Generation
Lágrimas
Já havia se passado horas e mais horas torturante da aula. Não que a aula de Cody seja ruim, mas sim pela situação em que Cameron estava ao meu lado já que era o único lugar que restará e o Cody que me encarava como se me odiasse mais que tudo na vida. O sinal toca e eu respiro aliviada. Todos começam a sair da sala e eu me sinto como se estivesse sem respirar esse tempo todo. Me aproximo de Cody.
— Cody, será que podemos conversar? - Pergunto.
— Professor Cody. - Arregalo os olhos.
— Professor, será que podemos conversar? - Ironizo.
— Está com dúvida na matéria? - Devolve.
— Você sabe o que é.
— Desculpe Sra. Louis, mas com meus alunos só converso referente a minha matéria. - Engulo sua frase que desce ralando em minha garganta.
— Desculpe tomar seu tempo. - Digo lhe dando as costas e saindo da sala rapidamente. Não, você não pode chorar, Angel!
***
— Por que está com essa cara? - Rosie pergunta assim que me sento ao seu lado no pátio. Olho-a meio perdida e engulo em seco. Porque? Eu mereço isso?
— Cody. - Resmungo.
— Brigaram?
— Ele me tratou... - Paro confusa. — Como se eu tivesse culpa do Cameron ter voltado e ser seu vizinho de porta. Ele foi frio e amargo.
— Ele só deve se sentir angustiado e confuso.
Olho-a e nego com a cabeça. — Não importa. Não tenho culpa. - Molho os lábios. — E se continuar do jeito que estamos, nosso relacionamento infelizmente vai por água abaixo.
— Esfria a cabeça e vai na casa dele para conversarem com calma. - Diz me abraçando de lado. Sorrio pelo apoio.
— É. - Suspiro. — Precisamos conversar.
***
Finalmente as aulas acabaram. Me despedi de meus amigos e corri para o estacionamento, destranquei meu carro e adentrei o mesmo. Dei partida no veículo e acelerei saindo. Em questão de minutos, me encontro parada em frente ao apartamento de Cody. Uma sensação ruim toma meu corpo e atraem meus olhos para o apartamento em frente. Eu não consigo acreditar que ele está ali, tão perto de mim.
Suspiro forte e estremeço. Pisco acordando dos pensamentos e me abaixo, colocando a mão dentro do vaso de plantas ao lado da porta de Cody. Onde está a maldita chave? Droga! Ele tirou daqui. Levanto-me e passo as mãos nos cabelos.
Toco a campainha e nada. — O que faz aqui? - Uma voz soa atrás de mim e vejo Cody parado no corredor com algumas sacolas nas mãos.
— Você tirou as chaves daqui. - Resmungo baixo.
Ele se aproxima, coloca as sacolas no chão, retira as chaves do bolso e abre a porta. Me abaixo para ajudá-lo com as sacolas, mas ele é mais rápido e as pega, adentrando o apartamento. Eu o sigo.
— Posso saber o que eu te fiz. - Bufo fechando a porta. Ele me ignora e caminha até a cozinha. — Dá pra parar de ser infantil e conversar comigo?
— O que você quer Angel? - Ele diz jogando as sacolas no chão e se virando em minha direção. Me aproximo dele e ponho as mãos em seu rosto.
— Quero que fiquemos bem. - Digo aproximando meu rosto do seu.
Ele desvia. — Acho que errou de apartamento. - Se afasta.
— Você vai mesmo me culpar por algo que não tenho nada haver? Eu não tenho culpa se ele voltou e se tornou seu vizinho. Eu não pedi nada disso. - Grito e ele se mantem quieto e frio. — Você quer terminar, é isso? - Um nó se forma em minha garganta.
— Pense o que quiser. - Responde frio.
Seguro as lágrimas e assinto sozinha. Lhe dou as costas e caminho até o quarto. Abro o armário e pego uma mochila grande. Abro as gavetas da cômoda e pego minhas peças de roupas, colocando-as dentro da mochila.
