Fugindo De Casa

O Confronto.


Totalmente sozinha em frente à pousada, que estava fechado, para a hora do jantar, o que era estranho, até mesmo para essa pousada, procurei rapidamente pelo bolso da minha calça o meu celular, o qual não encontrei.

- Esqueci meu celular, está com seu? – Perguntei a Andrew, que tateava seus bolsos.

- Esqueci o meu também... – Respondeu totalmente frustrado.

Por sorte, eu tinha Andrew, então despreocupada me sentei na grama verde em frente à pousada, esperando que ela abrisse novamente para que nós pudéssemos chamar outro táxi... O qual não tenha Brian como taxista, é claro.

- Então, o que quer fazer nessas duas horas? – Andrew falou se sentando na grama ao meu lado, olhando em meu rosto.

- Não sei... – Abaixei a cara, desviando de seu olhar. – Está tudo tão estranho... Minha mãe e o Brian, minha avó... O que será que isso quer dizer? – Perguntei totalmente confusa.

- Mistérios servem para ser desvendados. – Andrew falou tentando me encorajar a erguer a cabeça e seguir em frente, o que para mim, era muito difícil.

- Eu sei... – Resmunguei derrotada, voltando a encarar seu rosto. - Eu queria tanto ver minha mãe, pra que ela me contasse tudo... – Deixei a frase no ar, soltando um suspiro alto.

Então por que você não volta para sua casa? Não é muito longe daqui, lembra? Mas é melhor esperarmos os funcionários voltarem para pedirmos um táxi. – Sugeriu Andrew.

- Não mesmo, não tenho coragem de olhar na cara dela depois de tudo o que aconteceu.

- Então o que vamos fazer? – Perguntou Andrew novamente.

- Vamos só... Esperar. – Eu disse deitando na grama, e Andrew fez o mesmo, me acompanhando, apenas olhando as estrelas no céu.

...

3ª Pessoa:

- Você é estúpido Brian! – Jennifer falou, ou melhor, gritou aos plenos pulmões, dentro da floresta escura e sombria, no meio do nada, onde se encontravam pela segunda vez. O lugar onde estavam não era muito longe de onde Lola e Andrew se encontravam

- O que foi que eu fiz? – Perguntava Brian confuso com a reação de Jennifer.

- Em vez de matar a Lola, matou minha mãe. Em vez de matá-los ainda agora, os deixou na floresta com os lobos! – Falou mais alto que antes, deixando sair toda a sua irritação pela falha do homem.

- Você que mandou eu matar sua mãe!

- Sim, mas poderia ter matado Lola de uma vez, em vez de ficar enrolando, mas não, ela estava dormindo, uma presa fácil, mas ai você deixa Lola e mata minha mãe! Tem alguma coisa na sua cabeça! – Ainda cheia de raiva, Jennifer falava.

- Certo, mas eu acho que os lobos vão atacar ela lá. – Respondeu Brian, que feliz por sua teoria, mostrava um sorriso, mostrando seus dentes amarelos.

- E como você acha que eles fizeram para escapar dos lobos? – Ela falou cerrando os punhos, e respirando fundo.

- Andrew... – Ele lembrou, percebendo que sua teoria nunca daria certo, e logo que percebeu sua falha, tirou o sorriso do rosto.

- Exatamente, aquele garoto estúpido está me dando nos nervos! - Jennifer disse botando a mão nos ombros dele. - Sabe de quanto estamos falando Brian? Sabe? Quatro milhões! É só matar ela Brian... E todo o dinheiro será nosso! – Continuou falando, tentando fazer com que o homem a sua frente entendesse da importância da morte da garota.

- Como se eu não soubesse de todo esse dinheiro! – Respondeu Brian.

- Então, qual o grande problema? – Perguntava a mulher que já estava no limite da paciência.

- Eu não sei... Tem uma coisa que não em deixa matar ela... – Respondeu o homem, todo cheio de sentimentalismo.

Jennifer hesitou, por alguns estantes, mas foi tão rápido que o homem não percebeu, e logo depois um tapa forte que atingiu seu rosto, que no mesmo estante ficou vermelho, marcando uma mão perfeita com dedos finos, em sua bochecha.

- Não tem motivo nenhum para não matá-la! Eu irei para Nova York! Matarei ela com minhas próprias mãos, seu inútil! – Disse saindo da floresta e deixando Brian para trás.

- Espere! Você não pode ir... – Gritou Brian, enquanto olhava a mulher ir para longe, com paços largos e decididos.

Mas era tarde demais, Jennifer já estava muito longe, e com a sua saída, um uivo ecoou,

...

1ª Pessoa:

- A-D-O-L-E-T-A. – Colocamos as mãos com os dedos levantados encima da grama e começamos a contar.

- Coisa com J! – Andrew exclamou.

- Jibóia. – Eu disse.

