Niko sabia que poderia está fazendo uma escolha errada ao apoiá-la, dos vários desfechos que essa historia poderia tomar havia a possibilida dela sair com o coração partido, mas era errado impedi-la de ao menos tentar ser feliz. Além do mais, ele tinha prometido á si mesmo que a ajudaria em tudo que ela precisa-se, porque faria tudo para vê-la feliz. Faria tudo para compensar o que sua irmã mais nova fez por ele quando ele mais precisou.

Ele sabia que ninguém apoiaria se ela quisesse romper com o namorado, que em poucas horas a pediria em casamento, também sabia que seus pais iriam reprovar sua atitude se ela dissesse não ao pedido.

Os pais de Niko e Anna organizaram uma cerimônia em comemoração a esse pedido de casamento. Eduardo pediria oficialmente a mão dela na frente de familiares e amigos, todos estavam felizes com essa união, excerto Anna. Niko arriscava até mesmo dizer que Eduardo também não estava muito contente com essa história de casamento, estava completamente estampado em seu rosto sua insatisfação com aquilo tudo também. Ele não amava Anna e só faria aquilo para agradar o pai.

Se Anna não quisesse se casar Niko a apoiaria do inicio ao fim. Ajudaria ela a viver do lado de quem ela realmente amava, mesmo que a vida tenha lhe dado motivos para não acreditar na teoria do amor verdadeiro.

Mas para ajudá-la, ele precisava ter certeza de que era isso que ela realmente queria. Então resolveu perguntar mais uma vez:

— Você não o ama mesmo irmãzinha? - Ele segurava a mão de sua irmã, que chorava descontroladamente, quem passasse por perto do quarto do loiro com certeza ouviria os soluços dela.

— Você sabe que não Niko... - Afirmou tentando conter as próprias lagrimas. - o único homem que eu amo e sempre vou amar é o Lucas. - Declarou com a voz tremula.

Lucas era um simples vendedor em uma loja de conveniência perto da casa dos Coronas, foi inevitável se apaixonarem já que se viam constantemente. O pai reprovava o namoro, ele sempre dizia que o rapaz não teria um futuro digno para oferecer a sua filha.

Niko era o único que apoiava a irmã, sempre à ajudava nos encontros as escondidas do casal. E como ele mesmo dizia, não entendia porque aceitava ser a vela do relacionamento. Mas no fundo ele sabia que era porque amava ver sua irmã feliz, ela merecia mais do que ninguém essa felicidade, e Lucas era um bom rapaz que sempre a respeitou muito. E por isso não entendia o porquê do pai sempre o censurar por apoiar o namoro dos dois.

— Eu amo o Lucas, somente ele. - Afirmou Anna ainda em prantos. - Nada me faria mais feliz do que se fosse ele me fazer esse pedido fosse ele e não aquele outro... - Se a situação não fosse séria Niko com certeza riria da cara que sua irmã havia feito ao se referir ao “futuro noivo”.

O pedido de casamento seria feito por Eduardo, o filho de um banqueiro muito respeitado na cidade, noivo escolhido por seu pai. Esse casamento nada mais era que uma aliança de negócios entre os pais dos noivos. Ela não o amava, na verdade, toda vez que estava com ele sentia repulsa de seu jeito metido, egocêntrico e arrogante. Então como poderia viver ao lado de uma pessoa assim? Essa pergunta foi o bastante pra cair em lágrimas e correr para o quarto do irmão em busca de consolo.

Anna ajudou Niko na fase mais difícil de sua vida, ela sempre estava lá para ouvi-lo ou simplesmente o deixar chorar em seus ombros. Por isso ele tinha um carinho mais especial por ela do pelas outras irmãs, Anna era a caçula da família e Niko era o irmão mais velho que lutaria até o fim por sua felicidade.

— Então está decidido - Niko se levantou em um pulo com seu sorriso típico no rosto. - Você não vai se casar com aquele sem graça, simples assim. E eu vou te ajudar.

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— Mammy... Eu realmente não me conformo com isso. - Félix descia as escadas enquanto reclamava.

— Com o quê meu filho? - Questionou Pilar surpresa com uma reclamação tão repentina.

— Ora com o que... Essa festa de noivado que eu estou sendo obrigado a ir, eu tenho mesmo que ir? Geralmente cerimônias como essa são uma chatice.

— Claro que você tem que ir Félix! Os pais da noiva são velhos amigos meus e do seu pai, nós estudávamos na mesma faculdade.