— O que está fazendo?
— Não é o que você quer? - Digo de costas, limpando a lágrima que escorre dos meus olhos. Coloco tudo que cabe dentro da mochila e me viro em sua direção. — O resto pode jogar fora. - Passo por ele e caminho rápido em direção a porta. Respiro fundo e saio pela mesma, batendo em seguida.
Meu corpo escorrega até o chão e libero as lágrimas que insistem em cair. — Angel? O que houve? - Olho para cima e vejo Cameron me olhando. Meu coração salta. É muita tragédia pra um dia só.
— Me deixa em paz!
— Por que está chorando? - Ele se ajoelha em minha frente e toca em minha perna. Estremeço e um turbilhão de lembranças tomam minha mente. Tudo que a gente viveu teria sido real? Todo aquele amor teria existido? Seria tudo diferente se ele não tivesse ido embora?
Nossos olhos se fixam e por um momento eu me sinto em êxtase. — Eu... - Pisco. — Eu preciso ir embora. - Me levanto e pego minhas coisas.
— Não. - Me segura e nossos corpos se aproximam. Cameron! Ofego. — Não deixarei ir embora assim. Está nervosa.
— Quem é você para me impedir?!
— Uma pessoa que se importa muito contigo e quer seu bem. - Paraliso. — Venha pelo menos tomar uma água.
Como se eu não tivesse vontade própria ele me leva até seu apartamento, bem arrumado por sinal, e me obriga a sentar no sofá. Ele vai até a cozinha e volta com um copo de água. Ele me entrega o mesmo e sorrio fraco, agradecendo. Beberico da água e quase me engasgo quando ele senta ao meu lado.
— Quer conversar? - Pergunta.
— Não.
— Terminaram?
— Sim.
— Você vai ficar bem?
— Sempre fico.
Nos olhamos fixamente e ele sorri para mim. — Tem tanta coisa que eu queria te dizer. - Ele se aproxima uns centímetros e estremeço. Faz muito tempo que não o sinto perto de mim. — Sei o quanto está magoada comigo.
— Eu...
Ele coloca o dedo em minha boca, interrompendo-me. — Eu realmente queria que tudo tivesse sido diferente. Eu e minha mãe já estávamos cansados de causar problemas a sua família. - Sua mão toca meu rosto. — Foi muito difícil te deixar! - Nossas respirações se misturam e eu fecho os olhos com a sensação de está de volta ao lar.
— CAMERON! - Ouço alguém gritar e bater na porta. Abro os olhos e vejo o Cameron bufar e se levantar, indo na direção da mesma e abrindo-a.
— Bethany? - Ouço fraquejar. Uma garota de cabelos castanhos pula em seus braços e pressiona seus lábios nos dele.
Me levanto e pego minhas coisas, me aproximando de ambos. Cameron a afasta e me olha nervosamente. — Angel, essa é Bethany...
— Namorada dele! - A garota me estende a mão.
— Estou de saída. - Ignoro sua mão e passo pelos dois, sem dizer mais nada. Mais uma vez as lágrimas escorrem pelos meus olhos e meu coração dói.
Destranco meu carro e abro o porta malas. Jogo minhas coisas dentro do mesmo e bato-o com força. Merda! O que estava pensando quando entrou lá? Ou melhor quando quase deixou-o te beijar? Burra! Burra! Burra! Adentro o veículo e dou partida no mesmo.
Piso no acelerador e meus pensamentos voltam para o dia de hoje. Soco com raiva o volante e meus olhos se embaçam com as lágrimas. Ouço o som estridente de uma buzina e depois um tombo.
PVD CAMERON DALLAS
— Aquela era...
— Minha ex. - Interrompo-a.
— O que ela estava fazendo aqui? - Pergunta irritada enquanto se joga no sofá.
— Nada demais.
