Fúria dos Deuses

Droga de vida injusta. Diké, oi?


- Você parece péssima, como se alguém tivesse te obrigado a ficar a noite toda acordada assistindo Barney. - Nate murmurou, sentando do meu lado no pavilão, contráriando todas as normas. Eu só suspirei. A noite passada não saía da minha cabeça. Eu tinha medo de que Quíron ficasse sabendo, ou meus avós. Até mesmo meus pais.

- Obrigada pela parte que me toca. - Falei tocando a comida com o garfo novamente, Então soltei o talher. Meu estômago já estava cheio de borboletas, não conseguia comer nada.

- É sério, aconteceu alguma coisa? - Observei Nate. Os olhos azuis buscavam no meu rosto qualquer sinal que me entregasse, enquanto eu sorria.

- Como está July?

- Você não vai mesmo me contar nada, não é? - Mordi o lábio inferior, dando a entender que não. - Ela está bem. Quíron a hospedou na Casa Grande, e ela vai ficar com Rachel por esse mês. Os pais dela meio que piraram, mas Sr. D. foi lá pessoalmente na volta do Olimpo e cuidou de tudo.

- Ah, não. Senhor D. está aqui? - N. acentiu com a cabeça e eu gemi baixo, batendo com a cabeça na mesa. Era só o que faltava. Os deuses semprem sabiam de tudo, não é? Ah meu Zeus, por favor, não deixe isso chegar até Atena e Poseidon! Me levantei, indo para fora do pavilhão a passos largos.

O meu chalé continuava o mesmo: as paredes perólas, a fonte de aguá, o cheiro de algas... era tudo tão "casa" que me permiti chorar com a cabeça no travesseiro. Por que ele tinha que aparecer aqui e me confundir ainda mais com aquele "Eu te amo'? Por que? Já não bastava a confusão da minha mente? Ele voltaria por mim? Eu quase sentia seus braços ao redor de mim, me protegendo. Ah, não é verdade. É só minha imaginação me enganando. Passei os dedos por debaixo do travesseiro e encontrei um papel. O endereço de Diké, lembrei-me. Afundei mais ainda meu rosto em meus cabelos.

- B., o que aocnteceu? - Encarei July com os olhos vermelhos e inchados.

- Não aconteceu nada! Por que todos estão me pedindo isso? Só quero que me deixem em paz! - Gritei, descarregando toda minha raiva na pobre garota, que continuou parada no vão da porta.

- Eu sei que aconteceu. - Ela murmurou sentando ao meu lado. - Mas você não precisa falar se quiser.

- Por que isso tudo tem que acontecer comigo? Por que ele foi embora? - Eu sibilava entre lágrimas, enquanto J. afastava meu cabelo do meu rosto.

- Porque você pode superar. Você pode e vai aguentar.

- Eu não posso. Eu não consigo. Com um coração intacto talvez, mas com esse? É impossível! - Gritei novamente, me sentido boba e desprotegida. - Eo só queria ele aqui. É pedir demais? - July sorriu, olhando para algo na parede.

- Acho que não. - Ela murmurou, e eu me virei. Chuck estava ali. Na verdade, eu sabia que era só uma mensagem de íris, então reprimi meu impulso de pular sobre ele. Seus olhos estavam inchados também, mas no geral, parecia o mesmo de sempre. Até o sorriso irônico estava no lugar, e o brilho gélido dos olhos havia sumido. - Vou deixar vocês... bem. - July disse, saindo do quarto, e fechando a porta. Me levantei, tentando me recompor.

- Hey. - Ele disse, e só então acreditei que não era um sonho.

- Hey. - Minha voz saiu tão feliz que ele não resistiu a rir.

- Sem ofensas, mas você já esteve melhor. - Bufei.

- Você também já teve dias melhores. - ele passou os dedos pelo cabelo e sorriu.

- Estou horrível, não é? Tenho tantas coisas para fazer e... - ele parou. É claro, ele jamais me contaria seus planos. Mas eu não queria discutir. Só queria aproveitar os poucos minutos em que podia falar com ele.

- É. Eu vou ir procurar Diké agora. - Dei de ombros. Não parecia uma informação importante.

- Hm. - ele murmurou, e olhou para os lados. - Quem vai te acompanhar?

- Não sei. Acho que vou dormir, e esperar Serena. Nate vai junto, provavelmente e... - Fui interrompida.

- Nate vai com você? - Chuck perguntou em um tom frio e rispído. Eu o encarei.

- Sim. Ele vai. Algum problema? - Eu perguntei, tentando controlar o pouco de histeria que ameçava sair pela minha voz. Ele estava com... ciúmes?

- Não, não. É claro que... não tem nenhum problema. - Ele murmurou rapidamente. Eu queria responder, mas a porta começou se abrir e em desespero eu tive que passar a mão na névoa. Me virei, encontrando Quíron com a face coberta de desconfiança. Levei a mão ao peito, tentando acalmar a palpitação desordenada do meu coração.

- Pelos deuses Quíron! Quem me matar de susto?! - Eu praticamente gritei, chegando mais próximo ao centauro, que olhava para os lados. Acho que ele percebeu que não ia enconbtrar nada, porque abriu um pequeno sorriso e fixo o olhar em mim.

- Está na hora de procurar Diké.

- Achei que você fosse contra isso.

- E sou. Porém você tem autorização do Sr. D. para sair do acampamento e o endereço, e eu não creio que possa te amarrar a mandá-la ficar. - Ele falou calmamente, protando para fora. Eu sorri. Ele era um bom... cavalo/homem. Ou homem/cavalo. Ou homen-cavalo, sejá lá qual é a conjunção que se usa nesse caso. - B.! Acho que Serena chegou. Vamos, vamos, a verdade sobre sua origem lhe aguarda! - July gritou pela minha janela, fazendo algum sotaque muito engraçado, enquanto eu arrastava meus pés até ela. - VAMOS LOGO BLAIR!

- Caralho garota, andou bebendo? Cale a boca, já estou indo. - Murmurei a contragosto, chegando ao seu lado. Na verdade, nesse exato momento, eu estava começando a ficar apavorada. Eu ia descobrir a verdade sobre mim. Isso era tão assustador e enlouquecedor que eu queria sair correndo por ai e ser devorada por uma harpia. Mas respirei. Sejá lá o que eu sou, eu sou o que sou e não vou ser o que não sou. Se é que você me entende. Enfim, deusa da Justiça, ai vou eu!