estava totalmente sem jeito.

– Lucy?! Ah sim! Lucy! Ela... Ela está... - Procurava uma desculpa, não sabia se podia dizer ou não que a levou para o dragão. Não sabia se o outro estava no seu lado ou não.

– Sucker, onde ela está? - Perguntou mais firme deixando um pouco de sua magia amostra.

O menor engole em seco.

Não teria jeito não é?

– ...Ultimo andar... - Contou finalmente temeroso. Mas, ao contrário do que esperava, ouviu o outro suspirar aliviado.

– Até onde eu sei aquele dragão não vai fazer nenhum mal para ela... No final ela está mais segura lá do que aqui mesmo - Comentou com um sorriso fraco - Pode me levar até ela?

Sucker piscou algumas vezes surpreso. Esse Higurashi era totalmente do Higurashi que conhecia. Ou pensava conhecer. Bem, realmente não sabia muita coisa sobre ele, apesar de ter anos de convivência ao seu lado.

– Posso... - Respondeu por fim sem pensar nas consequências que sua escolha imprudente poderia cair sobre si.

Mas claro, não iria o levar em plena luz do dia, ainda mais tão próximo de horário de pico. Não, teria que esperar as horas passarem antes. Por culpa disso, combinaram o local onde cada um deveria estar quando desse o horário, o sinal que receberiam e o que fariam ao recebê-los. Por fim de despistar qualquer suspeita que os dois tivessem trabalhando em conjunto, cada um iria em horários diferentes. Primeiro Sucker em seu curto espaço de tempo livre que explicaria aos dois sobre a situação e depois sairia, mais um tempo passaria para que Thairo realmente subisse.

Só que tudo foi por água abaixo no momento em que Sucker subira. Enma estava lá novamente, junto com seu avô conversando com Lucy.

– Sucker! Apareceu no momento perfeito! - Exclama Lucy ao notar a presença do outro, uma vez que estava ficando boa em perceber quando alguém estava por perto, principalmente se esse alguém era Sucker, Thairo, Enma ou o dragão.

– Eu, Enma e seu avô estamos pensando em começar a rebelião agora, para dar tempo para você conseguir libertar o dragão. Ele vai ser o nosso trunfo, deixaremos os outros surpresos e aproveitaremos para fugir - Explica o seu plano confiante.

– E-EH?! M-mas Lucy! Eu já disse que não sei se tenho conhecimento mágico!! Por que não pede para a Enma ou para o Velho? Até mesmo para o Higurashi-san! - Exalta uma vez que foi pego totalmente de surpresa.

– Higurashi? Ele voltou? - Indaga Enma sem entender direito - E o que ele tem haver com isso? - Pergunta desconfiada, não gostava de nenhum mago dali.

– O Thairo me salvou Enma - Explica Lucy paciente - É verdade mesmo que ele voltou? - A Heartfilia pergunta curiosa.

– Sim...

– Perfeito! Conte o nosso plano para ele, ele vai ser ótimo para a distração também - Pede juntando mais um "peão" em o seu plano.

– Calma aí humana - Pede o dragão pela primeira vez se pronunciando - Você não pode descer, a rebelião vai deixar aquele verme do Magnumque irritado e eu também duvido muito que esse moleque consiga algo - Explica calmamente sua opinião. De todos os presentes, apenas Lucy que não demonstrara grandes alterações com a fala fria do outro.

– Essa é a intenção! Se o Magnumque ficar irritado com a rebelião, se conseguirmos a deixar no nível correto os seguranças vão ficar ocupados o suficiente com ela dando espaço para a gente agir. Eu confio no Sucker, e pelo o exato motivo de eu não poder sair daqui também vou ajudá-lo a te libertar! - Afirma convicta.

– Não adianta reclamar não é pirralha?

– Nâo

O dragão bufou.

– Certo, mas acho melhor você e aquele humano miúdo começarem logo então.

Lucy sorriu abertamente soltando um "hai" enquanto um Sucker antonino com o andar das coisas acabou a acompanhando e Enma e o seu avô desceram.

– Enma-chan, acho melhor você contar para o Thairo, ou vou ficar de olho para que ninguém desconfie - Sugere o mais velho.

A ideia foi prontamente aceita por sua neta que foi discretamente atrás do tal dito enquanto o seu avô tomava outro caminho.

Enquanto isso, junto com Sucker, Lucy procurava o que prendia o dragão. O que na verdade não foi tão difícil assim descobrir, o complicado na verdade seria descobrir como o soltar.

O corpo estava envolto de runas poderosas e de um alto nível, qualquer passo em falso e ela iria se alto destruir e o numa potencia o suficiente para destruir uma cidade inteira. Além disso, algemas magnéticas prendiam as patas, cauda, assas e pescoço como algemas com correntes o suficiente para que ele se movimentasse um pouco.