- Jantar.

- Jantar?

- É, é uma coisa, e eu também to morrendo de fome, então é só em comida que eu consigo pensar... – Nós rimos.

- Olha, parece que os funcionários estão voltando... – Ele disse olhando para a pousada.

- Ótimo, vamos pedir um táxi. – Falei toda animada, para em fim sair desse lugar.

Chegamos perto do balcão da recepcionista e falamos:

- Queremos um táxi, por favor, o que nos trouxe foi embora...

- Claro que sim, esperem só um minuto... – A mulher falou discando o número.

- Alô, aqui é da Pousada Storntep, você poderia chamar um táxi para cá? – Falou a mulher alta e morena.

- Sim. Ele chegará daqui a dez minutos. – A recepcionista, falou logo após desligar o telefone.

- Obrigada. – dissemos em uníssono.

Assim que agradecemos, saímos da pousada arrepiante, para esperar o táxi, e resolvemos comprar uma barra de cereal para Andrew na máquina do hotel.

Entregamos dois dólares para a máquina, pois tudo em pousadas e hotéis são caros, com o objetivo de lucrar. Andrew selecionou a barrinha e ela caiu da máquina. Pegamos o objeto e fomos até a entrada de novo.

O táxi chegou e verifiquei se o taxista não era Brian, e por sorte não era. Entramos no táxi e fomos embora.

- Nunca mais volto naquela pousada – Disse com firmeza.

- Nem eu. – Respondeu Andrew concordando comigo.

Olhava pela janela por todo o caminho, pensando as inúmeras coisas que tinham acontecidos nos últimos dias, Andrew acabou de comer a barrinha e jogou o papel pela janela.

- Não faça isso! – Gritei, mas foi tarde de mais.

- O que foi? – ele respondeu alarmante.

- Isso polui o meio ambiente. – Ele riu, mas não disse nada.

Tão submersa em pensamentos durante a viagem, não vi o tempo passar e quando notei, já estávamos em frente à casa de Andrew. Ele tirou a carteira do bolso para pagar o táxi.

- Essa não! – Ele exclamou.

- O que foi? – Eu me preocupei.

- O dinheiro que eu tenho para pagar o táxi não é o suficiente... Tudo por causa daquela barrinha idiota! – Resmungou Andrew.

- Ou paga, ou vai pra polícia! – O velho taxista exclamou.

Começamos a nos desesperar até que chegou um homem, e disse:

- Eu pago! – Brian mostrou uma nota de 10 dólares.

- Obrigado! – O taxista agradeceu, com aquele tipo de voz que não estava grato coisa nenhuma, e nos colocou para fora do carro, depois, partiu.

- O quê? Por que fez isso? – Eu perguntei.

- Não é da sua conta. – Ele falou e foi embora.

- Vamos Lola, ele é estranho... E perigoso! – Falava Andrew, me puxando para a direção contraria.

- Não, ele não vai fugir dessa vez... Espera aí! – Eu gritei e saí correndo.

- Espera Lola, não faz isso! – Andrew exclamou indo logo atrás de mim.

- Opa, opa, pare, agora! – Minha mãe disse se colocando na minha frente.

- O que está fazendo aqui? – Eu me surpreendi.

- Quero que você volte pra casa. – Respondeu com autoridade.

- Não vou voltar, sua traíra! – Eu me descontrolei.

- Eu não posso fazer nada! Brian é meu verdadeiro amor! – Enquanto ela falava seus olhos ficaram molhados por lagrimas.

- Como é? Brian é o seu amante? – Perguntei totalmente confusa, já com as traidoras lagrimas querendo sair.

- Sim filha... Eu não posso fazer nada, Brian é meu verdadeiro amor, já me separei de seu pai, por favor, volte pra casa... Eu te imploro! – Agora sim, lagrimas caiam dos olhos de minha mãe, mas eu não me iludi com elas

- Não mãe... Nunca mais! – Dei um tapa em cara dela, fazendo seu rosto virar rapidamente pelo impacto.

A rua de Nova York então ficou silenciosa, Andrew ficou olhando com cara de surpresa, e eu lá, choramingando, enquanto minha mãe virava novamente o rosto, me encarando, ela não estava mais chorando, e nem dava indícios que agora pouco derramava lagrimas, seu olhar era sádico, que brilhou com a luminosidade da lua cheia em cima de nossas cabeças. Brian e Andrew olhavam tudo, atrás de Jennifer, isso mesmo Jennifer, pois mãe, ela não era mais.

- Você não deveria ter feito isso! – Sua voz era assustadora, o que me fez dar passos para trás, um uivo de lobo invadiu meus ouvidos, e era apenas esse som que eu ouvia. Seu olhar era de pura maldade, um sorriso simples estava em sua boca, enquanto batia furiosamente seu pé, uma mania que indicava nervosismo e raiva, muita raiva.