Galväne

O pior modo de morrer.


Saphira se virou no último instante para não se chocar contra Tôrin – ou Shruikan – e jorrou fogo para cima dos dois. Eragon travava uma luta mental contra Shruikan e não contra Galväne. Queria estar com um Eldunarí ao lado, mas não sentiu a presença de nenhum deles. Saphira voltou a perseguir o dragão marrom, e quando chegou perto o suficiente se virou para cima e com as garras agarrou as patas de Saphira. Ela urrou. Tôrin usou seu peso para machucar as patas, mas Saphira logo se soltou, abocanhou o pescoço do outro e arranhou as asas. Saphira se curou e voltou á atacar.

–Vamos lutar Cavaleiro. – Galväne disse com a voz de Shruikan.

O ar oscilou e logo havia um círculo de terra. Eragon e Galväne saltaram para lá. A elfa foi a primeira a atacar. Eragon não lidava apenas com a elfa, lidava com a força, agilidade e experiência de Shruikan. Mas notou que ela sabia lutar quase do mesmo jeito que Galbatorix, e que de um modo bizarro tinha treinado para matá-lo. Ele estava sozinho, lutando contra ela e protegendo sua mente. Era capaz de fazer aquilo, mas também precisava procurar qualquer falha que pudesse ajudá-lo a vencer – sem matá-la. O Eldunarí brilhava em sua cintura.

–Não vai conseguir desta vez herói. – Shruikan disse com ironia. –Eu a treinei pessoalmente para matar você.

–Eu derrotei Galbatorix, treinei todos os Cavaleiros daqui, não pode me vencer.

–Não duvide de mim garoto, eu posso acabar contigo quando eu quiser.

–Então para que brincar com a sua “presa”?

–Quero que veja seu dragão ser destruído primeiro.

Eragon não ousou se virar para vê-la, pois poderia ser pego, mas ele sentia. Saphira estava com problemas. Tôrin estava em seu dorso, e ele mordia seu pescoço. Os dentes e garras estavam revestidos com algo forte e resistente, e a estava machucando muito. Mas ela precisaria se virar sozinha. Eragon começou a atacar mais Galväne, forçá-la ao máximo – mesmo ela sendo controlada pelo dragão – ou encontrar um jeito de pará-la. Depois de muito tempo, quando ele se sentiu mais lento do que o normal e se sentiu realmente cansado foi que ela conseguiu feri-lo. Cortou fundo sua coxa, mas foi lenta e ele acertou suas costas. Então ele se moveu o mais rápido que podia, fazendo vários cortes e a desnorteando. Cruzaram as espadas, mas Eragon não via um jeito de vencer. Então ele disse A Palavra e lançou um encantamento nela. Não nela, mas como fora ensinado, fez com que o Eldunarí na cintura dela fosse teleportado para o chão. Ela rosnou furiosa, mas obviamente Shruikan não tinha mais o total controle sobre os dois. Tôrin rugiu e se contorceu. Eragon aproveitou a chance, quebrou o pulso direito da elfa e a deixou desarmada. Mas logo ele viu que os olhos dela não estavam mais negros e sim vermelhos. Ela piscou e olhou para Eragon.

–Eragon... – lá estava ela mesma. A elfa que Eragon gostava.

Tôrin parou de atacar Saphira e os dois começaram a conversar.

–Você... – ele não sabia bem o que dizer.

Galväne se levantou e o abraçou. Ele não esperava que fosse apunhalado, mas manteve Brisingr em punho.

–Eu sinto tanto... – ela começou a chorar. – Eu tentei de tudo para avisá-lo, para tentar evitar isso, mas no fim ele era mais forte.

–Você tentou evitar essa luta?

–Tentei evitar tudo isso. Foi real sim que eu vim para cá para aprender sobre você para depois matá-lo, mas eu não contava ter me apaixonado por você. – ela disse sinceramente. – Me desculpe. Ele foi mais forte que eu.

–Tudo bem. – Eragon disse. – Precisamos voltar e se você ordenasse a retirada deles...

–Eles só irão recuar quando eu morrer. Foi um encantamento lançado por Shruikan que os obrigaria a lutar até a minha morte. – ela disse triste. – Você precisa fazer isso.

–Não! – o Cavaleiro disse.

–Você precisa. Mesmo que de algum modo eu pudesse voltar para ficar aqui na Ordem... não me aceitariam. Eu preciso que entre em minha mente e mate, quero que saiba de tudo.

Eragon e Galväne brigaram por um tempo, mas ele acabou cedendo. Ele invadiu a mente da Cavaleira e olhou cada canto e então a matou. Ele queria gritar com ele mesmo, ele se odiava por ter feito aquilo. O chão ruiu e os dois caíram. Saphira também teve que matar Tôrin. Ela o pegou antes que caísse no chão. Eragon aterrissou com a elfa na areia. Ele entendia muita coisa, e tinha visto o quanto a elfa o amava. Eragon não chegou a sentir amor pela Cavaleira, mas era algo próximo a isso. Ele sentiu Glaedr tentar conversar com ele, mas ignorou. Ela e Tôrin precisavam de um enterro digno. Umaroth foi falar com ele e desta vez ouviu.

Eu sinto muito, mas precisamos cuidar dos feridos e enterrar os falecidos. E temos visitas pelo que parece.

Eragon não precisou se virar para sentir os três Cavaleiros. Mas ele não queria encará-los, não com a sua amada nos braços. Sentiu Nasuada colocar sua mão sobre o seu ombro.

–Nos diga como podemos ajudar. – ela disse baixo.

–Acho que já fizeram o bastante. Devem descansar, Blödhgarm depois poderá acomodá-los adequadamente.

–Ele morreu me salvando. – Arya disse.

Eragon não evitou um olhar de raiva para a elfa, que se assustou com a atitude do outro.

–Vão para o castelo. Os quartos da ala oeste são para os visitantes, podem ficar lá.

Eragon pegou a elfa. Tinha uma ideia de onde a colocaria. Saphira levou o corpo de Tôrin, e Fírnen apareceu para ajudá-la, ao que ela negou, era algo que ela e Eragon fariam sozinhos. Ele a levou para o topo de uma montanha. Cavou um buraco para os dois com Saphira o ajudando. Colocou os dois, beijou a elfa então os cobriu novamente. Murmurou um encantamento e uma bela árvore. Ele ainda teria muito trabalho a fazer.

Os três Cavaleiros foram até a ala oeste guiados por uma criança élfica. Nasuada e Murtagh dormiram logo que deitaram, mas Arya ficou ainda um tempo acordada, sendo atormentada pela morte de Blödhgarm.