— Não quero nem imaginar o que aconteceria se eu não tivesse chegado, não é? Estariam na cama uma hora dessas.
— Não diga besteiras. - Bufo. — E você o que está fazendo aqui?
— Eu te disse eu viria atrás de você. - Sorri.
Escuto meu celular tocar e pego o mesmo no bolso da calça. Vejo o nome de Nick reluzir e atendo-o rapidamente.
— Fala Nick. - Digo.
— Cara, nem sei como te dizer isso. - Diz.
— Com a boca. - Brinco.
— Estou falando sério. - Devolve.
— Fala logo!
— Angel sofreu um acidente. - Sinto uma enorme pontada no
peito e caio sentado. — Deu entrada agora no hospital.
— Qual... — Respiro. — Qual hospital?
— Te mando o endereço por mensagem.
Não escuto mais nada. Desligo a chamada e olho minhas mensagens. — O que aconteceu amor? - Bethany pergunta.
— Angel... - Engulo em seco. — Está no hospital. Preciso vê-la! - Me levanto e saio correndo do apartamento, pegando minha moto e voando. Preciso está perto dela. Não a deixei para perdê-la agora!
***
Chego rapidamente ao hospital e adentro o mesmo. Na recepção encontro todos nossos amigos, sentados nas poltronas e com as mãos na cabeça. — Onde ela está? - Pergunto e Rosie me olha.
— No quarto. - Sophie diz. — Meu irmão e Jenny estão com ela.
— Foi... Grave?
— Poderia ter sido pior. - Resmunga.
— O motorista disse que ela vinha de contramão e não conseguiu desviar do carro dela. - Nick diz. — Pelo estado que está o carro ela poderia ter se machucado feio, mas apenas teve alguns machucados e bateu a cabeça.
— Então ela está bem? - Resmungo aliviado.
— Mais ou menos. - Rosie se pronuncia. — Está desacordada. Os médicos dizem que pode ser por uma mistura de coisas, como o susto, o cansaço físico e a batida na cabeça.
— O que mais ele disse?
— Não sabemos muito, só que...
— O que esse moleque faz aqui? - Ouço uma voz rude perguntar e ergo meus olhos, vendo o pai de Angel se aproximando irritado. — Você é culpado por isso, não é?
— Tio Castiel, ele só chegou a alguns dias e não tem contato nenhum com Angel. - Rosie diz se levantando e se colocando em minha frente.
— Sra. Jenny...
— Ela vai gostar de te ver aqui quando acordar. - Ela me interrompe, sorrio fraco para mesma. Castiel a olha pasmo.
— Está do lado desse moleque? - Grita.
— Por favor, mantenha a calma. Estamos em um hospital. - Ela pede calmamente. — Ele não tem culpa de nada.
***
Várias horas haviam se passado. Rosie e os outros cochilavam nas poltronas do hospital. Não tínhamos nenhuma notícia. Castiel e Jenny haviam ido para casa descansar um pouco e pegar algumas roupas para Angel. Eu encosto minha cabeça na parede e fecho os olhos.
— Responsável por Angel Steele? - Uma voz masculina chama. Abro os olhos e vejo todos dormindo e um médico nos olhando, confuso.
— Sim. - Respondo e ele me olha.
— O que você é da garota?
Penso por um segundo. — Namorado! - Como eu queria.
— Venha comigo. - Acena com a cabeça e eu assinto, seguindo-o. Passamos por um extenso corredor, até chegarmos em uma porta. Ele abre a mesma e me pede para entrar. Me deparo com Angel acordada, sentada na cama.
— Oi. - Resmungo aliviado. Ela me olha surpresa enquanto o médico nos deixa á sós. Sorrio e me aproximo dela.
— Você era a última pessoa que esperava ver aqui. - Ela diz meigamente.
— Os outros estão dormindo e seus pais foram em casa buscar umas coisas para você. - Respondo me sentado na ponta da cama.
— E o...
