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TRÊS anos antes (MARÇO DE 2016)...

Em uma noite de sexta-feira, Kate Beckett Castle e Richard Castle discutiam no loft, mais especificamente, dentro do quarto do casal.

Ele já estava farto de ter que se encontrar furtivamente com sua própria esposa e agora Kate vinha com a novidade de que ela teria que desaparecer de vez não só da vida dele, mas também do estado de Nova York, talvez até do país, porque ele, Alexis e Martha estavam correndo risco de morrer por causa dela e ela não queria isso.

— Kate, eu já te falei milhões de vezes que não precisamos nos separar por medo do LokSat. Você não precisa desaparecer da minha vida... – Sem ser grosseiro, Castle falava forte e tentava ser convincente.

— Mas não tem jeito, Castle. Sinto muito...

— Sério, Kate!? Você sente muito? Você jura que só tem isso para me dizer? – Ele ironizou, mas estava com o coração estourando de dor. Dor de amor, pois, por mais que Kate quisesse salvá-lo, ele não entendia realmente o que se passava na cabeça da esposa, tendo em vista que ele tinha certeza que ela ocultava informações importantes e necessárias para ele compreender melhor as coisas.

— Ah, meu Deus! – Os olhos de Kate estavam vermelhos e lacrimejantes, pois a emoção tomava conta dela. – Quantas vezes eu tenho que te falar que eu te amo e...

— E... E o que..., Kate? Que amor é esse que prefere ficar longe? – ela ia responder, mas ele não deu tempo porque recomeçou a falar – Ah, sim, porque o amor que eu sinto por você eu não consigo me imaginar longe de você. Eu quero ver você, quero tocar você, quero abraçar e beijar você... – ele passava as mãos pela testa e cabelos, demonstrando estar muito angustiado – Deus do céu, Kate! Eu quero ficar perto de você, quero fazer amor com você... Eu quero falar com você e ouvir a sua voz... Eu quero sentir o seu calor, seu cheiro, suas emoções... Sua paixão e o seu amor... E não vejo como ter tudo isso se estivermos longe um do outro.

— Mas o meu amor por você é tanto, Castle, que eu sinto que se eu ficar perto, eu posso te fazer mal... Não que eu vá te maltratar diretamente, mas a minha presença na sua vida vai fazer com que eles te machuquem. Não só a você, mas também a Alexis e a Martha... E não sei aonde isso pode parar. – As lágrimas já escorriam dos olhos de Kate – Mesmo sem querer, eu sou nociva e ao invés de me amar, você vai passar a me odiar.

— Kate, você não está percebendo a loucura que você está falando! Uma loucura atrás da outra... Meu Deus!

— Não! Não! – Kate estava arrasada – Eu estou mal com isso, Rick, a minha presença, ao invés de te fazer bem, só vai te fazer mal. É isso que eles disseram.

— ELES? – ele gritou, mas logo procurou se acalmar, pois, se extrapolasse, a situação ficaria ainda pior – Meu Deus, Kate! E você vai seguir a cartilha deles?

— Claro que sim... – Kate caminhou pelo quarto, mas logo retornou para perto do marido. Ela estava abalada.

— Kate, eu não estou te reconhecendo... Onde está aquela mulher destemida que acreditava apenas no que via e no que tocava, eihm?

— Aquela mulher agora ama um homem acima de tudo e de todos e não quer nem mesmo imaginar vê-lo sofrer, muito menos morrer. Eu te amo e você sabe disso, Castle... – ele ficou sem ação ao ver tanto sofrimento e medo nos olhos da esposa – Ah, Castle! Nem é preciso ser clarividente para saber que desde sempre eu só te causo problemas. Você tem uma memória maravilhosa, meu amor, e, obviamente, se lembra do Michael Smith. No dia em que eu e você descobrimos que o Senador Bracken era o mandante da morte da minha mãe, o Michael Smith nos disse que iria desaparecer e que seria melhor se eu fizesse o mesmo... E por mais de uma vez ele me disse que eu era radioativa... E que eu não podia nem mesmo me ajudar... Você se lembra, não é? Eu sou como uma bomba atômica ambulante...

— E você acreditou?

— Você quer que eu faça o que, Castle? – Kate estava exaurida – Que eu fique aqui e espere para ver o que eles podem te fazer? Você quer que eu espere e comprove? NÃO! – Ela se exaltou – Não, Castle! Peça o que você quiser, só não me peça para ficar e presenciar você sofrer por minha causa. Eu não iria suportar. Eu mato e morro por você, mas o problema é que eu não sei quem procurar, pois eu não sei quem eles são nem aonde eles estão...

