Acordei muito tempo depois, as meninas continuavam dormindo e eles ainda vigiavam.

–-Finalmente uma de vocês acordou!—disse Fred. —Eu e Jp já estávamos caindo de sono.

–-Jp?--Falei um pouco confusa.

–-João Paulo, mas eu prefiro que me chamem de jp.—Explicou o outro garoto.

–-Podem ir dormir, vou ficar de guarda com Julia. —Falei enquanto tentava acordar ela.

–-Só mais cinco minutinhos, mãe. —Ela falou virando para o outro lado.

–-Primeiro, eu não sou sua mãe, segundo, acorda sua vadia, e terceiro, você tem trabalho para fazer. —Falei para ela enquanto chutava sua perna, para que ela acordasse.

–-O que você quer Leticia?—Disse ela ainda sonolenta.

–-Você ta achando que vai dormir o dia inteiro?—Perguntei.

–-Não.

–-Ótimo, então levanta essa sua bunda daí e vem me ajudar.

–-Você é muito mandona sabia?

–-Sim eu sei, podem ir descansar garotos.

Eles escolheram um canto para deitar enquanto Julia se levantava e pegava uma das pistolas que estava com Fred, o tempo ia passando e logo Renata e Helena acordaram e resolveram ir procurar algo para fazer uma fogueira, os meninos ainda dormiam e já estava quase escurecendo, faltava pouco para o pôr-do-sol, a janela que havia lá tinha uma vista perfeita para a praia, onde eu vi gente se juntando e se matando. Merda, esse deve ser o horário de pegar os suprimentos, corri, peguei minha katana e sai do prédio o mais rápido que eu pude, olhei a praia de longe e a matança continuava, ao chegar lá a areia tinha se tornado um pouco mais vermelha que o normal.

Os outros grupos já tinham pegado tudo, quando eu estava prestes a dar meia volta escutei algo,ou melhor, alguém:

–-Finalmente sozinhos. —Pude escutar a voz de Jack entrar pelos meus ouvidos.

–-Não tenho nada pra falar com você. —Falei.

–-Quem disse que eu quero conversar. —Disse ele correndo em minha direção com uma faca.

Desviei dele, mas não no tempo certo, pois recebi um corte na bochecha, ele saiu correndo para o meio da floresta e eu logo fui atrás.

–-Jack!—Berrei para que todos escutassem.

Ele parou de correr virou na minha direção, sorriu e disse:

–-Pode vir. Você acha que eu tenho medo de você?

–-Deveria ter!

–-Vou te dar uma chance de tentar me vencer. —Falou ele largando a faca no chão.

Coloquei minha katana no chão e fui a sua direção com toda raiva e velocidade que eu pude, mas ele me empurrou como se eu fosse nada, levantei e ele olhava para mim com um sorriso, resolvi jogar sujo e chutei onde mais is doer, ele ajoelhou de dor então eu aproveitei e dei uma joelhada em seu rosto, que subitamente caiu para trás, subi em cima dele e soquei a cara dele com toda raiva que guardei todos esses anos, mas não sei como ele pegou sua faca e me esfaqueou duas vezes entre minha cintura e as costelas, sai de cima dele e fui me arrastando até minha espada enquanto minha outra mão estava em meus cortes, quando a peguei levantei-a com um grande esforço, empunhei minha arma e tentei cortá-lo, mas a única coisa que eu consegui foi um corte em seu rosto.

Cai no chão sem forças, pois a quantidade de sangue que saia era muito grande, ele levantou enquanto eu observava-o atentamente, pude ver um sorriso vitorioso surgindo em seus lábios, ele chegou perto de mim, agachou-se e falou em meus ouvidos:

–-Adoraria ficar aqui para ver você morrer lentamente, mas eu tenho um jogo para ganhar.

Ele se afastou fazendo todo barulho possível para atrair zumbis, eu podia escutar os monstros vindo, então resolvi me esconder atrás de uma arvore, a dor era muito forte e o sangue continuava a sair em grandes quantidades, eu não ia conseguir, até que escutei barulho de tiros e pude espiar, era Chris que tentava me ajudar, sai de trás da arvore e assim que ele me viu parou de atirar e veio em minha direção e disse:

–-O que aconteceu?

–-Jack, foi culpa dele.

–-Vem comigo, eu posso ajudar. —Disse ele passando meu braço por trás de seu pescoço para que eu pudesse me apoiar, ele foi andando comigo até que eu não agüentei e cai.

–-Vamos Leticia, falta pouco para chegarmos a seu acampamento. —Disse Chris.

–-Não consigo, estou me sentindo fraca, não consigo mais andar. —Respondi.

–-Eu não vou deixar você morrer!—Ele falou enquanto me pegava para me carregar no colo.

Já tínhamos chegado onde meu grupo estava eles falavam alguma coisa que eu não entendia, eu não estava entendendo mais nada, nada mais me importava às lentas vezes que eu piscava pareciam ser o filme da minha morte, horas eu via o rosto de Julia que já estava chorando, outras Helena que parecia muito ocupada entregando o kit medico, mas o ultimo rosto que eu vi foi o dele, do meu herói, o rosto angelical de Chris, antes de realmente ceder a morte eu pude escutar a doce voz dele:

–-Você não vai morrer Leticia, eu não vou deixar, eu sempre te protegerei não importa o que e nem de quem.