5 anos atrás...

Os dois andavam lado a lado na praça naquele final de tarde, com o sol pouco a pouco desaparendo no horizonte. Niko estava chateado por ter tentado fazer um ato de carinho que foi recusado pelo namorado. Ele deu um longo suspiro de insatisfação.

– Desfaz essa cara feia Nicolas.

O rapaz de olhos verdes falou calmamente se pondo na frente de Niko segurando em seus braços, o loiro virou o rosto mostrando que ainda estava muito chateado.

– Hey...- o rapaz pegou em seu queixo fazendo Niko olhar para ele. – Você não vai ficar assim todo emburrado por uma coisa tão boba vai?

– Eu não acho nada de bobo andar de mãos dadas... É isso que os casais fazem. – o loiro demonstrava está magoado com ele.

– Você sabe como são as pessoas Nicolas, eu não quero ver ninguém fazendo piadinha de você lá no colégio.

– Eu já disse que não me importo. - Afirmou Niko.

– Mas eu sim, eu não quero ouvir ninguém falando de mim... E nem de você. Você sabe que eu perco a cabeça com facilidade... Mas chega de falar disso ta? Vem cá comigo.

O rapaz se sentou em um dos bancos e chamou Niko para se sentar ao seu lado, porém ele continuava ali parado de braços cruzados com a cara fechada.

– Meu amor... Você não quer ver o presente que eu comprei pra você? – O rosto de Niko se iluminou, abriu um sorriso largo e sentou ao lado dele.

– Que presente? - Perguntou curioso.

– Você acha mesmo que eu não ia te dar nada no dia do seu aniversário de 18 anos. – O rapaz tirou uma pequena caixinha do bolso da jaqueta que usava e entregou á Niko, que já estava emocionado mesmo antes de abrir.

– Um anel de compromisso? – Ele já tinha os olhos marejados.

– É... – O rapaz pegou o pequeno objeto e colocou no dedo do loiro. – Eu te amo Nicolas.

– Eu também te amo, Eron... É tão lindo. Eu adorei. – Eron limpou a singela lágrima que deslizava pelo rosto de Niko.

– Você se emociona com tanta facilidade. – Afirmou Eron e Niko sorriu timidamente.

– Quando a felicidade é muita, às vezes ela escapa pelos olhos em forma de lágrimas.

– E muito romântico...

Os dois sorriram um para o outro. Apesar do sorriso Niko notou que Eron carregava uma expressão de tristeza no olhar.

– Que foi meu amor? – Perguntou preocupado.

– Não nada... Eu... Briguei com meu pai... de novo. – O loiro fez um carinho no rosto dele.

– O seu pai te ama, com certeza vocês vão fazer as pazes novamente.

– Não... Dessa vez foi muito mais feia a discussão. Eu quero ir embora...

– Como assim ir embora, pra onde?

– Pra bem longe daqui, longe de tudo.

– Mas... E eu? – Toda a alegria de minutos atrás se dissipou e deu espaço ao medo de ser abandonado.

– É sobre isso que eu queria falar com você meu amor... Você fez 18 anos, já é maior de idade. Você poderia vim comigo.

– Meus pais nunca iam permitir isso.

– Você já tem idade pra fazer o quiser, não precisa pedir permissão...

– Eles são a minha família Eron.

– E eu sou seu namorado, e eu te amo... Não quero me separar de você.

– Então fica. - Sugeriu Niko.

– Eu não posso.

O loiro baixou o olhar para sua mão onde estava o anel que tinha ganhado dele. Niko estava pensando em tudo o que ele disse, não queria se separar dele, mas também não queria fugir e abandonar a família.

– Se eu fosse embora, você iria comigo? – Eron perguntou.

– Eu não sei...

– Eu sei que é difícil abandonar tudo o que você tem aqui, mas pensa no quanto a gente vai ser feliz juntos na nossa própria casa.

– Seria maravilhoso morar com você... mas você ta pedindo pra eu escolher entre você e a minha família Eron?

– Eu não queria fazer isso, mas infelizmente sim... estou. Olha... – Eron segurou na mão dele e beijou o anel de compromisso que tinha dado a ele. - não precisa me responder agora, eu vou te dar uns dias para pensar. Mas nunca se esqueça que eu te amo muito, a escolha é sua meu amor.

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– Então loirinho a escolha é sua, qual de nós dois?

– Eu tenho que escolher entre vocês dois... é isso? - Perguntou Niko olhando para eles.

– É... – Félix e Eric responderam ao mesmo tempo.

– E porque vocês acham que eu quero ficar com um de vocês dois?

