Garota Cafeína

Cabelos vermelhos


Minha cabeça doía e isso só acontecia quando eu ficava muito tempo acordado. Abri os olhos e me deparei com um teto. Era o meu? Olhei para os lados e percebi que estava no meu quarto. Fiquei sentado na cama e logo a porta se abriu.

– Até que enfim você acordou hein? - Minha mãe disse sentando ao meu lado e dando um beijo no meu cabelo.

– Que horas são?

– Duas da tarde!

– Duas da tarde? Que horas que eu cheguei ontem? - Perguntei levantando e indo em direção ao banheiro.

– Às três...

– Três da manhã? - Perguntei levando um susto.

– Sim. Filho, não toma banho não, toma café antes. - Minha mãe me puxou pelas escadas e me levou até a cozinha onde tinha uma tigela de cereal me esperando.

Comi um pouco e tomei um copo de leite. Subi, tomei banho e botei um blusa, uma bermuda e calcei o tênis.

– Mãe, tô saindo. - Saí pela porta dos fundos.

Fui na direção da casa de Sofie e bati na porta, ela abriu rapidamente, saiu e fechou a porta atrás dela.

– Ér... oi. - Ela disse com uma mão na maçaneta e a outra acenando.

– Oi. - Sorri. - Podemos...

– Olha, agora eu não posso, depois você me liga. - Ela me deu um papel onde o número dela já estava anotado. - Desculpa mesmo. - Ela fechou a porta na minha cara.

Quando cheguei em casa anotei o número dela no meu celular e joguei o papel na gaveta da escrivaninha.

– O que aconteceu ontem? Eu...não me lembro.

Fiquei sentado na calçada da rua e vi uma garota passar. Ela acenou para mim e acenei de volta. Cinco minutos depois ela voltou com um copo de café e perguntou se poderia sentar ao meu lado. Deixei.

– Clarissa. Você é o novato do bairro? - Ela botou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– Sim, Jonna! Gostei do cabelo. - Me referia ao cabelo vermelho dela. Ela riu e bebeu um gole do café. - As meninas daqui bebem muito café, né?

– Não muito. Quem é de beber sou eu e a... - Ela não completou.

– A Sofie?

– Conhece ela? - Pareceu surpresa.

– Claro que conheço, ela mora praticamente ao lado da minha casa. Por que a surpresa? - Me espantei com o espanto dela, isso é possível!

– Não é nada, é só que...bom...você é amigo dela?

– Acho que ainda não chegamos nisso. Estamos nos conhecendo. - Olhei pro céu onde o sol brilhava.

– Então ela ainda não te contou? - E depois Clarissa tapou a boca.

– Contou...o quê? - Me virei pra ela.

– Apenas pensando alto demais! - Ela se levantou e me deu as costas. - Tenho que ir.

– Passará por aqui novamente? - Fiz sombra nos olhos para conseguir enxergar o que estava à minha frente.

– Talvez... - E foi embora.

Voltei para casa e dei um beijo na minha mãe.

– O que tem para o almoço?

– Carne, arroz e feijão...- Silêncio. - Quem era aquela menina com quem você conversava ali na calçada da frente.

– Não sei quem é. Deve morar aqui perto. Se chama Clarissa. - Respondi enquanto sentava na mesa e comia um biscoito do pote.

Mamãe parecia pensativa.

– Marilyn? - Meu pai chamou da sala.

– Aqui na cozinha, amor. - Minha mãe gritou.

– Olha quem veio almoçar aqui em casa. - Ele abriu passagem e um casal entrou e depois uma menina apareceu.

– Clarissa? - Me espantei.