Get Jinxed

O Novo Inimigo


Vi estava na oficina consertando uma das manoplas. Tinha amassado-a na última operação. Prometeu a si mesma que, assim que consertasse, ia passar na prisão para triturar o bandido que causou o estrago.
A oficina estava silenciosa. Jayce, que era seu companheiro na maior parte do tempo, tinha saído com Ezreal. Luxanna, "a namorada do loirinho", como Vi se referia a ela, disse que Demacia estava sendo atacada por um delinquente qualquer, Jarvan e Garen estavam em Noxus por causa de um alarme falso e blá-blá-blá. Ashe, a rainha de Freljord, tinha enviado um comunicado à Caitlyn há três dias dizendo que alguém atacou suas terras e pediu uma ajudinha. Pelo o que Vi sabia, os ataques que aconteceram lá e em Demacia foram bem parecidos. Devia ser alguma gangue nova. Bem idiota, por sinal. Repetir os ataques em lugares diferentes só faria com que eles fossem capturados mais cedo e ficassem sem cartas nas mangas.
Uma batida metálica na porta. Vi tirou os óculos e jogou o cabelo para o lado.
– Sim?
Uma fenda na porta revelou os olhos brilhantes de Orianna. Vi tentou controlar o riso. Conseguiu fazer com que a robô tivesse medo dela.
– Hm...Posso entrar? – Ela parecia tímida. – A esfera está ansiosa.
– Claro.
Orianna entrou e sua esfera a seguiu, flutuando.
– Katarina quer falar com alguém. Lhe disse que Caitlyn estava em Freljord e ela exigiu falar com a "Rosinha".
– Quem é Katarina?
– Nunca ouviu falar? – Os olhos de Orianna faíscaram. – Faz parte de um grupo de elite de Noxus.
– E que diabos ela faz aqui?
– Não sei. Sei que ela está com raiva.
Vi ergueu as sobrancelhas e puxou as luvas com violência. Orianna recuou um passo.
– Consegue se comunicar com Caitlyn?
– Acho que sim.
– Poderia tentar? Diga a ela que venha até aqui agora. Nem que seja voando.
Orianna assentiu e saiu da oficina. Vi a seguiu. A primeira visão que teve foi de uma garota com cabelos vermelhos sentada em cima da mesa. Ela estava alisando uma adaga. Ela se virou e Vi reparou que uma cicatriz cortava seu olho esquerdo.
– Achei que criaria raízes esperando.
– O que você quer?
– Olhe como fala comigo, Rosinha.
– Me chame de Rosinha outra vez que faço você engolir essa adaga.
Katarina riu.
– Tente se aproximar.
Vi estava prestes a jogar algo na testa daquela garota quando Orianna voltou.
– Caitlyn está aqui, Vi. Acabou de chegar.
– Hm...Obrigada, Orianna.
Orianna saiu rapidamente da sala e esbarrou em Caitlyn. Vi teve que controlar o riso outra vez. Conhecia as histórias de Orianna, sabia que ela era uma máquina mortífera, mas no dia a dia ela era tão desastrada e tão boba que não conseguia acreditar. Caitlyn se abaixou para pegar a cartola, rindo. Vi reparou que ela estava sem o rifle.
– Tenho um trabalho para você depois, Vi – Ela encarou Katarina. – O que você está fazendo aqui?
– Vocês de Piltover são muito mal educados.
– Não tenho tempo para seu sarcasmo, Katarina. Você nem devia estar aqui.
– Meh – Katarina desceu da mesa. – Estou aqui em paz. Talvez. O negócio é o seguinte: Ouvi falar que tem uma pessoa por aí fazendo bagunça por Runeterra.
– Sim.
– Vocês não sabem, mas passou por Noxus antes de ir para Ionia – Katarina abriu um mapa. Tinha vários pontos circulados em vermelho. – Esses pontos foi por onde ela passou. Como pode ver, destruiu uma boa parte de Noxus.
– Então é só uma pessoa? – Vi perguntou.
– Parece que sim.
Caitlyn puxou o mapa para mais perto e passou um dedo pelos círculos. Essa pessoa passou por todos os lugares, menos Zaun.
– E por quê todos estão procurando a Cupcake? Não sabem se cuidar sozinhos? Vocês lideram guerras, por favor, um bandido qualquer não é nada para vocês.
– Isso envolve todo o nosso continente, Rosinha. Não é problema de Noxus. Não é problema de Freljord. É de todos nós.
– Deve estar indo para Zaun – Comentou Caitlyn. Ela estava tensa.
Katarina sacudiu a cabeça.
– Eu a vi, Caitlyn. Seu estilo é de Zaun. Ela não vai atacar o próprio lar.
– Se você a viu, por quê está aqui? Não é boa o suficiente para pegar uma pessoa sozinha? – Vi debochou.
Grande erro. Katarina avançou para ela e forçou uma adaga contra seu pescoço. Caitlyn ficou impaciente.