— Engraçado que vocês nunca falaram sobre eles.

— Não os víamos há muitos anos.

— A senhora quer dizer décadas né? - Pilar deu um tapa no ombro do filho. – Desculpa, não resisti só eu sei o milagre que seus cremes fazem.

— Você não toma jeito Félix... - Exclamou Pilar sorrindo do filho. - Bom como eu disse, não nos víamos desde a faculdade, só que há uma semana atrás eu e seu pai encontramos esse casal no shopping... – Pilar arrumava a gravata do filho enquanto falava. - ...falamos sobre os tempo de escola e no papo eles disseram que estavam organizando um grande jantar pro namorado da filha deles pedir ela em casamento. E como nós fomos convidados é elegante de nossa parte levar toda a família, incluindo você. Então o senhor vai sim e sem reclamar.

— Ir eu até posso garantir, mas sem reclamar vai ser bem difícil.

Félix se sentou no sofá da sala ainda falando dos motivos de não querer ir, dizia que os futuros noivos com certeza são dois idiotas apaixonados que vão o tempo todo fazer declarações de amor um para o outro e que presenciar isso seria o apocalipse. Tai uma coisa que ele nunca entendeu; de onde vem essa vontade toda que pessoas apaixonadas têm de ficar se declarando uma para o outra e ainda por cima organizam uma festa pra fazer isso, agir como um idiota faz parte do pacote de se estar apaixonado?

— Ahhh... que aconteça algo divertido que faça valer o tempo que eu vou perder indo nesse jantar.s

— Para de reclamar Félix. - César entrava na sala acompanhado de Paloma, repreendendo o filho. - Você já passou da idade de ficar reclamando que nem uma criança mimada, você vai sim á essa festa e vai ser simpático com as pessoas.

— Além do que meu irmão...- Paloma se sentou do lado dele agarrando-se em seu braço, Félix detestava isso. - você pode ver esse pedido de casamento e ir treinando para quando chegar a sua vez de pedir a Edith em casamento.

— O quê??? Ta ficando maluca Paloma? - Félix olhou para ela incrédulo.

— Não fale assim com a sua irmã, a Paloma está certa! Quando você pretende pedir Edith em casamento? Vocês já são namorados há um bom tempo. - Questionou seu pai em tom intimidador.

Félix apenas calou-se, ele não tinha resposta para aquela pergunta, na verdade nunca tinha passado por sua cabeça a possibilidade de pedir Edith em casamento, só estava com ela porque via o orgulho que o pai sentia quando apresentava ela aos amigos da família como sua namorada. Ver César se sentir orgulhoso dele era maravilhoso mesmo que isso durasse só um breve momento.

O celular dele tocou acabando com o silêncio que se instalou naquela sala.

— Por falar em Edith, ela ta me ligando, com certeza é pra ir buscá-la.

Aquela ligação era sua salvação para escapar da pergunta.

— Então você vai com a Edith no seu carro que eu vou levar Paloma e Pilar.

— Ta bom papi. - Félix disse e saiu dali o mais rápido que pode.

Assim que o rapaz de cabelos negros saiu pela porta César comentou com a mulher.

— Ta vendo? Ele fugiu da minha pergunta como o diabo foge da cruz. Mas ele não vai fugir da próxima vez, ta mais do que na hora do Félix se casar.

— Porque essa fixação pra vê-lo casado?

— Tenho meus motivos.

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— Como assim simples Niko? - Anna enxugava as lágrimas que teimavam em cair por seu rosto. - não tem nada de simples nisso, e como você poderia me ajudar? A cerimônia vai começar daqui a pouco.

— Você confia em mim Anna? - Niko sentou-se novamente ao lado dela e segurou em sua mão.

Ela balançou a cabeça afirmando que confiava totalmente nele. Niko apertou a mão dela com mais força e perguntou.

— Você seria capaz de deixar tudo para trás e fugir com o Lucas pra longe daqui, onde vocês possam viver esse amor que vocês tanto dizem que sentem um pelo outro? Se a resposta for sim, eu vou te ajudar, eu tenho um plano. É só você topar.

— Fugir Niko? - Perguntou um pouco surpresa.

— É...uma verdadeira princesa fugindo com seu príncipe encantado. - Anna ficou calada apenas observando o irmão. - O que foi?