— Acho que ele ainda não sabe. - Corto-a antes que fale o nome do babaca.
Ela sorri disfarçando. — Por isso está aqui. Meu pai não está perto para te esganar. - Brinca e eu sorrio abertamente.
— Ele tentou mais cedo.
Ela fica séria e me olha nos olhos. — Aonde está sua namorada? - Pergunta e eu sinto uma tristeza em sua voz.
— Não vamos falar disso agora. - Digo. — Como se senti? Vim correndo quando Nick me avisou. - Suspiro.
— Um pouco cansada.
— Descanse um pouco. - Me levanto e sinto sua mão segurar a minha. Uma onda elétrica sobe por meu corpo.
— Não precisa ir...
— Estarei aqui ao lado. - Aponto para poltrona. Ela assente e solta minha mão. Como eu sinto falta do seu toque, seu cheiro e sua pele. Sento-me na poltrona e observo-a se virar e em questão de segundos pegar no sono.
***
PVD ANGEL LOUIS
Não sei explicar direito qual a sensação que senti ao ver Cameron no meu quarto. Eu não esperava por isso, mas sinceramente eu gostei que tenha sido ele. Abro os olhos vagarosamente e pisco algumas vezes me acostumando com a forte luz que vem do teto branco.
— Ainda bem que acordou. - Uma voz soa e olho em sua direção. Cameron ainda está aqui. — Os outros foram embora pois precisam ir para o colégio e eu preciso ir antes que seu pai chegue e me mate.
Sorrio. — Obrigada por hoje!
— Por nada. - Sorri de volta e se aproxima. — Você deve receber alta logo, mas verei te ver de novo. - Abaixa-se na minha altura e meu corpo treme. Seus lábios tocam minha testa em um beijo carinhoso.
— Até logo! - Resmungo e ele assente saindo do quarto. Por um instante eu senti como se nada nunca tivesse mudado entre nós.
PVD CODY SIMPSON
Adentro a sala de aula e coloco minha bolsa sobre a mesa. Os alunos ficam em silêncio e esperam minhas palavras. Rodo meus olhos pelo espaço à procura dela. Preciso vê-la e pedir desculpas por ter sido idiota. Mas, não a vejo. Começo minha aula sem muito interesse e à medida que as aulas passam, eu fico mais nervoso pelo seu sumiço.
O sinal toca e seguro o braço de Rosie, antes que ela se vá. — Onde está Angel? - Ela me encara sem expressão.
— Sofrendo por algo que não merecia. - Rebate.
— Como assim?
— Você não merece saber, mas vou te dizer. - Ela puxa o braço e suspira. — Depois que você deu uma de certinho e brigou com ela, ela saiu de carro e sofreu um acidente.
Meu coração acelera. — O que? Aonde ela está? Como ela está?
— Ela está no hospital da cidade e está muito bem. - Olha-me com desdém. — Não graças a você, claro! - Me dá as costas e sai da sala me deixando com o sentimento de culpa.
***
— Eu gostaria de ver a paciente Angel Louis, por favor! - Digo assim que chego na recepção do hospital. A mulher assente e verifica algo no computador.
— O que quer com minha filha? - Uma voz grossa surge atrás de mim e eu me viro.
— Sou Cody Simpson e o senhor deve ser o Sr. Miller! - Estendo a mão para o homem que me encara sério.
— De onde conhece minha filha?
— Sou namorado dela.
— Namorado? - Ele franze o cenho. — Ela não me disse que estava namorando novamente. - Bufa irritado.
— Você era motorista dos meus pais, certo? - Uma voz feminina surge por de trás do homem. Assinto olhando para linda mulher, Jenny Louis. — Angel me falou sobre você.
— Então quer dizer que sou o último a saber que minha filha está namorando?! - O homem diz furiosamente.
— Castiel, deixe de drama! - A mulher diz. — O quarto dela é o último no corredor. - Sorri amigavelmente e sorrio de volta, caminhando rapidamente pelo caminho que ela me indicou.