– Nicolas eu não vou ficar aqui bancando a babá, porque você já está bem crescidinho, mas eu só te digo uma coisa... Esse cara não é uma boa companhia pra você. Pra falar a verdade ele não é boa companhia pra ninguém.

– Loirinho não liga pra ele não, ele só ta assim todo irritadinho porque eu o dispensei mais cedo.

– ahh você me dispensou?... – Félix cruzou os braços. - ta brincando comigo né?

– Seja como for, o que você me diz loirinho eu ou ele?

– Meu nome é Niko... – Niko começará a ficar irritado com toda aquela pressão em cima dele. – Quer saber de uma coisa, fiquem juntos vocês dois e me deixem em paz... Eu vou pegar outro Drink.

Niko saiu de perto deles em busca de outra bebida, Félix e Eric observaram ele se afastar até sumir no meio das pessoas. Eric se virou para falar com Félix.

– Pensando bem, pode ficar com ele. Esse loirinho é meio problemático.

– Problemático é você. - Félix disse irritado e foi na direção que Niko tinha seguido.

O moreno não demorou muito para encontrá-lo, ele estava sentado no balcão pedindo outra bebida para o Bar-Man.

– Oi, voltei. – Félix disse sorridente e se sentou do lado dele.

– Você de novo? Ta me perseguindo é?

– Claro que não, foi só uma grande coincidência te encontrar aqui.

– Cadê o seu amigo malhado? – Niko perguntou antes de virar o pequeno copo e beber toda a bebida de uma vez só.

– Ele não é meu amigo... Nem conheço aquela criatura, e se eu fosse você ficava bem longe dele.

– Por quê? Ta com ciúmes? – O loiro disse com um pequeno sorriso nos lábios.

– Quê? Eu com ciúmes... De você? Era só o que me faltava. É talvez ele tenha razão, você é meio problemático.

Niko o olhou sem entender.

– Ele quem?

– Aquela criatura que tava te agarrando.

– Ele disse isso?

– Disse...

– Problemático é a vovozinha dele. - O loiro se levantou falando alto, chamando a atenção das pessoas que estavam perto deles. - Cadê ele? Eu vou mostrar o quanto eu sou problemático.

Niko não aguentou ficar por muito tempo em pé, pois a bebida estava fazendo tudo girar ao seu redor.

– Se você conseguisse ficar de pé né criatura. - Félix segurou ele e o ajudou a se sentar novamente.

– Eu to bem Khoury... – Niko disse com a voz amargurada.

– Você não ta nada bem Nicolas. – Disse preocupado.

– Qual é problema de vocês hein? Quantas vezes eu vou ter que dizer que gosto que me chamem de...

Niko olhou para o moreno que ainda mantinha um semblante de preocupação em seu rosto.

– Quer saber... esquece, me chamem do que quiserem.

– Beber desse jeito não vai fazer os seus problemas sumir.

– Ah é... Você devia seguir esse conselho também Khoury, eu vi você aqui mais cedo bebendo todas também.

– Ok eu me rendo... Você me pegou, geralmente eu não sigo os conselhos que eu dou. Mas eu pelo menos sei quando é hora de parar.

– Essa é o único jeito que eu encontrei de esquecer as coisas que as pessoas me dizem ou pelo menos deixá-las menos dolorosas. Será que eles não entendem que palavras machucam?

Félix hesitou um pouco em começar a tocar no assunto, talvez aquilo fosse o motivo de Niko está ali. Mas a curiosidade era mais forte, sim curiosidade, ele preferia pensar que era isso que o motivou a perguntar.

– Você foi falar com seus pais?

– Fui.

Niko falava com ele, mas mantinha a cabeça baixa olhando para seu copo vazio.

– E?

– Fui expulso de casa... – Niko deu um sorriso entristecido. – de novo.

– Quer dizer você foi punido porque ajudou a sua irmã a ser feliz?

– Meu pai já não me aguentava mais na casa dele... no fundo eu sabia que ele não me suportava ver todos os dias. No fundo eu sabia que ele nunca me quis lá de volta. Ajudar a Anna a sair de casa foi só uma desculpa pra me colocar pra fora de lá.

– Sinto muito.

– É duro saber que o meu pai não gosta de mim... - Desabafou Niko. - de ver ele olhar pra mim com se eu fosse o maior erro que ele cometeu. Dói mais do que qualquer surra que eu levei na vida.

– Eu sei... sei exatamente com é isso.