Outro risco já que as algemas ao levemente tocadas passou a liberar uma grande carga elétrica.

Se separaram, Lucy que tinha treinado bastante sobre runas antigas em seu período na terra dos gigantes se responsabilizou pelas que envolviam o corpo do dragão o prendendo naquela sala enquanto Sucker cuidava das algemas.

Ele era o único que poderia.

Supondo que ele realmente fosse filho de Magnumque uma vez que o próprio que tinha posto tais algemas com o seu poder de raio.

Um dragão slayer.

Coisa que o dragão odiava era que quem via em sua frente era o filhote de um companheiro seu, sabia que não estava muito distante de acontecer com ele o que acontecera com Acnologia. E sinceramente, não queria um Acnologia² no seu pé.

Bom, não que gostava muito do Raddizh, mas não gostaria que ele tivesse que sofrer por um filho maltrapilho que caíra em mal caminho. Já não pastava o Mokushiroku* que entrara em uma enorme depressão depois de ser achado pelo próprio filho que simplesmente matou tortuosamente o próprio pai.

Como odiava os humanos. Sempre se interessava apenas no seu próprio poder. Não importando quantos teria que pisar, quantos sofreriam ou quantos deveriam que matar para tal.

– Hum… Conheço essa combinação… Vai ser complicado, mas acho que consigo desativar - Murmurou Lucy passando os dedos nas runas sobrepostas como se conseguisse as ler ao tato.

– Eu acho melhor que você consiga mesmo humana - O dragão resmungou, não seria bom se ela não conseguisse.

Como era mesmo o nome daquela humana? Lucy Hea... Heartili... Heartphilia? Heartfilia? Argh, os humanos realmente tinham péssimos gostos para sobrenomes. De qualquer forma, aquela humana era diferente dos outros. Lembrava de ter sentido uma aura pura provinda dela na primeira vez que a vira ali. Ultimamente essa aura estava mais fraca, mesclada com a dor, tristeza e raiva. Ainda sim permanecia ali, firme, lutando para sobreviver.

Ficava feliz com isso. Ainda existia humanos puros, humanos que se preocupavam com os outros seres. De fato, ela ainda procurava perder, mas não utilizava métodos sujos, não, queria ganhar com seus próprios méritos, queria poder não só para com os seus desejos egoístas como também para ajudar aqueles perto dela.

Há… Quem diria que um dos dragões que mais odiava os humanos estava sendo cativado gradualmente por uma?

– Como está aí Sucker? - Indaga a humana para o humano que analisava suas algemas curiosamente.

– Não sei ao certo… Sinto uma espécie de ligação, familiaridade, mas não sei o que fazer - Ah claro, o humano era a cria daquele outro humano maquiavélico. Sabia disso, sentia isso. Desde que ele aparecera ali sentiu o parentesco entre os dois.

Curiosamente, ele também tinha uma aura pura ao contrário do pai que tinha uma enorme aura negra.

– Eu… Vou tentar fazer uma coisa… - Fala meio incerto estendendo as mãos para frente.

Enquanto isso Enma terminara de contar para Thairo o plano de Lucy em seu quarto enquanto ambos fingiam gemidos. A garota uma hora conseguiu falar de escanteio que precisava falar com ele e que tinha algo haver com Lucy. Então um tempo depois Thairo arranjou a desculpa que queria uma sessão de sexo com ela e a levou até o seu quarto para que tivessem privacidade. Claro, não chegaram a fazer nada realmente.

– Entendo… Como vamos fazer isso?- Thairo falou quase num murmuro depois de ter fingindo ter passado por um orgasmo. Assim teriam tempo para falarem sem ter que se entrecortarem em gemidos.

– Bem, eu tenho alguns contados com alguns servos e escravos bem poderosos, podemos começar uma rebelião com eles, ninguém aqui está satisfeito com a situação que estamos, não vai demorar muito para a rebelião se alastrar - Explica em mesmo tom.

– E o que eu faço enquanto isso? Se eu aparecer junto a vocês vai ser suspeito - Indaga curioso.

– Bem… Você pode fazer jogo duplo, fazer o possível para chamar a atenção dos guardas ou dos outros magos por “não conseguir dar conta sozinho” - Fala dando de ombros - Olha, quem fez o plano não fui eu, você que se vire para arranjar alguma coisa para fazer! - Fala com raiva, não confiava plenamente no outro e estava irritada por estar fazendo aquilo.

– Okay, okay. Vou pensar em algo… - Sorriu com um algo que lhe veio em mente atraindo atenção da morena.

– O que foi idiota? - Pergunta estranhando o sorriso.

– Sucker… Sabia que ele conseguiria - Sussurrou alargando o sorriso olhando para o teto em satisfação.

Você não precisa ser um expert para tentar.