Abro a porta. — Posso entrar? - Pergunto e vejo os olhos da garota se encontrarem com os meus. Ela está sentada na cama e com alguns ferimentos no rosto, porém continua linda.
— Pode. - Responde fria.
— Desculpe só vim agora, mas acabei de saber. - Me aproximo.
— Tudo bem.
— Como isso aconteceu?
— Quer mesmo saber? - Ironiza.
— Me desculpe por tudo. - Suspiro. — Tenho total culpa nisso. Fui um idiota.
— Sim, foi.
— Como se senti?
— Bem.
— Então podemos conversar? - Pergunto receoso.
— Não estou afim.
— Angel...
— Por favor, vá embora! - Pede e eu abaixo a cabeça me sentindo o pior ser humano do mundo.
— Tudo bem. - Olho-a. — Conversamos melhor quando estiver recuperada. - Resmungo e ela se mantém calada. Aproximo-me dela e deposito um beijo em sua testa, antes de deixa-la sozinha.
PVD ANGEL LOUIS
Havia se passado dois dias, eu finalmente estava indo para casa. Vesti um short jeans e uma camiseta branca que minha mãe trouxe e calço um par de sapatos pretos. Enrolo os cabelos em um rabo de cavalo e saio do quarto do hospital. Caminho com minha mãe em direção ao carro enquanto meu pai acerta as contas do hospital.
— Não vejo a hora de deitar na minha cama. - Digo adentrando o veículo e colocando o cinto de segurança.
— O médico passou um remédio para os ferimentos em seu rosto, vamos passar na farmácia antes. - Minha mãe responde e eu assinto.
— E meu carro?
— O seguro prometeu ceder outro daqui a uma semana enquanto o seu é consertado. - Ela responde enquanto meu pai se aproxima do carro e adentra o mesmo.
— Vamos? - Ele pergunta dando partida no veículo.
— Aonde está Sophie? - Pergunto.
— Disse que esperaria em casa. - Minha mãe responde.
— Angel... - Meu pai me chama e eu o olho. — Esperei você se recuperar para conversarmos. Como começa a namorar e não nos comunica? - Sinto seu tom levemente irritado.
— Foi algo rápido, - Suspiro. — Não estou mais namorando!
Ambos arregalam os olhos. — Querida, no meu tempo as coisas eram menos rápidas e confusas. - Minha mãe diz sorrindo.
— Não deu certo!
— É por causa da volta daquele garoto, não é? - Meu pai pergunta com um tom grosso e eu nego com a cabeça.
O resto do caminho foi em silêncio. Passamos na farmácia e quando finalmente chegamos em casa, eu desço do carro e praticamente corro para porta. Quero minha cama!
— Surpresa! - Várias vozes gritam quando abro a porta. Sorrio ao ver todos meus amigos ali reunidos me esperando.
— Bem-vinda de volta. - Sophie grita vindo em minha direção e me abraçando.
— Ei, eu também quero. - Rosie e Phoebe se aproximam, empurrando Sophie e me abraçando. Gargalho e assim que elas me soltam eu abraço os outros.
Olho ao redor. — Ele não pôde vim. - A voz de Phoebe cochicha em meu ouvido. — Seu pai não aceitaria e ele estava com alguns problemas.
— De quem está falando? - Me faço de desentendida e ela sorri irônica.
— Papai Noel! - Brinca.
***
Eu tive uma noite maravilhosa. Estava cansada e dormi feito um anjo. Acordo sentindo o sol tocar minha pele e pego o celular encima da cômoda. São seis da manhã. Levanto-me e ando até o armário em busca de uma roupa. Opto por um short preto, uma camiseta branca, um par de botas pretas e uma bolsa preta. Vou para o banheiro e tomo um banho gelado. Volto ao quarto e me sento em frente a penteadeira. Meu rosto ainda está machucado. O que significa, sem maquiagem por enquanto! Pego o remédio e passo sobre o mesmo. Visto minha roupa, passo perfume, arrumo os cabelos, deixando-os soltos, pego meu celular e saio do quarto.