– Eu sabia muito bem as consequências que eu teria que enfrentar, eu ajudei a Anna sabendo que isso poderia acontecer... - Ele finalmente olhou para Félix e sorriu. - Mas quer saber de uma coisa, eu to bem... Na verdade eu to ótimo.

– Não Nicolas... você não tá. – Felix falou tão baixou que Niko não pode ouvir.

– Sabe Khoury, se tem uma coisa que eu aprendi é que a vida continua. Talvez não do jeito que você queria, mas do jeito que ela tem que ser.

– E se a gente quiser mudar o rumo que a nossa vida ta tomando?

– Você pode fazer isso, mas é como eu disse... tudo que você faz tem conseqüências grandes ou pequenas.

Félix ficou pensativo com tudo que Niko tinha dito, será que estaria pronto para enfrentar seu pai? Será que estava pronto pra aguentar o desprezo e a raiva que ele sentiria dele.

– Por isso que a gente tem que aproveitar a vida o quanto puder. Quer me acompanhar?

Niko levantou o copo em que estava bebendo em direção á Félix, em uma intenção de fazer um brinde.

– Claro que te acompanho! Te acompanho até sua casa, por já deu né? Chega de beber.

– Ahh não seja estraga prazer Khoury.

– Eu não sou estragar prazer, muito pelo contrario... Eu dou prazer.

Disse com um sorriso malicioso nos lábios e piscou para o loiro. Niko lhe lançou um olhar de cumplicidade.

– Mas é melhor a gente ir, você já aproveitou bastante não acha?

– Calma Khoury... aproveita mais um pouquinho. Vem... – Niko se levantou e estendeu a mão pra ele. – Vem dançar comigo.

– Ahh não eu já dancei e fiquei todo suado, é o apocalipse ficar todo suado.

– Se fosse em outra situação você não se importaria de ficar suado junto comigo não é mesmo?

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Passado algum tempo os dois já estavam fora da boate, eles iam em direção ao carro de Félix no estacionamento, o loiro mal conseguia andar sozinho. Se Félix não o segura-se com certeza ele cairia. Do lado de fora aquele mesmo rapaz que há pouco tempo estava com eles passava por perto na companhia de uma bela mulher... que Felix identificou rapidamente como a mulher que tinha oferecido a bebida para Niko. Eric não se segurou e mexeu com os dois que já estavam quase entrando no carro.

– Olha só conseguiu fisgar o loirinho. – Félix nem ligou para o comentário, apenas abriu a porta do carro para acomodar Niko, mas este não entrou.

– Eu não sou peixe pra ser fisgado. – Niko que até então estava apoiado em Félix se apoio perto da porta do carro.

– Niko entra logo nesse carro, e não liga pra ele. – O homem e sua acompanhante apenas riam.

– Que foi tão rindo de que?

– Olha só, o loirinho é esquentado.

Félix que até então não tinha falado com os dois, se virou para eles.

– Agora tudo faz sentido... O que foi? Hoje não tiveram sorte, não conseguiram nenhuma vitima?

Eles ficaram calados, Niko que ainda estava apoiado no carro olhava sem entender as coisas que Félix dizia.

– Vamos Eric, deixa ele com o loirinho irritado dele. - A mulher que acompanhava Eric o puxou pela mão.

Félix foi para o banco do motorista e apenas esperou por Niko.

– Vão mesmo.

Quando o carro deles foi se afastando, o loiro gritou para que eles ouvissem.

– Tomara que na hora do rala e rola ele não funcione.

Félix que até então se mantinha sério, encostou a testa no volante e começou a rir. Niko com certa dificuldade entrou no carro reclamando.

– Você viu o que ela fez?... Ela mostrou o dedo pra mim, que deselegante. Porque você ta rindo?

– Por que será que eu estou rindo? Você não tem a mínima idéia?

O loiro ignorou a pergunta, ele tentava colocar sem sucesso o cinto de segurança. Félix se cansou de esperar e decidiu ajudá-lo.

– Você ta parecendo uma criança sabia, não consegue nem colocar o cinto de segurança sozinho.

– Eu queria ficar mais um pouco na boate. - Lamentou Niko por ter saído mais cedo do que pretendia.

– Não, do jeito que você ta vai ser fácil alguém se aproveitar de você, te roubar, te drogar enfim...

– E por que você... – Niko se recostou no banco e pouco antes de pegar no sono completou. - se importa tanto comigo?

Félix ficou calado por alguns instantes, e então tentou explicar o que nem ele mesmo conseguia entender.