— Não nada, é que eu fiquei surpresa de você querer me ajudar com isso... - Ela disse e depois confessou. - não verdade eu já tinha pensado nisso antes, mas pensei que ninguém me apoiaria nem mesmo você Niko.

— Porque eu não apoiaria você Anna? Você sabe que pra mim o que importa é te ver feliz.

— Bom você sabe Niko...– Ela olhou docemente nos olhos dele, hesitou um pouco em falar, pois não sabia se aquele assunto ainda o machucava. - aquela história toda do...

Niko se levantou automaticamente e deu as costas pra ela.

— Mas com você é diferente...- Ele se virou para olhá-la. - o Lucas te ama de verdade eu vejo isso.

— E eu amo ele.

— E então o que você me diz?

Anna ficou em silêncio olhando o nada, pensativa. Mas logo em seguida abriu um sorriso para ele e disse com toda a certeza do que queria.

— Eu topo... Eu topo... - Anna correu até Niko o abraçando. - obrigada Niko, você é o melhor irmão que alguém poderia ter.

— Eu sei... Eu sei... Então tá. - disse soltando-se do abraço dela. - primeiro vamos ligar pro seu príncipe vim te buscar em seu cavalo branco....ou melhor naquela lata velha que ele chama de carro.

— Mas como eu vou sair daqui de casa sem ninguém notar? Nossa mãe e nossas irmãs não saem de perto de mim.

— Você vai, arruma suas coisas, coloca tudo que você precisa em uma mala. Quando eu digo precisa é do verbo precisar e não gostar, Ok ? - Anna sorriu. - Se não, se eu deixar, você leva metade do seu quarto. Depois vem e deixa a mala aqui no meu quarto e eu vou colocar ela lá no jardim... naquele lugar onde você sabe muito bem onde é.... Aquele lugarzinho que você costumava usar pra se agarrar escondido com Lucas.

Ela colocou a mão na boca escondendo o sorriso de culpada.

— Pois é, eu vejo e sei de tudo maninha. - Afirmou Niko. - Continuando... Você desce pra festa age normalmente e quando eu te dê o sinal você sai de mansinho de lá.

— Vai ser difícil sair da festa sem ninguém perceber Niko. - Anna disse um pouco desanimada.

— Hey vai dar certo... Confia em mim... Na hora que eu te dê o sinal pra sair ninguém vai sequer notar você eu tenho certeza, eles vão está ocupados olhando para outra pessoa. - Niko disse com um sorriso travesso.

— Niko, o que você vai aprontar? – Ela perguntou já preocupada, sabia como o irmão era.

— Nada de mais, eu até acho que vai ter gente que vai gostar. - Ele continuava com aquele sorriso nos lábios.

— Por favor, não faça nenhuma loucura por minha causa.

— E por acaso já fiz muitas loucuras nessa vida? - Questionou, fingindo inocência.

— Quer que eu faça uma lista?

— Me diz uma ? - Niko cruzou os braços esperando a resposta.

— Saltar de bang jampe, dormir na grama do vizinho porque não conseguiu chegar em casa de tão bêbado que estava, ficar varias noites fora de casa sem dar noticia, ir preso por dirigir alcoolizado, você também foi...

— hey hey... Eu pedi só uma tá? - A interrompeu sorrindo.

— E eu disse que poderia fazer uma lista. Por favor promete que não vai fazer besteira? Não quero que as coisas se compliquem mais entre você e nossos pais.

— Tá bom, tá bom. Prometo que não vou fazer nada de muito extraordinário.

— Assim espero.

— Mas isso não quer dizer que eu não vá me divertir.

— Nikooo...

— Anna.... Niko - Era a mãe deles batendo na porta os chamando - vocês estão aí?

Niko abriu a porta e beijou a bochecha da mãe.

— O que vocês estão fazendo? Já está quase na hora... - Afirmou apontando pro relógio de pulso. - Olha só pra vocês, nem começaram a se arrumar.... Anna vem comigo que eu e suas irmãs vamos te deixar linda pra receber os convidados e seu futuro noivo.

Niko se aproximou do ouvido da irmã e falou num sussurro.

— Futuro ex-noivo. - Anna tentou conter o sorriso.

— Vem Anna! - A senhora a pegou pela mão e antes de sair falou com o loiro. - e você mocinho trate de se arrumar também.

— Sim senhora... Vou me preparar pra essa noite inesquecível. - Ele sorriu e piscou para a irmã.