— Querida, devia descansar mais hoje! - Minha mãe diz assim que chego na cozinha.
— Não tenho que fazer os exames hoje? - Pergunto.
— Sim, mas é mais tarde!
— Mas quero ir ao colégio hoje, me sinto bem.
— Ok, mas fique com o celular ligado. - Ordena e eu assinto. — Tome seu café que eu a levo. - Sorrio assentindo.
***
— Ei Angel, você veio! - Rosie grita assim que me vê no corredor. Me aproximo dela e sorrio para mesma.
— Estou me sentindo bem hoje, então por que não vim.
— Os outros apostaram que você não viria. - Gargalha.
— E quem ganhou? - Devolvo.
— Vamos ver agora. - Diz me puxando para dentro da sala. Os outros me olham surpresos e eu gargalho.
— Não me digam que perderam a aposta? - Debocho.
— Eu ganhei. - Luke comemora.
— O único. - Nick diz.
— Rosie, até você amiga? - Brinco e ela dá de ombros. — O que apostaram? - Pergunto.
— Quem perdesse pagava o sorvete de hoje. - Carter responde e eu gargalho me aproximando de Luke.
— Pelo visto teremos sorvete de graça hoje. - Brinco estendo-lhe a mão. Ele ergue a sua e bate, gargalhando.
Meus olhos são atraídos para porta e eu vejo Cameron adentrando a sala com o rosto abaixado e uma expressão cansada. Ele me olha por um segundo e sorri fraco. Devolvo e ele se senta na primeira carteira que vê vazia. Mas uma pessoa passa pela porta e eu suspiro cansada. Cody! Ele me olha surpreso e molha os lábios, nervosamente.
— É... Bom dia alunos! - Ele diz enquanto me sento na carteira. — Vamos dar as boas-vindas para nossa colega Angel. - Olho-o. — Que bom que se recuperou! - Sorrio fraco agradecendo.
O resto da aula seguiu tranquilamente, apesar de Cody me olhar de três em três segundos e de mim está confusa com a reação de Cameron. O sinal toca me livrando da tortura e todos começam a sair. Acompanho Rosie até sentir alguém tocar em meu braço e me segurar.
— Podemos conversar?
Suspiro olhando para Cody. — Fiz algo errado professor? - Ironizo.
— Sabe sobre o que é.
— Desculpe, mas com meu professor eu só converso assuntos referentes a matéria. - Devolvo suas palavras e saio.
***
— Não vai pra casa? - Rosie pergunta enquanto caminhamos para fora da escola. Finalmente as aulas acabaram.
— Tenho que ir ao médico.
— Quer companhia?
— Não precisa, obrigada.
— Nos vemos mais tarde então. - Sorrio.
Paro na calçada e espero por um táxi, já que estou sem carro. Vejo uma moto se aproximando e meu corpo congela. Me lembro da primeira vez que montei nela e a sensação maravilhosa que senti.
— Te dou uma carona! - Cameron diz estacionando em minha frente.
— Não estou indo para casa. - Resmungo. — Estou indo ao hospital. - Ele me olha com expressão preocupada.
— Está sentindo algo?
— Não. - Sorrio. — O médico me deu alta com a condição de que eu fizesse os exames para ver se está tudo bem.
— Então, eu te levo. - Diz tirando o capacete do braço e me entregando.
— Você deve ter coisas mais importantes para fazer.
— Não. - Sorri. — Apenas ia entregar alguns currículos, mas posso fazer isso amanhã. - Insiste e eu franzo o cenho.
— Está procurando emprego? - Pergunto enquanto coloco o capacete.
— Sim. - Me estende a mão, ajudando-me a subir na moto. — Não posso depender do dinheiro da minha mãe, ela precisa mais do que eu.