– Pra falar a verdade... Eu não sei... – Félix se virou para olhá-lo, viu que ele estava dormindo serenamente. Sorriu e falou calmamente – Talvez seja esse lindo rosto angelical que você tem, talvez seja o seu sorriso, seus olhos... Você tem alguma coisa que me faz querer te proteger. Eu não sei explicar, nunca me importei assim com alguém antes.

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Niko estava com o pensamento distante olhando a chuva que escorria pelo vidro da janela de seu quarto.

– O que você está fazendo aqui sozinho tão pensativo maninho? - Anna disse ao entrar em seu quarto.

– Ah oi... Só estou pensando em algumas coisas. - ele forçou um sorriso que não passou desapercebido pela irmã mais nova.

– E eu posso saber que coisas são essas? – ela se aproximou e sentou do lado dele. – Não... Espera, deixa-me adivinhar... Ta pensando no Eron, acertei?

– Também. – Disse sorrindo.

– Não me diga que foi ele que te deu esse anel lindo que está no seu dedo? - Perguntou Anna ao perceber o anel que ele usava.

– Foi, presente de aniversário.

Niko não podia esconder o sorriso de satisfação ao ter ganhado aquele anel. Mesmo com o belo sorriso em seu rosto, Anna pode perceber que algo estava incomodando o irmão.

– Apesar desse sorriso aí eu sei que tem algo errado, você não me engana. O que foi?

– É complicado... – Niko deu um longo suspiro. – O Eron me deixou em uma situação muito complicada.

– Qual?

– Ele quer ir embora e me chamou pra ir com ele.

– Embora? Pra onde?

– Eu não sei bem, mas é pra longe daqui. Ele tem se desentendido muito com o pai dele. – Anna desviou o olhar, não estava gostando nada daquilo.

– O que foi hein? – Niko perguntou ao perceber o semblante dela.

– Nada, você sabe o que eu acho. Eu não vou muito com a cara do Eron, sei lá... Não gosto dele.

– É porque você não o conhece bem.

Os dois ficaram calados por um longo tempo até que Niko disse esperançoso.

– Eu tava pensando e se eu chamasse o Eron pra morar aqui?

– Aqui? Ta maluco meu irmão, papai nunca ia permitir isso.

– Porque não? A nossa irmã Nicole mora aqui há um ano com o noivo.

– Você sabe o porque Niko... Papai fingi que não, mas ele sabe das suas preferências e ele nunca aceitou, por isso ele vive te apresentando as filhas dos amigos dele.

– Eu sei... – Niko passou a mão no rosto, estava em um beco sem saída. Ele não queria ir embora e também não queria deixar Eron. – E se conversasse abertamente com ele sobre isso, talvez eu possa convencer ele a deixar o Eron ficar aqui. Nosso pai vai entender se eu mostrar o quanto o Eron é importante pra mim.

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Quando Félix parou o carro em frente de onde Niko morava, ele ainda continuava dormindo, parecia até um pecado acordá-lo. Niko mantinha um semblante sereno, Félix se deteve em observá-lo dormir, ele parecia um verdadeiro anjo adormecido. Anjo? Félix riu do próprio pensamento.

– Você ta mais pra lobo em pele de cordeiro... – Dizia com a voz bem baixa pra não acordá-lo. – Desde que te conheci só te vejo aprontar, em 24 horas você já tirou a roupa na minha frente três vezes, ficou bêbado duas vezes, ajudou a sua irmã a fugir, foi expulso da casa dos seus pais, tentou me agarrar lá na boate e quase leva um cara da pior espécie pra dentro do seu apartamento. Mas mesmo depois de tudo isso você ta assim, dormindo tão serenamente, quem te olha assim nem imagina as coisa loucas que você fez.

Félix acariciou o rosto adormecido ao seu lado, aproximou-se mais dele e depositou um beijo suave em seus lábios. Acordá-lo parecia uma tarefa tão penosa, então decidiu desperta-lo da melhor forma que podia. Começou a beijá-lo novamente só que dessa vez o beijo foi um pouco mais profundo e quente, sua mão puxou levemente os cachos loiros depois deslizou por seus braços até chegar a sua cocha. Niko aos pouco despertava retribuindo o beijo.

– Estão se aproveitando de mim... – Niko dizia sorrindo quando partiram o beijo pra recuperar o fôlego – socorro.

– Você sempre fazendo piada de tudo. – O moreno sorria ao ver que mesmo que estivesse falando, Niko não conseguia acordar totalmente.

– Fazer o que, eu sou assim.

– Eu tive que te acordar senão você ia começar a babar no meu carro, ia ser o apocalipse.

– E ainda fala que é eu que sempre faço piada.

