Galväne

Galväne é uma heroína.


Estavam todos reunidos no castelo. Eragon havia prestado sua homenagem aos que caíram na batalha, que foram de fato muitas perdas, e estava servindo um grande banquete em uma mesa grande o bastante para todos os Cavaleiros. Depois ele foi forçado a contar tudo para os Cavaleiros, o que havia descoberto e de também precisava de um novo braço direito.

–Ela era a filha de Galbatorix. – ele começou. – Quando chegou para mim disse isso abertamente, e eu a acolhi como todos. Ela veio para cá para aprender todos os nossos segredos, e depois iria embora, como de fato foi, para se reunir então ao exército Gigantai e vir nos destruir.

“Ela não estava só nisso, ela não era a única cria de Galbatorix. Ela tinha um irmão. Seu nome é Galkün. Ele tinha também um papel importante, ele deveria liderar uma parte do exército para destruir Alagaësia, mas como Nasuada, Arya e Murtagh me contaram não fora isso que ele fizera. Galväne conseguiu enganar seu exército, escondeu seu irmão em um covil de antigos inimigos – os Ra’zacs – para que eu pudesse encontrá-lo.”

–Então você deixou que a filha de Galbatorix ficasse aqui e não suspeito de nada? – Arya cortou o silêncio.

–Eu e Umaroth conversamos com ela, e ela nunca demonstrou sinal de se voltar contra nós.

–Mas ela se voltou. – Arya disse.

–Ela estava sendo controlada por Shruikan, não havia o que fazer. Apenas quando ele foi destruído por Nasuada e Murtagh foi que ela retomou a consciência de seu corpo e mente. – Eragon respondeu um tanto irritado.

Um silêncio meio tenso se instalou ali e havia certa raiva entre Eragon e Arya.

–Acho que fez certo. – Nasuada disse olhando para Arya. – Se ela estivesse em suas condições normais não teria atacado, ela escolheu nos dar a oportunidade de vencer e fora uma guerreira corajosa. Todos merecem um voto de confiança.

Não precisava ser dito muito mais depois daquelas palavras. Arya se calou.

–E o irmão dela Eragon-elda? – perguntou um Urgal Cavaleiro.

–Ele está em um estado de coma, só pode ser retirado de seu sono com um encantamento específico, e além disse eu não saberia dizer com toda a certeza onde é o covil dos Ra’zacs.

–Não há perigo deles vierem nos atacar? – um anão Cavaleiro perguntou.

–Creio que não enquanto Galkün estiver adormecido. Pode levar um tempo, mas tenho certeza que os Eldunarís podem encontrar seu covil.

–Eu sei onde fica. – Murtagh se manifestou pela primeira vez.

–Sabe? – Eragon perguntou.

–Galbatorix escondeu várias lembranças de mim, eu só preciso que ela retorne e eu saberei. Mas tenho certeza que não fica em um lugar fora de Alagaësia.

Eragon assentiu para seu meio irmão. Depois não houve mais coisas, Murtagh foi com Eragon para falar com os Eldunarís, ver se conseguiam ajudá-los, os Cavaleiros aos poucos foram indo embora, alguns conversavam com as duas Rainhas, mas logo as duas estavam sozinhas.

–Por que o defendeu? – Arya perguntou logo.

–Sobre Galväne? Bem... aprendi que todos merecem a vantagem da dúvida. Galväne amou Eragon, e nos garantiu a vitória. Não me importa se ela era filha de Galbatorix, ela fez o certo, ela era do bem e nos ajudou.

–Eragon podia ter evitado as mortes.

–Como? Obrigando ela a ir embora? Arya, pode parecer difícil, mas não deixe os sentimentos falarem mais alto que a razão. Galväne foi uma heroína.

Arya assentiu e suspirou. Estava com raiva, e também parecia ciúmes. Murtagh voltou um tempo depois. Ele se lembrava, e jurara a Eragon que encontraria o garoto e o traria para a Ordem. Mas não iria sozinho, um Eldunarí iria junto dele, e por mais estranho que parecesse seria Glaedr. Nasuada e Arya voltariam para seus castelos e para seus reinos, voltariam a governar e tudo voltaria ao normal. Ou quase. Murtagh não sabia o que aconteceria depois, e para ser sincero, o beijo de Nasuada na noite anterior havia mexido com ele. E não havia sinal nem de Eally nem de Thorn, mas os Cavaleiros sabiam que estavam em algum lugar, e que estava tudo bem. Eragon não se importaria se passarem bastante tempo ali, mas Arya e Nasuada sabia que tinham que voltar, e os três decidiram ir no dia seguinte. Ao anoitecer, Arya encontrou Eragon sozinho perto de uma montanha, e sabia que devia falar com ele, uma hora ou outra precisaria.

–Podemos conversar? – ela perguntou.

–Claro que podemos Dröttning.

–Estou falando de outro tipo de conversa Eragon. – ela se sentou do lado dele.

O meio elfo suspirou.

–Você a amava? – Arya perguntou logo.

–Não. A única que eu amei e vou amar é você, mas não posso mentir ao dizer que Galväne não mexeu comigo. Eu achei que poderia amar ela, e construir um futuro ao lado dela. Não somos tolos para não perceber que não temos futuro juntos Arya.

–Eu sei. Nossos destinos são separados, embora eu não queira assim.

Eragon não queria brigar com ela, mas a culpa era dela. Ou deveria ser. E ele esperava ficar um pouco mais feliz ao saber que ela gostava dele. Arya o abraçou, então se levantou e se foi. O Cavaleiro não sabia bem o que sentir, mas seu coração doía. Mesmo confuso foi para seu quarto dormir.