– Katarina, você poderia parar de atacar meus aliados sempre que vem aqui?
– Ninguém duvida da minha capacidade, ninguém! – Katarina estava vermelha de raiva.
– Tire essas patas de mim! – Vi estava tentando a empurrar, mas isso só fez a adaga lhe cortar. Sentia falta de suas manoplas. Ia fazer uma pasta dessa vadia.
– Retire o que disse!
Vi riu. Quem ela pensava que era?
– Vocês duas, parem! – Caitlyn gritou. Estava realmente nervosa. Ela não poderia fazer nada contra uma assassina armada com quatro adagas.
Uma esfera passou pela sala e puxou Katarina para trás com uma onda eletromagnética, jogando-a desacordada no chão. Ela retornou à Orianna, que estava parada na porta. Vi massageou o pescoço e notou que tinha um pouco de sangue na sua mão. Maravilha.
– Ouvi gritos.
– Ela está bem? – Perguntou Caitlyn à Orianna.
– Foi só um choque leve.
Vi bufou.
– Eu estou bem também, Cupcake, obrigada.
Orianna encostou Katarina na parede. Ela já estava voltando à consciência. Caitlyn olhou para Vi com raiva.
– Não fale assim dela mais, Vi. Katarina pode ser o que for, mas ela luta como ninguém.
– Vai defender uma Noxiana agora?
Caitlyn a fuzilou com os olhos. Katarina se levantou com a ajuda de Orianna e respirou fundo. Parecia se controlar para não pular em Vi outra vez.
– Como eu estava dizendo – Ela passou a mão no cabelo e abriu os olhos. – Era uma garota. Eu a vi tentando entrar no meu quartel. Acertei uma adaga em seu braço e consegui pegá-la por trás, mas ela me imobilizou com uma arma de choque. Aquela coisa é muito forte, nunca vi igual.
Arma de choque...Aquilo atraiu a atenção de Vi.
– E aí? – Ela perguntou, ainda massageando o pescoço.
Katarina tirou uma mecha azul do cinto e passou para Caitlyn.
– Arranquei isso dela. Olhe, Caitlyn, é difícil admitir, mas não podemos cuidar disso. As coisas em Noxus já estão muito difíceis para nos preocuparmos com uma garotinha desocupada. E você sabe que se pegarmos ela...
Caitlyn coçou o queixo e fechou o mapa.
– Se importa se eu ficar com isso?
– Não – Ela guardou as adagas no cinto e ajustou seu casaco. – Vocês são o próximo alvo. Ela já foi em todos os lugares.
– Cuidarei disso.
– Bem, eu vou indo. Boa sorte. Vocês vão precisar.
Caitlyn foi até um quadro fixado na parede e grudou o mapa com alfinetes. Onde estava representado Noxus, ela colocou a mecha. Em Freljord, ela fixou uma pequena foto de uma pichação de um X rosa em uma aldeia destruída e pendurou uma cápsula de bala.
– Ela é um problema, Vi.
– Conhecemos bem armas de choque. Serão inúteis contra nós.
– Não é só isso – Caitlyn se virou. Estava visivelmente preocupada. – Eu vi o que ela fez em Freljord. Não é uma bandida qualquer.
– E nós não somos qualquer policial. Qual é, Cupcake! A gente vai deitar nessa menina.
– Gostaria de poder acreditar nisso – Caitlyn olhou no relógio da parede. – Está tarde. Você poderia consertar meu rifle para mim?
– Sim. O que aconteceu com ele?
– Quebrou. É uma longa história. Amanhã levo ele para a oficina. Boa noite, Vi. Cuide desse ferimento – Ela apontou para o próprio pescoço. – Não vai querer ver isso infeccionado.
Vi olhou pela janela e viu um míssil cruzando o céu noturno. Ela se levantou rapidamente e correu para fora. Ele ia cair bem em cima de Caitlyn. Vi se jogou contra ela e as duas rolaram no chão. Se ela tivesse chegado um segundo mais tarde provavelmente teria acontecido o pior. Uma explosão ocorreu e elas foram cegadas pela claridade. Vários moradores daquela área espiaram pela janela.
– Como...Como você sabia?
– Eu o vi pela janela – Vi ajudou Caitlyn a se levantar.
– Obrigada. Você acha que...
Vi suspirou. Ela olhou para o chão e o restante do míssil ria para ela. Literalmente. Ele tinha uma careta desenhada. A respiração de Vi falhou. Ela começou a soar frio.
– Vi, você está bem?

Ela se abaixou e pegou um pedaço de papel que estava preso naquele estilhaço. Dizia para ela olhar para trás. Vi olhou, amassou o papel e foi embora bufando. Caitlyn não estava entendendo. Ela olhou para trás e tinha uma pichação no muro. Era uma caricatura de Vi em tinta rosa. Ela estava acompanhada de uma frase: "Eu já estou aqui, Mãozuda. Com amor, X"