P.O.V Da Sam

Sempre fui louca por comida desde que me conheço por gente. Aos 8 anos preparei um bolo sozinha, e daí se saiu muito doce e solado? Espalhei farinha de trigo por toda a cozinha, quase queimei o bolo e claro, levei puxões de orelha e broncas da minha mãe. Ela quase me fez comer o bolo todo sozinha.

Aos 13 anos preparei Brownie para o menino por quem eu estava apaixonada. Minha primeira paixãozinha, uma vez fui toda feliz para a escola e abordei o Peter, ele comeu todo o Brownie com os amigos e me deu um baita fora.

Aos 16 anos fui trabalhar numa lanchonete, minha paixão pela culinária só aumentou. Comecei a ajudar dentro da cozinha como auxiliar, aprendi a fazer hambúrgueres.

Terminei o colegial, claro que decidi cursar Gastronomia. Um curso que escolhi por amor e minha mãe me apoiou, fazer o quê? Ela achava que eu iria só terminar o colegial e trabalhar em algo simples, não tinha tanta fé em mim.

Cursei meus quatro anos de Gastronomia em Seattle mesmo.

Foi quando uma ótima oportunidade surgiu, ganhei uma bolsa para cursar meu Tecnólogo na Itália, meu professor me indicou para o irmão que tinha um restaurante chique, ele estava oferecendo vagas para jovens Chefs iniciantes, além do curso prolongado, alojamentos e afins.

Eu só precisava aprimorar meus conhecimentos e aprender mais técnicas para poder concluir meu bacharelado em Gastronomia.

Só 2 anos pela frente.

Dois anos na Itália com as despesas pagas, alojamento grátis e emprego temporário.

Se tudo desse certo, eu poderia até mesmo conseguir emprego fixo por lá.

Meu sonho seria realizado.

Minhas malas ficaram prontas, tirei meu passaporte, organizei meus documentos.

[...]

Foi uma choradeira na hora da despedida, minha mãe causou no aeroporto.

Como eu era filha única, a doida simulou até um desmaio.

Nunca passei tanta vergonha...

Me sentia uma garotinha sendo deixada na porta da creche.

Depois de abraçar minha mãe, acalmar ela e prometer algumas coisinhas... Finalmente pude embarcar em paz.

Foram longas horas de vôo.

Cheguei em Siena, estava super empolgada.

Itália... A cidade chamada Siena era a coisa mais linda.

Peguei o táxi local, dei o endereço certinho e fui deixada na pensão de uma senhorinha fofa.

Também serveria como um intercâmbio para mim.

Comecei a usar o Google Tradutor, ativando o modo alto-falante.

Quando olhei para o quarto, senti logo saudades do meu.

O quarto da pensão era cor de rosa num tom clarinho, com cortinas cheias de renda, a cama de solteiro com colcha fofa e estampada.

Coisa de menininha...

Eu começaria meu curso alternativo logo no dia seguinte, assim como o meu expediente no restaurante.

Precisava acordar cedo. Ativei o despertador.

Mesmo com a porcaria do despertador, eu ainda tive a proeza de acordar atrasada...

Tomei ducha fria mesmo para despertar. Coisa de 5 minutos.

Vesti um blusa de mangas compridas, calça jeans, estava fazendo um pouco de frio, vesti mais um suéter por cima da blusa e peguei uma jaqueta, amarrei na cintura e calcei meus Ankle Boots.

Dei uma ajeitadinha nos cachos, passei perfume e gloss labial.

Eu queria alugar uma daquelas Lambretinhas, mas não dava tempo.

Dona Catalina me abordou na recepção. Ela disse algo que não entendi e apontou para fora.

Sorri para a dona da pensão fingindo entender. Ajeitei a mochila nas costas.

Corri para fora da pensão, desci a escadaria e com o estômago vazio protestando, eu precisava chegar ao restaurante do irmão do meu ex-professor.

— Samantha Puckett? - Ouvi meu nome.

Olhei para um rapaz ao lado de uma Lambreta azul-metálica.

Me esperava lá embaixo, na calçada.

— Eu mesma! Você fala meu idioma! - Me animei.

Ele era bonito apesar de não ser alto. Parecia bad-boy.

Barba por fazer e cabelo estiloso.

Com aquelas roupas, parecia um dos caras do filme Grease.

— Vamos logo. Meu pai não tolera atrasos! - Me jogou um capacete.

Tinha o sotaque bem sexy.

O quê?

Era filho do famoso Chef Leonard Benson?

O filho do patrão foi me pegar pessoalmente... Me senti importante.

Ele colocou o capacete dele. Subiu na Lambreta novinha, montei na garupa.

Nem se apresentou... Mal-educado.

Resmungou algo em italiano.

— Vou me segurar em você. - Passei os braços ao seu redor.

O maluco disparou com a Lambreta potente pelas ruas estreitas das vielas de Siena.

Eu gritava agarrada a ele.

Se algo acontecesse comigo, o filho do Chef Benson seria o responsável.