Cameron sempre fez de tudo pela mãe e Wendy. Isso é o que mais me encanta nele. Nervosamente coloco minhas mãos em sua cintura e ouço seu riso. — Pode segurar com firmeza. - Ele diz pegando minhas mãos e envolvendo-as totalmente em sua cintura e me fazendo colar em seu corpo.
***
Ele estaciona em frente ao hospital e eu acordo do transe que seu delicioso perfume me levava. Eu sentia falta de está tão perto dele, de sentir seu cheiro. Desço da moto e retiro o capacete.
— Obrigada! - Entrego-lhe.
— Espere. - Olho- descendo da moto. — Vou te acompanhar!
— Não precisa.
— Não seja teimosa. - Brinca me acompanhando para dentro do hospital.
Caminho até a recepção e sigo todos os procedimentos exigidos. Alguns minutos se passam e uma enfermeira me chama pelo nome, nos levando até uma sala isolada.
— Você vai entrar? - Ela pergunta olhando para Cameron. Ele assente. — Retire tudo que for metal do seu corpo e coloque naquele compartimento. - Aponta para a vasilha plástica. — E você também. - Diz me olhando.
Obedecemos suas ordens e ela me conduz até a máquina fechada que me dá medo. — Não tem risco, não é?
— Está com medo? - Ela devolve e dou de ombros. — Estamos te observando o tempo todo e há um botão para apertar se sentir mal. - Explica enquanto ajuda-me a deitar.
***
— O resultado sai em dois dias. - A recepcionista diz me estendendo um papel. — Assine aqui, por favor. - Pego a caneta e rabisco o mesmo.
— Depois preciso levar para o médico, correto? - Pergunto e ela assente. — Obrigado! - Despeço-me e caminho em direção ao Cameron.
— Vamos? - Pergunta.
— Podemos passar em um lugar primeiro? - Devolvo e ele assente.
Uma ideia surgiu em minha cabeça. Montamos na moto e Cameron pisa no acelerador. Dou-lhe as coordenadas e em alguns minutos estamos estacionados em frente a lanchonete que Sophie trabalha.
— Me espera aqui. - Digo e ele assente.
Adentro o lugar e procuro por minha tia. — Olá gerente! - Digo assim que a vejo. Ela sorri pra mim e se aproxima.
— A que devo a honra?
— Preciso de um emprego.
Ela arqueia as sobrancelhas. — Desde quando?
— Não é para mim. - Respondo fazendo sinal com a cabeça. Ela se contorce e olha para fora, depois me olha maliciosamente.
— Voltaram?
— Oque? Não. - Sorrio. — Somos amigos... Eu acho.
— Tudo bem. - Sorri. — Vou ver o que posso fazer por ele. Peça-o para aparecer aqui amanhã depois do colégio.
— Obrigada tia.
— Sra. Gerente pra você. - Brinca.
Dou-lhe as costas e ando em direção ao Cameron. Ele me olha confuso. — O emprego é seu. - Digo e ele franze o cenho sem entender.
— Não entendi.
— Sophie agora é gerente da lanchonete e pediu para que você venha amanhã depois do colégio. - Respondo.
— Não acredito... - Ele sorri. — Você fez isso por mim?
— Por sua mãe e Wendy! - Resmungo sem dar o braço a torcer.
— Caramba Angel... Obrigado! - Ele me pega de surpresa, me juntando ao seu corpo e me abraçando fortemente.
Gargalho extasiada com sua reação. Ele me afasta alguns centímetros e olha em meus olhos. Droga, nossos rostos estão próximos demais. Sinto sua respiração se misturar a minha Algumas gotas de chuva começam a cair sobre nós, mas não tem importância. É como se o tempo parasse. Seu hálito invade minhas narinas e eu fecho os olhos sentindo-me hipnotizada. Sinto sua mão tocar carinhosamente meu rosto e então seus lábios tocarem os meus...
Fale com o autor