— Mas se você for embora vamos sofrer do mesmo jeito, Kate. Sua ausência vai me matar aos poucos. Desde o primeiro dia em que te vi eu fiquei impressionado e foram dois anos tentando ultrapassar o muro que você construiu ao seu redor. Dois anos, Kate! Dois anos! Tive que escalar à unhas esses muros e retirar pedra por pedra até alcançar você. Você sabe disso, Kate. Deus do céu! – Castle agora acariciava a face da esposa e tentava, sem sucesso, secar as lágrimas que caiam dos olhos verdes – Nada para nós foi fácil, meu amor. Nada! O primeiro impedimento foi o seu medo em aceitar que tinha direito de ser feliz e que não tinha que se envolver com homens que você não amava e que não te acrescentavam nada. Teve também o seu medo de acreditar que eu havia me transformado em outro homem... Eu não era mais aquele playboy estúpido que cada dia tinha uma mulher bonita, vazia e diferente a tiracolo... Você não queria acreditar que eu havia modificado o meu modo de ser porque finalmente havia me apaixonado por você. Um amor puro e verdadeiro e que eu não queria mais outra mulher... Só queria você. Um ano de namoro com provações terríveis... Até preso e acusado de assassinato eu fui, mas sempre o nosso amor vencendo e a cada dia amadurecendo mais. Um ano e pouco de noivado com provações piores e neste tempo eu quase morri e você também. No dia do nosso casamento eu fui dado como morto, mas logo vocês descobriram que eu estava desaparecido... Uma incógnita... Fiquei dois meses desaparecido e sem memória. Tempos depois você também foi sequestrada... Mas o nosso amor sempre falando mais alto. Mesmo quando nos casamos os perigos e as provações continuaram, no entanto, o nosso amor sempre se sobressaiu. Quase morri quando você saiu de casa sem me explicar nada... Haja sofrimento! Voltamos quase à estaca zero e há alguns meses estamos nos encontrando às escondidas para o LokSat não saber que estamos juntos... Ah, tá, confesso que é emocionante e até eletrizante e o sexo é fantástico, eu não nego, mas é muito desgastante saber que não posso contar com a presença da minha esposa a qualquer hora do dia inclusive nos eventos sociais ou mesmo numa simples ida ao shopping ou supermercado. E agora, Kate, você vem me dizer que vai embora para sempre? – Ele estava visivelmente abalado.

Kate se aproximou do marido.

— Mas você sabe que eu te amo, Rick! – Ela tentou fazer um carinho no rosto e nos cabelos do marido, mas ele se afastou, pois estava muito triste e chateado com a situação.

— Que espécie de amor é essa, eihm!? – Ele indagou.

— Um amor tão forte que quer te proteger, mesmo que para isso tenhamos que ficar longe um do outro. Quantas vezes você quer que eu repita que prefiro ficar sem você a ver você ferido ou pior ainda, morto... – Grossas lágrimas escorriam dos olhos de Kate. Seu coração estava em pedaços e parecia que uma bomba havia explodido no seu peito e só de pensar no marido morto, ela sentiu as pernas falharem, tanto que se sentou na cama deles – Deus do céu! Só de pensar nesta hipótese me faltam forças... Eu perco o chão. – Kate colocou as mãos no rosto, desesperada.

Não suportando vê-la daquele jeito, ele se sentou do lado dela e a abraçou forte. Ele a puxou para si e o corpo dela estremecia por conta dos soluços. – Eu te amo tanto, Kate. Detesto te ver assim. Eu não estou com raiva de você. Eu estou apenas irritado comigo mesmo com a possibilidade de não conseguir te fazer entender que temos que ficar juntos. Nós nos amamos, Kate e seus problemas são meus problemas. Estamos juntos para qualquer coisa. Entenda isso. Juntos somos mais fortes.

Sem deixar de acaricia-la, ele passou a beijar as faces e os olhos molhados dela, a testa, os cabelos, o pescoço e aos poucos já estavam deitados na cama e muito rapidamente, as peças de roupas foram retiradas e lançadas para longe e o tremor dos soluços foram substituídos pelo tremor de excitação. A respiração ofegante do choro foi substituída pela respiração ofegante do desejo e da paixão. Os gemidos de prazer tomaram conta do quarto até que, depois de algum tempo, o silêncio retornou. Um silêncio e a calma resultado da satisfação e prazer total.

Neste silêncio e com os corpos aliviados, dormiram sem nem mesmo vestir pijamas. Castle apenas puxou o edredom para proteger os corpos do frio do ar condicionado.

No meio da noite, ambos acordaram e, juntos, tomaram banho, e, com a paixão acirrada, fizeram amor sob o jato quente do chuveiro e, após vestirem seus pijamas retornaram à cama e se enfiaram embaixo do edredom.

— Eu te amo, Kate.

— Eu também te amo, Rick. Nunca esqueça disso.

Deitados de conchinha, se entregaram ao sono profundo.