– Vamos entrar ou você prefere dormir aqui no carro? - Brincou.

– Na verdade eu tava bem tranquilo aqui dormindo até você me acordar. - Retrucou.

– Há há engraçadinho, só falta você querer que eu te carregue.

– Não é má idéia.

O moreno apenas sorriu balançando a cabeça com o dengo que ele estava fazendo. Félix saiu do carro e abriu a porta para Niko, porém ele continuava com aquela carinha de carneirinho manhoso.

– Criatura eu tava brincando, não vou te carregar não.

– Não seja mal Khoury, eu to meio tonto. Lembra dos tempos de infância que você brincava de cavalinho com o seu pai e me deixa ir na suas costas.

– Eu nunca brinquei com meu pai, não que eu me lembre.

– Eu brinco com você então... – Niko dizia com uma voz tão doce e esticava os braços para ele, desse jeito era quase impossível negar qualquer coisa á ele.

– Vem, vem logo antes que eu mude de idéia. – Félix se agachou um pouco para Niko subir em suas costas, o moreno não pode conter a gargalhada ao passar pelo porteiro que olhava incrédulo para os dois entrando no elevador daquele jeito.

– Eu devo mesmo ter salgado a santa ceia pra ter feito isso. – Dizia enquanto entrava no quarto de Niko, o loiro entrou e foi logo se jogando em sua cama. – Criatura você não vai tomar banho?

– Khoury você ta parecendo com uma das minhas antigas babás.

– Ah, mas eu devo ta parecendo mesmo, porque você parece uma criança. E como uma boa babá que eu sou eu vou te dar um belo banho.

– Ahhhh não Khoury, não quero.

– Sim, sim Nicolas Corona.

Félix o puxava pelo braço, tirou suas próprias roupas e as de Niko e entrou com ele debaixo do chuveiro. A água morna percorria os corpos dos dois que permaneciam abraçados, eles trocaram alguns beijos e caricias no banho antes de sair.

– Você pode usar o meu outro pijama, Khoury. – Enquanto se vestia Félix sorria ao pensar em algo. – O que foi?

– Não é nada, é que eu tava aqui pensando se você me chama de Khoury porque gosta ou porque não se lembra do meu primeiro nome.

– Claro que eu lembro, você acha que eu sou desses que fica com o cara sem saber o nome direito? - Quando Félix abria a boca pra falar algo Niko interrompeu. - Não responda.

– Então qual é o meu primeiro nome? – Félix cruzou os braços o desafiando.

– O seu nome é Fer... Feli... Feli alguma coisa...

Félix apenas sorria.

– Eu não to totalmente sóbrio, não vale.

– Ainda não respondeu.

– Ah ta bom... to em duvida mas lá vai... Felício?

O moreno soltou uma gargalhada gostosa que se espalhou por todo o quarto, Niko ria junto.

– O que foi não é assim?

– Ta brincando comigo né? – O moreno tentava parar de rir. – Felício? Sério?

– Então eu errei?

– Claro que errou criatura, se eu tivesse um nome tão brega assim nunca me apresentaria com ele.

– Então qual é?

– É Félix.

– Félix, tipo o gato Félix? Eu quase acertei.

– Pois é, medalha de bronze pra você. – Félix se sentou na cama ao lado dele, puxando as cobertas.

– Não, eu mereço medalha de prata. Eu acertei as quatro primeiras letras, só faltou uma pra acerta tudo.

– Que tal a gente fazer um acordo? - Propôs Félix.

– Qual? – Niko perguntou curioso.

– Eu te chamo de Niko se você me chamar de Félix.

– Feito.

Logo o cansaço estava os vencendo, Niko se aconchegou no peito de Félix e rapidamente pegou no sono. O moreno demorou um pouco mais para dormir, ficou pensativo com tudo que estava acontecendo em sua vida. Logo chegaria segunda feira onde teria que voltar para sua casa. Félix se espantou com o próprio pensamento de querer ficar ali com Niko por muito mais tempo, talvez pra sempre.

Não, não Félix isso é loucura, você e essa criaturinha jamais poderiam ficar juntos. Ele não quer nada com você, não ver que isso tudo pra ele não passa de uma diversão e que não é nada sério. Você não pode cogitar a possibilidade de larga tudo pra tentar algo com ele, seria em vão. Apenas aproveita esse tempo que ainda tem com ele, porque quando você voltar pra casa vai pedir a Edith em casamento.

Está decidido, eu vou pedir a Edith em casamento e esquecer esse carneirinho. É assim que tem que ser.